“O LIMITE DA TRAIÇÃO” (“A FALL
FROM GRACE”), 2019, produção Netflix – estreou na plataforma
dia 17 de janeiro de 2020 -, 1h55m, roteiro e direção de Tyler Perry. A
cinquentona Grace Waters (Bresha Webb), uma divorciada e solitária funcionária de um banco que tem como melhor e única amiga Sarah (Phylicia Rashad). Ao
visitar a exposição de um fotógrafo especialista em fotos no continente
africano, Sarah conhece um rapaz bem mais novo que tenta flertar com ela. É o
próprio fotógrafo, Shannon (Mehcad Brooks), que aos poucos vai ganhando a
confiança de Grace, culminando num casamento. Ao longo de poucos meses, porém,
ela descobre que o cara é um pilantra de marca maior. Humilhada, Grace
assassina o marido a golpes de taco de beisebol. Ela acaba presa por homicídio,
confessa o crime e passa a ser grande candidata à prisão perpétua. Aí é que entra
em cena a inexperiente advogada Jasmine Bryan (Bresha Webb), cujo trabalho em
seu escritório está restrito a costurar acordos com a Promotoria Pública, sem jamais ter participado de um julgamento. Após
várias reuniões com a ré, Jasmine decide reverter a situação, desistindo do
acordo e disposta a defender Grace num julgamento com júri e tudo. E por aí segue a trama. O filme seguia fraco,
lento e entediante, mas eu continuava acreditando que quando o julgamento chegasse tudo
melhoraria. Que nada. Continuou chocho. Pelo menos há, no desfecho, uma surpreendente reviravolta, que também não consegue salvar o filme. Pior mesmo é a atuação de Bresha Webb
como a jovem e persistente advogada. Está sempre com cara de choro e sua única
expressão visível são os olhos esbugalhados. Péssima atriz. Aliás, o filme todo
não funciona, a não ser como um ótimo sonífero.
sábado, 21 de março de 2020
“TROCO EM DOBRO” (“SPENSER
CONFIDENTIAL”), 2019, EUA, produção e distribuição Netflix,
1h50m, direção de Peter Berg. O roteiro é assinado por Sean O’Keefe e Brian Helgeland,
que se inspiraram no romance policial “Robert B. Parker’s Wonderland”, escrito
por Ace Atkins em 2013. Vamos à história. Depois de agredir
violentamente seu oficial superior, o detetive Spenser (Mark Wahlberg), da
polícia de Boston, é condenado a 5 anos de prisão. Quando sai, sua ideia é
arrumar emprego como motorista de caminhão e viajar por aí. Só que seu plano é
adiado depois que, na mesma semana, dois ex-colegas da polícia são encontrados
mortos. Um deles, porém, é dado como suicídio, o que deixa Spenser desconfiado
de que tudo não passa de uma trama orquestrada por policiais corruptos ou pelo
crime organizado. Mesmo sem ter sido reintegrado à polícia, Spenser resolve
investigar os crimes por conta própria. Para isso, conta com o auxílio do grandalhão
Hawk “Falcão” (Winston Duke), que é lutador de MMA. A dupla, com a ajuda
intelectual de Henry Cimoli (Alan Arkin), um veterano técnico de boxe e MMA, elabora
um plano para elucidar os casos. No meio disso, entra em cena a escandalosa maluquete
Cissy (Iliza Shlesinger), ex-namorada de Spenser. Mark Wahlberg comprova mais
uma vez que é um ótimo ator de filmes de ação. Como referência, lembro de “22
Milhas”, “Horizonte Profundo: Desastre no Golfo”, “O Dia do Atentado” e “O
Grande Herói”, este último um filmaço de guerra. Todos esses filmes foram
dirigidos também pelo ator e diretor Peter Berg. “Troco em Dobro” é um ótimo
filme policial, com muita ação, pancadarias, tiros e humor na dose certa. É tão
bom que, ao estrear na Netflix no dia 6 de março de 2020, já é um grande
sucesso entre os assinantes, garantindo o Top 10 da plataforma. Entretenimento
garantido!
