“A HORA DO LOBO” (“THE WOLF
HOUR”), 2019, Estados Unidos, 1h39m, segundo longa-metragem
escrito e dirigido por Alistyair Banks Griffin. Trata-se de um suspense
psicológico ambientado no verão de 1977 em Nova Iorque. A personagem central é a
escritora June Engle (Naomi Watts), expoente da contracultura, que vive
enclausurada num apartamento no Sul do Bronx, em meio a livros, papelada espalhada pelo chão e lixo de todo tipo. Sujeira generalizada. June é uma mulher atormentada,
vivendo um período de depressão e pânico, não conseguindo colocar o pé para
fora do apê. Nessa época, a cidade vive um período de extrema violência, com
saques, atos de vandalismo e assassinatos – naquele ano, ficou famoso um serial
killer denominado “O Filho de Sam”. Como se não bastasse, faz um calor
infernal e a cidade vive sofrendo apagões diários. Seus únicos contatos com o
mundo exterior acontecem quando olha pela janela as pessoas se digladiando ou
quando recebe o entregador do mercado, um garoto de programa e um policial atendendo
a uma queixa de June a respeito de gente que está tocando seu interfone sem
parar. A única visita especial que recebeu por mais tempo foi Margot (Jennifer
Ehle), não sei se irmã, parente ou amiga – o roteiro não esclarece, que tenta tirar June daquela situação. Enfim, “A
Hora do Lobo” é um filme bastante angustiante, claustrofóbico, pesado, mas tem
o trunfo de contar com a primorosa atuação de Naomi Watts. Não há muito mais
motivos para justificar uma recomendação entusiasmada.
sábado, 14 de março de 2020
sexta-feira, 13 de março de 2020
“O GÂNGSTER, O POLICIAL E O
DIABO” (“AKINJEON” no original, e “The Gangster, The Cop and The
Devil” nos países de língua inglesa), 2019, Coreia do Sul, 1h50m, roteiro e
direção de Won-Tae Lee (é o seu segundo longa-metragem). Quem tinha dúvidas
sobre a qualidade do cinema sul-coreano deve tê-las descartado após o grande
sucesso de “Parasita, maior vencedor do Oscar 2020. Eu já conhecia – e elogiava
- o cinema daquele país há muito tempo, tendo visto ótimos filmes dos mais
diferentes gêneros. Só para citar alguns: “OldBoy”, “A Criada”, “Mother – Em Busca
pela Verdade”, “Pânico na Torre” e aquele que considero um dos melhores filmes
de ação já realizados pelo cinema, “Onda de Choque”, de 2017, entre tantos
outros. Agora, com este “O Gângster, o Policial e o Diabo”, o cinema
sul-coreano reafirma sua qualidade também em filmes policiais. Trata-se de uma
história baseada em fatos reais ocorridos em 2005 na capital Seul. Um
misterioso serial-killer está matando pessoas com requintes de
crueldade, sempre a facadas. Até que um dia ele bate na traseira de um veículo
e sai para matar o seu motorista. Só que ele é um poderoso chefão da máfia
local, especialista em artes marciais, e consegue escapar do criminoso. Mas
jura vingança. A polícia de Seul também está atrás do serial killer. Numa
inusitada e inimaginável combinação, a gangue chefiada pelo mafioso une-se à
polícia para encontrar o psicopata. Essa união tem as suas contradições. Por
exemplo, o chefão da máfia quer pegar o assassino para a seguir matá-lo, como
manda a tradição, e a polícia, por seu lado, quer apenas prendê-lo e levá-lo a julgamento. Isso tudo em meio a muita ação e violência, pancadarias
sanguinolentas, perseguições de carros e muito sangue jorrando. O ótimo ator Ma
Dong-Seok está espetacular como o bandidão mafioso Jang Dong-Soo; o policial
Jung Tae-Seok é interpretado por Kim Moo-Yeol; e, por fim, também com uma
atuação destacada, o ator Kim Sung-Kyu, como o sanguinário psicopata Kang Kyungho,
também conhecido como “K”. Resumo da ópera: um filme policial de muita
qualidade.
quarta-feira, 11 de março de 2020
“JOIAS BRUTAS” (“UNCUT GEMS”),
2019,
EUA, produção e distribuição Netflix, 2h15m, roteiro e direção dos irmãos
cineastas Josh e Benny Safdie (“Bom Comportamento”). A história é toda centrada
no comerciante judeu Howard Ratner (Adam Sandler), dono de uma joalheria em
Nova Iorque. Casado e com filhos, Howard mantém um apartamento para a sua amante
Julia (Julia Fox), é viciado em apostas de jogos da NBA, faz trambiques falsificando
joias e relógios de luxo, além de dever muito dinheiro a agiotas da pior
espécie. Sua rotina é de um homem prestes a ter um ataque cardíaco ou um AVC. Numa tentativa de se salvar financeiramente, ele tenta encontrar uma
saída ao importar, da Etiópia, uma pedra não lapidada repleta de minerais
preciosos. Segundo Howard, trata-se de uma raridade ligada aos judeus etíopes.
Verdade ou não, ele encontra um cliente muito interessado na pedra, o jogador
de basquete, astro da NBA, Kevin Garnett (o filme é ambientado em 2012, quando
Kevin ainda era uma estrela nas quadras; ao interpretar ele mesmo no filme, Garnett já
estava aposentado). Ao invés de pagar suas dívidas, Howard aposta todo o
dinheiro que consegue nos negócios, enquanto os agiotas o pressionam para pagar
ou então sofrer as consequências. O filme segue num ritmo frenético e
alucinante, num espiral crescente de tensão, com a câmera sempre em movimento, irrequieta
e nervosa. O elenco conta ainda com Idina Menzel, Lakeith Stanfield, Mike Francesa, Judd Hirsch e Eric Bogosian. "Joias Brutas” recebeu muitos elogios da crítica especializada, que
também consideraram um show a atuação de Adam Sandler. Para falar a verdade, o
filme não me convenceu muito, mas admito que Sandler está ótimo. De
qualquer forma, "Joias Brutas" vale a pena pelo modo com que os irmãos Safdie o realizaram. Sem dúvida, um filme inovador. .
segunda-feira, 9 de março de 2020
“MIDWAY – BATALHA EM ALTO-MAR”
(“MIDWAY”), 2019, Estados Unidos, 2h19m, direção do
cineasta alemão Roland Emmerich, seguindo roteiro de Wes Tooke. Quem conhece um
pouco da história da Segunda Guerra Mundial sabe que foi nas Ilhas Midway, no
Pacífico, no dia 4 de julho de 1942, que as forças norte-americanas enfrentaram
a Marinha Imperial Japonesa, revidando com sucesso o ataque a Pearl Harbor,
seis meses antes. O filme destaca o trabalho de bastidores da inteligência
norte-americana, que conseguiu codificar mensagens que forneceram a localização
da frota japonesa. As cenas de batalhas aéreas e navais são de tirar de fôlego,
num ritmo frenético que vai do início ao fim. Ao contrário de “Midway – A Batalha
do Pacífico”, de 1976, o atual “Midway – Batalha em Alto-Mar” utiliza efeitos
especiais espetaculares e, em algumas cenas, parece que você está ali no meio
da batalha. O elenco é de primeira: Ed Skrein, Woody Harrelson, Patrick Wilson,
Luke Evans, Dennis Quaid, Aaron Eckhart, Mandy Moore, Nick Jonas, Alexander Ludwig e Tadanobu
Asano. O diretor alemão Roland Emmerich justificou plenamente a sua fama de
dirigir bons filmes de ação, como “Godzila”, “Independence Day”, “O Dia Depois
de Amanhã” e “O Patriota”. Embora os críticos tenham malhado o seu “Midway”,
elogiando apenas as cenas de batalha, achei o filme muito bem feito, repleto de
ação, um ótimo programa para uma sessão da tarde com pipoca.
domingo, 8 de março de 2020
“UMA VIDA OCULTA” (“A HIDDEN
LIFE”), 2019, coprodução Alemanha/EUA, roteiro e direção de
Terrence Malick, 3 horas de duração. Finalmente o polêmico e excêntrico cineasta
norte-americano oferece talvez sua obra mais acessível. Da mesma forma que
realizou filmes como “A Árvore da Vida”, “De Canção em Canção”, “Cavaleiro de
Copas” e “Amor Pleno”, obras de cunho existencialista com fundo religioso, em “Uma
Vida Oculta” Malick mantém seu estilo inconfundível de filmar paisagens da
natureza como céu com nuvens, correntezas de rios, florestas e planícies
verdejantes, usando e abusando de lente grande angular para ampliar os cenários.
Sem falar na trilha sonora clássica e nas locuções em off, com reflexões
filosóficas e religiosas, em sua maioria entediantes e com a profundidade de um
pires. A história de “Uma Vida Oculta”, inspirada em fatos reais, é ambientada na
Áustria bem no início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, logo após a invasão
do país pelo exército nazista. Franz Jägerstätter (August Diehl), um fazendeiro
da região de Santa Radegunda, interior austríaco, assim como milhares de
cidadãos do seu país, é convocado para lutar pelo exército alemão. Sua recusa,
por não acreditar nos ideais de Hitler, vira um caso de traição. Ele é preso e
condenado à morte. Até o final ele mantém sua posição, para desespero de seus
amigos. Franziska (Valerie Pachner), sua esposa, mesmo aflita com o desenrolar
dos acontecimentos, aceita a posição do marido e enfrenta a situação com altivez.
O cenário onde fica a fazenda de Franz lembra muito aquele em que Julie Andrews
canta e dança com os filhos do Capitão Von Trapp em “A Noviça Rebelde” (1965). Em
algumas ocasiões achei que a própria Julie Andrews de repente surgiria em cena. Embora o
elenco seja em sua maioria constituído por atores alemães e austríacos, o filme
é quase todo falado em inglês e um pouco de alemão. O elenco é ótimo: além de
Diehl e Pachner, os mais conhecidos são Matthias Schoenaerts, Alexander
Fehling, Michael Nyqvist, Bruno Ganz, Johannes Krisch, Karl Markovics, Tobias
Moretti, Ulrich Matthes e Maria Simon. Uma curiosidade que a maioria dos
críticos deixou passar: “Uma Vida Oculta” foi o último filme de dois grandes
atores, o suíço Bruno Ganz e o sueco Michael Nyqvist, falecidos logo depois do
fim das filmagens. O filme estreou no 72º Festival Internacional de Cinema de
Cannes, em maio de 2019, e também foi exibido por aqui durante a programação do
Festival Internacional de Cinema do Rio, em dezembro de 2019.
Assinar:
Postagens (Atom)