quinta-feira, 8 de setembro de 2022

 

“O BASTARDO” (“BASTAARD”), 2019, Bélgica, disponível na plataforma Amazon Prime Video, 1h44m, direção de Mathieu Mortelmans, que também assina o roteiro ao lado de Jan Pepermans e Stefanie Vanhecke. É mais um daqueles filmes que ficam escondidos em uma plataforma digital, sem muito alarde e divulgação, mas que merece ser descoberto por quem gosta de cinema de qualidade. Uma ótima estreia como diretor de longas do cineasta belga Mathieu Mortelmans, mais conhecido como realizador de séries e curtas. Trata-se de um suspense cujo pano de fundo é um drama familiar. O filme começa com uma tragédia: três rapazes saem de uma balada e sofrem um acidente que mata um deles, Robbie (Arne de Tremerie). Seu irmão mais novo Daan (Spencer Bogaert) e o amigo Wes (Lukas Bulteel) sobrevivem. O filme dá um salto de dois anos e mostra uma família desestruturada pela tragédia. Em casa, Daan convive com a depressão da mãe Nina (Tine Reymer), que não se conforma de ter perdido o filho mais velho, e com a ausência do pai Flip (Koen de Bouw), que se refugia em viagens e na cama de uma amante. Esse quadro se transforma de forma abrupta quando aparece na vida da família um jovem morador de rua, Radja (Bjardne Devolder), órfão de pai e mãe desde cedo e criado em orfanatos. Nina se encanta com o garoto e o convida para morar com a família, muito a contragosto de Daan e de seu pai. Fica bem claro desde que surgiu em cena que Radja esconde uma outra personalidade, que só Nina não percebe. “O Bastardo” é um filme intrigante, incômodo, aflitivo e muito tenso, à beira do chocante, adjetivos que sempre acompanham a análise de um bom suspense psicológico. Um filme surpreendente que merece ser visto pelos cinéfilos que respeitam seus neurônios. Não perca! 

                  

terça-feira, 6 de setembro de 2022

 

“FATAL FOLLOWING” (“THE CULT”), 2021, Estados Unidos, disponível na plataforma Amazon Prime Video, 1h30m, direção de Nigel Thomas, seguindo roteiro assinado por Jenny Paul e Kaila York. Não entendi por que o filme chegou por aqui com o título em inglês, ainda mais que, na tradução literal, pode ser entendido como “Seguimento Fatal”, com o sentido totalmente diferente do título original. O filme também recebeu outro título: “My Daughter’s Double Life”. Ou seja, tudo começou com uma grande confusão - falha da Amazon. Trata-se de um suspense cujo pano de fundo é o recrutamento de jovens para seitas clandestinas. A jovem Ally (Jacey Nichole), mimada e rebelde sem causa, se revolta com as ordens da mãe, Heather (René Ashton) e do padrasto Jack (Chad Bradford). Ela cai na lábia de Mariah (Alivea Disney), foge de casa e acaba em uma fazenda com outras jovens. Aqui, ela é obrigada a obedecer às ordens de Bridger (Jacob Young), o chefe de uma seita que acolhe jovens fugitivas da família. Heather não sossega enquanto não encontrar a filha, mesmo que tenha recebido a notícia de que Ally se afogou enquanto nadava em um riacho. Como o corpo não foi encontrado, Heather acredita que a filha ainda esteja viva. Perto do desfecho, uma reviravolta surpreendente acontece, minimizando um pouco a mediocridade do roteiro. Trocando em miúdos, mais um filme fraco recém-lançado pela Amazon. Não merece nem ser recomendado.              

 

“JACK, O ESTRIPADOR – A HISTÓRIA NÃO CONTADA” (“JACK, THE RIPPER”), 2021, Inglaterra, disponível na plataforma Amazon Prime Video, 1h25m, roteiro e direção de Steven Lawson. O famoso serial killer, que apavorou o bairro de Whitechapel (Londres), em 1888, assassinando várias prostitutas de maneira cruel, nunca foi preso, mas já foi personagem de livros e filmes, a maioria dos quais apresentando uma hipótese diferente. Ou seja, apenas suposições e teorias. Neste novo filme, alguns novos suspeitos são sugeridos, mas apenas um será identificado no desfecho. Estamos em 1888, e o inspetor Edmund Reid (Phil Molloy), da Scotland Yard, está investigando a morte de três prostitutas. O modus operandi do assassino é o mesmo: primeiro corta a garganta e depois remove alguns órgãos internos, serviço de quem conhece a anatomia humana. Entre os suspeitos estão médicos - o próprio legista da polícia, locque Thomas (Jonathan Hansler) é um deles -, açougueiros e até um jornalista, sempre presente no local dos crimes. Uma reviravolta no desfecho esclarece para o espectador quem é o verdadeiro assassino. Claro, tudo imaginação do roteirista e diretor Steven Lawson. Fica evidente que o filme é uma produção de baixo custo, com elenco de ilustres desconhecidos, cenários pobres e figurinos baratos. Talvez feito para a TV ou para sair direto em vídeo. Ficou parecendo uma peça de teatro. De qualquer forma, mesmo sendo uma ficção (a não ser os crimes), é uma história interessante.            

domingo, 4 de setembro de 2022

 

“PASSEI POR AQUI” (“I CAME BY”), 2022, Inglaterra, 1h50m, lançamento Netflix, direção do cineasta iraniano Babak Anuari, que também assina o roteiro com a colaboração de Namsi Khan. Mais um bom suspense policial da Netflix (estreou dia 31 de agosto). A história é centrada em dois jovens grafiteiros amigos de infância – Toby Nealey (George Mackay, de “1917”) e Jameel Agassi (Percelle Ascott) –, que saem pela noite afora pelos bairros chiques de Londres grafitando a mensagem “Passei por Aqui” em casas de pessoas ricas, uma maneira de descarregar suas frustrações. Afinal, são dois fracassados. Toby mora com a mãe, Lizzie (Kelly MacDonald), não trabalha e sempre se mostra agressivo quando a mãe cobra uma atitude. Quando Jameel descobre que a namorada Naserine (Varada Sethu) está grávida, decide não grafitar mais com Toby, que continua aprontando, mas desta vez sozinho. Sua situação, porém, acaba se complicando depois que grafita a casa de um importante e respeitado jurista, o juiz aposentado Hector Blake (Gugh Bonneville, da série “Downton Abbey”). Aqui, Toby descobrirá segredos escabrosos e acaba desaparecendo misteriosamente. A mãe e o amigo Jameel ficam desesperados e procuram a polícia. O que terá acontecido com Toby? A resposta só será dada perto do desfecho, quando segredos terríveis serão revelados. Não há dúvida de que se trata de um ótimo suspense, que mantém muita tensão do começo ao fim, deixando o espectador na maior expectativa do que vai acontecer na cena seguinte. No final, o vilão será revelado, mas ficou faltando explicar melhor suas motivações. Esta talvez seja a única falha do roteiro, mas que não prejudica o resultado final, que é muito bom.