“GOOD PEOPLE”, 2014,
direção do dinamarquês Henrik Ruben Genz, é um filme policial repleto de ação e
suspense. E com um ótimo elenco: James Franco, Kate Hudson, Tom Wilkinson e
Omar Sy. A história é inspirada no romance homônimo do escritor Marcus Sakey. O
filme é todo ambientado em Londres. Tom (Franco) e Anna (Hudson) são casados e,
para reforçar o orçamento doméstico, alugam um quarto no porão da casa para um
inquilino muito estranho, que um dia aparece morto. Ao limpar o local e juntar
os pertences do falecido, o casal encontra uma mala cheia de dinheiro. É claro
que o morto estava envolvido em alguma falcatrua e, mais óbvio ainda, vai
aparecer alguém muito bravo querendo o dinheiro de volta. Esse alguém é o psicótico
Jack Witkowski (Sam Spruel), conhecido traficante londrino. Para tumultuar
ainda mais o ambiente e louco por uma vingança, aparece no cenário outro
traficante de drogas, desta fez o francês Khan (Omar Sy, da comédia “Intocáveis”).
Tom e Anna, ajudados pelo policial Joan Halden (Wilkinson), tentarão de todas
as formas se livrar da perseguição implacável dos bandidos. Encha o pote de
pipoca. Entretenimento garantido!
sábado, 11 de outubro de 2014
“AMAR, BEBER E CANTAR” (“Aimer, Boire et Chanter”), 2013, foi o último filme dirigido pelo
francês Alan Resnais. Ele morreu no dia 14 de março de 2014, aos 91 anos de idade.
O filme é inspirado na peça teatral escrita pelo dramaturgo britânico Alan
Ayckbourn. Resnais fez um teatro filmado, utilizando apenas seis atores e
atrizes, todos veteranos do teatro e cinema francês: Sabine Azéma, Hippolyte
Girardot, Caroline Silhol, Michel Vuillermoz, André Dussollier e Sandrine Kiberlain. Um time da mais alta qualidade. No filme, eles interpretam três casais que formam um grupo de teatro amador. No
primeiro ensaio, eles ficam sabendo que um amigo em comum, George Riley, está
muito doente e tem poucos meses de vida. A partir daí, as mulheres do grupo
deixam escapar que tiveram algo mais do que uma simples amizade com o tal
George, incluindo até mesmo a filha de um dos casais, provocando um ataque de
ciúmes por parte dos maridos. Os diálogos, inteligentes e engraçados, são o
ponto alto do filme. A cenografia é toda estilizada como se os atores atuassem
num imenso palco, como comprovam as fendas de cortinas ao invés de portas. Resnais,
sem dúvida, era um diretor muito criativo. Sua criatividade, porém, não era
destinada ao grande público. Seus filmes são provas disso: “Vocês ainda não viram
nada”, “O Ano Passado em Marienbad” e “Medos Privados em Lugares Públicos”,
entre tantos outros.
quinta-feira, 9 de outubro de 2014
Exibido pela primeira vez no Festival de Cannes 2014, o thriller “À PROCURA” (“The Captive”), do diretor
egípcio naturalizado canadense Atom Egoyan, foi recebido com frieza pelos críticos
e chegou até a ser vaiado na sessão especial à Imprensa. Trata-se de um
suspense policial cujo pano de fundo é a pedofilia e o sequestro de crianças.
Portanto, temas bastante incômodos. Histórias semelhantes já foram tratadas em
outros inúmeros filmes. Portanto, Egoyan não fez nada de novo. Cass, a filha de
8 anos de Mattheu (Ryan Reynolds) e de Tina (Mireille Enos) é sequestrada por
um grupo de pedófilos. A desconfiança da polícia recai sobre Mattheu, que passa
por grandes dificuldades financeiras e, portanto, acham que ele vendeu a
própria filha. Enquanto isso, a menina é mantida em cativeiro e sofre lavagem
cerebral, transformando-se em aliciadora de crianças pela Internet. A polícia
só encontrará alguma pista muitos anos depois, quando Cass já está com 16 anos.
