sábado, 21 de março de 2020


“O LIMITE DA TRAIÇÃO” (“A FALL FROM GRACE”), 2019, produção Netflix – estreou na plataforma dia 17 de janeiro de 2020 -, 1h55m, roteiro e direção de Tyler Perry. A cinquentona Grace Waters (Bresha Webb), uma divorciada e solitária funcionária de um banco que tem como melhor e única amiga Sarah (Phylicia Rashad). Ao visitar a exposição de um fotógrafo especialista em fotos no continente africano, Sarah conhece um rapaz bem mais novo que tenta flertar com ela. É o próprio fotógrafo, Shannon (Mehcad Brooks), que aos poucos vai ganhando a confiança de Grace, culminando num casamento. Ao longo de poucos meses, porém, ela descobre que o cara é um pilantra de marca maior. Humilhada, Grace assassina o marido a golpes de taco de beisebol. Ela acaba presa por homicídio, confessa o crime e passa a ser grande candidata à prisão perpétua. Aí é que entra em cena a inexperiente advogada Jasmine Bryan (Bresha Webb), cujo trabalho em seu escritório está restrito a costurar acordos com a Promotoria Pública, sem jamais ter participado de um julgamento. Após várias reuniões com a ré, Jasmine decide reverter a situação, desistindo do acordo e disposta a defender Grace num julgamento com júri e tudo. E por aí segue a trama. O filme seguia fraco, lento e entediante, mas eu continuava acreditando que quando o julgamento chegasse tudo melhoraria. Que nada. Continuou chocho. Pelo menos há, no desfecho, uma surpreendente reviravolta, que também não consegue salvar o filme. Pior mesmo é a atuação de Bresha Webb como a jovem e persistente advogada. Está sempre com cara de choro e sua única expressão visível são os olhos esbugalhados. Péssima atriz. Aliás, o filme todo não funciona, a não ser como um ótimo sonífero.        


“TROCO EM DOBRO” (“SPENSER CONFIDENTIAL”), 2019, EUA, produção e distribuição Netflix, 1h50m, direção de Peter Berg. O roteiro é assinado por Sean O’Keefe e Brian Helgeland, que se inspiraram no romance policial “Robert B. Parker’s Wonderland”, escrito por Ace Atkins em 2013. Vamos à história. Depois de agredir violentamente seu oficial superior, o detetive Spenser (Mark Wahlberg), da polícia de Boston, é condenado a 5 anos de prisão. Quando sai, sua ideia é arrumar emprego como motorista de caminhão e viajar por aí. Só que seu plano é adiado depois que, na mesma semana, dois ex-colegas da polícia são encontrados mortos. Um deles, porém, é dado como suicídio, o que deixa Spenser desconfiado de que tudo não passa de uma trama orquestrada por policiais corruptos ou pelo crime organizado. Mesmo sem ter sido reintegrado à polícia, Spenser resolve investigar os crimes por conta própria. Para isso, conta com o auxílio do grandalhão Hawk “Falcão” (Winston Duke), que é lutador de MMA. A dupla, com a ajuda intelectual de Henry Cimoli (Alan Arkin), um veterano técnico de boxe e MMA, elabora um plano para elucidar os casos. No meio disso, entra em cena a escandalosa maluquete Cissy (Iliza Shlesinger), ex-namorada de Spenser. Mark Wahlberg comprova mais uma vez que é um ótimo ator de filmes de ação. Como referência, lembro de “22 Milhas”, “Horizonte Profundo: Desastre no Golfo”, “O Dia do Atentado” e “O Grande Herói”, este último um filmaço de guerra. Todos esses filmes foram dirigidos também pelo ator e diretor Peter Berg. “Troco em Dobro” é um ótimo filme policial, com muita ação, pancadarias, tiros e humor na dose certa. É tão bom que, ao estrear na Netflix no dia 6 de março de 2020, já é um grande sucesso entre os assinantes, garantindo o Top 10 da plataforma. Entretenimento garantido!        

quinta-feira, 19 de março de 2020


“AS FILHAS DO SOL” (“LES FILLES DU SOLEIL”), 2018, França, 2 horas, roteiro e direção de Eva Husson. A história é baseada em fatos reais ocorridos em 2014. Um grupo de guerrilheiras curdas lutam contra as forças opressoras do Iraque e do Irã. O filme é centrado numa missão em que o pequeno batalhão de mulheres é escalado para tomar a cidade de Gordyene, na fronteira entre Síria, Iraque e Turquia. Enquanto os guerrilheiros curdos, homens, ficavam nas trincheiras aguardando possíveis reforços e praticamente se escondendo, as mulheres foram à luta. O batalhão feminino, comandado por Bahar (a bela atriz iraniana Golshifteh Farahani), foi acompanhado em sua missão pela jornalista francesa Mathilde (Emmanuelle Bercot), que registrou os acontecimentos para depois divulgá-los ao mundo. Nos momentos em que é possível descansar, Bahar conta sua história para Mathilde, seu sequestro e de seu filho pelos violentos iranianos, o assassinato do marido e os terríveis momentos em que viveu no cativeiro juntamente com outras mulheres - os iranianos chegaram a sequestrar mais de 7 mil mulheres curdas para depois vendê-las. A roteirista e diretora Eva Husson conta todo esse sofrimento em flashbacks, justificando plenamente a adesão de Bahar aos grupos guerrilheiros, buscando vingança e também encontrar seu filho. Na maioria dos filmes em que o tema é algum conflito, é mais comum mostrar heróis masculinos e as mulheres apenas como espectadoras ou vítimas. Em “As Filhas do Sol”, as mulheres é que assumem o espetáculo, provando que também têm coragem para lutar sem medo de morrer. O filme estreou e disputou a Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes, em maio de 2018, sendo exibido por aqui durante a programação oficial do Festival Varilux de Cinema Francês em 2019. Recomendo!        

