sábado, 6 de setembro de 2014
O drama chileno “MATAR A UN HOMBRE”
(“To Kill a Man”), 2013, passa longe, muito longe, de um
entretenimento leve e relaxante. É violento no sentido da violência psicológica,
da tensão permanente. Conta a história de Jorge (Daniel Candia), um pacato pai
de família que vive num bairro pobre de periferia e que se vê constantemente ameaçado
por Kalule (Daniel Antivilo), um marginal grandalhão e valentão que reside nas
redondezas. Toda vez que Jorge volta do supermercado, por exemplo, Kalule e sua
gangue costumam roubar suas compras, além de outros pertences pessoais como,
por exemplo, celular e até os remédios que ele toma para diabete (pois é, além
de tudo, Jorge ainda é diabético). Todo dia era a mesma coisa. Jorge vai à
delegacia de polícia e denuncia o que está acontecendo. A polícia, como sempre,
não faz nada. Dá vontade de chamar Van Damme, um Steven Seagal ou um Bruce
Willis para dar um jeito no valentão e em sua turma. O filme segue e, depois de
alguns acontecimentos inesperados, Kalule volta a perseguir a família de Jorge,
sendo que desta vez o alvo é a sua filha. Aí Jorge finalmente resolve dar um basta.
O filme, dirigido por Alejandro Fernández Almendras, ganhou vários prêmios em
festivais, inclusive sendo eleito o Melhor Filme, na categoria “World Cinema”,
do Sundance Fim Festival 2014.
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
“BELLE”, 2013, dirigido por Amma Asante, é um
drama inglês de época ambientado na segunda metade do Século XIII na
Inglaterra. A história, verídica, é baseada na vida de Dido Elizabeth “Belle”, uma
mulata filha de um Capitão da Marinha e uma escrava. O pano de fundo do filme é
justamente o início de uma campanha na Inglaterra para abolir a escravidão. O filme
começa com o capitão John Lindsay (Matthew Goode) indo buscar “Belle” para levá-la
aos cuidados do tio, Lord Mansfield (Tom Wilkinson), e da tia, Lady Mansfield
(Emily Watson), que muito a contragosto acolhem a menina, que vai crescer ao
lado da prima branca Elizabeth Murray (Sara Gadon). “Belle” é finalmente aceita
pela família e até começa a chamar os Mansfield de pai e mãe. Ela recebe a
melhor educação possível, mas é discriminada nos almoços e jantares quando há
convidados. Segundo a etiqueta da época, é uma ofensa que uma pessoa de cor desfrute
da companhia de convidados numa mesa. A situação de “Belle” e outros fatos
ligados à questão escravagista influenciarão as futuras decisões de Lord
Mansfield, na ocasião o mais importante magistrado da Inglaterra. Apesar desse
pano de fundo, vamos dizer sério, o filme dá muito destaque aos flertes de
jovens, intenções casamenteiras das famílias e muito blá-blá-blá do tipo “olha
como ele é simpático”, naquela fala empolada da época. Isso tudo deixa o filme
com cara de novela, o que tira um pouco do seu mérito. Mas não o descarte. Além
da história em si, o filme vale pelos cenários suntuosos, pelos figurinos e
pela espetacular reconstituição de época.
quinta-feira, 4 de setembro de 2014
“CONGELADO” (“FREEZER”),
2013, EUA, é um drama de suspense dirigido por Mikael Solomon. A história: o
mecânico Robert Saunders (Dylan McDermott) acorda dentro de um contêiner/frigorífico
com peças de carne. Não sabe por que está ali. A única certeza é de que está um
frio bárbaro e, se não sair logo, morrerá congelado. Ou seja, entrou literalmente
numa grande fria. Um tempo depois, dois homens e uma mulher, todos russos, entram
no frigorífico e querem saber de Saunders onde estão os 8 milhões de dólares
que ele roubou do chefão Oleg. Ele diz que não tem nada a ver com isso, que
eles pegaram o carro errado. Saunders leva uma surra, é ameaçado de morte e continua
congelando. Mesmo assim, consegue fazer piadinhas sobre a sua situação. O filme
continua com o entra e sai dos russos no contêiner e as tentativas de Saunders
de fugir dali. O roteiro absurdo ainda abre espaço para o surgimento de um
policial ferido escondido no contêiner. Uma reviravolta - pra lá de ridícula - no
desfecho consagra a mediocridade desse filme, que termina sem explicar como
tudo aconteceu ou começou. Tirando uma ou outra piadinha de Saunders e a beleza
da atriz russa Yuliya Snigir, nada se aproveita desse abacaxi. No final, a
conclusão mais do que óbvia: na realidade, quem entrou numa fria foi você.
