sábado, 20 de abril de 2024

 

O ALFAIATE (THE OUTFIT), 2022, coprodução EUA/Inglaterra, 1h46m, em cartaz no Prime Vídeo, direção de Graham Moore, que também assina o roteiro juntamente com Johnathan McClain – só para lembrar, Graham Moore já ganhou um Oscar de Melhor Roteiro pelo filme “O Jogo da Imitação”, de 2014. “O Alfaiate” é um suspense com cara de teatro filmado, já que a ação está concentrada, do começo ao fim, em uma loja onde funciona a alfaiataria de Leonard “O Inglês” (Mark Rylance). A história é ambientada em 1956 em Chicago. Leonard é um ótimo alfaiate. Antes de vir para os Estados Unidos, alguns antes, ele aprendeu tudo sobre sua profissão na mundialmente famosa rua Saville Row, em Londres, reduto das melhores alfaiatarias personalizadas para homens. Em Chicago, os melhores clientes de Leonard são chefões das máfias. Um deles, Richie (Dylan O’Brien), entra na loja baleado, trazido por seu capanga Francis (Johnny Flynn). Daí pra frente a trama se desenrola num suspense constante, envolvendo a secretária Mable (Zoey Deutch), o chefão mafioso Roy (Simon Russell Beale) e a chefe da máfia francesa La Fontaine (Nikki Amuka-Bird). As situações giram em torno de uma tal fita-cassete cujo conteúdo teria uma denúncia apontando um espião mafioso que entregava tudo à polícia de Chicago. O alfaiate manipula os personagens, jogando uns contra os outros de acordo com a situação, principalmente para salvar a vida da sua secretária Mable. Um jogo psicológico que prende a atenção do espectador, com muitas reviravoltas. Nem mesmo o fato de tudo acontecer num único cenário não torna o filme entediante. Pelo contrário. Claro que deve ser destacada a brilhante atuação do experiente ator inglês Mark Rylance, que já havia sido premiado com um Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pelo filme “Bridge of Spies”, de 2016. Enfim, “O Alfaiate” é um filme bastante instigante, interessante e inteligente. Recomendo.                            

          

quarta-feira, 17 de abril de 2024

 

“A GRANDE ENTREVISTA” (“SCOOP”), 2024, Inglaterra, 1h43m, em cartaz na Netflix, direção de Philip Martin (“The Crown”, “Catarina, A Grande”), seguindo roteiro assinado por Peter Moffat e Geoff Bussetil. Em 2019, a equipe do programa “The Newsnight”, da BBC Two, conseguiu um grande furo jornalístico ao conseguir uma entrevista exclusiva com o príncipe Andrew, duque de York, filho da Rainha Elizabeth II. Na época, a imprensa inglesa acusava Andrew de ser cúmplice do magnata norte-americano Jeffrey Epstein, preso por tráfico e exploração sexual de adolescentes. O caso abalou as estruturas do Palácio de Buckingham. O filme mostra todos os bastidores do trabalho da equipe de jornalistas da BBC Two, principalmente da produtora Sam McAlister (Billie Piper), que convenceu a principal assessora de Andrew de que uma entrevista à BBC daria oportunidade ao príncipe de esclarecer toda a confusão – logo depois da entrevista, Andrew foi afastado de suas funções públicas como membro da família real. Destaque especial deve ser dado ao ator Rufus Sewel, irreconhecível na pele de Andrew, graças a uma maquiagem digna de prêmio. O visual do ator ficou realmente muito parecido com o príncipe. O diretor Philip Martin soube também, com maestria, manter o clima de grande tensão que ocorreu antes e durante a entrevista, conduzida com grande competência pela apresentadora Emily Maitlis (Gillian Anderson). Completam o excelente elenco Romola Garai, Keeley Hawes, Amanda Redman, Connor Swindells, Charity Wakefield, Lia Williams, Richard Goulding e Tim Bentinck. Ótima oportunidade de conhecer o que de fato aconteceu antes, durante e depois da polêmica entrevista.                       

