sexta-feira, 8 de novembro de 2019


“UM HOMEM FIEL” (“L’HOMME FIDÈLE”), 2018, França, 1h15m, comédia romântica dirigida por Louis Garrel, que também assina o roteiro juntamente com Jean-Claude Carrière. Louis, aliás, atua na pele do personagem principal da história, Abel, jovem jornalista que vive um romance com Marianne (Laetítia Casta, esposa de Garrel na vida real). Ao surpreender Abel dizendo que está grávida, Marianne confessa também que tem um caso com Paul, um amigo de ambos desde os tempos da faculdade. Mesmo chocado com as duas notícias, Abel pergunta a Marianne se ele é o pai. Mais uma surpresa: ela diz que tem certeza que o filho é de Paul. Diante de tanta notícia ruim, Abel arruma as malas e se manda para outra freguesia. Nove anos depois, Paul morre prematuramente e Abel vai ao enterro. Depois disso, Abel passa a assediar Marianne, tentando reatar o antigo romance. Ele, porém, terá de enfrentar a discordância de Joseph (Joseph Engel), filho de Marianne com Paul, que não aceita dividir a mãe com ninguém. As maquinações do menino para afastar Abel são hilariantes. Além disso, Ève (Lily-Rose Depp, filha do ator norte-americano Johnny Depp e da atriz e cantora francesa Vanessa Paradis), a irmã caçula do falecido, se declara a Abel, afirmando amá-lo há muito tempo. Dividido entre as duas, Abel continuará demonstrando sua habitual insegurança afetiva e por aí vai essa história bastante sensível e bem-humorada. É um filme de relacionamentos e de romances complicados, com personagens carentes de afetividade.  O filme é a cara do excelente cinema francês que acostumamos a admirar e curtir há muitos anos. Para mim, não foi nenhuma surpresa a qualidade de “Um Homem Fiel”, lembrando que Louis Garrel entende muito de cinema, apesar deste ser seu segundo longa-metragem como diretor. Com apenas 36 anos de idade, Garrel é mais conhecido como ator de mais de 40 filmes, alguns deles de muito destaque, como foi o caso de “Os Sonhadores”, dirigido por Bernardo Bertolucci, e o recente “A Bela Junie”. Louis teve um professor e tanto: seu pai, o consagrado e veterano cineasta francês Philippe Garrel. “Um Homem Fiel” foi uma das atrações da programação oficial do Festival Varilux de Cinema Francês, realizado em vários estados brasileiros em junho de 2019. Resumo da ópera: o filme é excelente, não perca!   

quarta-feira, 6 de novembro de 2019


Depois de tantos anos sem fazer um filme bom, Eddie Murphy acaba de protagonizar um filme simplesmente espetacular: “MEU NOME É DOLEMITE” (“DOLEMITE IS MY NAME”), produção da Netflix que estreou mundialmente em setembro de 2019. Fiquei tão entusiasmado com o filme e a atuação de Murphy que, quando terminou, depois de quase duas horas de duração, eu queria que continuasse. Quando terminou, também achei que está aí um filme que merece várias indicações ao Oscar 2020. E não é que um monte de críticos profissionais também achou o que eu achei? Vamos à história. Eddie Murphy faz o papel de Ruby Ray Moore, que nos anos 70 do século passado fez um grande sucesso nos Estados Unidos. Vendedor de discos numa loja durante o dia, à noite Moore fazia stand-up em espeluncas de Los Angeles, sendo ignorado pelo público. Para aumentar seu repertório, ele se inspirava em histórias contadas por velhos moradores de rua. Um deles citou um tal de Dolemite, que muitos anos atrás andava pela cidade contando piadas pornográficas e com muitos palavrões. A partir daí, Moore resolver incorporar o personagem Dolemite, incrementando suas piadas e músicas com obscenidades, palavrões e rimas de duplo sentido. Tudo do pior politicamente incorreto. O público adorou. Foi a “deixa” para Moore partir para a gravação de discos com suas músicas e piadas repletas de palavrões. Sucesso total, começou a vender como água. Claro, o ego de Moore inflou tanto a ponto de querer fazer um filme. Aqui começa a segunda parte - a mais engraçada - de “Meu Nome é Dolemite”. Estamos em 1975 e Moore reúne seus amigos mais fiéis, mais alguns estudantes de cinema, todos sem nenhuma experiência, e partem para a produção do filme. Os fatos que dão sequência à história são um deleite total para quem gosta de cinema, culminando num filme sensacional, talvez a grande surpresa do cinema do Tio Sam neste século. Desde a deliciosa trilha sonora, com o balanço vibrante da soul-music dos anos 70, aos impecáveis e criativos figurinos com a assinatura de Ruth E. Carter, vencedora do Oscar 2019 pelo seu trabalho em “Pantera Negra”, o elenco maravilhoso comandado por Eddie Murphy, que conta ainda com a espetacular Da’Vine Joy Randolph, que arrasa na pele da gorda sensual Lady Reed, um afetado e meio gay Wesley Snipes como o diretor D’Urville Martin (conquistou o cargo por ter aparecido numa ponta de “O Bebê de Rosemary”), além de Chris Rock, Mike Epps, Craig Robinson e tantos outros. Fazia tempo que eu não ficava tão entusiasmado com um filme norte-americano. Para se ter ideia de quanto o filme é bom, basta dizer que recebeu a avaliação de 97% do criterioso e rigoroso site de cinema Rotten Tomatoes. Não posso esquecer de destacar a direção do cineasta Craig Brewer e dos roteiristas Larry Karszewski e Scott Alexander, uns gênios. Enfim, “Meu Nome é Dolemite” recuperou não apenas o cinema norte-americano, mas também o ator Eddie Murphy, que não fazia um filme tão bom há tantos anos. Ah, durante os créditos finais o filme apresenta cenas do verdadeiro Ruby Ray Moore. Comovente e divertido, enfim um grande filme que merece ser aplaudido de pé. Três vezes Imperdível, Imperdível e Imperdível!            

