sábado, 24 de março de 2018


“MÁS NOTÍCIAS PARA O SR. MARS” (“Des Nouvelles de La Planète Mars”), 2015, França/Bélgica, roteiro e direção do alemão Dominik Moll. Trata-se de uma comédia muito engraçada sobre um engenheiro, Phillippe Mars (François Damiens), que de repente se vê às voltas com várias situações que vão deixá-lo à beira de um ataque de nervos. Começa que sua ex-mulher, Myrian (Léa Drucker), uma repórter de TV, é obrigada a cobrir um evento internacional em Bruxelas (Bélgica) e pede a Phillippe que cuide dos seus dois filhos adolescentes. Como se não bastasse, sua irmã Xanaé Mars (Olivia Cotê) promove uma exposição de quadros nos quais retrata os pais completamente nús e, mais tarde, obriga Phillippe a ficar com seu cachorrinho de estimação. O suplício de Phillippe ainda não terminou. Jérôme (Vincent Macaigne), seu colega de trabalho no escritório, tem um surto psicótico, é internado numa clínica e depois liberado, indo pedir “asilo” na casa de Phillippe, levando a tiracolo uma paciente pela qual se apaixona, a birutinha Chloé (a maravilhosa atriz belga Verlee Baetens, do ótimo “Alabama Monroe”). A confusão está formada, garantindo boas risadas durante a maior parte do tempo. Só que nos minutos finais, o filme perde o ritmo de comédia e passa a adotar momentos do mais puro sentimentalismo, sem prejudicar o resultado final. Em todo caso, vale pelos diálogos bem humorados e pelas situações divertidas. Uma delas, a aparição dos fantasmas dos pais de Phillippe, dois velhinhos simpáticos que alegram o ambiente. Sem dúvida, um ótimo programa.                     

sexta-feira, 23 de março de 2018


“O FILHO DE JOSEPH” (“Les Fils de Joseph”), 2016, França, escrito e dirigido por Eugène Green. A história é centrada no jovem Vincent (Victor Ezenfis), de 15 anos, criado pela mãe solteira Marie (Natacha Régnier). Vincent insiste que ela revele o nome do seu pai, que durante anos foi um segredo trancado a sete chaves. A mãe sempre tinha a mesma resposta: “Você não tem pai”. Um dia, porém, Vincent, garoto esperto, acaba descobrindo a identidade do pai, Oscar Pormenor (Mathieu Amalric), um importante editor de livros. Em meio a uma vingança planejada por Vincent contra o próprio pai, surge na história Joseph (Fabrizio Rongione), irmão de Oscar, que aparece do nada para pedir um empréstimo. Logo fica evidente que os irmãos nunca se deram e continuarão assim depois que Oscar recusa-se a atender ao pedido de Joseph. Papo vai, papo vem, Joseph faz amizade com Vincent, que fica interessado em Marie.  Até aí o filme fica interessante, mas perde o ritmo no final, principalmente quando, numa longa cena, Joseph, Marie e Vincent caminham na praia com um burrinho, uma referência explícita à cena bíblica de José e Maria a caminho de Belém. Trata-se de mais uma excentricidade do diretor norte-americano radicado na França, responsável pelo elogiado “La Sapienza”, também difícil de digerir. Na maioria de seus filmes, Eugène Green faz questão de colocar pitadas de humor negro, diálogos com pretensões intelectuais e uma certa erudição. Em "O Filho de Joseph", por exemplo, ele dá grande destaque a um quadro pendurado no quarto do jovem Vincent, "O Sacrifício de Isaac", pintado por Caravaggio no Século 17. Resumo da ópera: Eugène quis fazer um filme com pretensões intelectuais, mas acabou reforçando ainda mais a sua imagem de diretor excêntrico. Como informação adicional, lembro que assinam a produção Luc e Jean-Pierre, conhecidos como os Irmãos Dardenne, consagrados diretores belgas. “O Filho de Joseph” é apenas interessante, longe de agradar o grande público.                   


segunda-feira, 19 de março de 2018


“ROMAN J. ISRAEL” (“Roman J. Israel, Esq.”), roteiro e direção de Dan Gilroy (do excelente “O Abutre”, com Jake Gyllenhaal), conta a história de um advogado criminalista brilhante, Roman Israel (Denzel Washington), mas um tipo bastante estranho: gordo, desajeitado, roupas cafonas e um cabelo “black power” igual aos ativistas dos anos 60/70 – ele idolatra especialmente Angela Davis. Durante anos, ele atuou nos bastidores do escritório e dos tribunais, elaborando as estratégias de defesa que seu sócio, Willian Henry Jackson, utilizava, com grande sucesso nos julgamentos. Quando Willian sofre um ataque cardíaco e entra em coma, Roman é obrigado a assumir o seu trabalho nos tribunais. Só que Roman é um advogado radicalmente idealista, seguindo à risca os princípios morais e éticos da profissão. Pode estar diante de um juiz no tribunal ou de um importante promotor, ele não tem medo de enfrentar qualquer autoridade para fazer valer as suas convicções. Depois que seu escritório é fechado, ele passa a trabalhar para outro advogado de sucesso, George Pierce (o ator irlandês Colin Farrel), um verdadeiro “tubarão” no meio jurídico, advogado/empresário que só enxerga o Direito como uma forma de ganhar dinheiro, sem concessões à ética da profissão. Mais um grande trabalho de Denzel Washington, que, pelo papel, foi indicado ao prêmio de “Melhor Ator” no Oscar 2018. Denzel já havia conquistado a estatueta de Melhor Ator em 2002 por “Dia de Treinamento” e a de Melhor Ator Coadjuvante por “Glory”, em 1990. “Roman J. Israel” tem como seu maior trunfo justamente o desempenho de Denzel, embora a história também seja ótima e o filme muito bom.