sábado, 13 de agosto de 2016
“CEM ANOS DE PERDÃO” (“Cien Años de Perdón”), Espanha,
2015, direção de Daniel Caparsoro (“Apaches”). O título é uma clara referência
ao velho ditado popular “Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”. A história
gira em torno de um assalto a um grande banco da cidade de Valência. O plano da
gangue é fazer reféns, roubar tudo que for possível e depois fugir fazendo um
buraco no chão e alcançar um túnel de uma estação de metrô abandonada. O plano perfeito. Só
faltou combinar com São Pedro, pois começou a cair uma chuva torrencial que em
menos de uma hora inundou completamente o túnel, impossibilitando a fuga. Sem
contar com um plano B, os assaltantes resolveram ganhar tempo negociando com a
polícia. Em meio a toda essa confusão descobre-se que o assalto teria sido
encomendado com o objetivo de resgatar um disco rígido com documentos que
comprometem o primeiro-ministro espanhol. O governo resolve então acionar o
serviço secreto, que a partir de então assume o comando das negociações com os
assaltantes. O filme mantém um bom ritmo de suspense do começo ao final e
jamais cai na monotonia. É claro que você vai querer ver até o fim para
conferir como tudo vai terminar. No elenco, os atores mais conhecidos são Luis
Tosar, Rodrigo de La Serna, José Coronado e Raúl Arevalo.
quarta-feira, 10 de agosto de 2016
“NINA”, EUA, 2015,
roteiro e direção da estreante Cynthia Mort. Trata-se da cinebiografia de Nina
Simone, diva norte-americana do jazz e do soul que morreu em 2003, aos 70 anos.
O filme exalta as qualidades musicais inegáveis de Nina como pianista, cantora
e compositora, mas não deixa de explorar também o seu lado negativo. Nina era
uma artista arrogante, irascível e, além disso, alcóolatra crônica. Na fase decadente,
ela fazia shows em bares e era muito comum parar a música para xingar ou
agredir alguém da plateia. Uma espécie de Tim Maia de saias. O filme também
destaca o seu relacionamento com Clifton Henderson (David Oyelowo), enfermeiro
que conheceu numa clínica de reabilitação e que depois se tornou seu amigo e empresário.
A escolha da atriz Zoe Saldana para interpretar Nina causou uma grande polêmica.
Isto porque Zoe é bonita e teve que se submeter a uma grossa maquiagem para
parecer feia e tão escura quanto Nina. Não deu certo e o resultado acabou
decepcionando não apenas os fãs da cantora, como também sua família, que
detestou tanto a escolha como o trabalho da atriz. Apesar desse contratempo, o
filme tem força dramática e dá uma boa ideia da personalidade da cantora, que
também foi uma corajosa ativista contra a segregação racial. A trilha sonora é a cereja
do bolo.
Enquanto
assistia “A VINGANÇA ESTÁ NA MODA” (“The Dressmaker”), 2015, roteiro e direção de Jocelyn
Moorhouse, fiquei me perguntando o que estão fazendo nesse filme medíocre duas
das melhores atrizes da atualidade, como Kate Winslet e Judy Davis (de tantos
filmes de Woody Allen). É claro que não obtive resposta, mas cheguei ao final com
a mesma impressão: o filme é muito fraco. Trata-se de uma comédia australiana de
humor negro, ambientada em 1951, que conta a história de Mirtle “Tilly” Dunnage
(Winslet), que ainda adolescente é expulsa de uma pequena vila no sertão da
Austrália, acusada de ter cometido um crime. Depois de passar cerca de 20 anos
fora, durante os quais fez um curso de estilista em alta costura em Paris, Tilly
volta para casa para se confrontar com seus antigos algozes e contar
sua versão sobre ao crime pelo qual foi acusada. Além disso, reencontra a mãe, Molly
(Judy Davis), que ficou louca e vive na maior sujeira. Somente a moda conseguirá
aproximar Tilly das moradoras da vila, o que remete ao título do filme. Alguns
personagens estranhos surgem na história, como um policial (Hugo Weaving) que
gosta de se vestir de mulher e um velhinho tão encurvado que só consegue enxergar
o chão. Tudo muito caricatural, non sense. Se há alguma coisa a se elogiar, destaco o título nacional bem bolado e que condiz com a história, além dos ótimos desempenhos de Winslet e Judy Davis. Muito pouco para justificar a permanência em frente à telinha por 1h58m. O filme foi exibido pela primeira vez no 40º Festival de Toronto (Canadá), em
setembro de 2015.
terça-feira, 9 de agosto de 2016
Se
você gosta de assistir a um filme com alta dose de sensibilidade – e qualidade
-, não perca o drama japonês “SABOR DA VIDA” (“An”), 2015, da diretora Naomi Kawase (“O Segredo
das Águas”). É um filme simples, delicado, comovente, cuja história é ambientada
numa pequena confeitaria especializada na confecção do tradicional doce japonês
Dorayaki – trata-se de uma panqueca recheada com pasta de feijão vermelho. O
gerente Sentaro (Masatoshi Nagase) toca o negócio sozinho, preparando os
Dorayakis e também atendendo os clientes. Até que um dia aparece Tokue (Kirin
Kiki), uma senhora de 76 anos, que se oferece para ajudá-lo. De início, Sentaro
se recusa a contratá-la. No dia seguinte, porém, Tokue volta à confeitaria
levando sua pasta de feijão para Sentaro experimentar. Ele fica encantado com o
sabor, achando a receita maravilhosa. Ele então contrata Tokue, que o ensina a
fazer a pasta do seu jeito. O sucesso é imediato e as filas de clientes
aumentam a cada dia. Até que alguém percebe que as mãos de Tokue são deformadas
por algum tipo de doença, o que chega ao conhecimento da dona da confeitaria,
que obriga Sentaro a demitir Tokue. A sensibilidade do filme não está apenas na
amizade entre Tokue e Sentaro, mas também nas observações da idosa a respeito
da Natureza, principalmente relacionadas a pássaros, cerejeiras e feijões. O filme de Kawase, baseado no livro "An", de Durian Sukegawa, integrou a Mostra “Um
Certo Olhar” do Festival de Cannes 2015, além de ter sido exibido por aqui no
ano passado durante a 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Impossível
não se comover com a interpretação de Kirin Kiki, o que torna o filme ainda
mais irresistível. Não perca!
