sábado, 5 de outubro de 2019


“UM AMOR INESPERADO” (“El Amor Menos Pensado”), 2018, Argentina, 2h16m. O filme é todo focado num casal de meia-idade cujo filho único, de 20 anos, saiu de casa para estudar na Espanha. O casal, que acaba de completar 25 anos de casado, começa a sofrer da tal Síndrome do Ninho Vazio, culminando com sua separação amigável. Cada um vai para um lado, namoram, vivem paixões momentâneas e um deles ainda tentará arranjar alguém pelo aplicativo Tinder. É dentro desse contexto que se desenrola o filme, trazendo como a dupla principal de protagonistas os astros argentinos Ricardo Darín e Mercedes Moran. “Um Amor Inesperado” é um misto de comédia romântica e crítica de costumes. Além da química perfeita entre Darín e Moran, dois veteranos do cinema argentino, outro trunfo do filme é a qualidade dos diálogos, adultos, inteligentes, sarcásticos e muito bem-humorados. O roteirista e diretor Juan Vera acerta em cheio em seu primeiro longa-metragem, apesar o desfecho ser inteiramente previsível. No cenário do cinema argentino, Vera é mais conhecido como produtor de grandes filmes, entre eles “O Filho da Noiva”, “Abutres”, “Elefante Branco” e “Leonera”, todos muito bons, conforme já comentei anteriormente no meu blog. “Um Amor Inesperado”, antes de chegar ao circuito comercial do Brasil em março de 2019, estreou na Argentina e obteve grande sucesso de bilheteria. Conto agora algumas curiosidades sobre o filme. Primeiro, o título que recebeu nos EUA: “An Unexpected Love”. Na França, “Retour de Flamme”. Outra curiosidade diz respeito à trilha sonora. Numa festa de aniversário de um casal de amigos, a música escolhida para selar o seu amor foi nada mais nada menos do que um dos maiores hinos do nosso cancioneiro brega: “Fogo e Paixão”, cantado por Wando, isso mesmo, aquele das calcinhas. Resumo da ópera: “Um Amor Inesperado” é ótimo, muito inteligente e agradável, além de contar com Ricardo Darín e Mercedes Moran em estado, literalmente, de graça. Imperdível!      

quarta-feira, 2 de outubro de 2019


“MEMÓRIA DE UM CRIME” (“BACKTRICE”), 2018, EUA, 1m27m, filme policial dirigido por Brian A.  Miller, com roteiro de Mike Maples. O filme começa com um assalto a um carro blindado praticado por três assaltantes. Eles conseguem fugir com uma grande quantidade de dinheiro, que escondem num tipo de armazém abandonado em algum lugar bem longe. Logo depois, durante a fuga, eles se defrontam com dois estranhos fortemente armados, que exigem parte do dinheiro roubado. Os dois grupos entram em confronto e, dos assaltantes, só um sobrevive e consegue escapar da matança, mas, devido a um tiro de raspão na cabeça, perde a memória. O filme salta para sete anos depois. MacDonald (Matthew Modine), o sobrevivente, está preso numa penitenciária de segurança máxima e ainda não se lembra do que aconteceu. Seu segredo atrai três aproveitadores que conseguem resgatá-lo da prisão. Uma enfermeira faz parte do grupo de sequestradores e, utilizando uma droga especial, tentará fazer MacDonald recuperar a memória e contar onde escondeu o dinheiro. A investigação sobre o desaparecimento de MacDonald fica a cargo do xerife Sykes (Sylvester Stallone), que, com a colaboração do FBI, tentará encontrar pistas que levem ao sequestrado e seus sequestradores. Embora a divulgação do filme tenha colocado Stallone como o principal protagonista, na verdade ele aparece em poucas cenas, ganhando algum realce somente no desfecho.  Embora tenha feito história no cinema por seus antigos personagens John Rambo e Rocky Balboa, Stallone nunca foi um bom ator. Sempre atuou mais com os músculos. Agora, aos 73 anos, tenta sobreviver à idade, mas encontra muita dificuldade, principalmente pela deformação cada vez mais acentuada do rosto. Se pudesse aconselhá-lo, diria: “Tá na hora de se aposentar, Stallone. Obrigado por tudo”. Voltando a “Memória de um Crime”, o filme estreou nos EUA em dezembro de 2018 e ainda não chegou por aqui. O diretor Brian A. Miller, especialista em filmes de ação (“O Príncipe”, “Rastros de Violência”, “Sombras da Justiça”, “A Máquina”), bem que tentou imprimir seu estilo em “Memória de um Crime”, mas ficou só na intenção. Nada que mereça uma indicação entusiasmada. Em todo caso, pode servir para uma sessão da tarde com pipoca.   