quarta-feira, 3 de setembro de 2014
Em
1993, três adolescentes foram presos, julgados e condenados pela morte de três
crianças de 8 anos de idade. O caso é verídico e aconteceu na cidade de West
Memphis (Arkansas), num episódio jurídico dos mais polêmicos. Esta é,
basicamente, a história do drama “SEM EVIDÊNCIAS” (Devil's Knot"), 2013, do aclamado diretor canadense Atom Egoyan.
O filme mostra os bastidores do caso, as controvérsias e deixa bem claro que a
polícia local não conseguiu evidências conclusivas. Pesou mais contra os acusados o fato de serem adeptos de cultos satânicos e ouvirem heavy-metal. Egoyan concentra a história
em Ron Lax (Colin Firth), um investigador particular que se propõe a ajudar os
advogados de defesa. É o primeiro a desconfiar que os jovens podem ser inocentes.
Pelo lado das vítimas, o destaque é dado a Pam Hobbs (Reese Witherspoon), mãe
de um dos meninos assassinados, que no final também passa a suspeitar da
decisão da justiça. Nos créditos finais surgem as informações sobre o que
aconteceu depois, revelando muitas surpresas e uma reviravolta. Com um diretor
tão conceituado como Egoyan (de “O Preço da Traição” e “O Doce Amanhã”) e
atores como Colin Firth e Reese Whitherspoon, podíamos esperar um filme bem
melhor. Foi feito de forma burocrática, no piloto automático. Mas vale como interesse pelo caso que
teve grande polêmica nos EUA.
Mais
um bom filme argentino (como se isso fosse novidade). Trata-se de “UM AMOR” (“Un Amor”), 2011, dirigido por Paula Hernandez. É um drama romântico
e nostálgico, centrado na amizade de dois homens e uma mulher que se conheceram
na adolescência. Nos anos 70, Bruno e Lalo moram em Victoria, cidadezinha no
interior argentino, e são amigos inseparáveis. Até que chega Lisa, uma menina
extrovertida, alegre e sensual, para
passar as férias de verão. Todos por volta dos 15 anos de idade. Lisa logo se
enturma com a dupla de amigos e não se desgruda deles. Os dois, é claro, se
apaixonam por ela, sem que isso interfira na amizade de ambos. Não mais que de
repente, Lisa vai embora com a família, deixando Bruno e Lalo desconsolados. O
tempo passou e cada um seguiu um caminho diferente pela vida. Lisa foi morar no
Brasil e depois na Venezuela. Bruno virou roteirista de séries de TV, casou e
mudou para Buenos Aires. Lalo ficou em Victoria e assumiu a oficina de
automóveis do pai. Trinta anos depois, Lisa chega a Buenos Aires para
participar de uma conferência relacionada ao seu trabalho e resolve procurar os
antigos amigos. O reencontro trará recordações alegres, colocará à tona alguns segredos escondidos
e reavivará as paixões de antigamente. No fim, mais uma vez, a amizade estará
acima de tudo. Os atores que fazem o trio jovem é muito bom (Alan Dalca, como
Bruno, Denise Groesman, como Lisa, e Agustin Pardella, como Lalo). O elenco
adulto mantém a qualidade: Diego Peretti (Bruno), Elena Roger (Lisa) e Luis
Ziembrowski (Lalo). Um filme simples, mas com conteúdo.
segunda-feira, 1 de setembro de 2014
“ACONTECEU EM SAINT-TROPEZ” (“Des
Gens qui S’Embrassent”), 2013, é uma comédia francesa dirigida por Danièle
Thompson. A história gira em torno de dois irmãos judeus, o milionário Ronie
(Kad Merad) e o violinista clássico Zef (Eric Elmosnino). Ronie mora em Paris e
Zef está em turnê por Nova Iorque. Começa o filme com Ronie e sua esposa
Giovanna (a musa Monica Bellucci) às voltas com os preparativos da festa de
casamento da filha Melita (Clara Ponsot). Dois dias antes do casório, porém, a
esposa de Zef morre atropelada em Nova Iorque. Como a família dela também é
francesa, o corpo deve ser removido para Paris. Como conciliar uma festa de
casamento com um velório no mesmo dia, para os quais os convidados são os mesmos?
