sábado, 7 de dezembro de 2019


“INVASÃO AO SERVIÇO SECRETO” (“ANGEL HAS FALLEN”), 2019, EUA, 2h1m, direção de Ric Roman Waugh, que também é autor do roteiro com a colaboração de Katrin Benedikt, Robert Mark Kamen, Matt Cook e Creighton Rothenberger. Este é o terceiro filme da série que conta como principal personagem o agente secreto Mike Benning (Gerard Butler, também protagonista dos dois primeiros, “Invasão à Casa Branca”, de 2013, e “Invasão a Londres”, de 2016). Desta vez, ou mais uma vez, Mike tenta proteger o presidente norte-americano Allan Trumbull (Morgan Freeman) de uma conspiração comandada por integrantes de uma organização ligada à indústria de armas, cujo objetivo é assassinar Trumbull e provocar uma guerra com a Rússia. Entre eles, alguns ex-agentes secretos que trabalharam com Benning. No primeiro atentado contra o presidente, durante uma pescaria num lago, os criminosos utilizam um sofisticado “exército” de drones equipados com bombas. Morre quase todo mundo, numa espetacular cena de prender o fôlego.  Ao longo das investigações realizadas pelo FBI, descobre-se que existe alguém ligado à alta cúpula do governo que está vazando informações não só para a imprensa, como também para a organização criminosa, que não sossega enquanto não matar o nº 1 dos EUA. Enquanto isso, o pessoal do FBI recebe um dossiê falso que aponta como o idealizador de toda a trama o próprio Benning, que é obrigado a fugir e depois tentar provar sua inocência. Leah Benning, esposa do agente, e o pai dele, Clay Benning (Nick Nolte), acabam também envolvidos na história, correndo risco de vida. Mas o nosso herói vai resolver tudo da melhor maneira possível, garantindo um desfecho mais do que previsível. O ator escocês Gerard Butler, que já esbanjou charme em “O Fantasma da Ópera (2004) e barriga de tanquinho em “300” (2006), mostra agora uma evidente decadência física. Está meio inchado, resultado das biritas que adora tomar. Talvez não faça a 4ª versão, se houver. De qualquer forma, “Invasão ao Serviço Secreto” tem todos os ingredientes de um bom filme de ação, geralmente um gênero que dá folga aos nossos neurônios. Saco de pipoca na mão e boa sessão da tarde!            

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019


“PÁSSARO DO ORIENTE” (“EARTHQUAKE BIRD”), 2019, coprodução EUA/Japão em conjunto com a Netflix, 1h48m, roteiro e direção do cineasta inglês Wash Westmoreland. A história é baseada no livro “The Earthquake Bird", de 2001, escrito pela romancista inglesa Susanna Jones, um grande best seller na época. Tóquio, 1989. A cena inicial mostra Lucy Fry (Alicia Vikander) sendo interrogada numa delegacia de polícia sobre o desaparecimento de sua amiga Lily Bridges (Riley Keough). Durante os diálogos, surpreende como a sueca Vikander domina o idioma japonês. Tinha que ser assim, pois seu personagem mora já há cinco anos no Japão. Lucy trabalha como tradutora numa empresa no centro de Tóquio e, aparentemente, é uma jovem normal e trabalhadora, porém muito solitária. Em flashbacks, o filme recorda os fatos que antecederam ao sumiço de Lily. Primeiro, o envolvimento amoroso de Lucy com Teiji (Naoki Kobayashi), um japonês charmoso que trabalha como cozinheiro num restaurante, mas que nas horas vagas é fotógrafo amador. Os dois se apaixonam e o romance vai bem até a chegada de Lily dos Estados Unidos. Ao apresentar Lily a Teiji, Lucy percebe que os dois se atraem e pinta o maior ciúme. O suspense do filme gira em torno justamente do que Lucy fará a respeito. Eliminar Lily, como sugere o episódio que se desenrola na delegacia? Como sugestão para colocá-la como principal suspeita, o filme aborda um fato traumático de seu passado, justamente o que a motivou a se mudar para o Japão. Ou quem sabe Teiji, que adora retratar pessoas mortas e quer provar seu amor por Lucy? Nada mais é possível acrescentar para não estragar o final da história. O filme é bastante interessante, apresentando como um de seus maiores destaques os cenários da capital japonesa, valorizados pela fotografia deslumbrante do sul-coreano Chung Chung-hoon. Com relação à história, o diretor Westmoreland (“Para Sempre Alice” e “Colette”) consegue manter um clima de tensão que nos leva a querer chegar logo ao fim para descobrir o que realmente aconteceu. Também merecem destaque as atuações da atriz sueca Alicia Vikander, vencedora do Oscar 2015 de Melhor Atriz Coadjuvante pelo seu trabalho em “A Garota Dinamarquesa” e protagonista de “Tom Raider: A Origem” (2018) como Lara Croft. Na vida real, Alicia é casada, desde 2017, com o ator Michael Fassbender. Quanto à bela e boa atriz Riley Keough, lembro que é filha da cantora Lisa Marie Presley e, portanto, neta de Elvis. Com quase 1m90 de altura, Naoki Kobayashi foge um pouco do estereótipo de seus conterrâneos. Além de ator, o galã Naiki é cantor de um grupo pop, além de dançarino e modelo. Voltando a “Pássaro do Oriente”, cuja estreia aconteceu dia 10 de outubro de 2019 no BFI London Film Festival (na Netflix, foi exibido pela primeira vez no dia 5 de novembro de 2019), trata-se de um filme bastante criativo, bem escrito e dirigido. Recomendo.          

