sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

 

“MEU NOME É VINGANÇA” (“IL MIO NOME È VENDETTA”), 2022, Itália, produção original e distribuição Netflix, 1h30m, direção de Cosimo Gomez, que também assina o roteiro com a colaboração de Andrea Nobili e Sandrone Dazieri. Como milhares de cinéfilos mundo afora, eu já sabia que não haveria mais filmes sobre a Máfia tão bons quanto “O Poderoso Chefão” e “Os Bons Companheiros”. Nem mesmo o cinema italiano conseguiu chegar perto desses dois clássicos do cinema de Hollywood. Prova disso é este recente lançamento da Netflix. Santo Romeo (Alessandro Gassman, filho do grande e saudoso ator Vittorio Gassmam), trabalhou como capanga do poderoso chefão mafioso Don Angelo (Remo Girone). Era um matador impiedoso. Depois que casou e teve uma filha, Santo abandonou a “família” de Don Angelo e tentou recomeçar a vida escondendo-se em uma pequena cidade do interior da Itália. Localizado sem querer por causa de uma foto feita pela filha Sofia (Ginevra Francesconi) que viralizou na internet, Santo passou a ser alvo da sua ex-quadrilha. Depois de tanto tempo, por que Don Angelo queria se vingar de Santo? A falta dessa resposta é uma das falhas do roteiro. Pois a turma do poderoso mafioso chega na casa de Santo e mata sua esposa e o cunhado. Sofia consegue escapar e avisa o pai sobre o que aconteceu. Claro que Santo vai atrás dos assassinos, levando a filha a tiracolo. Sua vingança também tem como alvo o próprio Don Angelo. Embora tenha alguma ação, o filme não se desenvolve ponto de exigir uma atenção maior do espectador. Tudo é muito previsível e, ao mesmo tempo, inverossímil. Enfim, um filme que não faz jus aos bons filmes de Máfia, muito menos ao respeitado cinema italiano.  

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

 

“O AMANTE DE LADY CHATTERLEY” (“LADY CHATTERLEY’S LOVER”), 2022, coprodução Inglaterra/Estados Unidos, 2h06m, em cartaz na Netfllix, direção da cineasta francesa Laure de Clermont, seguindo roteiro assinado por David Magee. Trata-se de mais uma adaptação para o cinema do clássico escrito por D.H. Lawrence (1885-1930), um grande sucesso da literatura mundial. Nesta recente adaptação, Lady Chatterley é interpretada por Emma Corrin (a princesa de Gales na série “The Crown”). No romance, seu nome de solteira é Constance Reid, que se casou com o aristocrata Clifford Chatterley (Matthew Duckett), quando então ganhou o título de Lady Chatterley. Resumindo, Clifford vai para o front da Primeira Guerra e retorna gravemente ferido, ficando inutilizado da cintura para baixo. Não demora muito e Lady Chatterley acaba arrumando um amante, justamente um empregado de Clifford, o guarda-caça Oliver Mellors (Jack O’Connell). Como no livro, que na época do lançamento – final dos anos 20 – chegou a ser proibido em vários países, inclusive na Inglaterra, o filme recorre ao erotismo quase explícito, mas longe da vulgaridade. O roteiro é bem delineado, os diálogos são bem escritos, a fotografia é primorosa e o elenco é ótimo, destacando-se a bela e competente Emma Corrin. Também estão no elenco Faye Marsay, Ella Hunt e Joely Richardson. Como curiosidade, Joely, filha de Vanessa Radgrave, interpretou Lady Chatterley em uma série da BBC em 1993. Trocando em miúdos, “O Amante de Lady Chatterley” é mais uma excelente adaptação cinematográfica de um grande clássico da literatura.  

 

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

 



“AS LINHAS TORTAS DE DEUS” (“LOS RENGLONES TORCIDOS DE DIOS”), 2022, Espanha, produção original e distribuição Netflix, 2h34m, direção de Oriol Paulo, que também assina o roteiro com a colaboração de Guillem Clua e Lara Sendim. Trata-se de um suspense psicológico adaptado para o cinema do livro homônimo escrito por Torcuato Luca de Tena em 1979, o mesmo ano em que a história é ambientada. A detetive particular Alice Gould (Bárbara Lennie) é admitida em um hospital psiquiátrico para investigar a morte violenta e misteriosa de um paciente. Quem a contratou foi Federico Del Omo (Joan Crosas), pai da vítima. Para ingressar no manicômio como paciente, Alice inventa uma situação patológica, identificando-se como paranoica e mentirosa compulsiva. Uma junta de psiquiatras, comandada pelo diretor Samuel Alvar (Eduard Fernández), aprova a condição da moça, internando-a. O roteiro conduz o espectador a imaginar se Alice é mesmo uma detetive ou então uma doida varrida, dúvida que permanecerá até o desfecho. São tantas as possibilidades e reviravoltas que fica difícil imaginar o que realmente está acontecendo e o que acontecerá. O ritmo do filme é lento e pouco confortável, pois são mais de duas horas e meia de projeção. Se a história não é lá muito verossímil e o ambiente interno do manicômio desagradável e chocante, pelo menos podemos curtir o talento da atriz Bárbara Lennie, que carrega o filme nas costas. Isto só não basta para motivar uma recomendação entusiasmada. É ver para crer. Em todo caso, quando foi exibido durante o Festival Goya (o Oscar espanhol), o filme mereceu elogios e seis indicações ao prêmio máximo.