quarta-feira, 18 de março de 2020


“SIMONAL”, 2019, produção da Globo Filmes, 1h45m, filme de estreia na direção do carioca Leonardo Domingues, com roteiro de Victor Atherino. O elenco: Fabrício Boliveira (Wilson Simonal), Ísis Valverde (Tereza, a esposa), Leandro Hussum (Carlos Imperial), Mariana Lima (a socialite Laura Figueiredo), Caco Ciocler (delegado Santana), João Velho (Miéle), Rafael Sieg (Ronaldo Bôscoli), Lilian Menezes (Elis Regina) e Bruce Gomlevsky (contador Taviani). O filme aborda o período de quinze anos na vida do cantor Wilson Simonal, de 1960 a 1975, sua ascenção ao estrelato e sua queda após o problema que levou seu contador a ser torturado no DOPS. Simonal começou na vida artística participando de um grupo vocal que cantava rock. O produtor musical Carlos Imperial incentivou Simonal a seguir carreira solo. Arrebentou, principalmente depois de levado para algumas apresentações no Beco das Garrafas por Miele e Ronaldo Bôscoli. Logo estava na TV com programa próprio, arrasando no seu estilo swingado e malandro-chique. O filme acompanha sua carreira nos palcos e discos, o casamento com sua grande musa Tereza, o grande sucesso na TV e sua decadência após o episódio com o contador. Sem dúvida, Simonal era um grande artista, um cantor fenomenal e um showman capaz de entreter suas plateias por horas, além de uma voz poderosa. Como aconteceu uma vez no Maracanãzinho, quando Simonal fez 30 mil pessoas cantarem juntos seus maiores sucessos. E que trilha sonora: “Lobo Bobo”, Balanço Zona Sul”, “Meu Limão, meu Limoeiro”, “Mamãe Passou Açúcar em Mim”, “Sá Marina”, “País Tropical” e “Nem Vem que não Tem”. Só quem viveu aquela época sabe o que Simonal, com seu estilo marcante, significou para a música brasileira. O filme tem o mérito de acompanhar a carreira do grande cantor e apresentá-lo às novas gerações. Fabrício Boliveira e Ísis Valverde, o casal principal de protagonistas, estão muito bem em seus papeis – os dois já atuaram juntos em “Faroeste Caboclo”, de 2013. Resumo da ópera: um filme obrigatório para quem quer conhecer ou relembrar a história de vida daquele que foi um de nossos melhores cantores. Nessa linha de biografias de artistas nacionais consagrados, recomendo também os filmes sobre Cazuza, Tim Maia, Maysa, Chacrinha, Elis, Erasmo Carlos e Hebe. Quem será o próximo?       
  

terça-feira, 17 de março de 2020


Nem sempre um bom elenco é capaz de salvar um filme. É o caso do suspense “ARANHA NA TEIA” (“SPIDER IN THE WEB”), 2019, coprodução Israel/Inglaterra, 1h53m, direção de Eran Riklis, cineasta israelense dos excelentes “Lemon Tree" (2008) e “A Noiva da Síria” (2004). O roteiro é assinado por Gidon Maron e Emmanuel Naccache. Só para citar dois nomes do elenco de “Aranha na Teia”: o ator inglês Bem Kingsley e a atriz italiana Monica Bellucci, minha musa desde sempre e de milhões de outros cinéfilos. Pois bem, nem eles foram capazes de salvar esse abacaxi. Vamos à história – vou tentar explicar o que eu entendi. Aí eu pergunto: por que quase todo filme de espionagem é difícil de entender? O Mossad, serviço secreto de Israel, quer saber quem está fornecendo armas químicas para a Síria. Para essa missão, é escalado Adereth (Kingsley), um famoso espião em final de carreira. Como o Mossad deixou de confiar nele há tempos, o agente Daniel (Itay Tiran) ficou encarregado de vigiá-lo de perto. Aí entra em cena a personagem Angela (Monica Bellucci), que indica uma empresa localizada na Bélgica como fornecedora das tais armas químicas. Agentes do serviço secreto da Bélgica entram em ação, complicando ainda mais a situação. Para piorar, o roteiro ainda abre espaço para um romance forçado entre Abereth e Angela. Os dois não combinam nem um pouco, mesmo que tudo não passe de um jogo de interesses. Se fosse na vida real, Bellucci mataria Kingsley do coração na primeira noite... Você acompanha todo o enredo sem entender muito bem o que está acontecendo. E termina de assistir sem continuar entendendo. Fraquinho, fraquinho...       


