“ESCOBAR
– A TRAIÇÃO” (“LOVING ESCOBAR”), 2018, Espanha, roteiro e
direção de Fernando León de Aranoa (“Segunda-Feira ao Sol”). Baseado no livro “Amando
a Pablo, Odiando a Escobar”, da jornalista colombiana Virginia Vallejo, este
talvez seja o melhor filme sobre a trajetória e personalidade, ascensão e queda de Pablo Escobar,
que durante a década de 80, como líder do Cartel de Medellín, foi o traficante
de drogas mais importante da Colômbia, responsável por alimentar de cocaína,
durante quase uma década, o mercado dos Estados Unidos. Em 1981, a jornalista
Virginia Vallejo (Penélope Cruz), apresentadora de grande popularidade da TV
colombiana, teve um caso com o famoso traficante (Javier Bardem), que na época era
casado com Maria Victoria (Julieth Restrepo). Humilhada pelo amante e correndo
risco de vida por causa dessa relação, Virgínia decide colaborar com a DEA
(agência anti-drogas do governo norte-americano), entregando os segredos mais
escabrosos do traficante. Em 1982, quando o governo dos EUA (Ronald Reagan)
decidiu fazer um acordo com o governo colombiano para a prisão e extradição de
Escobar, o traficante resolveu se candidatar a deputado federal para barrar o
projeto norte-americano. Venceu as eleições e continuou a traficar, até ser
morto em 1993, aos 44 anos. O filme é bastante esclarecedor quanto a
personalidade de Escobar, que um dia diz ao filho: “Se não te respeitam, façam
com que o temam”. A frase representa exatamente a filosofia do traficante
colombiano, para quem a lealdade era ponto de honra. Um ótimo desempenho de
Javier Bardem no papel de Escobar, mas achei que Penélope Cruz, mulher de Bardem
na vida real, exagerou na sua interpretação da apresentadora colombiana. De
qualquer forma, na minha opinião é um ótimo e definitivo filme sobre o famoso traficante
colombiano.
sábado, 20 de outubro de 2018
sexta-feira, 19 de outubro de 2018
“VIVA
A FRANÇA!” (“EN MAI FAIS CE QU’IL TE PLAÎT”), 2015, França, roteiro
e direção de Christian Carion. Trata-se de mais um drama histórico da Segunda
Guerra Mundial baseado em fatos reais. Em maio de 1940, quando era iminente a
invasão da França pelas tropas do exército alemão, os franceses residentes no
norte do país resolveram fugir para o sul, contrariando ordens do governo
central. Deixando tudo para trás, mais de 8 milhões de franceses marcharam para
o sul, transformando essa fuga no maior movimento migratório de toda a
História. “Viva a França!” aborda o tema centrando a trama na população de um
pequeno vilarejo, cujo prefeito Paul (Oliver Gourmet) convence todos a fugir da
aproximação das tropas nazistas. O filme acompanha a saga de velhos, mulheres e
crianças estrada afora, numa marcha triste, desesperançada, quase fúnebre. As
cenas mais fortes e chocantes são aquelas em que os comboios de civis são
metralhados por aviões alemães, caracterizando um dos mais hediondos e abomináveis
crimes de guerra. Além de Gourmet, estão no elenco August Diehl, Mathilde
Seigner, Alice Iaaz, Matew Rhys e Laurent Guerra. Ah, a trilha sonora é
assinada pelo grande Enio Morricone. O filme foi exibido no Brasil durante a
programação do Festival Varilux de Cinema Francês/2016.
