sábado, 11 de outubro de 2014

“GOOD PEOPLE”, 2014, direção do dinamarquês Henrik Ruben Genz, é um filme policial repleto de ação e suspense. E com um ótimo elenco: James Franco, Kate Hudson, Tom Wilkinson e Omar Sy. A história é inspirada no romance homônimo do escritor Marcus Sakey. O filme é todo ambientado em Londres. Tom (Franco) e Anna (Hudson) são casados e, para reforçar o orçamento doméstico, alugam um quarto no porão da casa para um inquilino muito estranho, que um dia aparece morto. Ao limpar o local e juntar os pertences do falecido, o casal encontra uma mala cheia de dinheiro. É claro que o morto estava envolvido em alguma falcatrua e, mais óbvio ainda, vai aparecer alguém muito bravo querendo o dinheiro de volta. Esse alguém é o psicótico Jack Witkowski (Sam Spruel), conhecido traficante londrino. Para tumultuar ainda mais o ambiente e louco por uma vingança, aparece no cenário outro traficante de drogas, desta fez o francês Khan (Omar Sy, da comédia “Intocáveis”). Tom e Anna, ajudados pelo policial Joan Halden (Wilkinson), tentarão de todas as formas se livrar da perseguição implacável dos bandidos. Encha o pote de pipoca. Entretenimento garantido!                              
“AMAR, BEBER E CANTAR” (“Aimer, Boire et Chanter”), 2013, foi o último filme dirigido pelo francês Alan Resnais. Ele morreu no dia 14 de março de 2014, aos 91 anos de idade. O filme é inspirado na peça teatral escrita pelo dramaturgo britânico Alan Ayckbourn. Resnais fez um teatro filmado, utilizando apenas seis atores e atrizes, todos veteranos do teatro e cinema francês: Sabine Azéma, Hippolyte Girardot, Caroline Silhol, Michel Vuillermoz, André Dussollier e Sandrine Kiberlain. Um time da mais alta qualidade. No filme, eles interpretam três casais que formam um grupo de teatro amador. No primeiro ensaio, eles ficam sabendo que um amigo em comum, George Riley, está muito doente e tem poucos meses de vida. A partir daí, as mulheres do grupo deixam escapar que tiveram algo mais do que uma simples amizade com o tal George, incluindo até mesmo a filha de um dos casais, provocando um ataque de ciúmes por parte dos maridos. Os diálogos, inteligentes e engraçados, são o ponto alto do filme. A cenografia é toda estilizada como se os atores atuassem num imenso palco, como comprovam as fendas de cortinas ao invés de portas. Resnais, sem dúvida, era um diretor muito criativo. Sua criatividade, porém, não era destinada ao grande público. Seus filmes são provas disso: “Vocês ainda não viram nada”, “O Ano Passado em Marienbad” e “Medos Privados em Lugares Públicos”, entre tantos outros.                           

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Exibido pela primeira vez no Festival de Cannes 2014, o thriller “À PROCURA” (“The Captive”), do diretor egípcio naturalizado canadense Atom Egoyan, foi recebido com frieza pelos críticos e chegou até a ser vaiado na sessão especial à Imprensa. Trata-se de um suspense policial cujo pano de fundo é a pedofilia e o sequestro de crianças. Portanto, temas bastante incômodos. Histórias semelhantes já foram tratadas em outros inúmeros filmes. Portanto, Egoyan não fez nada de novo. Cass, a filha de 8 anos de Mattheu (Ryan Reynolds) e de Tina (Mireille Enos) é sequestrada por um grupo de pedófilos. A desconfiança da polícia recai sobre Mattheu, que passa por grandes dificuldades financeiras e, portanto, acham que ele vendeu a própria filha. Enquanto isso, a menina é mantida em cativeiro e sofre lavagem cerebral, transformando-se em aliciadora de crianças pela Internet. A polícia só encontrará alguma pista muitos anos depois, quando Cass já está com 16 anos. Apesar de toda crítica desfavorável de Cannes, o filme funciona como suspense. O elenco traz, além de Reynolds e Enos, Scott Speedman, Rosario Dawson, Kevin Duran, Alexia Fast e Ella Ballentina. É bom que se diga: o diretor Atom Egoyan já fez filmes muito melhores. Só para citar alguns exemplos: “O Doce Amanhã”, “Sem Evidências” e “O Preço da Traição”.                     

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

“AS JOIAS DA COROA” (“Kronjuvelerna”), 2011, é mais um ótimo drama sueco, valorizado pela presença dessa jovem e talentosa atriz Alicia Vikander (“O Amante da Rainha”, “Anna Karenina”). A história começa com o nascimento de dois bebês: Fragância Fernandez e Richard Persson. A primeira é filha de um operário de fábrica e o menino é filho justamente do dono da fábrica, o homem mais poderoso e rico da cidade e da região. Os destinos das crianças se cruzarão durante a infância e toda a juventude. Fragância teve um irmão com Síndrome de Down, sua família continuou pobre, a mãe fica doente e o pai mantém o sonho de encontrar a fórmula química para fabricar ouro. Richard, por seu lado, tem um pai tirano, autoritário e violento, o que motiva a fuga de sua mãe. Richard ainda carrega uma sequela de um acidente ocorrido ainda na maternidade e sofre os maltratos do pai por não ter sido um grande astro do hóquei. Durante muios anos, Richard quis namorar Fragância, que sempre o rejeitou. Para piorar, ela se apaixona justamente por um astro do hóquei. Toda a história é contada em flashbacks por Fragância depois que é presa sob a acusação de ter assassinado Richard. Ela diz ao investigador que a interroga: “Para você entender meu ato, tenho que contar a história desde o começo”. O filme, dirigido por Ella Lemhagen, é bastante original e merece ser visto por quem curte cinema de qualidade.                           

terça-feira, 7 de outubro de 2014

“VIOLETTE”, drama francês biográfico, conta a história de Violette Leduc (Emmanuelle Devos), uma das maiores escritoras francesas do Século XX. O filme aborda com destaque a forte amizade que Violette teve com a filósofa e escritora Simone de Beauvoir (Sandrine Kiberlain). Muito se falou sobre a ligação entre as duas – ambas bissexuais -, que teriam sido amantes. O filme deixa claro que houve, sim, uma paixão por parte de Violette, rejeitada por Beauvoir. Esta, como admiradora do talento de Violette como escritora, a ajudou muito nos contatos com editores e na publicação das obras. Também nos momentos difíceis enfrentados por Violetta, quando chegou até a ser internada num hospital psiquiátrico, Simone sempre esteve ao seu lado, incentivando-a sempre a escrever. Outro grande amigo de Violette foi o dramaturgo Jean Genet (Jacques Bonnaffé). Trata-se, evidentemente, de um filme feito para um público específico, principalmente aquele que gosta de literatura. Muitos dos textos falados e legendados reproduzem trechos das obras de Violette, a maioria dos quais enfatizando a condição feminina da época. O filme, de 2013, é dirigido por Martin Provost, que em 2008 já havia feito outro filme biográfico, “Séraphine”, sobre a pintora francesa Séraphine de Senlis.                            

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

“ATTILA MARCEL”, 2013, direção de Sylvain Chomet, é um filme fantasioso, meio surreal. Uma fábula ao estilo “Amélie Poulain”, só que com um personagem masculino. Ele é Paul (Guillaume Gouix), que perdeu a fala e a memória quando era criança ao presenciar o acidente que matou seus pais – o pai era justamente o Attila Marcel do título, um lutador de luta-livre. Aos 33 anos, Paul vive com as tias Annie (Bernadette Lafont) e Anna (Hélène Vincent). A vida dele se resume a tocar piano na academia de dança das tias e em casa para convidados. Nada mais. Até que um dia ele conhece Madame Proust (Anne Leny), vizinha do 4º andar. Ela faz um tipo de infusão capaz de despertar lembranças de infância. É bebendo essa infusão que Paul, em flashbacks, recupera a memória dos fatos da infância, incluindo o acidente com seus pais. Muito do estilo fantasioso e feérico dessa produção francesa se deve à experiência de Sylvain Chomet como diretor de filmes de animação (“As Bicicletas de Belleville”, de 2003, por exemplo). “ATTILA MARCEL” foi o último filme da atriz Bernardett Lafont. O filme, aliás, é dedicado a ela.                               

domingo, 5 de outubro de 2014


“NA TERCEIRA PESSOA” (“Third Person”), 2013, EUA, é o mais recente filme dirigido por Paul Haggis (“Crash”, melhor filme do Oscar em 2004).  O drama conta três histórias, cada uma ambientada numa cidade diferente. Em Nova Iorque, um casal briga pela custódia do filho. Em Roma, um espião industrial se envolve com uma italiana que tem ligações pouco recomendáveis. Em Paris, um escritor famoso que ganhou o Prêmio Pulitzer vive uma crise criativa e se apaixona por uma jornalista de coluna social. Do jeito que Haggis conduz a narrativa, dá a impressão de que as histórias são fruto da imaginação do escritor para o seu próximo livro. Pode-se pensar também que as histórias caminham para se entrelaçar umas às outras, reunindo os protagonistas no desfecho, como já aconteceu em inúmeros outros filmes. É melhor deixar a surpresa para o próprio espectador conferir. Com um roteiro estapafúrdio e um tanto complexo, o filme não condiz com a qualidade de Haggis. Desta vez, o diretor de “Crash” quebrou a cara, desperdiçando um elenco de primeira com um filme de segunda. Olha só os nomes: Liam Neeson, Adrien Brody, Mila Kunis, Olivia Wilde, James Franco, Maria Bello, Kim Bassinger, Moran Atias etc.  
Filme de ficção dentro de um documentário? Ou um documentário dentro de um filme de ficção? Tanto faz a resposta, pois o importante é que a produção austríaca “HORAS NO MUSEU” (“Museum Hours”), de 2013, é muito interessante.  Na verdade, trata-se de uma exaltação à Arte, principalmente a arte da pintura, da escultura e da arquitetura. A história ficcional fala da viagem de Anne (Mary Margaret O’Hara), do Canadá para a Áustria, com o objetivo de visitar uma prima que está em coma. Este é ponto de partida. Ao chegar a Viena, Anne passa horas visitando o Kunsthistorisches Museum (Museu de História da Arte) e faz amizade com o segurança Johann (Bobby Sommer). O lado documentário do filme surge a partir dos diálogos entre os dois sobre a arte em geral, curiosidades históricas de Viena, sua arquitetura e principais monumentos. Os diálogos são ilustrados por imagens belíssimas – o diretor Jem Cohen é especialista em documentários e vídeos de arte. Cohen dedica uma atenção especial à obra do pintor flamenco Pieter Brueghel, através das explicações de uma guia do museu sobre alguns de seus quadros expostos. Há momentos sensíveis, como aquele em que Johann acompanha Anne numa visita à prima em coma. Anne pede a ele que descreva alguns quadros, acreditando que sua prima poderá visualizá-los. É um filme, sem dúvida, muito diferente do que estamos acostumados a assistir, mas vale a pena por sua proposta ousada e inovadora. Quem gosta de arte e cultura não deve perder.