sábado, 4 de outubro de 2014

A partir do seu primeiro grande papel no cinema, como a Tenente Ripley em “Alien” (1979), a atriz Sigourney Weaver consolidou uma carreira de grande sucesso em Hollywood. Sua versatilidade interpretativa a ajudou a desempenhar os mais diferentes papeis, sempre com muito talento. Um exemplo de sua versatilidade pode ser conferido no drama canadense “UM CERTO OLHAR” (“Snow Cake”), de 2005. Ela interpreta Linda, uma mulher autista, mãe solteira que mora sozinha numa pequena cidade do Canadá chamada Wava. Sem demonstrar qualquer emoção, ela recebe a notícia da morte de sua filha Vivienne (Emily Hampshire) ocorrida num acidente de trânsito causado por um motorista de caminhão. Vivienne estava de carona no carro de Alex Hughes (Alan Rickman). Bastante chateado, Alex vai procurar Linda para consolá-la e também devolver alguns objetos pessoais de Vivienne. A convivência entre os dois não será nada fácil, mas Alex concorda em ficar hospedado na casa de Linda e em ajudá-la nos preparativos para o funeral de Viviene. Alex acaba se envolvendo com Maggie (Carrie-Anne Moss), a fogosa vizinha de Linda. Apesar da morte de Vivienne e da doença de Linda, o diretor Marc Evans não deixou o filme descambar para um dramalhão. Pelo contrário, fez um filme com bastante humor, o que incluiu explorar algumas manias de Linda, sem jamais romper a fronteira do politicamente correto. Um filme de produção modesta, mas sensível e comovente na dose certa. Sem falar na presença de Sigourney, que valoriza qualquer filme.    

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

“A GAROTA NO TREM” (“La Fille du Rer”), 2009, leva a assinatura do veterano diretor francês André Téchiné. É um drama centrado em Jeanne (Émilie Dequenne), uma jovem inconsequente e meio desequilibrada que mora no subúrbio de Paris com a mãe Louise (Catherine Deneuve), que trabalha como baby-sitter. Por indicação de Louise, Jeanne vai procurar o advogado Samuel Bleinsten (Michel Blanc), um antigo amigo de seu pai e admirador de sua mãe, e consegue o emprego de secretária. Tudo parece ir bem até que Jeanne conhece Franck (Nicholas Duvauchelle), um jovem aparentemente direito pelo qual se apaixona. Com a promessa de ganhar bastante dinheiro, Franck a convence a largar o emprego e trabalhar com ele como zeladores de um depósito, que na verdade é um lugar de fachada para a venda de drogas. Não demora muito Franck acaba sendo preso. O fato desequilibra Louise, que não sabia de nada. Ela, então, num surto histérico, decide forjar ter sido vítima de um ataque antissemita dentro de um trem e vai à polícia denunciar a agressão (esse fato realmente aconteceu em 2004 e serviu de inspiração e ponto de partida para o filme de Téchiné). A história de Jeanne ganha o noticiário nacional e vira uma questão de fundo político com o envolvimento do governo francês. A verdade acaba sendo descoberta e Jeanne terá que se responsabilizar pelo seu ato insano. O filme tem uma história paralela envolvendo a família de Bleinsten e a cerimônia do Bar Mitzvah de seu neto. Não é o melhor filme de Téchiné, mas mesmo assim é bastante interessante.                     

