sábado, 14 de agosto de 2021

 

“ÁGUAS QUE CORROEM” (“RUST CREEK”), 2018, Estados Unidos, 1h48m, direção de Jen McGowan, seguindo roteiro de Julie Lipson e Stu Pollard. Trata-se de um suspense policial independente, produzido com poucos recursos e com atores não muito conhecidos. A história começa quando a jovem Sawyer Scott (Hermione Corfield) recebe um telefonema convocando-a para uma entrevista de emprego em Washington, justamente na semana do feriado prolongado do Dia de Ação de Graças. Pouco depois de ingressar na estrada principal, ela recebe a informação do GPS de que mais adiante há um congestionamento. Ela então prefere arriscar uma estrada vicinal e, mesmo com a ajuda do GPS, acaba se perdendo. Quando estaciona no acostamento para examinar um mapa, ela é surpreendida por dois sujeitos mal-encarados, que, depois descobriremos, são os irmãos Hollister (Micah Hauptman) e Buck (Daniel R. Hill). A dupla logo se mostra agressiva com a garota, tentando agarrá-la e, certamente, estuprá-la. Só que Sawyer é esperta e consegue se livrar deles, abandonando o carro e se embrenhando na floresta. Os irmãos saem em seu encalço e ela terá que se esconder para não ser capturada. Ela acaba sendo achada no meio da mata, machucada e com fome, pelo morador de um trailer, um tal de Lowell (Jay Paulson), traficante de drogas e, pior, primo de Hollister e Buck. E assim, até o desfecho, a garota enfrentará uma perseguição desenfreada, que mais tarde incluirá até mesmo um xerife corrupto. O destaque negativo do filme fica por conta de uma aula bastante didática de como produzir anfetamina, o que não deve ter agradado em nada as autoridades norte-americanas antidrogas, muito menos os pais que têm filhos adolescentes. Portanto, se você for um deles, tome muito cuidado ao assistir. Trocando em miúdos, trata-se de um suspense que prende a atenção até o final. Não é nenhuma Brastemp, mas também não chega a ser uma geladeira de isopor.   

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

 

“O DIVINO BAGGIO” (“IL DIVIN CODINO”), 2021, Itália, 1h32m, direção de Letizia Lamartire, seguindo roteiro assinado por Ludovica Rampoldi e Stefano Sardo. Trata-se de um drama biográfico que explora os bastidores da carreira e a vida pessoal do jogador de futebol italiano Roberto Baggio, que se transformou em grande ídolo em seu país em 22 anos de carreira. Disputou três Copas do Mundo pela seleção italiana e ganhou a Bola de Ouro em 1993. Começou a carreira no Vicenza, da 2ª Divisão, e logo chegou à Fiorentina. Depois, ainda jogou na Juventus, Milan, Bologna, Internazionale e no Brescia. Aqui no Brasil, ele ficou mais conhecido depois que perdeu aquele pênalti na final da Copa do Mundo contra a nossa seleção em 1994. Aliás, esse trauma o atormentaria pelo resto de sua carreira. O filme destaca aspectos importantes da sua vida pessoal e esportiva, como a relação difícil com o pai, as lesões que sofreu, a conversão ao budismo e, principalmente, os conflitos com seus principais treinadores, em especial com Arrigo Sacchi. Além daquele pênalti fatídico contra o Brasil, Baggio, chamado de “Roby” pelos mais íntimos, também sofreu uma grande decepção quando não foi convocado para a Copa de 2002 no Japão e na Coreia do Sul. Ele queria enfrentar o Brasil novamente e apagar aquela imagem do pênalti perdido. Baggio é interpretado pelo ator Andrea Arcangeli, cuja caracterização como o craque italiano é o ponto alto do filme. Também estão no elenco Valentina Bellè, como sua esposa Andreina Fabbi; Antonio Zavatteri como o técnico Arrigo Sacchi; e Andrea Pennacchi como Florindo, seu pai. É evidente que “O Divino Baggio” é destinado ao público masculino que gosta de futebol. E, por isso, o filme seria muito melhor se mostrasse algumas cenas dos lances do craque no campo, comprovando o seu talento. Essa ausência acabou prejudicando demais o resultado final.       

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

 

“O GUIA DA FAMÍLIA PERFEITA” (“LE GUIDE DE LA FAMILLE PARFAITE”), 2021, Canadá, 1h42m, direção de Ricardo Trogi, que também assina o roteiro com a colaboração de François Avard, Jean-François Léger e Louis Morissette, este último o ator principal do filme. Drama familiar cujo pano de fundo lembra aquela velha frase que diz “Filho não vem com manual de instrução”. O roteiro trabalha com a expectativa dos pais em relação à educação e ao futuro dos filhos. Com pitadas de humor, diálogos afiados e muita psicologia, o filme retrata os problemas da relação do casal Martin (Louis Morissette) e Marie (Catherine Chabot) com seus filhos, a adolescente Rose (Émile Bierre) e o pirralho Mathis (Xavier Lebel). A mais problemática é Rose, de 16 anos, filha do primeiro casamento de Martin com Caroline (Isabelle Guérard). Típica rebelde sem causa, Rose apronta no colégio, enfrenta o pai e a madrasta e se recusa a seguir as regras da casa. Ela se sente pressionada pelo pai, que exige notas altas e que seja a melhor no time de hóquei no gelo. Mathis é um menino na faixa dos quatro anos, muito mal-educado e mimado. Quando não gosta da comida, joga o prato longe e não recebe nenhuma bronca. E, pior, sempre aparece no quarto dos pais quando eles tentam começar uma transa – o famoso empata. A falta de bronca no menino é uma das causas de revolta de Rose, que exige uma punição ao menino. O ponto central do filme é realmente a relação direta entre pai e filha. Falado em francês, o filme é uma produção original da Netflix, uma opção bem light especialmente dedicada aos pais que têm dificuldade de lidar com os filhos – o que é geral no mundo de hoje, assim como era ontem e continuará sendo sempre. Como diz o velho ditado, “Quem tem filhos têm cadilhos”. O filme canadense é ótimo, merece ser conferido.       

 

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

 

HUSH – A MORTE OUVE (HUSH), 2016, Estados Unidos, 1h27m, direção de Mike Flanagan, que também assina o roteiro com a colaboração de Kate Siegel – esposa do diretor e atriz principal do filme. Suspense movimentado que prende a atenção até o fim. Nenhuma surpresa, pois Mike Flanagan é especialista em filmes do gênero, entre os quais “Ouija: Origem do Mal”, “Jogo Perigoso”, “Dr. Sono” e “O Sono da Morte”. Ou seja, Flanagan sabe o que faz. Bem, vamos à história. A escritora Maddie Toung (Kate Siegel) é surda e muda desde menina. Vive, portanto, num mundo de total silêncio. Para escrever seu novo romance, ela se isola numa casa no meio do nada. Porém, muito segura, a começar pelo fato de que os vidros das portas e janelas são blindados. Numa tarde, ela recebe a visita da amiga e vizinha Sarah (Samantha Sloyan), conversam através de sinais e logo que chega a noite Maddie volta a ficar sozinha. Horas depois, enquanto escreve, ela não ouve os pedidos de socorro da amiga, que acaba de ser atacada por um assassino psicótico, que logo irá tentar entrar na casa para matar Maddie (a principal falha do roteiro é não explicar as razões do maluco, ou se esta é mesmo a intenção de quem escreveu, ou seja, determinar que o sujeito é mesmo um assassino maluco). Até o desfecho, o psicopata (John Gallagher) tentará entrará na casa para matar Maddie, o que desencadeia uma série de momentos bastante angustiantes e alguns sustos. A cada cena ela fica esperando e tentando adivinhar qual será o próximo passo do maluco. O clima de alta tensão permanece até o final. Claro, graças à competência habitual de Mike Flanagan e do roteiro bem elaborado. “Hush” é, portanto, mais uma boa opção de suspense no catálogo da Netflix.       

 

domingo, 8 de agosto de 2021

 

“TERAPIA DO MEDO”, 2021, Brasil, produção Globo Filmes, distribuição Netflix, 1h24m, roteiro e direção de Roberto Moreira. Produzido em 2017, seu lançamento atrasou e sua estreia nos cinemas ficou para 2020, mas em razão da pandemia de Covid/19 saiu direto para a Netflix (estreou dia 4 de agosto de 2021). Trata-se de um terror psicológico na base de vozes do além, alguns sustos, possessão e a aparição de espíritos mal resolvidos. Apesar da maioria das críticas ser desfavorável, não achei tão ruim. Pelo contrário, dá para assistir numa boa. Vamos à história. Clara e Fernanda são irmãs gêmeas idênticas (ambas interpretadas por Cléo Pires, filha da Glória). Elas formam uma dupla campeã de vôlei de praia – uma grande forçada de barra do roteiro, já que Cléo tem apenas 1m60. Clara se tratava com o dr. Bruno, um psicoterapeuta especializado em hipnose e regressão. Quando ela sofre um grave acidente de moto que matou o seu namorado e técnico, Clara entra em depressão profunda e acaba numa cadeira de rodas, completamente catatônica, sem responder a qualquer tipo de estímulo. Diante desse quadro, sua irmã Fernanda volta a procurar o dr. Bruno. Ao examinar Clara, ele decide levá-la para sua casa de praia, um enorme casarão onde seu pai, Dr. Afonso (Kiko Bertholini), também psicoterapeuta, tratava antigamente de alguns pacientes graves, utilizando métodos alternativos de terapia. Dr. Bruno acredita que pode ajudar Clara com a mesma forma de tratamento. Como logo seria descoberto, Clara estava possuída pelo espírito de uma menina, uma tal de Lúcia. Aos poucos, o roteiro vai explicando de quem eram aqueles espíritos e o que aconteceu para ficarem tão vingativos, terminando com uma surpreendente revelação. Trocando em miúdos, “Terapia do Medo”, embora tenha uma narrativa bastante arrastada e lenta, prende a atenção e ainda oferece de quebra alguns bons momentos de suspense. Embora o papel duplo seja bastante difícil, fica evidente que Cléo Pires não tem o talento da mãe, Glória. No mais, devo destacar o trabalho da atriz Andressa Cabral como Ingrid, mãe do Dr. Bruno, personagem que terá papel relevante na história.