segunda-feira, 2 de dezembro de 2019


“A DAMA DE BACO” (“JUG-YEO-JU-NEUM YEO-JA” - nos países de língua inglesa, "The Bacchus Lady"), 2016, Coreia do Sul, 1h50m, roteiro e direção de E J. Yong. Mais uma pérola do cada vez mais surpreendente cinema sul-coreano. Trata-se de um “drama agridoce”, segundo definição do próprio diretor. Realmente, a história é dramática, muito triste e melancólica, mas tem seus momentos sensíveis e algumas pitadas de humor. A trama é toda centrada em So-Young (Yoon Yeo-Jeong), uma idosa que passou dos 70 e se prostitui para ganhar dinheiro. Um parêntese: embora seja a 12ª economia do mundo (a 11ª quando o filme foi realizado), a Coreia do Sul ainda apresenta um dos maiores índices de pobreza entre idosos do mundo, situação, inclusive, que leva vários deles ao suicídio. Voltamos ao filme: So-Young frequenta o parque Jongmyo, na capital Seul, onde circula, juntamente com outras idosas, com o pretexto de vender uma garrafinha de Bacchus, bebida energética para os idosos se sentirem com mais disposição para o sexo. Na verdade, o que lhe dá dinheiro são os programas que faz a quatro paredes num motel próximo. Numa ida ao médico para tratar de uma doença venérea, So-Young testemunha uma briga entre uma imigrante filipina e o médico, acusado por ela de ser o pai do seu filho, o agride e acaba presa. O menino, Jae-Woo (Chon Moo-Song), fica solto nas ruas e So-Young resolve adotá-lo. A idosa mora num conjunto residencial simples e tem como vizinhos um rapaz boa gente, Do-Hoon (Yoo Kye-Sang), e a simpática transsexual Tina (An A-Zu). Mesmo responsável pelo garoto, So-Young continua a fazer seus programas, às vezes levando até o menino junto. Ao mesmo tempo, So-Young conhece vários idosos desiludidos com a vida, solitários ou doentes terminais, que imploram a ela que os ajude a passar para o outro lado. Enfim, tudo no filme gira em torno da idosa So-Young, interpretada com muita sensibilidade e competência pela veterana atriz sul-coreana Yoon Yeo-Jeong, que eu passei a admirar depois que a vi atuar em filmes como “A Empregada”, de 2010, e no ótimo “Canola”, de 2016, entre tantos outros. “A Dama de Baco” foi exibido na seleção oficial dos Festivais de Berlim, Londres, Seattle, Hong Kong, Melbourne e Rio de Janeiro, além de receber os prêmios de Melhor Roteiro e Melhor Atriz no “Fantasia Film Festival” (Montreal), em julho de 2016. Também conquistou o Prêmio do Júri no Asia Pacific Screen Awards. Merecia muito mais, pois é um grande filme, sensível e impactante. Não perca!       

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