sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

 

“UM HOMEM DE AÇÃO” (“UM HOMBRE DE ACCIÓN”), 2022, Espanha, produção original e distribuição Netflix, 1h51m, direção de Javier Ruiz Caldera, seguindo roteiro assinado por Patxi Amezcua. Trata-se da versão biográfica para o cinema da vida do famoso anarquista espanhol Lucio Urtubia Jiménez (1931-2020), amigo de Albert Camus, André Breton e do mítico anarquista espanhol Quico Sabaté. Chegou, inclusive, a conversar com Che Guevara sobre um plano para desestabilizar a economia dos Estados Unidos. O filme acompanha a vida de Lucio de 1940 até 1980, deste a infância pobre até a marginalidade, começando com pequenos assaltos até chegar ao contrabando, assalto a bancos e falsificador de dinheiro, cheques e documentos. Em 1954, se refugiou na França. Depois de fugir da Espanha, Lucio começa a trabalhar como pedreiro e casa com a ativista Anne (Liah O’Prey), mas jamais abandona o causa anarquista, ingressando na Juventude Libertária "Fédération Anarchiste". Esperto, ele sempre escapa das garras do inspetor Costello (Alexandre Blazy), da polícia parisiense, até o dia em que começa a falsificar e trocar cheques de viagem do norte-americano e poderoso First National Citry Bank. Também estão no elenco Fred Tatien, Ana Polvorosa e Miki Esparbé. Além da incrível história propriamente dita, a primorosa reconstituição de época – cenários, figurinos, trilha sonora - é mais um dos trunfos desse ótimo drama biográfico espanhol, com um fundo político muito forte sobre os movimentos de esquerda na Europa. Sem dúvida, um dos melhores lançamentos da Netflix em 2022. Imperdível!                    

 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

 

“FRAÇÃO DE SEGUNDOS” (10 MINUTES GONE”), 2019, coprodução EUA/Canadá, 1h29m, em cartaz na Netflix, direção de Brian A. Miller, seguindo roteiro de Jeff Jingle e Kelvin Mao. Suspense policial que começa prometendo muito e acaba mesmo só na promessa. A história gira em torno de um assalto a um banco na região central da cidade de Cincinnati (Ohio). Tudo é muito confuso, começando pelo alvo do assalto: o que a gangue queria roubar? Enquanto o assalto acontece – e dá errado, pois um alarme dispara e logo chega a polícia -, alguns homens acompanham tudo pela janela de um edifício, um deles Rex (Bruce Willis), que parece ser o sujeito que contratou a gangue. Quando o assalto termina, o bando foge, deixando para trás dois de seus integrantes, um dos quais será assassinado. Sobra seu irmão, Frank (Michael Chiklis), que sai em busca de vingança, acreditando ter sido enganado pelo resto do grupo. Os diálogos são patéticos, de um nível subterrâneo, e as cenas são pra lá de constrangedoras. Afinal, quem é aquela loira que fala pelo telefone em Buenos Aires? Terrível. Mais um daqueles filmes para deletar da memória, lembrando mais uma vez o final da carreira lamentável do ator Bruce Willis, afastado recentemente dos estúdios por razões médicas. Nos últimos anos, Willis apareceu em dezenas de filmes medíocres quase sempre interpretando personagens secundários, mas o material de divulgação insistindo em colocá-lo em destaque, caracterizando evidente propaganda enganosa. “Fração de Segundos” é muito ruim.                               

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

 

“SAÍDA À FRANCESA” (“FRENCH EXIT”), 2021, Amazon Prime Video, coprodução Canadá/Irlanda/Inglaterra, 1h53m, direção de Azazel Jacobs, seguindo roteiro de Patrick DeWitt - autor do livro homônimo que deu origem ao filme. Trata-se de uma comédia dramática centrada no relacionamento complicado entre a viúva Francis Price (Michelle Pfeiffer) e seu filho único Malcolm (Lucas Hedges). Socialite conhecida em Nova York, antes de alto quilate, mas agora completamente falida, Francis resolve aceitar a sugestão da amiga Joan (Susan Coyne) para morar em seu apartamento vazio em Paris e fugir dos escândalos que fizeram de sua vida um inferno, como a acusação da morte do marido, a prisão e a falência. Juntando o dinheiro que restou, Francis parte para a capital francesa levando o filho e o gato Jack. É muito fácil resumir a personalidade da viúva como uma mulher possessiva, depressiva, arrogante e amarga. Seu pensamento: gastar todo o dinheiro que sobrou e morrer. Antes disso, porém, o apartamento parisiense se transforma numa verdadeira romaria de personagens. Primeiro uma vizinha intrometida, madame Reynard (a ótima Valerie Mahaffey), depois a jovem vidente Madeleine (Danielle MacDonald), e ainda Julius (Isaach de Bankolé), detetive particular contratado para localizar o gato da viúva. A confusão não termina por aqui. Ainda chegarão ao apartamento Susan (Imogen Poots), a antiga namorada de Malcolm, que chega dos Estados Unidos carregando o novo namorado a tiracolo, o bonitão Tom (Daniel Di Tomasso). E, para terminar, também chega Joan, a proprietária do apartamento. Não espere um ritmo acelerado e sim uma certa lentidão, mas com bons diálogos. Toda a história gira em torno da viúva Frances, personagem valorizada não apenas pelo roteiro, mas pelo ótimo desempenho da veterana atriz Michelle Pfeiffer, indicada ao Globo de Ouro por esse papel. Sem dúvida, Pfeiffer dá um show. Aos 64 anos, ela continua bonita e adoravelmente charmosa. Só ela vale o ingresso, mas também é preciso destacar como o filme consegue ser agradável sem exagerar no drama e muito menos na comédia. Um filme adulto que merece ser conferido e uma ótima oportunidade para curtir o imenso talento de Michelle Pfeiffer, ainda em grande forma.