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

O drama independente “LULLABY”, 2014, EUA, filme de estreia de Andrew Levitas na direção, conta a história de Robert (Richard Jenkins), um homem de meia idade que sofre de câncer há 12 anos. Desta vez, porém, internado em estado grave num hospital, ele resolve pedir aos médicos que desliguem os aparelhos e o deixem morrer em paz. Sua esposa, Rachel (uma envelhecida Anne Archer, a primeira mulher de Tom Cruise), chama Jonathan (Garrett Hedlund) e Karen (Jessica Brown Findlay), os dois filhos, para se despedirem do pai. É claro que, diante desse enredo, não se pode esperar um filme alegre. Há, porém, alguns momentos sensíveis e, de certa forma, comoventes, envolvendo, principalmente, a amizade de  Jonathan com Meredith (Jessica Barden), uma jovem de 17 anos que tem câncer terminal.  O humor aparece de vez em quando para amenizar o drama, ainda mais que o filme quase inteiro é ambientado dentro de um hospital. O filme também propõe uma reflexão sobre a prática da eutanásia, ou, como preferem os protagonistas, suicídio assistido. A família tem o direito de anular o desejo do doente? Como é previsível desde o começo, o final é bastante triste. Completam o elenco Amy Adams, como uma antiga namorada de Jonathan, e Terrence Howard, como o médico que cuida de Robert.    
Quando “Capote” foi lançado, em 2005, filme pelo qual o ator Philip Seymour Hoffman ganhou o Oscar de Melhor Ator, estava prestes a estrear também, por uma dessas coincidências de Hollywood, o filme “CONFIDENCIAL” (“Infamous”), dirigido por Douglas McGrath - a estreia deste foi adiada por quase um ano. Os dois filmes contam praticamente a mesma história, ou seja, uma parte da biografia do escritor Truman Capote centrada nos fatos que antecederam a elaboração do livro “A Sangue Frio” (“In Cold Blood”), que se transformou num best-seller mundial. O primeiro filme ganhou mais repercussão por conta do Oscar de Philip Seymour. Quando “CONFIDENCIAL” estreou, o impacto perante o público não foi o mesmo, apesar do ótimo elenco, que reuniu o ator inglês Toby Jones como Capote, Sandra Bullock, Daniel Craig, Jeff Daniels, Sigourney Weaver, Isabella Rossellini, Hope Davis e Gwyneth Paltrow. Importante o destaque que o filme dá às conversas que Capote teve com Perry Smith (Daniel Craig, ótimo) na prisão, as quais tiveram grande importância no aspecto psicológico do livro. O que mais incomoda no filme é a exagerada interpretação de Toby Jones, que faz um Capote prepotente, grosseiro, fofoqueiro e inconveniente, sem falar na voz esganiçada e nos irritantes e afetados trejeitos efeminados, fora o fato de se vangloriar a toda hora por conhecer as maiores celebridades de Hollywood. Se Capote era assim mesmo, deve ter sido um cara intragável. Apesar disso, o filme é muito bom - na minha opinião, melhor do que “Capote” – e deve ser visto ou revisto para entender o livro que colocou Capote no Olimpo dos escritores do Século XX.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

“MEU MELHOR INIMIGO” (“Mein Bester Feind”), 2010, é uma produção austríaca, dirigida por Wolfgang Murnberger, que tem como pano de fundo a Segunda Grande Guerra. Victor Kaufmann (Moritz Bleibtreu) é gerente e herdeiro de uma importante galeria de arte em Viena. Seu melhor amigo é Rudi Smekal (George Friedrich). Eles foram criados juntos, só que Victor é judeu e Rudi alemão. Pouco antes do início da guerra, durante a inauguração de uma exposição na galeria, Jacob Kaufmann (Udo Samel), pai de Victor, anuncia que tem em seu poder um desenho valioso de Michelangelo. A guerra começa e a família Kaufmann é deportada para um campo de concentração. A existência do desenho de Michelangelo chega ao conhecimento de Hitler, que quer dá-lo de presente a Mussolini, que em breve visitará a Alemanha. Só que ninguém sabe onde está o desenho.  Rudi, agora um soldado alemão, vai fazer de tudo para encontrar o desenho e, dessa forma, subir no conceito do governo nazista, nem que tenha que trair e torturar o antigo amigo. O filme segue com muita ação, suspense, humor negro e muitas reviravoltas, o que o torna um ótimo entretenimento.          