terça-feira, 5 de novembro de 2019


Quer uma ótima dica de comédia? Anote aí: “DOIS BILHETES DE LOTERIA” (“DOUÃ LOZURI”), 2017, Romênia, 1h26m, roteiro e direção de Paul Negoescu. O filme conta a história de três amigos inseparáveis que vivem numa pequena cidade do interior da Romênia. Os três estão sempre duros e um dia resolvem fazer uma “vaquinha” para comprar um bilhete de loteria cujo prêmio está acumulado em 6 milhões de euros. E ganham. Até o dia de receber a bolada, o bilhete fica sob a guarda de Dinel (Dorian Boguta). Só que no dia seguinte, quando Dinel saía do prédio onde mora, acabou assaltado por dois pilantras, que levaram sua pochete. Dinel conta o que aconteceu para os amigos Sile (Dragos Bocur) e Pompiliu (Alexandru Papadopol). Ninguém ligou muito para o ocorrido. Afinal, estavam milionários e não se importariam com o roubo de uma simples pochete. Só que não contavam com um detalhe. Segundo Dinel, o bilhete estava dentro da pochete. E agora? Claro, o negócio agora é ir atrás de pistas que os levem aos ladrões. A partir daí, acontecem as mais hilariantes situações, principalmente porque os três amigos são muito atrapalhados. O jovem cineasta Paul Negoescu, de apenas 35 anos, mais conhecido como diretor de curtas, acertou em cheio neste que é o seu segundo longa-metragem. Seu maior trunfo foi, sem dúvida, contar com três atores realmente engraçados. Em tempos sinistros que vivemos neste nosso Brasil varonil, nada como um filme divertido como “Dois Bilhetes de Loteria”. Imperdível!
           

domingo, 3 de novembro de 2019


“MISSÃO NO MAR VERMELHO” (“The Red Sea Diving Resort”), EUA, produção da Netflix (estreia mundial aconteceu no dia 31 de julho de 2019), 2h10m, roteiro e direção do cineasta Gideon Raff. Baseado em fatos reais, o filme conta a história de mais um feito heroico de agentes do MOSSAD (Agência de Inteligência de Israel). Em 1977, um grupo desses agentes secretos conseguiu resgatar e dar fuga a centenas de refugiados da Etiópia, a maioria judeus, e depois levá-los para Israel. Para isso, tiveram que atravessar o Sudão, na época em plena guerra civil e religiosa. A estratégia de fuga incluiu a compra de um hotel abandonado, o “The Red Sea Diving Resort”, localizado no litoral do Sudão, às margens do Mar Vermelho, utilizando-o como local estratégico para a fuga dos refugiados, levados de barcos até um navio que depois os transportaria para Israel. O agente Ari Levinson (Chris Evans, o Capitão América), que se disfarçava de antropólogo nas suas missões na África, chefiava o grupo encarregado de salvar os etíopes. Suspense de tirar o fôlego e cenas de muita tensão fornecem a esta produção da Netflix os ingredientes necessários para recomendar “Missão no Mar Vermelho”, além, é claro, do heroico fato histórico (confesso que não me lembrava de ter lido algo a respeito). Além de Chris Evans, completam o ótimo elenco Haley Bennett, Alessandro Nivola, Ben Kinsley, Greg Kinnear, Alex Hassell, Michael k. Williams e Chris Chalk (ótimo como o violento Coronel Abdel Ahmed, perseguidor implacável dos refugiados). “Missão no Mar Vermelho” é o terceiro longa-metragem escrito e dirigido pelo cineasta israelense Gideon Raff, que atualmente finaliza o drama “Turn of Mind”, com Michelle Pfeiffer e Annette Bening.