sexta-feira, 1 de abril de 2016

“ONDULAÇÃO” (“Curling”), 2010, Canadá, é um drama centralizado no relacionamento de Jean-François (Emmanuel Bilodeau) com a filha de 12 anos, Julyvonne (Philomène Bilodeau, filha de Emmanuel na vida real). Eles vivem em Saint-Hilaire, cidade ao sul de Montreal, cujos cenários são de um frio gélido, em meio a muita neve. Emmanuel é um homem solitário, tímido, superprotetor com relação à filha, a ponto de não deixá-la ir para a escola. Sozinha, sem amigos, a adolescente tem como única distração caminhar pelas redondezas de sua casa, na frente da qual passa uma estrada. Até que um dia ela encontra alguns cadáveres num bosque. Será com eles que Julyvonne, finalmente, interagirá socialmente. Coisa de louco. Coisa do diretor canadense Denis Côté (do esquisito “Vic + Flo Viram um Urso”), que também escreveu o roteiro. Aliás, Côté destaca no filme várias cenas mostrando partidas de “Curling” (título original do filme), aquele esporte praticado numa pista de gelo e que consiste no deslizamento de uma pedra de granito, cujo trajeto é acompanhado por “varredores”, que tentam impulsionar ou deter a pedra. No geral, o filme é altamente depressivo e, por isso mesmo, passa longe de um entretenimento agradável.            

segunda-feira, 28 de março de 2016

Se você tem a intenção de assistir ao drama húngaro “O CAVALO DE TURIM” (“A Torinói Ló”), 2011, arme-se primeiro de uma enorme – melhor, de uma descomunal – dose de paciência. Altamente depressivo e monótono, o filme, rodado em preto e branco, tem como ponto de partida, segundo a sinopse oficial, um fato que teria acontecido no dia 3 de janeiro de 1889, em Turim (Itália), quando o filósofo Friedrich Nietzsche evitou que um cavalo continuasse a ser chicoteado pelo dono. Nada disso aparece no filme. Ainda segundo a sinopse, a ideia do filme é justamente mostrar o que teria acontecido com o animal depois do seu encontro com Nietzsche. Venhamos e convenhamos, tudo muito esquisito. Na verdade, o filme se concentra no cotidiano de um velho fazendeiro pobre e sua filha. A rotina dos dois ocupa praticamente as duas horas e meia da produção. A filha levanta, veste um monte de roupas. Depois, veste o pai com um monte de roupas, vai até o poço buscar água, leva feno para o cavalo, cozinha duas batatas para o almoço etc. O diretor Béla Tarr repete todas essas atividades cotidianas em cada um dos seis dias em que o filme é dividido. Enquanto isso, fora da casa uma tempestade de vento não para nunca. Quase não há diálogos e as cenas são longas demais, deixando o filme ainda mais modorrento. Pai e filha esbanjam infelicidade e é impossível não se contaminar pelo clima depressivo. Apesar de tudo isso, foi o vencedor do Urso de Prata – Grande Prêmio do Festival de Berlim 2011 e ainda foi indicado para representar a Hungria na disputa do Oscar 2012 de Melhor Filme Estrangeiro. Assista e tire suas próprias conclusões.  
Cercado de enorme polêmica, chega até nós, finalmente, “CHATÔ, O REI DO BRASIL”, a tão aguardada cinebiografia de Assis Chateaubriand - fundador dos Diários Associados, Rádio e TV Tupi - baseada no livro de Fernando Morais. As filmagens começaram em 1995 e só foram concluídas em 2015. Nesse período, o diretor Guilherme Fontes foi julgado e acusado numa ação judicial de má utilização de verbas públicas, processo ainda em andamento na Justiça. As filmagens foram tão complicadas que várias cenas tiveram que ser refeitas anos depois. No filme, você poderá notar a atriz Leandra Leal novinha, ainda em início de carreira, e a aparição de atores que já morreram, como José Lewgoy e Walmor Chagas. Fontes realizou uma adaptação livre da obra de Fernando Morais. Como um músico de jazz, improvisou, fez quase uma versão onírica, com visual tropicalista. Exagerou na dose. O roteiro é um tanto confuso, com idas e vindas em flashbacks, além de muitas cenas contendo alucinações do personagem principal, confundindo o espectador com relação à compreensão do que é real ou imaginário. O elenco é ótimo, assim como a recriação de época, os cenários, a fotografia. Mas o resultado final não foi aquele que se esperava depois de tanta polêmica. O livro retrata melhor quem foi realmente Assis Chateaubriand. Ou seja, o livro é bem melhor...