quinta-feira, 24 de janeiro de 2019


No transcorrer de “A FESTA” (“THE PARTY”), 2017, Inglaterra, 1h11m, fiquei com a certeza de que se tratava de uma adaptação de uma peça teatral. Afinal, a trama tem apenas sete personagens e o palco, aliás, o cenário, é um só, o interior de uma casa, além de muitos diálogos. A casa é de Janet (Kristen Scott Thomas) e de seu marido, Bill (Timothy Spall). A festa é em comemoração à escolha de Janet para o cargo de ministra da Saúde da Inglaterra. Um jantar para poucos amigos: Tom (Cillian Murphy), April (Patricia Clarkson), Gottfried (Bruno Ganz), Jinny (Emily Mortimer) e Martha (Cherry Jones). Enquanto rola a festa, algumas revelações bombásticas e surpreendentes são feitas, estragando o caráter comemorativo do evento e aniquilando de vez algumas amizades. Há muito humor negro, com diálogos corrosivos e muito inteligentes, envolvendo política, cultura, religião, sexo e até assuntos esotéricos. O filme foi escrito e dirigido por Sally Potter (“Ginger&Rosa”, “Por que Choram os Homens” e “Orlando, a Mulher Imortal”). Ao assistí-lo, pelo estilo, lembrei de dois filmes de Luis Buñuel, “O Anjo Exterminador” e “O Discreto Charme da Burguesia”. Não sei se foram eles que inspiraram a diretora Potter. Resumo da ópera: “A Festa” é ótimo, melhor ainda pelo sensacional elenco.  

terça-feira, 22 de janeiro de 2019


“TRÊS SEGUNDOS” (“Divizhenie Vverkh” no original, “Three Seconds” nos países de língua inglesa – eu mesmo traduzi o título para o português), 2017, Rússia, 2h13m, roteiro da dupla Nikolay Kulikov e Andrey Kureychik, e direção de Anton Megerdichev. O filme conta a história de uma das façanhas mais incríveis, espetaculares e surpreendentes do esporte mundial: a vitória do time masculino de basquete da Rússia sobre os Estados Unidos nos Jogos Olímpicos de Munique (Alemanha), em 1972, numa parte das mais polêmicas. Ninguém ganhava dos norte-americanos desde as Olimpíadas de 1936. “Três Segundos” conta toda a história dessa grande conquista, começando em 1970, quando Vladimir Garanzhin (Vladimir Mashkov) assume como técnico da equipe, trocando quase todos os jogadores e introduzindo novos métodos de treinamento. Em sua apresentação, numa concorrida coletiva de imprensa, Garanzhin, que dirigia a equipe do Spartak, afirma que seu objetivo é vencer os norte-americanos nas Olimpíadas de Munique, dois anos depois. Sua declaração deixou as autoridades esportivas da Rússia revoltadas, pois ninguém acreditava que algum time ganharia dos EUA. O filme mostra os bastidores dessa trajetória, incluindo uma excursão aos Estados Unidos para jogos contra equipes universitárias. Garanzhin queria que seus atletas jogassem como os norte-americanos, o que seria, para ele, a única forma de vencê-los. O filme todo é emocionante, tem bom humor, cenas comoventes e um espetacular desfecho, com a reprodução da grande final. Inacreditável que um filme tão bom não tenha sido exibido por aqui no circuito comercial. Simplesmente imperdível!