terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Que atriz maravilhosa é a inglesa Judi Dench! Aos 83 anos, ela continua em grande forma, como pode ser comprovado em “VICTORIA E ABDUL – O CONFIDENTE DA RAINHA” (“Victoria & Abdul”), 2017, Inglaterra. A história lembra um fato verídico ocorrido durante o reinado da Rainha Victoria e envolve sua amizade com o indiano Abdul Karin (Ali Fazal). Esse relacionamento chocou a corte vitoriana e o governo inglês, que durante muitos anos tentaram esconder o que aconteceu. Tudo começou quando o governo indiano, então uma colônia inglesa, resolve homenagear a Rainha Victoria com uma valiosa moeda. Abdul e seu companheiro Mohammed (Adeel Akhtar) ficam encarregados de entregar o presente durante uma solenidade das mais concorridas da corte inglesa. Abdul quebra o protocolo ao encarar a rainha, dando-lhe um sorriso. Victoria, famosa por seu mau humor, não teve nenhum surto psicótico, para surpresa de todos os presentes. Ao contrário, simpatizou de cara com o indiano, iniciando uma grande amizade, que culminou com a nomeação de Abdul para conselheiro e professor da rainha. Os membros da corte ficam revoltados, ainda mais depois que Abdul convence Victoria a estudar o Alcorão. O roteirista Lee Hall (“Billy Elliot”, “Cavalo de Guerra”) e o diretor Stephen Frears (“Philomena”, “A Rainha”, “Florence: Quem é essa Mulher?”) resolveram adotar um tom de comédia, sem deixar de lado os momentos dramáticos que caracterizam a história dessa amizade inusitada e bastante improvável. Trata-se de um programa bastante agradável, um entretenimento de primeira. E ainda tem Judi Dench em estado de graça.       

domingo, 28 de janeiro de 2018

“O SUBORNO DO CÉU” (“El Soborno del Cielo”), 2016, Colômbia, roteiro e direção de Lisandro Duque Naranjo. Trata-se de uma história baseada em fatos reais ocorridos numa pequena cidade do interior da Colômbia nos anos 70. Tudo começa quando um rapaz comete suicídio e o novo pároco local recusa-se a rezar a missa de sétimo dia, seguindo orientação da Igreja Católica, para a qual o suicida cometeu um pecado grave. A situação complica-se ainda mais quando o padre exige que o corpo do falecido seja desenterrado e encaminhado para um cemitério laico. A confusão está formada. O novo pároco, diante da situação, impõe o interdito da igreja, ou seja, a suspensão de missas, casamentos, batismos, extremas-unções etc., para desespero da população local, formada por católicos fervorosos.  Tanto a história, as situações, o humor, os personagens e os cenários lembram novelas globais como “Tieta do Agreste” e “O Bem-Amado”. Ou seja, o filme oferece entretenimento dos mais agradáveis e descompromissados.      
Selecionado para representar a Índia na disputa do Oscar 2018 de Melhor Filme Estrangeiro (não ficou entre os cinco finalistas), “NEWTON”, escrito e dirigido por Amit Masurkar, consegue fazer rir tendo como pano de fundo um assunto sério. A história é centrada no jovem Newton Kumar (Rajkummar Rao), um funcionário público dedicado e honesto. Ou seja, uma raridade, inclusive na Índia. Às vésperas das eleições gerais, ele se apresenta como voluntário para presidir a votação numa zona eleitoral perigosa, constituída por apenas 76 eleitores, um vilarejo longínquo, no meio da selva, com forte presença de rebeldes comunistas. Newton e sua equipe de mesários são escoltados e protegidos por forças de segurança locais, comandadas por Aatma Singh (Pankaj Tripathi). O primeiro desafio de Newton é convencer a população local a participar da eleição. O pessoal tem medo de sofrer retaliações por parte dos rebeldes. Newton, mesmo correndo risco de vida, fará de tudo para conseguir seu objetivo. Como escrevi no início do comentário, o roteirista e diretor Amit Masurkar transformou uma história que poderia ser tratada com seriedade, numa quase comédia, com momentos realmente hilariantes. O filme apresenta um trunfo adicional: a ausência daquelas cenas de dança e música insuportáveis que são marca registrada dos filmes de Bollywood. Apesar de ser um bom filme, divertido e agradável de assistir, não tinha chance mesmo de disputar o Oscar. Aqui no Brasil, ainda não chegou ao circuito comercial. Apenas foi exibido durante o Festival Internacional de Cinema de Curitiba, em junho de 2017.