sábado, 18 de janeiro de 2014

Quem gostava de acompanhar o Campeonato Mundial de Fórmula 1 nos seus bons e românticos tempos vai adorar assistir “Rush, no Limite da Emoção” (“Rush”), 2013, uma co-produção EUA/Alemanha/Inglaterra, do diretor Ron Howard. O filme é bom da largada à bandeirada final, ou seja, do começo ao fim, com muita ação. Conta a história da rivalidade de dois pilotos que se consagraram na categoria, o inglês James Hunt e o austríaco Niki Lauda. Os dois já eram grandes rivais na Fórmula 3. Tudo é baseado em fatos reais, desde os bastidores das corridas, a vida particular de Hunt e Lauda até a disputa das provas, a maioria delas no decorrer do campeonato de 1976, durante o qual Niki Lauda sofreu um gravíssimo acidente. A recuperação dele no hospital é mostrada em cenas quase chocantes, com muito sofrimento do piloto durante certos procedimentos e seu esforço para se recuperar e voltar às pistas. É impressionante a atuação do ator alemão Daniel Brühl como Lauda. Parece que a gente está vendo o próprio atuando. E o australiano Chris Hemsworth (o mesmo de “Thor”), como Hunt, mostrou que também é um bom ator. É cinemão pra ninguém botar defeito. Coloque o cinto de segurança e assista.  

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014


“Até a Eternidade” (“Les Petits Mouchoirs”), de 2010, é, na minha opinião, um dos melhores filmes franceses deste século. Resumo: é tradição para um grupo de amigos na faixa dos 40 passar alguns dias de férias numa casa. Eles resolvem manter a tradição mesmo que um deles tenha sofrido um grave acidente e esteja internado. No tempo em que passam juntos, sem o amigo acidentado, surgem lembranças do passado, velhos amores, uma ou outra revelação acontece. Os diálogos são inteligentes e adultos. Além disso, um elenco só de feras: Marion Cotillard, François Cluzet, Jean Dujardim, Gilles Lellouche, Benoit Magimel... Um filme simplesmente imperdível

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014


O surpreendente drama australiano “Last Dance” estreou no Melbourne International Film Festival 2012 com grande sucesso de público e crítica. E, realmente, o filme é muito bom. É dirigido por David Pulbrook e conta a história de Mohammad Sadiq (Firass Dirani), um palestino fanático que participa de um atentado a bomba numa sinagoga de Melbourne. Mesmo ferido, ele consegue escapar do local e, na fuga, sequestra uma senhora judia, Ulah Lippmann (Julia Blake), escondendo-se em seu apartamento. Aqui, refém e sequestrador ficarão confinados durante dias. O filme inteiro baseia-se no relacionamento dos dois, em suas conversas, recordações das tragédias que atingiram a ambos e discussões sobre a questão Israel/Palestina. O filme é bastante sensível e, em alguns momentos, até comovente, como na cena que dá o nome ao filme. Se chegar ao Brasil, “Last Dance” deverá ser exibido apenas nos circuitos dos cinemas de arte, o que será uma pena. 
A atriz inglesa Gabrielle Anwar, aquela mesma da famosa cena da dança de tango com Al Pacino em “Perfume de Mulher” (1992), hoje quarentona, é a principal protagonista do drama “Rapto de Sangue” (“Long Lost Son”) – EUA, de 2006, dirigido por Brian Trenchard-Smith. Ela é Kristen, que sofre a perda do filho Matthew, de 4 anos, e do marido Quinn (Craig Sheffer), ambos mortos num acidente de barco. Quatorze anos depois, Kristen, casada de novo, assiste a um vídeo de viagem na casa de amigos e, para sua grande surpresa, identifica seu ex-marido ao lado de um jovem que provavelmente seria seu filho desaparecido. Eles vivem numa ilha paradisíaca – o filme não diz o nome, mas deve ser no Caribe. Kristen decide viajar para lá e tentar recuperar o filho que não viu crescer. O mar da ilha é espetacular. O filme é meio açucarado, ideal para uma sessão da tarde com a família. Só faltou um golfinho amigo. 

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

“Segredos Mortais” (“Down the Shore”), de 2011 (EUA), é um drama que conta a história de três quase cinquentões, amigos de infância, que vivem na Costa de Jersey e se mantêm em contato. Dois deles se casaram: Mary (Famke Janssen) e Wiley (Joseph Pope). O solteirão é Bailey (James Gandolfini), que sempre foi apaixonado por Mary. O casamento de Mary com Wiley está em crise, principalmente pelo fato dele ter entrado nas drogas e ficado violento. Esse clima pesado vai desgastar de vez a amizade dos três amigos. Aí acabam vindo à tona alguns segredos a que se refere o título, motivo dos traumas que os amigos carregam desde que eram jovens. No meio disso ainda aparece um italiano que casou com a irmã de Bailey em Paris e chega para dar a notícia da morte dela. O ritmo do filme é devagar quase parando, um tanto arrastado e monótono. E é exatamente assim que vai terminar. Pelo menos tem dois bons atores: Gandolfini, morto em junho de 2013, e a holandesa Janssen.               