Apesar de toda crítica desfavorável de Cannes, o filme funciona como suspense.
O elenco traz, além de Reynolds e Enos, Scott Speedman, Rosario Dawson, Kevin
Duran, Alexia Fast e Ella Ballentina. É bom que se diga: o diretor Atom Egoyan já fez filmes muito
melhores. Só para citar alguns exemplos: “O Doce Amanhã”, “Sem Evidências” e “O
Preço da Traição”.
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
“AS JOIAS DA COROA” (“Kronjuvelerna”), 2011, é mais um ótimo drama sueco, valorizado pela
presença dessa jovem e talentosa atriz Alicia Vikander (“O Amante da Rainha”, “Anna
Karenina”). A história começa com o nascimento de dois bebês: Fragância Fernandez
e Richard Persson. A primeira é filha de um operário de fábrica e o menino é
filho justamente do dono da fábrica, o homem mais poderoso e rico da cidade e
da região. Os destinos das crianças se cruzarão durante a infância e toda a
juventude. Fragância teve um irmão com Síndrome de Down, sua família continuou
pobre, a mãe fica doente e o pai mantém o sonho de encontrar a fórmula química para
fabricar ouro. Richard, por seu lado, tem um pai tirano, autoritário e
violento, o que motiva a fuga de sua mãe. Richard ainda carrega uma sequela de
um acidente ocorrido ainda na maternidade e sofre os maltratos do pai por não
ter sido um grande astro do hóquei. Durante muios anos, Richard quis namorar
Fragância, que sempre o rejeitou. Para piorar, ela se apaixona justamente por
um astro do hóquei. Toda a história é contada em flashbacks por Fragância
depois que é presa sob a acusação de ter assassinado Richard. Ela diz ao
investigador que a interroga: “Para você entender meu ato, tenho que contar a
história desde o começo”. O filme, dirigido por Ella Lemhagen, é bastante
original e merece ser visto por quem curte cinema de qualidade.
terça-feira, 7 de outubro de 2014
“VIOLETTE”, drama
francês biográfico, conta a história de Violette Leduc (Emmanuelle Devos), uma
das maiores escritoras francesas do Século XX. O filme aborda com destaque a forte
amizade que Violette teve com a filósofa e escritora Simone de Beauvoir (Sandrine
Kiberlain). Muito se falou sobre a ligação entre as duas – ambas bissexuais -, que
teriam sido amantes. O filme deixa claro que houve, sim, uma paixão por parte
de Violette, rejeitada por Beauvoir. Esta, como admiradora do talento de
Violette como escritora, a ajudou muito nos contatos com editores e na publicação
das obras. Também nos momentos difíceis enfrentados por Violetta, quando chegou
até a ser internada num hospital psiquiátrico, Simone sempre esteve ao seu lado,
incentivando-a sempre a escrever. Outro grande amigo de Violette foi o
dramaturgo Jean Genet (Jacques Bonnaffé). Trata-se, evidentemente, de um filme feito
para um público específico, principalmente aquele que gosta de literatura. Muitos
dos textos falados e legendados reproduzem trechos das obras de Violette, a
maioria dos quais enfatizando a condição feminina da época. O filme, de 2013, é
dirigido por Martin Provost, que em 2008 já havia feito outro filme biográfico,
“Séraphine”, sobre a pintora francesa Séraphine de Senlis.
