Depois de tantos anos sem
fazer um filme bom, Eddie Murphy acaba de protagonizar um filme simplesmente espetacular:
“MEU NOME É DOLEMITE” (“DOLEMITE IS MY NAME”), produção da Netflix que
estreou mundialmente em setembro de 2019. Fiquei tão entusiasmado com o filme e
a atuação de Murphy que, quando terminou, depois de quase duas horas de
duração, eu queria que continuasse. Quando terminou, também achei que está aí
um filme que merece várias indicações ao Oscar 2020. E não é que um monte de
críticos profissionais também achou o que eu achei? Vamos à história. Eddie
Murphy faz o papel de Ruby Ray Moore, que nos anos 70 do século passado fez um
grande sucesso nos Estados Unidos. Vendedor de discos numa loja durante o dia,
à noite Moore fazia stand-up em espeluncas de Los Angeles, sendo
ignorado pelo público. Para aumentar seu repertório, ele se inspirava em
histórias contadas por velhos moradores de rua. Um deles citou um tal de Dolemite,
que muitos anos atrás andava pela cidade contando piadas pornográficas e com
muitos palavrões. A partir daí, Moore resolver incorporar o personagem
Dolemite, incrementando suas piadas e músicas com obscenidades, palavrões e
rimas de duplo sentido. Tudo do pior politicamente incorreto. O público adorou. Foi
a “deixa” para Moore partir para a gravação de discos com suas músicas e piadas
repletas de palavrões. Sucesso total, começou a vender como água. Claro, o ego
de Moore inflou tanto a ponto de querer fazer um filme. Aqui começa a segunda
parte - a mais engraçada - de “Meu Nome é Dolemite”. Estamos em 1975 e Moore reúne seus amigos mais
fiéis, mais alguns estudantes de cinema, todos sem nenhuma experiência, e partem para a
produção do filme. Os fatos que dão sequência à história são um deleite total
para quem gosta de cinema, culminando num filme sensacional, talvez a grande
surpresa do cinema do Tio Sam neste século. Desde a deliciosa trilha sonora, com
o balanço vibrante da soul-music dos anos 70, aos impecáveis e criativos
figurinos com a assinatura de Ruth E. Carter, vencedora do Oscar 2019 pelo seu
trabalho em “Pantera Negra”, o elenco maravilhoso comandado por Eddie Murphy,
que conta ainda com a espetacular Da’Vine Joy Randolph, que arrasa na pele da
gorda sensual Lady Reed, um afetado e meio gay Wesley Snipes como o diretor D’Urville
Martin (conquistou o cargo por ter aparecido numa ponta de “O Bebê de Rosemary”),
além de Chris Rock, Mike Epps, Craig Robinson e tantos outros. Fazia tempo que
eu não ficava tão entusiasmado com um filme norte-americano. Para se ter
ideia de quanto o filme é bom, basta dizer que recebeu a avaliação de 97% do criterioso
e rigoroso site de cinema Rotten Tomatoes. Não posso esquecer de destacar a
direção do cineasta Craig Brewer e dos roteiristas Larry Karszewski e Scott
Alexander, uns gênios. Enfim, “Meu Nome é Dolemite” recuperou não apenas o cinema
norte-americano, mas também o ator Eddie Murphy, que não fazia um filme tão bom
há tantos anos. Ah, durante os créditos finais o filme apresenta cenas do verdadeiro
Ruby Ray Moore. Comovente e divertido, enfim um grande filme que merece ser
aplaudido de pé. Três vezes Imperdível, Imperdível e Imperdível!
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