sábado, 13 de março de 2021

 

“O RECEPCIONISTA” (“THE NIGHT CLERK”), 2020, Estados Unidos, 1h30m, disponível na Netflix, roteiro e direção de Michael Cristofer. É um suspense policial centrado num rapaz autista. Mesmo com a evidente incapacidade de se relacionar com as pessoas e de se comunicar, Bart Bromley (Tye Sheridan) trabalha no turno da noite na recepção de um pequeno hotel. Para minimizar esse problema, o jovem resolveu estudar o comportamento das pessoas e, dessa forma, poder interagir socialmente. Só que, para isso, ele instala câmeras escondidas nos quartos do hotel. Da recepção, ele vê tudo o que se passa nos quartos. Até que uma noite ele presencia um homem agredindo violentamente uma mulher. Quando chega, ela está morta. Em estado de choque, ele senta na cama e fica olhando o cadáver, até que é surpreendido por seu colega que chegou para substituí-lo no plantão. A polícia é chamada e logo começa a investigar o que aconteceu. De cara, o detetive Espada (John Leguizamo) já considera o jovem autista como um possível suspeito, para a revolta e desespero de sua mãe superprotetora Ethel (Helen Hunt). Bart é transferido para outro hotel da rede, onde continua agindo como um verdadeiro voyeur, mas sem a maldade característica desse tipo de procedimento. Eis que chega ao hotel a bela Andrea Rivera (Ana de Armas), pela qual ele se apaixona. E, como se sabe, amor de autista não é normal. Daqui para a frente não dá para comentar muito para não correr o risco de antecipar a sequência da história. Gostaria de destacar alguns pontos desse filme. Primeiro, achei uma forçada de barra criarem um personagem problemático para um cargo tão importante do hotel – talvez menos, mas também absurdo como aquele médico da série “The Good Doctor”, que também é cirurgião, mesmo tendo a Síndrome de Savant e autismo. Enfim, é cinema. Outro destaque, desta vez, positivo, é a atuação espetacular do jovem ator Ty Sheridan, que me impressionou muito. Também me chamou a atenção a aparência envelhecida da atriz Helen Hunt, mas que continua bastante competente. Resumo da ópera: “O Recepcionista” consegue manter um certo suspense, mas o desfecho não contribuiu para que o filme mereça uma indicação entusiasmada.                            

sexta-feira, 12 de março de 2021

 

“18 PRESENTES” (“18 REGALI”), 2020, Itália, 1h55m, disponível na plataforma Netflix, direção de Francesco Amato, com roteiro de Massimo Gaudioso e Davide Lantiere. Dramalhão fantasioso feito para arrancar lágrimas. A história é baseada em um fato real ocorrido em 2017. Quando estava grávida de uma menina, Elisa Girotto, de 40 anos, descobriu um tumor maligno de mama inoperável já em fase de metástase. A criança, Anna, nasceu saudável e Elisa ainda viveria alguns meses. Antes de morrer, Elisa deixou uma série de anotações, entre as quais, além de conselhos para a filha, uma lista de 18 presentes que seu marido Alessio Vicenzotto deve providenciar a cada aniversário de Anna até os 18 anos de idade. Este é o fato real que inspirou o enredo do filme que deu margem à fantasia mirabolante dos dois roteiristas. Dessa forma, o filme acompanha cada aniversário de Anna, uma menina que cresceu rebelde e problemática, a ponto de detestar todos os presentes. Mesmo agora, aos 18 anos, Anna (Benedetta Porcaroli) continua dando trabalho para o pai Alessio (Edoardo Leo), a ponto de se recusar a participar da festa organizada para receber a família e amigos. Nesse dia, ela tem uma violenta discussão com o pai e sai correndo de casa, sendo atropelada. No tempo em que ficou desacordada no hospital, Anna, num passe de mágica, volta no tempo e reencontra sua mãe grávida (dela). A partir desse encontro – espiritual ou fantasmagórico? -, o filme irá destacar a amizade entre a filha e a mãe à beira da morte. Tem gente que diz ter chorado baldes, mas não achei assim tão chororô. Na verdade, até me decepcionei com o conjunto da obra. Apesar do bom desempenho do trio principal de atores, o filme não me emocionou. Pelo contrário, me entediou. Além da pandemia de covid e da atual situação econômica, se você quiser mais um motivo para chorar, então assista.                         