segunda-feira, 6 de outubro de 2014
“ATTILA MARCEL”, 2013, direção
de Sylvain Chomet, é um filme fantasioso, meio surreal. Uma fábula ao estilo “Amélie
Poulain”, só que com um personagem masculino. Ele é Paul (Guillaume Gouix), que
perdeu a fala e a memória quando era criança ao presenciar o acidente que matou
seus pais – o pai era justamente o Attila Marcel do título, um lutador de
luta-livre. Aos 33 anos, Paul vive com as tias Annie (Bernadette Lafont) e Anna
(Hélène Vincent). A vida dele se resume a tocar piano na academia de dança das
tias e em casa para convidados. Nada mais. Até que um dia ele conhece Madame
Proust (Anne Leny), vizinha do 4º andar. Ela faz um tipo de infusão capaz de
despertar lembranças de infância. É bebendo essa infusão que Paul, em flashbacks,
recupera a memória dos fatos da infância, incluindo o acidente com seus pais. Muito
do estilo fantasioso e feérico dessa produção francesa se deve à experiência de
Sylvain Chomet como diretor de filmes de animação (“As Bicicletas de Belleville”,
de 2003, por exemplo). “ATTILA MARCEL” foi o
último filme da atriz Bernardett Lafont. O filme, aliás, é dedicado a ela.
domingo, 5 de outubro de 2014
“NA TERCEIRA PESSOA” (“Third Person”), 2013, EUA, é o mais recente filme dirigido por Paul Haggis (“Crash”, melhor filme do Oscar em 2004). O drama conta três histórias, cada uma
ambientada numa cidade diferente. Em Nova Iorque, um casal briga pela custódia
do filho. Em Roma, um espião industrial se envolve com uma italiana que tem
ligações pouco recomendáveis. Em Paris, um escritor famoso que ganhou o Prêmio Pulitzer vive uma crise criativa e se apaixona por uma jornalista de coluna social. Do jeito que Haggis conduz a
narrativa, dá a impressão de que as histórias são fruto da imaginação do escritor
para o seu próximo livro. Pode-se pensar também que as histórias caminham para
se entrelaçar umas às outras, reunindo os protagonistas no desfecho, como já
aconteceu em inúmeros outros filmes. É melhor deixar a surpresa para o próprio
espectador conferir. Com um roteiro estapafúrdio e um tanto complexo, o filme
não condiz com a qualidade de Haggis. Desta vez, o diretor de “Crash” quebrou a
cara, desperdiçando um elenco de primeira com um filme de segunda. Olha só os
nomes: Liam Neeson, Adrien Brody, Mila Kunis, Olivia Wilde, James Franco, Maria
Bello, Kim Bassinger, Moran Atias etc.
Filme
de ficção dentro de um documentário? Ou um documentário dentro de um filme de
ficção? Tanto faz a resposta, pois o importante é que a produção austríaca “HORAS
NO MUSEU” (“Museum Hours”), de 2013,
é muito interessante. Na verdade, trata-se
de uma exaltação à Arte, principalmente a arte da pintura, da escultura e da arquitetura.
A história ficcional fala da viagem de Anne (Mary Margaret O’Hara), do Canadá
para a Áustria, com o objetivo de visitar uma prima que está em coma. Este é
ponto de partida. Ao chegar a Viena, Anne passa horas visitando o Kunsthistorisches
Museum (Museu de História da Arte) e faz amizade com o segurança Johann (Bobby
Sommer). O lado documentário do filme surge a partir dos diálogos entre os dois
sobre a arte em geral, curiosidades históricas de Viena, sua arquitetura e principais
monumentos. Os diálogos são ilustrados por imagens belíssimas – o diretor Jem
Cohen é especialista em documentários e vídeos de arte. Cohen dedica uma
atenção especial à obra do pintor flamenco Pieter Brueghel, através das
explicações de uma guia do museu sobre alguns de seus quadros expostos. Há
momentos sensíveis, como aquele em que Johann acompanha Anne numa visita à
prima em coma. Anne pede a ele que descreva alguns quadros, acreditando que sua
prima poderá visualizá-los. É um filme, sem dúvida, muito diferente do que
estamos acostumados a assistir, mas vale a pena por sua proposta ousada e inovadora.
Quem gosta de arte e cultura não deve perder.
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