quinta-feira, 19 de março de 2020
“AS
FILHAS DO SOL” (“LES FILLES DU SOLEIL”), 2018, França, 2 horas,
roteiro e direção de Eva Husson. A história é baseada em fatos reais ocorridos
em 2014. Um grupo de guerrilheiras curdas lutam contra as forças opressoras do
Iraque e do Irã. O filme é centrado numa missão em que o pequeno batalhão de mulheres
é escalado para tomar a cidade de Gordyene, na fronteira entre Síria, Iraque e
Turquia. Enquanto os guerrilheiros curdos, homens, ficavam nas trincheiras
aguardando possíveis reforços e praticamente se escondendo, as mulheres foram à luta. O batalhão feminino,
comandado por Bahar (a bela atriz iraniana Golshifteh Farahani), foi
acompanhado em sua missão pela jornalista francesa Mathilde (Emmanuelle Bercot),
que registrou os acontecimentos para depois divulgá-los ao mundo. Nos momentos
em que é possível descansar, Bahar conta sua história para Mathilde, seu sequestro
e de seu filho pelos violentos iranianos, o assassinato do marido e os
terríveis momentos em que viveu no cativeiro juntamente com outras mulheres - os
iranianos chegaram a sequestrar mais de 7 mil mulheres curdas para depois vendê-las.
A roteirista e diretora Eva Husson conta todo esse sofrimento em flashbacks,
justificando plenamente a adesão de Bahar aos grupos guerrilheiros, buscando vingança e também encontrar seu filho. Na
maioria dos filmes em que o tema é algum conflito, é mais comum mostrar heróis
masculinos e as mulheres apenas como espectadoras ou vítimas. Em “As Filhas do Sol”, as
mulheres é que assumem o espetáculo, provando que também têm coragem para lutar sem medo de morrer. O
filme estreou e disputou a Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes, em
maio de 2018, sendo exibido por aqui durante a programação oficial do Festival
Varilux de Cinema Francês em 2019. Recomendo!
quarta-feira, 18 de março de 2020
“SIMONAL”, 2019,
produção da Globo Filmes, 1h45m, filme de estreia na direção do carioca
Leonardo Domingues, com roteiro de Victor Atherino. O elenco: Fabrício
Boliveira (Wilson Simonal), Ísis Valverde (Tereza, a esposa), Leandro Hussum
(Carlos Imperial), Mariana Lima (a socialite Laura Figueiredo), Caco Ciocler
(delegado Santana), João Velho (Miéle), Rafael Sieg (Ronaldo Bôscoli), Lilian
Menezes (Elis Regina) e Bruce Gomlevsky (contador Taviani). O filme aborda o
período de quinze anos na vida do cantor Wilson Simonal, de 1960 a 1975, sua ascenção
ao estrelato e sua queda após o problema que levou seu contador a ser torturado
no DOPS. Simonal começou na vida artística participando de um grupo vocal que
cantava rock. O produtor musical Carlos Imperial incentivou Simonal a seguir
carreira solo. Arrebentou, principalmente depois de levado para algumas
apresentações no Beco das Garrafas por Miele e Ronaldo Bôscoli. Logo estava na
TV com programa próprio, arrasando no seu estilo swingado e malandro-chique. O
filme acompanha sua carreira nos palcos e discos, o casamento com sua grande
musa Tereza, o grande sucesso na TV e sua decadência após o episódio com o
contador. Sem dúvida, Simonal era um grande artista, um cantor fenomenal e um showman
capaz de entreter suas plateias por horas, além de uma voz poderosa. Como
aconteceu uma vez no Maracanãzinho, quando Simonal fez 30 mil pessoas cantarem
juntos seus maiores sucessos. E que trilha sonora: “Lobo Bobo”, Balanço Zona
Sul”, “Meu Limão, meu Limoeiro”, “Mamãe Passou Açúcar em Mim”, “Sá Marina”, “País
Tropical” e “Nem Vem que não Tem”. Só quem viveu aquela época sabe o que Simonal,
com seu estilo marcante, significou para a música brasileira. O filme tem o
mérito de acompanhar a carreira do grande cantor e apresentá-lo às novas
gerações. Fabrício Boliveira e Ísis Valverde, o casal principal de
protagonistas, estão muito bem em seus papeis – os dois já atuaram juntos em “Faroeste
Caboclo”, de 2013. Resumo da ópera: um filme obrigatório para quem quer
conhecer ou relembrar a história de vida daquele que foi um de nossos melhores cantores.
