sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

 

“ARMADILHA DO CAÇADOR” (“THE BIRD CATCHER”), 2021, coprodução Noruega/Inglaterra/Irlanda do Norte, 1h40m, disponível na plataforma Amazon Prime Video, direção de Ross Clarke (é o seu segundo longa-metragem; o primeiro, de 2014, foi “Desiree”), seguindo roteiro assinado por Trond Morten Kristensen, que se baseou em fatos reais. Estamos em 1942, com a Noruega dominada pelos nazistas. Numa pequena cidade do interior, a jovem Esther (Sara-Sofie Boussnina), consegue fugir dos alemães depois que seu pai e sua mãe são mortos, como aconteceu com muitos judeus noruegueses. Em meio a um cenário de gelo e muito frio, com fome e perdida, Esther consegue chegar a uma fazenda, onde é acolhida e escondida no celeiro pelo jovem Aksel (Arthur Hakalahti), filho do casal de fazendeiros, Johann (Jacob Cedergren, de “Culpa”) e Anna (Laura Birn). Esther mal podia adivinhar que Johann é simpatizante dos alemães e odeia judeus, ingleses e russos. Quando o cerco aperta, Esther resolve cortas os cabelos bem curtos e se transforma em um rapaz que se diz à disposição para trabalhar na fazenda. Aos poucos, Ola (o novo nome que inventou) ganha a confiança dos patrões, a ponto deles a considerarem mais filho do que Aksel, que, por sua deficiência física, sempre foi rejeitado pelo pai. Enquanto isso, sem querer, Ola/Esther descobre que sua patroa Anna está de caso com um oficial alemão, Herman (August Diehl). Realmente, as coisas não vão bem para o lado de Johann. Além da traição da mulher, ele terá que enfrentar o embargo de sua fazenda pelos alemães. O telespectador logo percebe que a história caminha para um final trágico. Dito e feito! “Armadilha do Caçador” é um drama bastante pesado, como a maioria dos episódios de uma guerra, mas é um belo filme que merece ser assistido por quem curte cinema de qualidade. Só achei um grande defeito, o fato de ser falado em inglês. Mas nem isso tira os méritos desse excelente drama norueguês.          

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

 

“OBSERVADORES” (“THE VOYEURS”), 2021. Estados Unidos, 1h56m, produção original Amazon Studios, distribuição pela Amazon Prime Video, roteiro e direção de Michael Mohan. Trata-se de um suspense muito interessante, com altas doses de erotismo e um roteiro com muitas reviravoltas. A jovem oftalmologista Pippa (Sydney Sweeney) e seu namorado Thomas (Justice Smith) alugam um apartamento no centro de Montreal (Canadá). No edifício em frente, do outro lado da rua, em um amplo apartamento com grandes janelas sem cortinas, eles começam a acompanhar a rotina de um casal, ele um fotógrafo profissional que mantém um estúdio dentro do próprio apartamento. Pippa e Thomas, com um binóculo, acompanham o casal fazendo sexo várias vezes. Enquanto Thomas não liga muito para o cenário, Pippa começa a ficar obcecada pelo casal, que depois descobriria ser ele Seb (Ben Hardy) e ela Julia (Natasha Liu Bordizzo). Pippa flagra Seb fotografando belas modelos e depois transando com elas. Com pena da mulher traída, e contra os conselhos de Thomas, Pippa resolve interferir, acabando por se envolver com o casal, se metendo numa grande enrascada. A partir daí, o roteiro torna-se mais dinâmico com muitas surpreendentes reviravoltas, valorizando o suspense e o clima de tensão, fazendo a gente lembrar o clássico “Janela Indiscreta” (1954), de Alfred Hitchcock. Não estou querendo comparar a qualidade de um ou de outro, mas pelo tema semelhante. Ao contrário do filme de Hitchcock, aclamado até hoje, a grande maioria dos críticos especializados não gostou de “The Voyeurs”, mas eu, modesto cinéfilo, achei bastante interessante, ousado e criativo.       

terça-feira, 30 de novembro de 2021

 