terça-feira, 3 de dezembro de 2019


“O IRLANDÊS” (“THE IRISHMAN”), 2019, EUA, direção de Martin Scorsese, distribuição da Netflix (no Brasil, estreou dia 27 de novembro de 2019). Posso afirmar, com toda certeza, que este é o grande favorito ao Oscar 2020 em várias categorias. Um épico com a marca registrada do grande diretor Martin Scorsese. Com roteiro de Steven Zaillian, adaptado do livro “I Heard You Paint Houses”, escrito por Charles Brandt, a história, baseada em fatos reais, acompanha, durante décadas, desde o pós-Segunda Guerra Mundial, a trajetória de Frank Sheeran (Robert De Niro), um simples motorista de caminhão que transportava carnes para um frigorífico pertencente a um chefão da Máfia. Aos poucos ele vai se aproximando do crime organizado e logo se transforma num assassino de aluguel sob o mando de Russel Bufalino (Joe Pesci), chefão mafioso da Pensilvânia. Também se transforma em homem de confiança e segurança do lendário líder sindical Jimmy Hoffa (Al Pacino), que mantinha estreitas ligações com os chefões do crime organizado. Scorsese prioriza a questão da honra entre os integrantes da máfia italiana, os acordos realizados em mesas de restaurantes, muitos resultando em mortes encomendadas – sim, há muita violência -, vinganças, traições e toda a sujeira que envolve a atividade criminosa. Completam o elenco, entre outros, Karvey Keitel, Bobby Carnevale, Anna Paquin e Stephen Graham. Mas os destaques são, sem dúvida, os desempenhos magistrais de De Niro, Pacino e, principalmente, Joe Pesci (aposto que vai ganhar o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante). Eu acreditava que nenhum outro filme sobre a Máfia superaria “Os Bons Campanheiros”, do próprio Scorsese. E não é que ele se superou? “O Irlandês” é sensacional, uma obra-prima, 3h30m do mais puro deleite cinematográfico, um filme que você não quer que termine. Logo depois de seu lançamento, em 27 de setembro durante o 57º Festival de Cinema de Nova Iorque, “O Irlandês” já foi considerado o melhor filme de 2019 e o melhor roteiro adaptado pela National Board of Review, organização que reúne críticos de cinema e profissionais da indústria cinematográfica norte-americana. Obrigado, Scorsese!     