Nessa linha de biografias de artistas nacionais consagrados, recomendo também os
filmes sobre Cazuza, Tim Maia, Maysa, Chacrinha, Elis, Erasmo Carlos e Hebe. Quem
será o próximo?
terça-feira, 17 de março de 2020
Nem sempre um bom elenco é
capaz de salvar um filme. É o caso do suspense “ARANHA NA TEIA” (“SPIDER IN
THE WEB”), 2019, coprodução Israel/Inglaterra, 1h53m, direção de Eran Riklis,
cineasta israelense dos excelentes “Lemon Tree" (2008) e “A Noiva da Síria” (2004). O roteiro é assinado por Gidon Maron e Emmanuel Naccache. Só para citar dois
nomes do elenco de “Aranha na Teia”: o ator inglês Bem Kingsley e a atriz
italiana Monica Bellucci, minha musa desde sempre e de milhões de outros cinéfilos. Pois bem, nem eles foram capazes de salvar esse abacaxi. Vamos à história – vou
tentar explicar o que eu entendi. Aí eu pergunto: por que quase todo filme de
espionagem é difícil de entender? O Mossad, serviço secreto de Israel, quer
saber quem está fornecendo armas químicas para a Síria. Para essa missão, é
escalado Adereth (Kingsley), um famoso espião em final de carreira. Como o
Mossad deixou de confiar nele há tempos, o agente Daniel (Itay Tiran) ficou
encarregado de vigiá-lo de perto. Aí entra em cena a personagem Angela (Monica
Bellucci), que indica uma empresa localizada na Bélgica como fornecedora das
tais armas químicas. Agentes do serviço secreto da Bélgica entram em ação,
complicando ainda mais a situação. Para piorar, o roteiro ainda
abre espaço para um romance forçado entre Abereth e Angela. Os dois não
combinam nem um pouco, mesmo que tudo não passe de um jogo de interesses. Se
fosse na vida real, Bellucci mataria Kingsley do coração na primeira noite...
Você acompanha todo o enredo sem entender muito bem o que está acontecendo. E
termina de assistir sem continuar entendendo. Fraquinho, fraquinho...
O drama “JUDY – MUITO ALÉM
DO ARCO-ÍRIS” (“Judy”), 2019, Inglaterra, 1h58m, direção de Rupert Goold, enfoca
os dois últimos anos da atriz e cantora Judy Garland (1922-1969), uma grande estrela
de Hollywood desde que atuou, ainda adolescente, no clássico “O Mágico de Oz”,
um dos filmes de maior sucesso do cinema mundial. O roteiro de “Judy” foi
escrito por Tom Edge, que se baseou no drama musical “O Fim do Arco-Íris” (“End
of the Rainbow”), do dramaturgo Peter Quilter, encenada com grande sucesso na Broadway.