terça-feira, 9 de março de 2021

 

“DON OSCAR” (“LAVAPERROS”), 2020, Colômbia, 1h47m, produção original Netflix, direção de Carlos Moreno, seguindo roteiro de Pilar Quintana e Antonio García Angel. Na base na sátira, com pitadas de humor, “Don Oscar” conta a história de um traficante que já foi poderoso e que agora está em decadência. Para piorar, ele deve muito dinheiro a um traficante iniciante, que ameaçou matá-lo caso não honre a dívida. Além disso, a casa do ex-poderoso traficante está sendo vigiada pela polícia antidrogas. Nesse ponto, merece destaque a dupla de policiais encarregados dessa vigilância, responsáveis pelos momentos de maior humor. Pressionado por essa pressão policial e pela ameaças do outro traficante, Don Oscar (Christian Tappan, ótimo) resolve se esconder num sítio isolado na zona rural juntamente com um capanga. Enquanto isso, o jardineiro da casa do traficante descobre, escondida na base de uma estátua de santa, uma grande quantidade de dinheiro fruto do tráfico e com o qual Don Oscar pretendia saldar sua dívida com o outro bandido. Imagine a confusão. Aí entra em cena a figura de Bobolitro (Ulises Gonzalez), zelador da casa de Don Oscar e responsável pelo cuidado com os cachorros – por isso, o título “Lavaperros”. Fanático religioso, casado com uma prostituta, Bobolitro é um sujeito aparentemente bonachão, enorme de gordo, mas aos poucos revela-se um assassino impiedoso. Inúmeras outras situações fazem parte do roteiro, como o caso amoroso de Claudia (Isabella Licht), esposa de Don Oscar, com um de seus capangas. O filme é todo recheado de situações inusitadas e engraçadas, como a sequência – talvez a melhor do filme - de um culto em uma igreja evangélica, onde o pastor, totalmente possesso, dá um hilariante show cantando um “heavy metal gospel” com uma banda de mulheres. O filme colombiano me surpreendeu pela sátira criativa e, ao mesmo tempo, grotesca do mundo obscuro das drogas. Enfim, o filme é ótimo.                         

segunda-feira, 8 de março de 2021

 

“A SENTINELA” (“SENTINELLE”), 2020, França, 1h20m, direção de Julien Leclercq, que também assina o roteiro ao lado de Matthieu Serveau. Lançado na plataforma Netflix no dia 5 de março de 2021, trata-se de um filme de ação cujo personagem central é a subtenente do exército francês Klara (Olga Kurylenko). Começa o filme e lá está ela combatendo em algum país do Oriente Médio. Ela volta a Paris com o tradicional transtorno de estresse pós-traumático, sequela que toma conta da maioria dos soldados que voltam de um conflito. Na base de remédios e acompanhamento psicológico, Klara tenta voltar à vida normal. Ela continua trabalhando no exército, desta vez integrando o esquadrão responsável pela “Operação Sentinela”, criada com o objetivo de garantir a segurança contra ataques antiterroristas na França. Homossexual assumida, Klara vai a uma balada com a irmã caçula Tanya (Marilyn Lima). Enquanto ela engata um “amasso” com uma loira, Tanya some de vista e, no dia seguinte, é encontrada abandonada numa praia, depois de espancada e estuprada. Klara resolve ir atrás dos responsáveis. Só que tem um problema: o estuprador é filho de um diplomata russo. Mas ela não quer saber e vai fundo na vingança. “A Sentinela” tem boas cenas de ação, com destaque para as lutas corpo a corpo. É aqui que a bela atriz ucraniana naturalizada francesa Olga Kurylenko dá um show de competência, o que é normal em sua bem sucedida carreira no cinema. O diretor francês Julien Leclercq é especialista em filmes de ação. E bons filmes, como “Gibraltar”, “Lukas”, “Carga Bruta” e “A Terra e o Sangue”. Talvez “A Sentinela” não seja tão bom quando estes, mas garante um entretenimento legal numa sessão à base de pipoca. Mas não espere muito.