“DUAS BALAS” (“TUER UM HOMME”), 2017, França, produção Eurochannel, 1h25m, roteiro e direção de Isabelle Czajka. Meio escondido no catálogo da Amazon Prime Video, encontrei este excelente drama familiar, um thriller psicológico da melhor qualidade. O ponto de partida é o assalto à joalheria de Matteo Belmonte (Frédéric Pierrot). Mesmo ameaçada com uma arma apontada para sua cabeça, Christine (Valérie Karsenti), a esposa de Matteo, se recusa a entregar as joias e o bandido diz que vai matá-la. Da oficina da joalheria, Matteo ouve as ameaças do ladrão, pega seu revólver e corre para a joalheria. Quando vê que sua mulher corre perigo, Matteo atinge o bandido com dois tiros (as duas balas do título). O bandido morre e, pasmem, Matteo é acusado de assassinato e pode pegar cadeia. Tudo porque o revólver do ladrão era de brinquedo. Segundo a justiça francesa, o fato de o bandido estar com uma arma de brinquedo não justifica a atitude de Matteo, principalmente pelo fato de ele dar o segundo tiro. Para nós, espectadores, e para os comerciantes da rua, vizinhos e amigos de Matteo, ele simplesmente agiu no instinto de autodefesa. Melhor ainda, em defesa da esposa. Sem falar que a joalheria já tinha sido assaltada três vezes. Com a morte do bandido, um rapaz negro de 22 anos, o caso ganha grande repercussão e acaba afetando o relacionamento de Matteo com a esposa e a filha Romy (Eva Lallier). Se o casamento já não ia muito bem, piorou muito depois do assalto, principalmente depois que Christine começa a ter surtos histéricos. E por aí vai o drama do coitado do Matteo até o seu julgamento no desfecho do filme. E que atores maravilhosos são Frédéric Pierrot e Valérie Karsenti. “Duas Balas” é um drama muito interessante que aborda questões polêmicas da atualidade, como racismo, culpa, controle de armas e leis que favorecem os bandidos (não lembra outro país?). Não perca!

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

 

“PESADELO NAS ALTURAS” (“HORIZON LINE”), 2020, coprodução EUA/Suécia, 1h31m, disponível na plataforma Amazon Prime Video, direção do cineasta sueco Mikael Marcimain (“Rua Cloverfield,10”), seguindo roteiro de Josh Campbell e Matthew Stuecken. Um drama com toques de suspense e aventura, com 90% de duração ambientados dentro de um pequeno avião e com muita turbulência, o que talvez exija que os espectadores mais sensíveis tomem um Dramin antes de ligar o play. Bem, vamos à história. Acostumada a passar períodos de férias nas Ilhas Maurício (apesar do nome, é apenas uma ilha e, mais, um país), Sara (Allison Williams, de “Corra”) tem um caso rápido com o mergulhador profissional Jackson (Alexander Dreymon) e, sem se despedir do namorado, volta para Londres. Um ano depois, ela retorna às Ilhas Maurício para prestigiar o casamento de uma amiga, que será realizado numa tal de ilha Rodrigues, a cerca de 100 quilômetros (só em filme!). Uma balsa está programada para levar os convidados e Sara não consegue embarcar. A solução foi recorrer ao aluguel de um pequeno e velho avião que, olhando, não inspira muita confiança (lembra aqueles velhos Teco-Tecos de antanho). O piloto é um antigo amigo de Sara, Freddy Wyman (Keith David). Quando Sara está prestes a embarcar, eis que surge justamente Jackson, que pelo jeito também perdeu a balsa, e também embarca. No começo da viagem, porém, lá nas alturas, acontece o pior: Freddy sofre um enfarto e morre. Ou seja, “Apertem os Cintos que o Piloto Enfartou”. Daí para a frente Sara e Jackson passarão por terríveis situações de perigo que, não fosse o cinema, acabaria com todo mundo morto. Mas os roteiristas apelaram para o absurdo, incluindo abastecer o tanque do avião com rum. E, pior, o bocal do tanque fica numa das asas. Dá para imaginar o que vai acontecer? Tanta baboseira, sem falar no fraco desempenho dos atores, levou os críticos especializados a decretar que este é um dos piores lançamentos da Amazon Prime, no que concordo em gênero, número e grau. Isso não quer dizer que você não possa assistir, mas quem avisa amigo é.