No filme, Judy é interpretada de forma primorosa pela atriz Renée Zellweger,
que conquistou, merecidamente, os prêmios de “Melhor Atriz” no Globo de Ouro e
no Oscar 2020. Poucas vezes houve uma unanimidade tão grande nas
premiações de Melhor Atriz - "Judy" também teve uma indicação para disputar o Oscar na categoria "Maquiagem e Penteados". O ano é 1968, Judy Garland está em fase decadente,
sem dinheiro, afundada em dívidas e sem ter um lugar para morar com os dois
filhos menores. Devido à sua situação financeira caótica, Judy aceita realizar
uma série de shows na boate “Talk of the Town”, em Londres, onde ainda era adorada
pelo público. Para isso, ela deixa seus dois filhos com Sidney Luft (Angus Sewell),
pai das crianças e seu quarto marido. O
filme trata com maior destaque o tempo em que Judy passou em Londres, cantando
para plateias seletas – a própria Renée Zellweger interpreta, com muita
competência, as canções, o que deve ter sido um motivo a mais para tantas
premiações. Longe dos filhos, porém, ela entra em depressão e se apega cada vez mais aos remédios e ao álcool,
vícios aos quais se submetia há muitos anos e que a matariam pouco depois, com
apenas 47 anos de idade. Nem o quinto casamento com o músico Mickey Deans (Finn
Wittrock) foi capaz de tirar Judy da depressão. Ainda estão no elenco Jessie
Buckley (a assistente de Judy em Londres), Darci Shaw (Judy jovem), Gemma-Leah Devereux (Liza Minelli), Richard
Cordery (Louis B Mayer) e Gus Barry (Mickey Rooney). A opinião da maioria dos
críticos não foi muito favorável ao filme, mas foram unânimes em destacar a atuação
de Zellweger. Por ela, realmente vale a pena assistir. De qualquer forma, eu
gostei muito do filme e não tenho dúvidas em recomendá-lo.
domingo, 15 de março de 2020
“QUEEN MARIE OF ROMANIA” (“MARIA,
REGINA ROMÂNIEI”), 2019, Romênia, 1h50m, primeiro longa-metragem dirigido
pelo cineasta italiano Alexis Cahill, que também assina o roteiro juntamente
com Gabi Antal, Brigitte Prodtloff, Maria-Denise Teodoru e Iona Manea. O filme
é centrado na futura Rainha da Romênia (a bela e excelente atriz Roxana Lupu). Nascida
Maria de Saxe-Coburgo-Gota, na Inglaterra, neta da Rainha Vitória e do czar
Alexandre II, da Rússia, ela casou em 1893 com o príncipe herdeiro da monarquia
romena, Fernando I (Daniel Plier). O filme enfoca os fatos históricos ocorridos
após a Primeira Guerra Mundial, quando a Romênia, depois da invasão do exército
alemão, estava totalmente destruída. A economia entrou em colapso e o povo
passava fome. Lideranças políticas do país, chefiadas pelo primeiro-ministro
Ion C. Bratianu (Adrian Titieni) tentavam, em Paris, durante as reuniões da famosa
Conferência de Versalhes, a aprovação da unificação do país, retomando os territórios perdidos
durante o conflito (Transilvânia, Bucovina e Bessarábia) e reivindicando a criação
de um reino independente e soberano. Os políticos romenos não conseguiram
avanços nas negociações e, como último recurso, apelaram para a dupla dos
futuros monarcas. Fernando I era muito frouxo, incapaz de lidar com a classe
política e com os próprios filhos e súditos. Depois de muita contestação dos
políticos, a então princesa Maria conseguiu viajar para Paris e depois Londres,
negociando com as mais altas autoridades dos aliados (França, Inglaterra e
Estados Unidos). Com sua simpatia, personalidade e poder de persuasão, Maria conseguiu o apoio
daqueles países para a causa romena e virou uma heroína para o povo romeno. Em
1922, Fernando e Maria seriam consagrados rei e rainha da Romênia, reinando até
1927, quando a monarquia foi extinta naquela país. Falado em romeno, inglês,
francês e alemão, “Queen Marie of Romania” foi filmado em locações em Paris,
Bucareste e Londres, apresentando cenários deslumbrantes e uma primorosa
reconstituição de época. Sem falar na maravilhosa atriz Roxana Lupu. Um filmaço histórico imperdível!
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