segunda-feira, 30 de setembro de 2019


“NOITE MÁGICA” (“NOTTI MAGICHE”), 2018, Itália, 2h5m, direção de Paolo Virzì, que também assina o roteiro juntamente com Francesco Piccolo e Francesca Archibugi. Trata-se de mais uma bela homenagem ao cinema, especialmente aos tempos de ouro do cinema italiano. O filme começa com um carro caindo de uma ponte dentro do rio Tibre, em Roma. A poucos metros dali, num bar, um grupo de pessoas assistia a um jogo da Itália pela Copa do Mundo – o filme é ambientado em 1990. Com todos torcendo pela seleção nacional, ninguém ligou para o acidente, que matou o ocupante do veículo. Durante a investigação policial sobre o que de fato aconteceu, três jovens foram detidos para interrogatório: Antonino Scordia (Mauro Lamantia), Eugenia Malaspina (Irene Vetere) e Luciano Ambrogi (Giovanni Toscano). Explico: antes do acidente acontecer, os três tiveram contato com a vítima. Scordia, Malaspina e Ambrogi foram vencedores de um concurso chamado “Prêmio Solinas” destinado a aspirantes de roteiristas. Durante o interrogatório, os três jovens relembram, em flashbacks, o que aconteceu nos dias anteriores, o que nos leva a uma “viagem” pelos bastidores do cinema italiano. “Noite Mágica” é repleto de referências a figuras importantes do cinema italiano como Ettore Scola (Virzì teve a ideia do filme durante o velório do grande diretor, morto em janeiro de 2016), Federico Fellini, Marcello Mastroianni, Vittório Gassman, Roberto Rossellini, Dino Risi e tantos outros (achei muito injusto não haver uma menção especial a Mario Monicelli).  Enquanto circulam por Roma numa noite de jantares e festas, os jovens roteiristas vão a lugares que serviram de cenários para alguns dos grandes filmes italianos do passado. Nessas idas e vindas, eles conhecem produtores, roteiristas e diretores, com os quais conversam sobre o cinema italiano, seu passado e perspectivas para o futuro. Um dos personagens principais de toda a história será o produtor Leonardo Saponardo (o grande Giancarlo Giannini, ótimo). Para quem não conhece, Paolo Virzì é um dos mais cultuados diretores do cinema italiano atual. Dele, recomendo como pequenas obras-primas dois filmes em especial: “Capital Humano”, de 2013, e “A Primeira Coisa Bela”, de 2010. Virzì também experimentou o cinema norte-americano, dirigindo “Ella e John” em 2017, com Helen Mirren e Donald Sutherland. Enfim, “Noite Mágica” é um filme especialmente dirigido aos cinéfilos que, como eu, são apreciadores do cinema em geral, particularmente o italiano. Não é o melhor filme que homenageia o cinema. Não desmerecendo o filme de Virzì, prefiro duas obras-primas do cinema italiano: “Cinema Paradiso”, de Giuseppe Tornatore, e “Splendor”, do grande Ettore Scola.    


domingo, 29 de setembro de 2019


“A ÚLTIMA MISSÃO” (“ALL THE DEVIL’S MEN”), 2018, Inglaterra, 99 minutos, roteiro e direção de Mattew Hope. O caçador de recompensas e assassino profissional Collins (Milo Gibson), um ex-agente da CIA, é contratado para viajar a Londres e matar McKnight (Elliot Cowan), chefão de uma gangue que está negociando com os russos a compra de um artefato nuclear. McKnight comanda um exército de renegados da CIA, entre os quais Deighton (Joseph Millson), ex-agente e antigo colega de Collins. Como contato da CIA em Londres está a agente Leigh (a atriz holandesa Sylvia Hoeks), responsável pela contratação de Collins. Na verdade, Leigh tem um motivo muito especial para ver McKnight morto. Entre perseguições, tiros e muita pancadaria, Collins tentará chegar ao chefão McKnight, mas antes terá de vencer o seu exército particular. O início do filme é bastante complicado, difícil de entender quem é quem na história. Mas, aos poucos, as coisas vão se clareando. Tenho quase certeza de que “A Última Missão” quis transformar o ator australiano Milo Gibson (filho de Mel Gibson) num novo astro dos filmes de ação. Milo estreou no cinema em “Até o Último Homem”, de 2016, dirigido pelo próprio pai. Milo é fortão, estilo brucutu, tem cara de mau, mas como ator ainda está longe de convencer, além de não ter o charme e o carisma do pai. Resumo da ópera: o filme tem lá seus momentos de boa ação, mas a história é um tanto fantasiosa demais. Em todo caso, serve para uma tarde com pipoca.