“UMA MULHER ALTA” (“DYLDA”), 2019, Rússia,
2h19m, terceiro longa-metragem escrito e dirigido pelo jovem cineasta Kantemir
Balagov, de apenas 28 anos. Inspirada no livro “A Guerra não tem Rosto de
Mulher” (1983), escrito por Svetlana Aleksiévitch (Prêmio Nobel de Literatura
em 2015), “Uma Mulher Alta” retrata os acontecimentos pós-Segunda Guerra
Mundial em Leningrado, que se transformou num cenário de miséria, fome e
destruição, onde os moradores sobreviventes andam como zumbis em meio aos
destroços. Nesse contexto de colapso social, a trama é concentrada em duas
amigas ex-combatentes: Íya (Viktoria Miroshnichenko) e Masha (Vasilisa
Perelygina). Também chamada de “Varapau” pela sua altura, Íya voltou antes do front
e assumiu a responsabilidade de cuidar do filho de Masha. Ambas voltariam a se
encontrar trabalhando como enfermeiras num hospital militar repleto de soldados
feridos. Juntas, Íya e Masha tentarão sobreviver aos traumas de guerra, à fome
e à falta de perspectivas, além de um fato trágico envolvendo o filho de Masha. Uma se agarrará à outra para enfrentar as
dificuldades. Interessante que as duas protagonistas principais são atrizes
estreantes, mas nem por isso deixam de ter uma atuação magistral. O diretor
Balagov utiliza tons saturados de vermelho e verde, o que lembra, em menor
proporção, os filmes do diretor espanhol Pedro Almodovar. Selecionado para
representar a Rússia na disputa do Oscar 2020 na categoria “Filme Internacional”
(eu preferia como era, “Filme Estrangeiro”), “Uma Mulher Alta” não ficou entre
os cinco finalistas, o que achei uma grande injustiça. Antes, o filme recebeu o
prêmio de crítica internacional e de direção na mostra “Um Certo Olhar”, no
Festival de Cannes. Por aqui, foi exibido durante a programação oficial do 21º
Festival do Rio, em dezembro de 2019. Sem dúvida, um grande filme. Imperdível!
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