“UMA VIDA OCULTA” (“A HIDDEN
LIFE”), 2019, coprodução Alemanha/EUA, roteiro e direção de
Terrence Malick, 3 horas de duração. Finalmente o polêmico e excêntrico cineasta
norte-americano oferece talvez sua obra mais acessível. Da mesma forma que
realizou filmes como “A Árvore da Vida”, “De Canção em Canção”, “Cavaleiro de
Copas” e “Amor Pleno”, obras de cunho existencialista com fundo religioso, em “Uma
Vida Oculta” Malick mantém seu estilo inconfundível de filmar paisagens da
natureza como céu com nuvens, correntezas de rios, florestas e planícies
verdejantes, usando e abusando de lente grande angular para ampliar os cenários.
Sem falar na trilha sonora clássica e nas locuções em off, com reflexões
filosóficas e religiosas, em sua maioria entediantes e com a profundidade de um
pires. A história de “Uma Vida Oculta”, inspirada em fatos reais, é ambientada na
Áustria bem no início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, logo após a invasão
do país pelo exército nazista. Franz Jägerstätter (August Diehl), um fazendeiro
da região de Santa Radegunda, interior austríaco, assim como milhares de
cidadãos do seu país, é convocado para lutar pelo exército alemão. Sua recusa,
por não acreditar nos ideais de Hitler, vira um caso de traição. Ele é preso e
condenado à morte. Até o final ele mantém sua posição, para desespero de seus
amigos. Franziska (Valerie Pachner), sua esposa, mesmo aflita com o desenrolar
dos acontecimentos, aceita a posição do marido e enfrenta a situação com altivez.
O cenário onde fica a fazenda de Franz lembra muito aquele em que Julie Andrews
canta e dança com os filhos do Capitão Von Trapp em “A Noviça Rebelde” (1965). Em
algumas ocasiões achei que a própria Julie Andrews de repente surgiria em cena. Embora o
elenco seja em sua maioria constituído por atores alemães e austríacos, o filme
é quase todo falado em inglês e um pouco de alemão. O elenco é ótimo: além de
Diehl e Pachner, os mais conhecidos são Matthias Schoenaerts, Alexander
Fehling, Michael Nyqvist, Bruno Ganz, Johannes Krisch, Karl Markovics, Tobias
Moretti, Ulrich Matthes e Maria Simon. Uma curiosidade que a maioria dos
críticos deixou passar: “Uma Vida Oculta” foi o último filme de dois grandes
atores, o suíço Bruno Ganz e o sueco Michael Nyqvist, falecidos logo depois do
fim das filmagens. O filme estreou no 72º Festival Internacional de Cinema de
Cannes, em maio de 2019, e também foi exibido por aqui durante a programação do
Festival Internacional de Cinema do Rio, em dezembro de 2019.
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