 

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

“Tudo por justiça” (“Out of the furnace”), produção EUA de 2013, é um filme violento, a mulherada vai detestar. Lembra um pouco “O Clube da Luta”, com Brad Pitt, mas é mais violento, pois também tem violência fora das lutas. O soldado Rodney (Casey Affleck), sempre que volta do Iraque para suas folgas, torra seu dinheiro em jogatinas. Para pagar o que deve, o que não é pouco, acaba participando daquelas lutas “vale tudo”. Aí entra numa fria e acaba assassinado. Seu irmão Russel (Christian Bale), operário de uma siderúrgica, recém-saído da prisão, parte para a vingança. O clima de tensão predomina no filme todo, graças à direção de Scott Cooper e às ótimas performances de Bale e, principalmente, de Woody Harrelson, como o vilão psicótico da história. O elenco conta ainda com Forest Whitaker, William Defoe, Sam Shepard e a morena Zoë Saldaña. Quem quiser se divertir e relaxar, pegue outro filme.            

 
“Escuridão” (“Dark”) é um terror inglês de 2004. Admira que dois atores talentosos, Maria Bello e Sean Bean, tenham entrado nessa “gelada” polar. A história é absurda, malcontada e malconduzida pelo diretor John Fawcet. Só pra exemplificar, uma menina volta ao mundo dos vivos depois de 50 anos de sua morte. Mesmo sabendo que ela morreu há tanto tempo, todo mundo encara seu retorno como algo normal. Esta é apenas uma das grandes falhas do filme. Fora que não tem sustos nem suspense. Resumo da história: Adèle (Bello) vai com a filha Sarah visitar o ex-marido James (Bean) no País de Gales. Ele mora lá no cafundó, numa cabana isolada no litoral (o cenário é deslumbrante, única coisa que se salva nesse filme). Num passeio pela praia, Sarah cai e desaparece no mar, deixando os pais – e principalmente a mãe - completamente histéricos. Os clichês do gênero estão todos lá, a começar pelo sótão mal-assombrado. Escuridão por escurid ão, prefira a do seu quarto. Aliás, o filme bem que poderia se chamar “Apagão”. 

domingo, 12 de janeiro de 2014


Como mostra “O Porto” (“Le Havre”), co-produção Finlândia/Alemanha/França de 2011, ainda há pessoas no mundo com espírito humanitário, solidárias e preocupadas com o próximo. Este é Marcel Marx (André Wilms), escritor frustrado que vai morar com a mulher Arletty (Kati Outinen) na cidade portuária de Havre. Marcel trabalha como engraxate. Um dia, a polícia descobre um contêiner no cais abarrotado de imigrantes ilegais provenientes do Gabão. Um deles, o jovem Idrissa (Blondin Miguel) consegue fugir das autoridades e se esconde. Enquanto isso, Arletty é internada no hospital local com uma doença grave e Marcel acaba conhecendo e acolhendo Idrissa em sua casa. Como o jovem tem a intenção de encontrar a mãe em Londres, Marcel vai fazer de tudo para conseguir o dinheiro para ele viajar. Até promover um concerto de rock. Apesar do tema sugerir um drama, o diretor finlandês Aki Kaurismäki não deixa o bom-humor de lado. O filme ganhou o Grande Prêmio da Crítica no Festival de Cannes 2011. “O Porto” é um filme bastante sensível e comovente, irresistível e imperdível.
“O Garoto da Bicicleta” (“Le Gamin au Vélo”) é uma co-produção Bélgica/França/Itália de 2011. Conta a história de Cyril (Thomas Doret), um menino de 11 anos que fica obcecado por encontrar o pai que o abandonou num orfanato. Cyril é problemático, revoltado, irascível. Ele só se acalma quando está ao lado de Samantha (Cécile de France), dona de um salão de beleza que se torna quase uma tutora do menino. O filme tem momentos de rara sensibilidade, principalmente quando enfoca a amizade entre Samantha e Cyril. Este foi o quarto filme dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne. Os outros, ótimos também, foram “Rosetta” (1999), “A Criança” (2005) e “O Silêncio de Lorna” (2008).

   

Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2013 e Palma de Ouro no Festival de Cannes 2012, “Amor” (“Amour”) é um dos mais comoventes filmes dos últimos anos. Georges (Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva) formam um casal de idosos vivendo sozinhos num amplo apartamento. Conversam bastante, dividem recordações e têm gestos afetuosos um com o outro. Mas o cérebro de Anne, de repente, começa a falhar. Sem contar com a ajuda da filha, a musicista Eva (Isabelle Huppertd), que está sempre viajando para apresentações, Georges assume a responsabilidade de cuidar da esposa. O nome do filme vem dessa dedicação, dessa entrega total. O diretor é o austríaco Michael Haneke (o filme concorreu ao Oscar representando a Áustria). Emmanuelle Riva, aos 85 anos, era a grande favorita para o Oscar de Melhor Atriz. Perdeu para Jennifer Lawrence, o que foi uma das maiores injustiças do prêmio até hoje. Um filme sensível, simplesmente imperdível!