sexta-feira, 4 de outubro de 2024

 

“BOXER” (“BOKSER), 2024, Polônia, 2h30m, produção original e distribuição Netflix, direção do cineasta esloveno Mitja Okorn (“A Vida em Um Ano”, “Cartas para M”, “Planet Singles”), que também assina o roteiro juntamente com Ivan Bezmarevic e Lucas Coleman. A história acompanha a trajetória de muitos percalços do lutador de boxe polonês Jedrzej (Erik Kulm Jr.), que no início dos anos 80 resolveu fugir com sua esposa Kasia (Adrianna Chlebicka) da Polônia comunista para a Inglaterra. Seu sonho não era apenas iniciar uma vida nova, mas também treinar para ser um grande campeão de boxe. Nada será fácil para o casal. Somente alguns anos depois, sob a retaguarda de um empresário desonesto, Jedrzej conseguiria algum sucesso. Entretanto, ele não conseguiu manter o juízo. Arrumou uma amante, caiu na farra e acabou na cocaína. A história contada no filme destacou a vida particular do lutador, muito mais do que seu desempenho nos ringues, o que incluiu a relação conflituosa com a esposa e com o seu tio polonês que o ensinou a lutar na Polônia. O elenco conta ainda com a participação de Erik Lubos, Adam Woronowicz e Waleria Gorobets. Apesar da longa duração, “Boxer” vale cada minuto, um entretenimento de muita qualidade. Mais um gol de placa do excelente cinema polonês. Nos créditos finais são destacadas as fotos de vários atletas poloneses que fugiram do então país comunista, inclusive a do boxeador em questão.        

           

               

                     

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

“A GRANDE FUGA” (“THE GREAT ESCAPER”), 2023, Inglaterra, 1h37m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Oliver Parker, seguindo roteiro assinado por William Ivory. A história é baseada num fato real ocorrido no verão de 2014, que acabou nas primeiras páginas dos jornais e teve grande destaque nos telejornais. Bernard Jordan (Michael Caine) fugiu da casa de repouso onde morava com a sua mulher Irene (Glenda Jackson) na cidade de Hove, no condado de East Sussex. Sozinho, ele atravessou o Canal da Mancha até a França para participar das comemorações do 70º aniversário do Dia D (6 de junho de 1944), quando as tropas aliadas invadiram a Normandia para lutar contra os alemães. Enquanto todo mundo na casa de repouso se preocupava com a “aventura” de Bernard, a ponto de pedirem ajuda à polícia, Irene encarou a situação com muita tranquilidade, acreditando que o marido estava simplesmente realizando um sonho. O filme relembra o início do romance entre os dois e ainda a participação dele durante a batalha da Normandia. Completam o elenco Danielle Vitalis, John Standing, Will Fletcher e Laura Marcus. Como não poderia deixar de ser, são os veteranos Michael Caine  e Glenda Jackson os responsáveis pelos melhores momentos do filme. Caine, aliás, anunciou que este foi seu último filme. Aos 91 anos, resolveu se aposentar como ator. A nota triste fica por conta da atriz Glenda Jackson, que morreu em junho do ano passado, aos 87 anos, pouco depois do final das filmagens. Glenda foi uma grande atriz, ganhadora de dois Oscars, primeiro por “Mulheres Apaixonadas” (1970) e, três anos depois, pelo seu desempenho em “Um Toque de Classe”. Confesso que fiquei muito impressionado com a decadência física da atriz, que era muito bonita quando mais jovem. Resumo da ópera, “A Grande Fuga” é um filme muito humano, dramático e sensível, capaz de emocionar e entreter. Não perca!    

           

               

                     

segunda-feira, 30 de setembro de 2024



 

“REBEL RIDGE” (consultei o Google Tradutor: “Cume Rebelde” – não tem nada a ver com o filme), 2024, Estados Unidos, 2h11m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção de Jeremy Saulnier (“Noite de Lobos”). Pela falta de significado do título, a coisa já começa mal. Terry Richmond (o ator inglês Aaron Pierre), um ex-fuzileiro naval, viaja – pasme! – de bicicleta até a pequena cidade de Shelby Spring (Alabama) com o objetivo de levar uma quantia em dinheiro para pagar a fiança de seu primo, preso por porte de drogas. Na estrada, perto da cidade, ele é derrubado por uma viatura policial. Terry acaba detido e tem o dinheiro confiscado pelos policiais, que acreditam ser fruto da venda de drogas. Liberado, Terry agora quer lutar para reaver o dinheiro, quando começa a desconfiar de um esquema de corrupção comandado pelo xerife Sandy Burnne (Don Johnson, pai da atriz Dakota Johnson). Com a ajuda da oficial de justiça Summer (AnnaShophia Robb), Terry tentará lutar contra o esquema corrupto, arriscando a própria vida e da parceira. Completam o elenco James Cromwell, Chelse Bryan, David Denman, Emory Cohen, Oscar Gale, Reid Williams, Steve Zissis e Dana Lee. Anunciado como um thriller com muita ação, “Rebel Ridge” decepciona, pois tem pouca ação, além de um roteiro confuso e mal acabado. E, pior, se arrasta em ritmo lento e enfadonho até o desfecho, sem muito a oferecer ao espectador. Difícil recomendar.           

domingo, 29 de setembro de 2024

“CALOR MORTÍFERO” (“KILLER HEAT”), 2024, Estados Unidos, 1h36m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Philippe Lacôte, cineasta nascido na Costa do Marfim e radicado na França, seguindo roteiro assinado por Matt Charman e Roberto Bentivegna. Trata-se de um suspense baseado no conto "O Homem Ciumento", do norueguês Jo Nesbø, que considero um dos melhores escritores de romances policiais da atualidade, pois já li vários de seus livros. Vamos à história. Nick Bali (Joseph Gordon-Levitt), um ex-detetive da polícia de Nova York que trabalha como investigador particular em Atenas (Grécia), é contratado por Penelope Vardakis (Shailene Woodley) para investigar a morte do seu marido, considerada acidente pela polícia. A vítima, Leonides Vardakis, era irmão gêmeo de Elias Vardakis (ambos interpretados pelo ator Richard Madden), herdeiros de uma importante família na Grécia, cuja base empresarial fica na Ilha de Creta. Ao iniciar sua investigação, Nick Bali acaba irritando não só Elias como também a matriarca da família, Audrey Verdakis (Clare Holman). Tudo leva a crer que tem alguma coisa errada na história, o que só será revelada, é claro, no desfecho, com direito a algumas reviravoltas. Completam o elenco Abbey Lee Kershaw, Billy Clements, Manos Gravas, Babou Ceesay e Eleni Vergeti. Infelizmente, o resultado final não é dos melhores. O roteiro é mal elaborado, confuso, não consegue prender a atenção do espectador. O ator Joseph Gordon-Levitt não convence como o detetive concebido para ser um detetive dos filmes noir, ou seja, atormentado, alcoólatra, solitário e mal vestido. Culminou num personagem caricato, patético, muito longe do que o autor queria que parecesse. O roteiro é mal elaborado, confuso, e não cria a tensão necessária para envolver o espectador. Com exceção dos cenários deslumbrantes da Ilha de Creta, nada mais favorece uma indicação. Jo Nesbø não merecia isso.