          



terça-feira, 16 de abril de 2024

“AGENTE X: A ÚLTIMA MISSÃO” (“THE BRICKLAYER”), 2023, coprodução Estados Unidos/Grécia/Bulgária, 1h50m, em cartaz no Prime Vídeo, roteiro e direção de Renny Harlin. Filme de ação cujo pano de fundo é a espionagem. Uma série de assassinatos praticados contra jornalistas estrangeiros na Grécia é atribuído à CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA), gerando protestos por toda a Europa. Para tentar reverter a situação e investigar e descobrir quem está por trás das mortes, a direção da CIA resolve convocar o ex-agente Steve Vail (Aaron Eckhart), que agora trabalha como pedreiro (fala sério, dá pra acreditar?). Ele é enviado para a Grécia tendo como parceira a agente novata Kate (Nina Dobrev). A dupla acaba descobrindo que o responsável é Victor Radek (Clifton Collins Jr.), um antigo agente e amigo de Vail, que também pretende assassinar um político importante da Grécia para depois atribuir a responsabilidade à CIA. Entre reviravoltas e traições, o filme segue com muitas cenas de ação, perseguições, tiros e explosões. Também estão no elenco Tim Blake Nelson, Ilfenesh Hadera, Ori Pfeifer, Akis Sakellariou e Oliver Trevena. O filme é bastante movimentado, prende a atenção do espectador e não economiza nos clichês habituais do gênero. Enfim, apenas um bom entretenimento.                     

          

domingo, 14 de abril de 2024

 

“HOLY SPIDER” (“ANKABUT-E MOQADDAS”), 2022, coprodução Dinamarca/Suécia/Jordânia/França, 1h59m, em cartaz na Netflix, direção do cineasta iraniano Ali Abbasi, que também assina o roteiro juntamente com Afshin Kamran Bahrami.  Filme conta a história real do serial killer Saeed Hanei, que em 2000 e 2001 assassinou 16 mulheres na cidade de Mashhad (Maxede no filme), conhecida como a capital espiritual do Irã. Todas as vítimas eram prostitutas ou usuárias de drogas e, por isso mesmo, Saeed as matou. Em seu julgamento, ele afirmou que atendia às ordens de Allah no sentido de limpar a sociedade de mulheres indignas. Grande parte da população fanática religiosa apoiou o criminoso, chegando a exigir sua libertação. Ao escrever o roteiro, Ali Abbasi e Afshin criaram a personagem de uma jornalista investigativa, Arezoo Rahimi, que saiu de Teerã para fazer uma reportagem sobre o caso. Além da história em si, retratada da forma mais realista possível, com algumas cenas muito fortes de sexo e aquelas em que mostram o criminoso assassinando suas vítimas, o filme escancara a cultura machista predominante no Irã, além da incompetência e corrupção da polícia e do sistema jurídico. Claro que, diante desses aspectos, as filmagens ocorreram fora do Irã, ou seja, na Jordânia. A atriz principal, Zar Amir Ebrahimi, foi obrigada a sair do Irã alguns anos antes e vive hoje na França. O governo iraniano criticou o filme, proibindo-o de ser exibido no país. Os aiatolás o compararam ao livro “Versos Satânicos”, de Salman Rushdie, pelo qual o escritor foi jurado de morte pelas autoridades iranianas. Independente de toda essa polêmica, “Holy Spider” estreou com grande sucesso no Festival de Cannes, onde foi aplaudido pela plateia durante sete minutos e que premiou Zar Amir como Melhor Atriz. Além disso, a atriz foi eleita pela BBC uma das 100 mulheres mais inspiradoras do mundo em 2022. O filme também foi selecionado para representar a Dinamarca na disputa do Oscar na categoria Melhor Filme Internacional. Trocando em miúdos, trata-se de um filme obrigatório para quem curte cinema de qualidade. Sem dúvida, um dos melhores lançamentos da Netflix nos últimos anos.