quarta-feira, 14 de junho de 2023

 

“SAYEN”, 2023, Chile, 1h36m, produção original e distribuição Prime Video, direção de Alexander Witt (“Resident Evil 2: Apocalipse”), seguindo roteiro assinado por Patricio Lynch, Julio Rojas e Carla Stagno. Este talvez seja o primeiro filme de ação feito pelo cinema chileno. Não me lembro de outro. O tema da história está em grande evidência há anos: a exploração dos indígenas pelos homens brancos. No caso de “Sayen”, os brancos representam uma grande corporação internacional que almeja comprar terras ao sul do Chile, nas florestas da Araucanía, para exploração de cobalto. Só que nelas vivem os índios Mapuche, que ser recusam a vendê-las e muito menos deixar que a explorem. Uma grande empresa sediada na Espanha resolve conquistar as terras à força, utilizando mercenários violentos. Quando Ilwen Lemunko (Teresa Ramos), proprietária de uma parte dessas terras, é assassinada ao se negar a vendê-las, sua neta Sayen (Rallen Montenegro) parte para a vingança. Aí ninguém segura a índia vingativa, que se aproveita da vivência nas florestas para ir atrás dos assassinos de sua avó. Entre as cenas de ação, o roteiro destaca mensagens contra os invasores de terras indígenas e ainda coloca em discussão as atitudes que afetam o meio ambiente. Completam o elenco Arón Piper, Roberto García Ruiz, Loreto Aravena, e Enrique Arce. O filme é bastante interessante e esclarecedor, tem boas cenas de ação e um roteiro bem elaborado. Recomento, principalmente, para o público ligado à proteção do meio ambiente.      

 

“PURA PAIXÃO” (“PASSION SIMPLE”), 2020, coprodução França/Bélgica, 1h38m, em cartaz na Netflix, direção da cineasta libanesa Danielle Arbid. O roteiro, assinado pela própria Arbid, foi baseado no romance autobiográfico “Simple Passion”, de 1992, da escritora Annie Ernaux – em 2022, Ernaux ganhou o Nobel de Literatura. O filme, selecionado para o Festival de Cannes, é um drama erótico envolvendo a professora universitária de Literatura Hélène August (Laetitia Dosch) e o russo Aleksandr (Sergei Polunin), encarregado da segurança da embaixada russa em Paris. Divorciada e com um filho entrando na adolescência, Hélène se entrega, literalmente, de corpo e alma, a essa paixão desenfreada e intensa, mesmo sabendo que Aleksandr é casado. A paixão logo se transforma em obsessão, principalmente por parte de Hélène. Para ilustrar esse fogo ardente, a diretora libanesa abusa das cenas de sexo, algumas delas muito perto do explícito. A estética do filme, incluindo uma primorosa fotografia, deve agradar, de forma especial, o público que curte o tal cinema de arte – para mim, todo filme é arte -, gênero em que o cinema francês sempre se sobressaiu. Há que se destacar ainda o desempenho da atriz Laetitia Dosch, que aos 42 anos se entrega a um papel difícil e que exige coragem para se expor com tanta entrega e desenvoltura. Outro destaque deve ser atribuído ao ator, dançarino e modelo ucraniano Sergei Polunin, que tem no currículo filmes como “Assassinato no Expresso Oriente” e “Operação Red Sparrow”, entre outros. Também estão no elenco Caroline Ducey, Grégoire Colin, Dounia Sichov, Slimane Dazi e Lou-Teymour Thion. Trocando em miúdos, apesar de não ser um filme muito fácil de digerir, gostei muito, indicando como especiais e de grande beleza as cenas filmadas em Florença, em Moscou e na própria Paris. Para terminar, faço um importante alerta: ANTES DE ASSISTIR, TIRE AS CRIANÇAS DA SALA.    

segunda-feira, 12 de junho de 2023

 

“PADRE JOHNNY” (“JOHNNY”), 2023, Polônia, 1h59m, produção original e distribuição Netflix, estreia na direção do jovem cineasta Daniel Jaroszek, de 34 anos, e roteiro assinado por Maciej Kraszewski. A história deste ótimo drama é baseada em fatos reais, ou seja, na vida do padre polonês Jan Kaczrowski (1977-2016). Mesmo debilitado por várias doenças, uma delas grave, Jan (David Ogrodnik) jamais deixou de se dedicar aos doentes terminais da sua cidade natal, Gdynia. Em 2009, ele fundou o “The Puck Hospice”, um hospital dedicado exclusivamente aos doentes terminais. Aqui, ele conhece o jovem Patryk Galwski (Piotr Trojan), um drogado e marginal condenado a prestar 360 horas de serviço comunitário. O padre e Patryk ficarão amigos, uma relação sensível que ocupará grande parte da narrativa. Embora todo o contexto seja dramático, o filme tem seus momentos de humor, quando, por exemplo, Jan discute com o arcebispo seu chefe, numa das melhores cenas do filme. Não bastasse todo esse trabalho, o padre Jan arrumou tempo de escrever vários livros, nos quais ensina a aproveitar a vida ao máximo e como lidar com as doenças terminais. Seu livro de maior sucesso foi “The Art of Living Without Lies” (“A Arte de Viver Sem Mentiras”). Diagnosticado em 2012 com um glioblastoma - um grave tumor no cérebro -, Jan viria a falecer em 2016. “Padre Johnny” estreou nos cinemas da Polônia em outubro de 2022, tornando-se um grande sucesso de bilheteria. O filme é ótimo, sem dúvida um dos melhores lançamentos do ano pela Netflix. Imperdível!    

domingo, 11 de junho de 2023

 

“TIRO CERTO” (“ONE SHOT”), 2021, coprodução Estados Unidos/Inglaterra, 1h36m, em cartaz na Amazon Prime Video, direção de James Nunn, que também assina o roteiro com Jamie Russell. Trata-se de um filme de ação centrado na difícil missão de um esquadrão de elite SEAL da Marinha, chefiada pelo oficial Jake Harris (Scott Adkins), encarregado de resgatar e levar para Washington um prisioneiro ligado ao EI (Estado Islâmico). Segundo a agente Zoe Anderson (Ashley Green), analista da CIA, Amin Mansur (Waleed Elgadi) teria informações sobre um possível atentado terrorista a ser realizado em Washington. Mansur está preso em uma base secreta – na verdade, uma ilha-prisão da CIA - destinada a terroristas. Quando estava quase tudo pronto para a viagem de volta, levando o preso, eis que a base é invadida por dezenas de terroristas sob o comando do sanguinário Hakim Charef (Jess Liaudin). A matança é generalizada, de um lado e de outro, sendo que os mocinhos ficam reduzidos a apenas quatro soldados e a tal analista da CIA. Eu não contei quantos tiros foram dados durante o filme, mas a munição utilizada certamente abasteceria um exército durante uma guerra. Um exagero de tiros. De qualquer forma, o suspense permeia a história e a ação corre solta do começo ao fim, transformando “Tiro Certo” num entretenimento de primeira. Também estão no elenco Ryan Phillippe, Terence Maynard, Emmanuel Imani, Tim Man, Lee Charles e Duncan Casey.