Paralelamente a esta situação inusitada, várias outras surgem no meio do
caminho, como as peripécias do velho Aron (Ivry Gitlis), chefe do clã, que está com
Alzheimer, a traição do noivo com outra integrante da família e por aí vai filme
adentro com uma incontável série de divertidas confusões. O filme tem locações em
Nova Iorque, Londres, Paris e Saint-Tropez. Se não bastasse ser bastante
engraçado, o filme ainda apresenta, como atração adicional, a presença de três belas
e competentes atrizes: Monica Bellucci, é claro, Lou de Laâge e Clara Ponsot.
“GUERRILHA SEM FACE” (“The Dancer Upstairs”) é um suspense político de 2001 (co-produção
EUA/Espanha). Trata-se do filme de estreia do ator John Malkovich na direção. Não
lembro se o filme foi exibido nos cinemas ou se saiu direto em vídeo. A
história é inspirada no caso real da perseguição e prisão, em 1992, de Abimael
Guzman, líder do grupo guerrilheiro peruano Sendero Luminoso. O enredo é
centrado no trabalho do ex-advogado e agora capitão de polícia Agustin Rejas (o
ator espanhol Javier Bardem), chefe da equipe responsável pelas investigações que
resultaram na captura de Guzman. Agustin sofre uma pressão muito grande do
governo peruano – na época, uma ditadura -, que exige a rápida prisão de
Guzman. O filme mostra os bastidores das investigações, incluindo a interferência
do exército peruano, cujos métodos violentos o chefe de polícia repudia e luta
contra, colocando em risco o seu próprio cargo. Durante as investigações,
Agustin se envolverá num romance com a professora de balé da sua filha. A
professora, Yolanda (a bela atriz italiana Laura Morante), terá um papel de destaque na história. O filme mostra a face violenta e
sanguinária do Sendero Luminoso, de tendência maoísta, responsável, em seus 20
anos de existência (1980 a 2000), por pelo menos 70 mil assassinatos. Malkovich
fez um bom filme político, não ao mesmo nível, mas ao estilo de diretores como Costa-Gravas e Gillo Pontecorvo, e vale a pena assistí-lo para
relembrar um dos fatos mais importantes da história do Peru e da própria
América Latina.
domingo, 31 de agosto de 2014
Tudo leva a crer que é um filme de Woody Allen. Os cenários destacam Nova
Iorque, mais especificamente o bairro judeu do Brooklyn, a trilha é feita de
jazz anos 30/40, tem piadas com judeus e os diálogos são construídos com aquela
ironia característica do grande diretor. Com o transcorrer do filme, porém,
você vai descobrir que “AMANTE A
DOMICÍLIO” (“Fading Gigolô”), 2013, não é um Allen genuíno, e sim uma imitação,
reforçada pela presença do próprio Woody Allen no elenco. Na verdade, o filme
foi escrito e dirigido por John Turturro, que também é o protagonista principal.
Ele é Fioravante, funcionário de uma floricultura. Seu amigo Murray (Allen) está
sem dinheiro e não sabe o que fazer. Até surgir a ideia de ser o gigolô de um “garoto
de programa”, justamente Fioravante. A primeira “cliente” é a dra. Parker
(Sharon Stone, ainda em grande forma), seguindo-se a socialite Selemina (a
vulcânica atriz colombiana Sofia Vergara) e Avigal (Vanessa Paradis), viúva de
um rabino. Com seu jeito tímido, Fioravante cai nas graças da clientela. Mesmo anunciado como comédia, o humor
do filme é morno e a história não engrena. Resumo da ópera, ou melhor, do
filme: Turturro não é Allen.
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