quinta-feira, 18 de outubro de 2018
“OPERAÇÃO
FINAL” (“OPERATION FINALE”), 2018, EUA, direção de Chris
Witz, com roteiro de Matthew Orton, produção da Netflix (o que significa que provavelmente
não chegará a ser exibido nos circuitos comerciais). A história é toda baseada
em fatos reais, bastante conhecidos. Em 1960, portanto quinze anos depois do
final da Segunda Guerra Mundial, agentes do Mossad (serviço secreto de Israel) localizaram
o nazista Adolf Eichmann na Argentina, conseguindo sequestrá-lo e enviá-lo para
ser julgado em Israel. Como todo mundo sabe, Eichmann foi o grande idealizador
dos campos de concentração e da “Solução Final”, o holocausto de 10 milhões de
pessoas, a maioria judeus. Os bastidores de toda essa história estão neste ótimo
drama histórico, talvez o melhor já feito sobre a prisão de Eichmann. O filme
também dá destaque a um fato bastante tenebroso: a presença maciça de nazistas
na Argentina. O ator inglês Ben Kingsley rouba a cena como o assassino nazista,
numa interpretação digna de Oscar (ele já é dono da estatueta de Melhor Ator por "Gandhi", em 1983). Outra boa presença é a do ator guatemalteco
Oscar Isaac como Peter Malkin, chefe da equipe do Mossad. Aliás, a cena em que
o israelense barbeia Eichmann com uma navalha é uma das mais angustiantes que
já vi no cinema. Também estão no elenco Joe Alwyn, Mélanie Laurent e Greta
Scacchi. Fiquei triste ao constatar que a atriz italiana Greta Scacchi, que faz
o papel de Vera Eichmann, esposa do nazista, está envelhecida e bastante
inchada, embora ainda moça (58 anos). Era uma atriz lindíssima, uma das minhas
musas do cinema. O diretor Chris Weitz tem uma boa carreira em Hollywood, com filmes como "A Bússola de Ouro", "Um Grande Garoto" e "A Saga Crepúsculo: Lua Nova". Este "Operação Final" talvez seja o seu melhor filme.
quarta-feira, 17 de outubro de 2018
“O PROFESSOR DO CAMPO” (“VENKOVSKÝ
UCITEL”) – A tradução do título em português é minha, baseada no título original
vertido para o inglês “The Country Teacher”. Tive a sorte de desencavar esse
excelente drama de 2008 produzido na República Checa, escrito e dirigido por
Bohdan Sláma. A história é centrada no jovem Petr Dolezal (Pavel Liska), um
professor de Ciências Naturais que sai da Praga para lecionar numa escola
pública da zona rural. Seu jeito não engana: ele é homossexual. Mas segura a
barra, ou seja, fica dentro do armário para não prejudicar sua reputação. Só
que ele acaba conhecendo a viúva Marie (Zuzana Bydzovská), com quem faz uma
forte amizade. A porta do armário começa a se abrir quando Petr se apaixona pelo filho de Marie, o adolescente Chlapec (Ladslav Sedivy). O pano de fundo homossexual
é tratado com muita sensibilidade pelo diretor Sláma, que soube dosar o drama
vivido pelo professor com momentos bastante comoventes. O ator Pavel Liska e a
atriz Zuzana Bydzovská – principalmente ele – dão um show de interpretação. Enfim,
o filme é ótimo, cinema da melhor qualidade.
terça-feira, 16 de outubro de 2018
“A
FUGA” (“THE ESCAPE”), 2017, Inglaterra, roteiro e direção de Dominic
Savage (mais conhecido como roteirista e diretor de séries da TV inglesa). A
história: Tara (Gemma Arterton) é uma mulher que entrou na casa dos trinta e
começa a rever os seus valores. Ela é casada com Mark (Dominic Cooper), tem
dois filhos pequenos e mora numa bela casa num bairro de classe média alta. Ou seja, leva uma vida confortável. Mas sua rotina como dona de casa não é fácil: acordar e vestir as crianças, preparar o
café da manhã, levar os filhos para o colégio e ainda escolher e fazer o nó na
gravata do marido. É dose, sem contar o fato de que Mark acorda sempre disposto
a fazer sexo, mesmo que ela não esteja a fim. Essa árdua rotina acaba
provocando um surto depressivo em Tara, que expõe sua insegurança, infelicidade
e total incapacidade de ser um exemplo de dona de casa. Ela não aguenta mais e
um dia resolve “explodir”. Ou seja, pega um trem para Paris, passagem só de ida,
e fica perambulando pela capital parisiense para meditar. O que fazer com sua
vida dali em diante? Quando retorna a Londres, faz uma visita à sua mãe Anna
(Marthe Keller) em busca de um conselho. Tara quer liberdade. Sua mãe define
bem a situação: “Casamento e liberdade não combinam”. Simples assim. Será que
Tará voltará para a sua família? Assista ao filme para saber a resposta. É um
drama pesado, bem ao gosto do talento dramático da atriz inglesa Gemma
Arterton, que está ótima no papel. Seu coadjuvante, Dominic Cooper, é um
excelente ator, como já comprovou principalmente no excelente e pouco divulgado
“O Dublê do Diabo”, de 2011, quando faz o papel de sósia do sádico Uday
Hussein, filho de Saddam. O talento desses dois atores vale o ingresso. O filme
estreou no Toronto International Film 2017, recebendo rasgados elogios. Prefiro
indicá-lo como uma opção alternativa.
