domingo, 8 de março de 2020


“UMA VIDA OCULTA” (“A HIDDEN LIFE”), 2019, coprodução Alemanha/EUA, roteiro e direção de Terrence Malick, 3 horas de duração. Finalmente o polêmico e excêntrico cineasta norte-americano oferece talvez sua obra mais acessível. Da mesma forma que realizou filmes como “A Árvore da Vida”, “De Canção em Canção”, “Cavaleiro de Copas” e “Amor Pleno”, obras de cunho existencialista com fundo religioso, em “Uma Vida Oculta” Malick mantém seu estilo inconfundível de filmar paisagens da natureza como céu com nuvens, correntezas de rios, florestas e planícies verdejantes, usando e abusando de lente grande angular para ampliar os cenários. Sem falar na trilha sonora clássica e nas locuções em off, com reflexões filosóficas e religiosas, em sua maioria entediantes e com a profundidade de um pires. A história de “Uma Vida Oculta”, inspirada em fatos reais, é ambientada na Áustria bem no início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, logo após a invasão do país pelo exército nazista. Franz Jägerstätter (August Diehl), um fazendeiro da região de Santa Radegunda, interior austríaco, assim como milhares de cidadãos do seu país, é convocado para lutar pelo exército alemão. Sua recusa, por não acreditar nos ideais de Hitler, vira um caso de traição. Ele é preso e condenado à morte. Até o final ele mantém sua posição, para desespero de seus amigos. Franziska (Valerie Pachner), sua esposa, mesmo aflita com o desenrolar dos acontecimentos, aceita a posição do marido e enfrenta a situação com altivez. O cenário onde fica a fazenda de Franz lembra muito aquele em que Julie Andrews canta e dança com os filhos do Capitão Von Trapp em “A Noviça Rebelde” (1965). Em algumas ocasiões achei que a própria Julie Andrews de repente surgiria em cena. Embora o elenco seja em sua maioria constituído por atores alemães e austríacos, o filme é quase todo falado em inglês e um pouco de alemão. O elenco é ótimo: além de Diehl e Pachner, os mais conhecidos são Matthias Schoenaerts, Alexander Fehling, Michael Nyqvist, Bruno Ganz, Johannes Krisch, Karl Markovics, Tobias Moretti, Ulrich Matthes e Maria Simon. Uma curiosidade que a maioria dos críticos deixou passar: “Uma Vida Oculta” foi o último filme de dois grandes atores, o suíço Bruno Ganz e o sueco Michael Nyqvist, falecidos logo depois do fim das filmagens. O filme estreou no 72º Festival Internacional de Cinema de Cannes, em maio de 2019, e também foi exibido por aqui durante a programação do Festival Internacional de Cinema do Rio, em dezembro de 2019.     

Nenhum comentário: