No transcorrer de “A FESTA” (“THE PARTY”), 2017,
Inglaterra, 1h11m, fiquei com a certeza de que se tratava de uma adaptação de
uma peça teatral. Afinal, a trama tem apenas sete personagens e o palco, aliás,
o cenário, é um só, o interior de uma casa, além de muitos diálogos. A casa é
de Janet (Kristen Scott Thomas) e de seu marido, Bill (Timothy Spall). A festa
é em comemoração à escolha de Janet para o cargo de ministra da Saúde da
Inglaterra. Um jantar para poucos amigos: Tom (Cillian Murphy), April (Patricia
Clarkson), Gottfried (Bruno Ganz), Jinny (Emily Mortimer) e Martha (Cherry
Jones). Enquanto rola a festa, algumas revelações bombásticas e surpreendentes são
feitas, estragando o caráter comemorativo do evento e aniquilando de vez algumas amizades. Há muito humor negro, com
diálogos corrosivos e muito inteligentes, envolvendo política, cultura,
religião, sexo e até assuntos esotéricos. O filme foi escrito e dirigido por
Sally Potter (“Ginger&Rosa”, “Por que Choram os Homens” e “Orlando, a
Mulher Imortal”). Ao assistí-lo, pelo estilo, lembrei de dois filmes de Luis
Buñuel, “O Anjo Exterminador” e “O Discreto Charme da Burguesia”. Não sei se foram eles que inspiraram a diretora Potter. Resumo da
ópera: “A Festa” é ótimo, melhor ainda pelo sensacional elenco.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2019
terça-feira, 22 de janeiro de 2019
“TRÊS
SEGUNDOS” (“Divizhenie Vverkh”
no original, “Three Seconds” nos países de língua inglesa – eu mesmo traduzi o título para o português),
2017, Rússia, 2h13m, roteiro da dupla Nikolay Kulikov e Andrey Kureychik, e
direção de Anton Megerdichev. O filme conta a história de uma das façanhas mais
incríveis, espetaculares e surpreendentes do esporte mundial: a vitória do time
masculino de basquete da Rússia sobre os Estados Unidos nos Jogos Olímpicos de Munique
(Alemanha), em 1972, numa parte das mais polêmicas. Ninguém ganhava dos norte-americanos desde as Olimpíadas
de 1936. “Três Segundos” conta toda a história dessa grande conquista,
começando em 1970, quando Vladimir Garanzhin (Vladimir Mashkov) assume como
técnico da equipe, trocando quase todos os jogadores e introduzindo novos
métodos de treinamento. Em sua apresentação, numa concorrida coletiva de
imprensa, Garanzhin, que dirigia a equipe do Spartak, afirma que seu objetivo é
vencer os norte-americanos nas Olimpíadas de Munique, dois anos depois. Sua
declaração deixou as autoridades esportivas da Rússia revoltadas, pois ninguém
acreditava que algum time ganharia dos EUA. O filme mostra os bastidores dessa
trajetória, incluindo uma excursão aos Estados Unidos para jogos contra equipes
universitárias. Garanzhin queria que seus atletas jogassem como os
norte-americanos, o que seria, para ele, a única forma de vencê-los. O filme
todo é emocionante, tem bom humor, cenas comoventes e um espetacular desfecho,
com a reprodução da grande final. Inacreditável que um filme tão bom não tenha
sido exibido por aqui no circuito comercial. Simplesmente imperdível!
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