O drama “JUDY – MUITO ALÉM DO ARCO-ÍRIS” (“Judy”), 2019, Inglaterra, 1h58m, direção de Rupert Goold, enfoca os dois últimos anos da atriz e cantora Judy Garland (1922-1969), uma grande estrela de Hollywood desde que atuou, ainda adolescente, no clássico “O Mágico de Oz”, um dos filmes de maior sucesso do cinema mundial. O roteiro de “Judy” foi escrito por Tom Edge, que se baseou no drama musical “O Fim do Arco-Íris” (“End of the Rainbow”), do dramaturgo Peter Quilter, encenada com grande sucesso na Broadway. No filme, Judy é interpretada de forma primorosa pela atriz Renée Zellweger, que conquistou, merecidamente, os prêmios de “Melhor Atriz” no Globo de Ouro e no Oscar 2020. Poucas vezes houve uma unanimidade tão grande nas premiações de Melhor Atriz - "Judy" também teve uma indicação para disputar o Oscar na categoria "Maquiagem e Penteados". O ano é 1968, Judy Garland está em fase decadente, sem dinheiro, afundada em dívidas e sem ter um lugar para morar com os dois filhos menores. Devido à sua situação financeira caótica, Judy aceita realizar uma série de shows na boate “Talk of the Town”, em Londres, onde ainda era adorada pelo público. Para isso, ela deixa seus dois filhos com Sidney Luft (Angus Sewell), pai das crianças e seu quarto marido.  O filme trata com maior destaque o tempo em que Judy passou em Londres, cantando para plateias seletas – a própria Renée Zellweger interpreta, com muita competência, as canções, o que deve ter sido um motivo a mais para tantas premiações. Longe dos filhos, porém, ela entra em depressão e se apega cada vez mais aos remédios e ao álcool, vícios aos quais se submetia há muitos anos e que a matariam pouco depois, com apenas 47 anos de idade. Nem o quinto casamento com o músico Mickey Deans (Finn Wittrock) foi capaz de tirar Judy da depressão. Ainda estão no elenco Jessie Buckley (a assistente de Judy em Londres), Darci Shaw (Judy jovem), Gemma-Leah Devereux (Liza Minelli), Richard Cordery (Louis B Mayer) e Gus Barry (Mickey Rooney). A opinião da maioria dos críticos não foi muito favorável ao filme, mas foram unânimes em destacar a atuação de Zellweger. Por ela, realmente vale a pena assistir. De qualquer forma, eu gostei muito do filme e não tenho dúvidas em recomendá-lo.       

domingo, 15 de março de 2020


“QUEEN MARIE OF ROMANIA” (“MARIA, REGINA ROMÂNIEI”), 2019, Romênia, 1h50m, primeiro longa-metragem dirigido pelo cineasta italiano Alexis Cahill, que também assina o roteiro juntamente com Gabi Antal, Brigitte Prodtloff, Maria-Denise Teodoru e Iona Manea. O filme é centrado na futura Rainha da Romênia (a bela e excelente atriz Roxana Lupu). Nascida Maria de Saxe-Coburgo-Gota, na Inglaterra, neta da Rainha Vitória e do czar Alexandre II, da Rússia, ela casou em 1893 com o príncipe herdeiro da monarquia romena, Fernando I (Daniel Plier). O filme enfoca os fatos históricos ocorridos após a Primeira Guerra Mundial, quando a Romênia, depois da invasão do exército alemão, estava totalmente destruída. A economia entrou em colapso e o povo passava fome. Lideranças políticas do país, chefiadas pelo primeiro-ministro Ion C. Bratianu (Adrian Titieni) tentavam, em Paris, durante as reuniões da famosa Conferência de Versalhes, a aprovação da unificação do país, retomando os territórios perdidos durante o conflito (Transilvânia, Bucovina e Bessarábia) e reivindicando a criação de um reino independente e soberano. Os políticos romenos não conseguiram avanços nas negociações e, como último recurso, apelaram para a dupla dos futuros monarcas. Fernando I era muito frouxo, incapaz de lidar com a classe política e com os próprios filhos e súditos. Depois de muita contestação dos políticos, a então princesa Maria conseguiu viajar para Paris e depois Londres, negociando com as mais altas autoridades dos aliados (França, Inglaterra e Estados Unidos). Com sua simpatia, personalidade e poder de persuasão, Maria conseguiu o apoio daqueles países para a causa romena e virou uma heroína para o povo romeno. Em 1922, Fernando e Maria seriam consagrados rei e rainha da Romênia, reinando até 1927, quando a monarquia foi extinta naquela país. Falado em romeno, inglês, francês e alemão, “Queen Marie of Romania” foi filmado em locações em Paris, Bucareste e Londres, apresentando cenários deslumbrantes e uma primorosa reconstituição de época.  Sem falar na maravilhosa atriz Roxana Lupu. Um filmaço histórico imperdível!