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

O veterano diretor holandês Paul Verhoeven, de 76 anos, tem uma carreira bastante sólida, inclusive em Hollywood. Em seu currículo, há filmes como “Instinto Selvagem”, “O Vingador do Futuro”, “Robocop” (a primeira versão de 1987), “A Espiã” e outros. Em 2012, Verhoeven fez um filme “caseiro”, ou seja, na Holanda, e com atores holandeses. Trata-se de “TRAIÇÃO” (“Steekspel”), um drama recheado de humor e reviravoltas que fazem passar ainda mais rápido os já reduzidos 55 minutos de filme. Ou seja, um entretenimento dos mais deliciosos, com um desfecho que leva a mulherada ao delírio. A história gira em torno de Remco (Peter Blok), um importante empresário que, não bastasse estar em crise com os sócios na empresa, ainda tenta administrar uma ex-amante grávida e uma amante atual, amiga de sua filha. Além, é claro, de fazer tudo para continuar agradando sua esposa, que finge não saber de nada. Graças ao roteiro bem elaborado, objetivo e conciso, todo esse leque de situações é apresentado logo no início do filme, durante a festa do aniversário de 50 anos de Remco. Verhoeven fez um filme bastante diferente do que está acostumado a fazer, mas como é um excelente diretor, o resultado foi o melhor possível. Estão no elenco, além de Blok, Robert de Hoog, Sallie Harmsen, Gaite Jansen e Ricky Koole.  

domingo, 28 de setembro de 2014

“NOSSO GRANDE DESESPERO” (“Bizim Büyük Çaresizligimiz”), 2011, dirigido por Seyfi Teoman, é um filme turco inspirado no romance homônimo do escritor Baris Bicarsi. A história é centrada nos amigos Ender (Ilker Aksum) e Cetin (Fatih Al), solteirões convictos que moram juntos num apartamento em Ankara. A rotina e a privacidade dos dois – há uma leve sugestão de que seja um casal gay – será quebrada pela chegada da jovem Nihal (Gunes Sayin), que acaba de perder os pais num acidente automobilístico. Os dois acolhem Nihal a pedido de Fikret (Baki Dayrak), irmão da moça e amigo antigo de Ender e Cetin, que mora na Alemanha. A partir da chegada da moça, o filme enfoca a convivência dos três com uma série de diálogos que mais parecem sessões de terapia. Nihal gosta dos dois como se fossem seus tios. Mas Cetin e Ender confessam, um para o outro apenas, que estão apaixonados por Nihal, mas concordam em manter esse sentimento em segredo. E o filme segue abordando esse relacionamento a três com mais diálogos longos e monótonos, cheios de pretensão intelectual, mas vazios e com a profundidade de um dedal. A cena de maior emoção é quando os três estão num parque e Nihal de repente grita: “Olha, uma tartaruga!”. Visto na hora de dormir, dá um sono rapidinho...  
O drama libanês “BEIRUT HOTEL” estreou no Locarno International Film Festival/2011 e foi premiado com o “Leopardo de Ouro”.  Talvez não fosse para tanto, mas não deixa de ser um filme interessante. Dirigido pela diretora libanesa Danielle Arbid, conta a história de uma paixão avassaladora entre o advogado francês Mathieu (Charles Berling) e a cantora Zhora (Darine Hamzé). Quando tudo parece encaminhar para um filme romântico, de repente começam a surgir fatos inesperados. Um libanês chamado Abbas (Fadi Abi Samra), antigo amigo de Mathieu, aparece para oferecer ao francês uma informação importante sobre os responsáveis pelo atentado à bomba que matou o ex-primeiro ministro do Líbano Rafik Hariri em 2005. Em troca, Abbas quer que Mathieu interceda junto à Embaixada da França para lhe dar um visto de saída do país. Fora isso, o Serviço Secreto do Líbano desconfia que Mathieu é um espião a serviço de Israel e o mantém sob intensa vigilância. Para tumultuar ainda mais o ambiente, um importante comandante desse Serviço Secreto é também tio de Zhora. Com tudo isso acontecendo, é claro que o romance entre Zhora e Mathieu tem grandes chances de acabar mal. O filme é todo ambientado em Beirute. A diretora procurou valorizar os cenários mais charmosos da cidade através de um belo trabalho de fotografia. Mais interessante até que o filme, é a bela e sensual atriz Darine Hamzé, de fechar o comércio de toda a 25 de Março e adjacências...