“NOITE
MÁGICA” (“NOTTI MAGICHE”), 2018, Itália, 2h5m, direção de Paolo
Virzì, que também assina o roteiro juntamente com Francesco Piccolo e
Francesca Archibugi. Trata-se de mais uma bela homenagem ao cinema,
especialmente aos tempos de ouro do cinema italiano. O filme começa com um
carro caindo de uma ponte dentro do rio Tibre, em Roma. A poucos metros dali, num
bar, um grupo de pessoas assistia a um jogo da Itália pela Copa do Mundo – o
filme é ambientado em 1990. Com todos torcendo pela seleção nacional, ninguém ligou
para o acidente, que matou o ocupante do veículo. Durante a investigação
policial sobre o que de fato aconteceu, três jovens foram detidos para
interrogatório: Antonino Scordia (Mauro Lamantia), Eugenia Malaspina (Irene
Vetere) e Luciano Ambrogi (Giovanni Toscano). Explico: antes do acidente
acontecer, os três tiveram contato com a vítima. Scordia, Malaspina e Ambrogi
foram vencedores de um concurso chamado “Prêmio Solinas” destinado a aspirantes
de roteiristas. Durante o interrogatório, os três jovens relembram, em flashbacks,
o que aconteceu nos dias anteriores, o que nos leva a uma “viagem” pelos
bastidores do cinema italiano. “Noite Mágica” é repleto de referências a
figuras importantes do cinema italiano como Ettore Scola (Virzì teve a ideia do
filme durante o velório do grande diretor, morto em janeiro de 2016), Federico Fellini, Marcello
Mastroianni, Vittório Gassman, Roberto Rossellini, Dino Risi e tantos outros (achei muito injusto não haver uma menção especial a Mario Monicelli). Enquanto
circulam por Roma numa noite de jantares e festas, os jovens roteiristas vão a
lugares que serviram de cenários para alguns dos grandes filmes italianos do
passado. Nessas idas e vindas, eles conhecem produtores, roteiristas e
diretores, com os quais conversam sobre o cinema italiano, seu passado e
perspectivas para o futuro. Um dos personagens principais de toda a história
será o produtor Leonardo Saponardo (o grande Giancarlo Giannini, ótimo). Para
quem não conhece, Paolo Virzì é um dos mais cultuados diretores do cinema
italiano atual. Dele, recomendo como pequenas obras-primas dois filmes em
especial: “Capital Humano”, de 2013, e “A Primeira Coisa Bela”, de 2010. Virzì
também experimentou o cinema norte-americano, dirigindo “Ella e John” em 2017, com Helen Mirren e Donald Sutherland. Enfim, “Noite Mágica” é um filme especialmente
dirigido aos cinéfilos que, como eu, são apreciadores do cinema em geral,
particularmente o italiano. Não é o melhor filme que homenageia o cinema. Não desmerecendo o filme de Virzì, prefiro duas obras-primas do cinema italiano: “Cinema Paradiso”, de Giuseppe Tornatore, e “Splendor”, do grande Ettore Scola.
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