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019


“A DAMA DE BACO” (“JUG-YEO-JU-NEUM YEO-JA” - nos países de língua inglesa, "The Bacchus Lady"), 2016, Coreia do Sul, 1h50m, roteiro e direção de E J. Yong. Mais uma pérola do cada vez mais surpreendente cinema sul-coreano. Trata-se de um “drama agridoce”, segundo definição do próprio diretor. Realmente, a história é dramática, muito triste e melancólica, mas tem seus momentos sensíveis e algumas pitadas de humor. A trama é toda centrada em So-Young (Yoon Yeo-Jeong), uma idosa que passou dos 70 e se prostitui para ganhar dinheiro. Um parêntese: embora seja a 12ª economia do mundo (a 11ª quando o filme foi realizado), a Coreia do Sul ainda apresenta um dos maiores índices de pobreza entre idosos do mundo, situação, inclusive, que leva vários deles ao suicídio. Voltamos ao filme: So-Young frequenta o parque Jongmyo, na capital Seul, onde circula, juntamente com outras idosas, com o pretexto de vender uma garrafinha de Bacchus, bebida energética para os idosos se sentirem com mais disposição para o sexo. Na verdade, o que lhe dá dinheiro são os programas que faz a quatro paredes num motel próximo. Numa ida ao médico para tratar de uma doença venérea, So-Young testemunha uma briga entre uma imigrante filipina e o médico, acusado por ela de ser o pai do seu filho, o agride e acaba presa. O menino, Jae-Woo (Chon Moo-Song), fica solto nas ruas e So-Young resolve adotá-lo. A idosa mora num conjunto residencial simples e tem como vizinhos um rapaz boa gente, Do-Hoon (Yoo Kye-Sang), e a simpática transsexual Tina (An A-Zu). Mesmo responsável pelo garoto, So-Young continua a fazer seus programas, às vezes levando até o menino junto. Ao mesmo tempo, So-Young conhece vários idosos desiludidos com a vida, solitários ou doentes terminais, que imploram a ela que os ajude a passar para o outro lado. Enfim, tudo no filme gira em torno da idosa So-Young, interpretada com muita sensibilidade e competência pela veterana atriz sul-coreana Yoon Yeo-Jeong, que eu passei a admirar depois que a vi atuar em filmes como “A Empregada”, de 2010, e no ótimo “Canola”, de 2016, entre tantos outros. “A Dama de Baco” foi exibido na seleção oficial dos Festivais de Berlim, Londres, Seattle, Hong Kong, Melbourne e Rio de Janeiro, além de receber os prêmios de Melhor Roteiro e Melhor Atriz no “Fantasia Film Festival” (Montreal), em julho de 2016. Também conquistou o Prêmio do Júri no Asia Pacific Screen Awards. Merecia muito mais, pois é um grande filme, sensível e impactante. Não perca!       

domingo, 1 de dezembro de 2019



“ERA UMA VEZ EM...HOLLYWOOD” (“ONCE UPON A TIME...IN HOLLYWOOD”), 2019. EUA, 2h40m, roteiro e direção de Quentin Tarantino. Este é o 9º longa-metragem do diretor norte-americano e, para mim, o melhor. Ele ambienta a história em 1969, o ano em que turma do Charles Manson matou a atriz Sharon Tate e amigos, naquela que é considerada até hoje a maior tragédia ligada à história do cinema. Além de ser casada com o cineasta polonês Roman Polanski e estar grávida quando foi assassinada, Sharon (Margot Robbie) era uma atriz em grande ascensão. Este episódio tão nefasto ocupa grande parte do final do filme de Tarantino. Na verdade, o grande cineasta norte-americano fez uma comédia satirizando Hollywood, ao mesmo tempo em que homenageia o Cinema em geral e, particularmente, o gênero western ou, como nós o chamamos, faroeste. E Tarantino conhece como ninguém a sua grande paixão, desde que trabalhava como atendente numa videolocadora. A história é centrada em Rick Dalton (Leonardo Di Caprio), um ator de grande sucesso em séries de TV que decide arriscar o estrelato em Hollywood. Quem o acompanha no seu dia a dia é o amigo Cliff Booth (Brad Pitt), seu dublê oficial há vários anos, além de motorista, segurança e companheiro nas bebedeiras. Em meio à rotina de trabalho de Rick nos sets de filmagem, Tarantino acrescenta a aparição de astros da época, como Bruce Lee (Mike Moh) e um impagável Steve McQueen (Damian Lewis). E ainda utiliza efeitos especiais para colocar Rick Dalton contracenando em filmes famosos das décadas de 50 e 60, mais uma das grandes atrações deste filme genial de Tarantino, na minha opinião, como já disse, o melhor do cineasta. O elenco também conta com astros do porte de Al Pacino, Bruce Dern, Margaret Qualley, Kurt Russell, Dakota Fanning, Luke Perry, Austin Butler, Lorenza Izzo, Julia Butters e Rafal Zawierucha. “Era uma Vez...” estreou na programação oficial do 72º Festival Internacional de Cinema de Cannes, em maio de 2019. A recepção foi a melhor possível. Realmente, um filmaço!