Já
que a Olimpíada é o assunto do momento, vale a pena assistir “RAÇA”
(“RACE”), 2015, Canadá, direção de Stephen
Hopkins. O filme relembra a incrível e fascinante história do corredor
norte-americano Jesse Owens (o ator canadense Stephan James), que nas
Olimpíadas de 1936, em Berlim, conquistou quatro medalhas de ouro, contrariando
e enfurecendo as autoridades nazistas, que apostavam na supremacia da raça
ariana inclusive no esporte. O filme destaca a trajetória de Owens, um negro
pobre que sofreu preconceito a vida inteira em seu próprio país, inclusive
depois que virou herói olímpico. Num dos episódios mostrados logo após as Olimpíadas,
Owens seria o homenageado numa grande recepção em Nova Iorque. Mesmo assim, ele
e a esposa são obrigados a entrar pela porta de serviço. O filme também
apresenta os fatos que marcaram os bastidores das reuniões do comitê olímpico
norte-americano, que até o último momento era contra a participação dos EUA no
evento de Berlim. Um de seus integrantes, Avery Brundage (Jeremy Irons), foi a
Berlim negociar a participação norte-americana diretamente com Josef Goebbels
(Barnaby Metschurat), ministro de propaganda nazista. Ficou acertado, por
exemplo, que a Alemanha teria de aceitar negros e judeus na delegação dos EUA.
Acordo firmado, mas não cumprido, como o filme mostrará adiante. O filme também
destaca o trabalho de Leni Riefenstahl (a atriz holandesa Carice van Houten), a
“cineasta de Hitler”. Outro destaque do elenco é Jason Sudeikis, que interpreta
Larry Snyder, o primeiro técnico de Owens. O filme ainda apresenta alguns momentos
bastante comoventes, como a amizade de Owens com o principal atleta alemão, Carl
Long (David Kross). Resumindo, um filmaço!
segunda-feira, 8 de agosto de 2016
Depois
de conquistar o Oscar de Melhor Ator em 2003 com “O Pianista”, de Roman Polanski,
Adrien Brody não emplacou nenhum outro grande sucesso, alternando participações em bons filmes como “Meia-noite
em Paris” e “Grande Hotel Budapeste” com outros tantos de qualidade duvidosa, como é o
caso do recente “MANHATTAN NIGHT” (ainda sem tradução por aqui), 2015, EUA, roteiro
e direção do estreante Brian DeCubellis. A história, inspirada no livro
homônimo escrito por Colin Harrison em 1996, é centrada no repórter policial Porter
Wren (Brody), famoso pelo toque sensacionalista que dá às reportagens. Durante
um coquetel oferecido pelo dono do jornal em que trabalha, Wren conhece a bela
e sedutora Caroline Crowley (a atriz australiana Yvonne Strahovski). Mesmo ele
sendo casado e ela noiva, os dois começam um caso. Só que, como Wren irá descobrir,
Caroline se entregou com outras intenções, relacionadas com a morte misteriosa
de seu ex-marido Simon Crowley (Campbell Scott) e uma fita de vídeo que compromete
um grande empresário. Wren acaba se envolvendo numa trama que colocará sua vida
e a da sua família em perigo. O filme tem um toque de policial noir, com algum suspense e reviravoltas,
mas não convence, principalmente pelo roteiro um tanto confuso. Nada que mereça
uma indicação entusiasmada, a não ser a presença marcante e estonteante da loiraça Yvonne
Strahovski.
domingo, 7 de agosto de 2016
“NON ESSERE CATTIVO” (já vi traduzido em duas
versões por aqui, “Não Seja Mau” e “Não Seja Rebelde”), Itália, 2015, direção
de Claudio Caligari. Ambientado nos anos 90 em Óstia, distrito litorâneo de
Roma, o drama é centrado em Cesare (Luca Marinelli) e Vittorio (Alessandro
Borghi), dois amigos trambiqueiros e drogados, que gostam de arrumar encrenca e
sair pelas baladas noturnas. São pobres, vivem de roubos e da venda de drogas.
Trabalho honesto, nem pensar. Um dia, porém, Vittorio começa a ter visões por
causa das drogas e passa a repensar seu modo de vida. Além disso, conhece Linda
(Roberta Mattei), por quem se apaixona. Enquanto isso, Cesare não larga as
drogas e passa a usar as mais pesadas, apesar dos conselhos da namorada Viviana (Silvia D’Amico) e do amigo Vittorio. Fica na cara que o final de Cesare não será
dos melhores. Caligari, autor do roteiro e diretor (morreu logo após o final
das filmagens), apresenta um retrato triste e nada animador de jovens sem valores,
sem esperança e mais interessados em curtir a vida perigosamente, caindo na
marginalidade. Um tipo de juventude nada diferente do que conhecemos por aqui e
acolá. Repito: é um filme pesado, quase desagradável. Mesmo assim, foi um dos
indicados para representar a Itália na disputa do Oscar 2016 de Melhor Filme
Estrangeiro, além de ter sido premiado em vários festivais internacionais.
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