“EM
BUSCA DE FELLINI” (“In Search of Fellini”), coprodução EUA/Itália,
2017, longa-metragem de estreia do diretor sul-africano de curtas Taron Lexton,
seguindo o roteiro escrito por Nancy Cartwright e Peter Kjenaas. Trata-se de
uma bela homenagem ao grande diretor italiano Federico Fellini (1920-1993). Ambientada
no início dos anos 90, pouco antes da morte de Fellini, a história - baseada em fatos reais - é centrada
em Lucy (Ksenia Solo), uma garota de 20 anos residente numa cidade de Ohio
(EUA). Ela é muito tímida e superprotegida pela mãe Claire (Maria Bello), tem
dificuldade de encarar a realidade da vida e, por isso, passa os dias
assistindo a filmes antigos e vivendo num verdadeiro mundo de sonhos. Numa mostra
dedicada ao cineasta italiano, Lucy fica encantada com o estilo onírico de
Fellini, passando a alugar todos os seus filmes. Uma paixão fulminante, a tal
ponto de ir para a Itália tentar um encontro com o diretor. Enquanto aguarda
uma resposta, Lucy visita alguns cenários dos filmes mais
famosos de Fellini e, em algumas cenas fantasiosas, contracena com alguns dos
principais personagens – estilizados, é claro - de “A Doce Vida”, “A Estrada da
Vida”, “Satyricon” e “8 ½”. Senti falta de menções a “Amarcord”, meu filme
preferido de Fellini. “Em Busca de Fellini” ganhou os prêmios de Melhor Filme,
Melhor Diretor e Melhor Atriz (Ksenia) no Festival de Ferrara (Itália). Resumo da
ópera: o filme é muito bom, principalmente para ser curtido pelos fãs do grande
diretor italiano, como eu, e uma grande oportunidade para que as novas gerações
conheçam um pouco da arte desse gênio do cinema.
sábado, 29 de dezembro de 2018
quinta-feira, 27 de dezembro de 2018
“ALI
& NINO”, lançado no Festival de Sundance (EUA) em
janeiro de 2016, é uma coprodução Inglaterra/Azerbaijão, com direção de Asif
Kapadia e roteiro de Christopher Hampton, que se inspirou no livro do mesmo
nome escrito por Kurban Said em 1937. O pano de fundo da história é a guerra da
independência do Azerbaijão, ao fim da Primeira Guerra Mundial, e que voltaria
a ser dominado pelos russos a partir de 1920 (o Azerbaijão era rico em petróleo
– não sei se ainda é). Na verdade, o tema central é o romance entre a princesa
cristã ortodoxa Nino (Maria Valverde) e o príncipe muçulmano Ali (Adam Bakri).
Romance que não teve o apoio das famílias, que eram contra a união por questões
religiosas. O filme acompanha a tumultuada relação entre Ali e Nino, que um dia
resolvem enfrentar os desafios das diferenças e se casar. Ao mesmo tempo, a
história destaca a brava e corajosa defesa do povo do Azarbaijão contra os
poderosos russos, que dominariam o pequeno país até 1991, quando enfim
conquistam a sua independência. A equipe técnica e o elenco do filme formam uma
verdadeira ONU: o diretor Asif é indiano naturalizado britânico; Maria Valverde
é espanhola; Adam Bakri é palestino; Connie Nielsen (a duquesa Kipiani) é
dinamarquesa, e por aí afora, além de ser falado em inglês, azerbaijano e
russo. O filme é bastante interessante pela questão histórica, envolvendo um
país pouco conhecido por nós. Há que se destacar também a caprichada produção,
envolvendo um verdadeiro exército de figurantes. Os cenários são magníficos,
com locações no próprio Azerbaijão, Turquia, Geórgia e Rússia. Só para fechar o
leque de informações: o diretor Asif Kapadia é o mesmo dos documentários “Senna”,
sobre o nosso grande piloto, e “Maradona”, o polêmico jogador argentino.
terça-feira, 25 de dezembro de 2018
“UM
DIA A MAIS PARA VIVER” (“Bereave”), 1h40m, EUA, roteiro e direção
dos irmãos Evangelos e George Giovanis. O filme foi produzido em 2015 e lançado
somente em 2018, mas não chegou por aqui. A história: o casal Garvey (Malcolm
McDowell) e Evelyn (Jane Seymour) está entrando na terceira idade em plena
crise conjugal. Casados há mais de 40 anos, eles vivem uma crise conjugal
principalmente por conta dos sintomas de depressão e demência senil que afetam a sanidade
de Garvey, que passa a tratar mal a companheira. Em meio às complicações do
casamento, e para complicar ainda mais a situação e tumultuar o ambiente, aparece o irmão dele, Victor
(Keith Carradine) e a filha Penelope (Vinessa Shaw), ambos tentando amenizar o
conflito entre Garvey e Evelyn. Engana-se quem pensa que, por esta pequena sinopse,
trata-se de um drama. Pelo contrário, é uma comédia das mais saborosas,
valorizada pela atuação dos dois veteranos Malcolm McDoweel e Jane Seymour,
ambos em grande forma. Mas quem se destaca mesmo é Seymour, ainda ótima atriz,
linda e charmosa, mesmo aos 67 anos. Méritos aos irmãos Giovanis, que souberam
conciliar drama e comédia com grande competência, tornando esse filme bastante
agradável de assistir.
domingo, 23 de dezembro de 2018
Sempre que você
encontrar o ator francês Vincent Lindon nos créditos, pode crer: o filme é bom.
Já assisti a quase todos em que ele atua e nunca me decepcionei (veja a lista
que recomendo no fim do comentário). Não poderia ser diferente no recente drama
“A APARIÇÃO” (L’APPARITION”), 2018, França,
2h24m, roteiro e direção de Xavier Giannoli (“Marguerite”). Lindon interpreta o
jornalista Jacques Mayano, conhecido por fazer coberturas de guerras para uma
famosa revista francesa. Graças à sua fama de jornalista também investigativo,
Mayano é convidado pelo Vaticano a fazer parte de uma comissão canônica
encarregada de investigar a veracidade da afirmação da jovem Anna (Galatea
Bellugi), no interior da França, que diz ter presenciado a aparição da Virgem
Maria. Além de Mayano, integram a comissão três padres – um deles exorcista – e
uma médica psiquiatra. O vilarejo onde ocorreu o fenômeno logo se transformou
num local de peregrinação de milhares de crentes ávidos por conhecer e tocar a
menina e, quem sabe, presenciar um milagre. É claro que o padre local (Patrick
D’Assunção) não gostou da chegada da tal comissão do Vaticano, já que o
resultado da investigação poderá desmentir a aparição e espantar os peregrinos
do vilarejo (claro, comércio acima de tudo). Do começo ao fim, o filme trata do
mistério da fé e por que é tão difícil apurar a veracidade de uma aparição. Nesse
contexto, o filme despeja inúmeras dúvidas para o espectador e o convida a
participar do veredito, como se ele mesmo fizesse parte da comissão canônica. O
filme é excelente e Vincent Lindon mais uma vez mostra sua competência como
ator. Como prometi no início, aí vai uma lista com os melhores filmes de
Lindon: “Uma Primavera com Minha Mãe”, ”Os Cavaleiros Brancos”, “Tudo por Ela”,
“O Diário de uma Camareira” e “Mea Culpa”.
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