segunda-feira, 15 de outubro de 2018
“ESTADOS
UNIDOS PELO AMOR” (“ZJEDNOCZONE STANY MILOSCI”), 2016, Polônia,
roteiro e direção do jovem diretor Tomasz Wasilewski – o filme ganhou o Urso de
Prata como “Melhor Roteiro” no 66º Festival Internacional de Cinema de Berlim.
A história é ambientada no início dos anos 90 em Varsóvia, quando as mudanças
políticas – queda do Muro de Berlim e o fim do Comunismo – apontavam para a
recuperação da liberdade e da economia do país. Os poloneses, porém, tinham
suas dúvidas quanto ao futuro e viviam, digamos assim, uma crise de valores. O
filme acompanha a trajetória de quatro mulheres frustradas, infelizes e
neuróticas. Uma jovem mãe com o casamento em crise que se envolve com um homem
casado; uma diretora de escola apaixonada pelo pai de um de seus alunos, que
recentemente ficou viúvo; uma velha professora obcecada por sua jovem vizinha;
e uma mulher que vive uma crise no casamento e tem fixação por um padre. A
carência de cada uma delas também envolve a falta de sexo – todas elas, em
algum momento, aparecem nuas, assim como alguns de seus parceiros. Os nús,
principalmente, masculinos, beiram o grotesco. O quarteto de mulheres é formado
por excelentes atrizes: Julia Kijowska (Agata), Dorota Kolac (Renata), Marta
Nieradkiewicz (Marzena) e Magdalena Cielecka (Iza). A câmera do diretor está
sempre em movimento, o que dá uma dinâmica especial a cada cena. A câmera
também capta a intimidade dos personagens, parecendo transformar o espectador numa
espécie de voyeur. Resumo da ópera: é
um filme bastante interessante, com grande força dramática, retratando uma
sociedade à beira de mudanças radicais. O pano de fundo é justamente a situação
vivida pela Polônia naquela época. Quem quiser conferir in loco, o filme fará parte da programação especial da 42ª Mostra
Internacional de Cinema de São Paulo, prevista para ao final de outubro/2018.
domingo, 14 de outubro de 2018
“O
DIA TROUXE A ESCURIDÃO” (“El Día Trajo la Oscuridad”), 2013,
Argentina, direção de Martín De Salvo, com roteiro de Josefina Trotta. Trata-se
de um terror psicológico ambientado numa região rural da Argentina, que de
repente é atingida por uma doença misteriosa, um tipo de vírus da raiva. Virgínia
(Mora Recalde) mora com seu pai, que é médico e atende às famílias da
comunidade. Virgínia vive solitária na casa de fazenda, pois o pai sai toda
hora para consultas. Um certo dia ela recebe uma inesperada visita, de sua
prima Anabel (Romina Paula, de “Medianeras”), uma jovem misteriosa que parece
não estar nada bem de saúde. Anabel sai noite afora e volta de manhã toda suja.
Claro que tem coisa ruim por aí. O filme tenta segurar a tensão até o desfecho,
quando a terrível verdade é revelada. Mas o ritmo é lento demais, não acontece
nada durante um tempão e a única novidade é o lance lésbico entre as primas.
Segundo o diretor De Salvo, a história foi inspirada no conto “Carmilla”, de
Sheridan Le Fanu, escritor irlandês de histórias de terror do Século 19, além de receber forte influência dos contos de terror de Edgar
Allan Poe, principalmente no que ser refere aos nomes das personagens. O
material de divulgação afirma que o filme foi aclamado nos festivais de Berlim
e Roterdã. Sei não!
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