“MÁS NOTÍCIAS PARA O SR. MARS” (“Des Nouvelles de La Planète Mars”), 2015,
França/Bélgica, roteiro e direção do alemão Dominik Moll. Trata-se de uma
comédia muito engraçada sobre um engenheiro, Phillippe Mars (François Damiens),
que de repente se vê às voltas com várias situações que vão deixá-lo à beira de
um ataque de nervos. Começa que sua ex-mulher, Myrian (Léa Drucker), uma
repórter de TV, é obrigada a cobrir um evento internacional em Bruxelas
(Bélgica) e pede a Phillippe que cuide dos seus dois filhos adolescentes. Como
se não bastasse, sua irmã Xanaé Mars (Olivia Cotê) promove uma exposição de
quadros nos quais retrata os pais completamente nús e, mais tarde, obriga Phillippe
a ficar com seu cachorrinho de estimação. O suplício de Phillippe ainda não
terminou. Jérôme (Vincent Macaigne), seu colega de trabalho no escritório, tem
um surto psicótico, é internado numa clínica e depois liberado, indo pedir “asilo”
na casa de Phillippe, levando a tiracolo uma paciente pela qual se apaixona, a
birutinha Chloé (a maravilhosa atriz belga Verlee Baetens, do ótimo “Alabama
Monroe”). A confusão está formada, garantindo boas risadas durante a maior
parte do tempo. Só que nos minutos finais, o filme perde o ritmo de comédia e
passa a adotar momentos do mais puro sentimentalismo, sem prejudicar o resultado final. Em todo caso, vale pelos diálogos bem humorados e pelas
situações divertidas. Uma delas, a aparição dos fantasmas dos pais de Phillippe, dois velhinhos simpáticos que alegram o ambiente. Sem dúvida, um ótimo programa.
sábado, 24 de março de 2018
sexta-feira, 23 de março de 2018
“O FILHO DE JOSEPH” (“Les Fils de Joseph”), 2016,
França, escrito e dirigido por Eugène Green. A história é centrada no jovem
Vincent (Victor Ezenfis), de 15 anos, criado pela mãe solteira Marie (Natacha
Régnier). Vincent insiste que ela revele o nome do seu pai, que durante anos foi um segredo trancado a sete chaves. A mãe sempre tinha a mesma resposta: “Você não tem pai”. Um dia, porém, Vincent, garoto
esperto, acaba descobrindo a identidade do pai, Oscar Pormenor (Mathieu
Amalric), um importante editor de livros. Em meio a uma vingança planejada por
Vincent contra o próprio pai, surge na história Joseph (Fabrizio Rongione),
irmão de Oscar, que aparece do nada para pedir um empréstimo. Logo fica
evidente que os irmãos nunca se deram e continuarão assim depois que Oscar recusa-se
a atender ao pedido de Joseph. Papo vai, papo vem, Joseph faz amizade com
Vincent, que fica interessado em Marie. Até
aí o filme fica interessante, mas perde o ritmo no final, principalmente quando, numa longa cena, Joseph,
Marie e Vincent caminham na praia com um burrinho, uma referência explícita à
cena bíblica de José e Maria a caminho de Belém. Trata-se de mais uma
excentricidade do diretor norte-americano radicado na França, responsável pelo elogiado
“La Sapienza”, também difícil de digerir. Na maioria de seus filmes, Eugène Green faz questão de colocar pitadas de humor negro, diálogos com pretensões intelectuais e uma certa erudição. Em "O Filho de Joseph", por exemplo, ele dá grande destaque a um quadro pendurado no quarto do jovem Vincent, "O Sacrifício de Isaac", pintado por Caravaggio no Século 17. Resumo da ópera: Eugène quis fazer um filme com pretensões intelectuais, mas acabou reforçando ainda mais a sua imagem de diretor excêntrico. Como informação adicional, lembro
que assinam a produção Luc e Jean-Pierre, conhecidos como os Irmãos Dardenne, consagrados
diretores belgas. “O Filho de Joseph” é apenas interessante, longe de agradar o
grande público.
segunda-feira, 19 de março de 2018
“ROMAN J. ISRAEL” (“Roman J. Israel, Esq.”), roteiro
e direção de Dan Gilroy (do excelente “O Abutre”, com Jake Gyllenhaal), conta a
história de um advogado criminalista brilhante, Roman Israel (Denzel
Washington), mas um tipo bastante estranho: gordo, desajeitado, roupas cafonas
e um cabelo “black power” igual aos
ativistas dos anos 60/70 – ele idolatra especialmente Angela Davis. Durante
anos, ele atuou nos bastidores do escritório e dos tribunais, elaborando as estratégias de defesa que seu
sócio, Willian Henry Jackson, utilizava, com grande sucesso nos julgamentos. Quando Willian sofre um ataque cardíaco e entra em coma, Roman é obrigado a
assumir o seu trabalho nos tribunais. Só que Roman é um advogado radicalmente
idealista, seguindo à risca os princípios morais e éticos da profissão. Pode estar
diante de um juiz no tribunal ou de um importante promotor, ele não tem medo de
enfrentar qualquer autoridade para fazer valer as suas convicções. Depois que seu
escritório é fechado, ele passa a trabalhar para outro advogado de sucesso,
George Pierce (o ator irlandês Colin Farrel), um verdadeiro “tubarão” no meio
jurídico, advogado/empresário que só enxerga o Direito como uma forma de ganhar
dinheiro, sem concessões à ética da profissão. Mais um grande trabalho de Denzel
Washington, que, pelo papel, foi indicado ao prêmio de “Melhor Ator” no Oscar
2018. Denzel já havia conquistado a estatueta de Melhor Ator em 2002 por “Dia
de Treinamento” e a de Melhor Ator Coadjuvante por “Glory”, em 1990. “Roman J. Israel” tem como seu maior
trunfo justamente o desempenho de Denzel, embora a história também seja ótima e
o filme muito bom.
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