sábado, 24 de junho de 2017

“A DÍVIDA” (”Oliver’s Deal”), coprodução EUA/Peru/Espanha, 2015, primeiro longa escrito e dirigido por Barney Elliott. O filme começa mostrando o trabalho de um garoto, seu pai e sua irmã numa fazenda situada nos alpes peruanos – as paisagens são lindas. O cenário muda de forma abrupta para um escritório sofisticado de Nova Iorque, cujo negócio principal é adquirir e depois negociar títulos da dívida pública de países do Terceiro Mundo. Pelo menos foi isso que eu entendi. Não há muita explicação sobre a atividade e talvez os leigos no assunto, como eu, ficarão totalmente por fora. Pelo que foi possível entender, o escritório está envolvido num acordo financeiro entre o governo dos EUA e o Peru. O escritório é comandado por Nathan (David Strathairn), que tem como seu braço direito Oliver Campbell (Stephen Dorff), tão inescrupuloso quanto seu chefe. O único funcionário do escritório que tem alguma sensibilidade é Ricardo (o ator argentino Alberto Ammann). Enquanto eles combinam estratégias para novos negócios no escritório de Nova Iorque, o poderoso empresário peruano Ruben Caravedo (o ator espanhol Carlos Bardem, irmão de Javier) tenta comprar as terras de pequenos proprietários rurais, entre eles o dono da fazenda onde pai e filhos aparecem trabalhando no início. Um novo personagem aparece na história (para confundir ainda mais): uma enfermeira (Elsa Olivero) que tenta conseguir uma operação para sua mãe num hospital público em Lima. Qual a ligação do drama dessa enfermeira com o enredo? Quase nenhuma. Só encher linguiça. Resumindo: Oliver e Ricardo vão para o Peru tentar convencer o coitado do fazendeiro a vender suas terras. No final, porém, descobrirão que uma trama sórdida está por trás de tudo. É a tal da ganância corporativa: os ricos explorando os pobres.    


quarta-feira, 21 de junho de 2017

O drama “PAULINA” (“La Patota”), 2015, Argentina, escrito e dirigido por Santiago Mitre, explora um tema dos mais polêmicos: o estupro. Trata-se, na verdade, da refilmagem do  clássico – também argentino – “La Patota”, de 1961. A história é centrada na advogada Paulina (Dolores Fonzi), que desiste de uma promissora carreira na área jurídica para se embrenhar numa zona rural pobre e ensinar política aos jovens da região. Ela quer formar cidadãos responsáveis, afirma ao pai, o juiz Fernando (Oscar Martinez, de “Inseparáveis” e “O Cidadão Ilustre”), que não se conforma com a decisão de certa forma irresponsável da filha. Numa noite em que pega emprestada a moto de uma amiga, Paulina é atacada por um grupo de jovens e estuprada. O pai exige que a polícia investigue o caso e prenda os agressores, mesmo que não conte com a colaboração de Paulina. Sua atitude passiva em relação ao que ocorreu revolta o pai, cujo desejo é fazer uma vingança sem piedade. A situação se complica ainda mais quando uma consequência do estupro é revelada. Dolores Fonzi, que foi casada com o ator mexicano Gael García Bernal, é uma das atrizes de maior evidência na Argentina. Além de bonita, é excelente atriz. O filme foi escrito e dirigido por Santiago Mitre (“La Cordillera”) e teve como um dos produtores o diretor brasileiro Walter Salles. Exibido por aqui durante a 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro de 2015, “Paulina” venceu o Prêmio da Semana da Crítica no Festival de Cannes 2015. Mais um bom filme argentino que merece ser visto.    

domingo, 18 de junho de 2017

Faz algum tempo que Adam Sendler não aparece na telona. Por um bom tempo ele estará só na telinha da TV. O ator norte-americano assinou contrato com a Netflix para protagonizar seis filmes. Os dois primeiros foram “The Ridiculous 6” (2015) e “Zerando a Vida” (2016). O terceiro e mais recente é “SANDY WEXLER” (2017), uma comédia onde Sendler aparece como o personagem do título, um empresário mequetrefe de Los Angeles que no início dos anos 90 – período em que a história é ambientada – agenciava os mais diferentes artistas, desde um ventríloquo, um lutador de luta-livre e até um acrobata saltador de obstáculos, cujas apresentações sempre acabavam em fracassos e fraturas. Até que um dia Wexler descobre, fazendo show num parque de diversões, a cantora Courtney Clarke (Jennifer Hudson). Ela logo se transforma num grande sucesso comercial, uma estrela da música pop. Com seu jeito abobalhado e inconveniente, Wexler desperdiça o momento e cai em desgraça, enquanto Courtney alavanca cada vez mais sua carreira artística. O filme, dirigido por Steven Brill (“A Herança de Mr. Deeds” e “Ligeiramente Grávidos”), foi escrito pelo trio de roteiristas Dan Bulla, Paul Sado e Tim Herlihy, que se inspiraram na trajetória de um empresário chamado Sandy Wernick, que realmente existiu e ganhou uma certa notoriedade na década de 90. O filme conta com rápidas aparições de comediantes, atores e celebridades do cinema e da TV, como Jay Leno, John Lovitz, Chris Rock, Jimmy Kimmel, David Spade e Pauly Shore, além das participações especiais de Rob Schneider, Kevin James, Terry Crews e Jane Seymour, ainda bonita e em grande forma aos 66 anos. O personagem vivido por Sendler é irritante ao extremo, inconveniente e completamente sem graça, como o filme inteiro – a não ser uma única cena onde ele é manipulado pelo ventríloquo. Sendler é o chato de sempre, caprichando para ser o mais abobado possível, parecendo um Jerry Lewis com surto de debilidade mental. O filme é muito fraco e longo demais: 2h10. Para quem gosta de cinema de qualidade, trata-se de um atentado ao intelecto.