Se você tem claustrofobia, nem
que seja na base do 1%, não assista de jeito nenhum o filme “CUTTERHEAD”,
2018, Dinamarca, primeiro longa-metragem escrito e dirigido por Rasmus Kloster
Bro, jovem cineasta de apenas 33 anos mais conhecido como diretor de curtas e documentários. 84 minutos angustiantes, tanto para o
espectador como para os personagens da história. Para se ter uma ideia, não se
vê a luz do sol em nenhum momento. Durante a construção de uma nova linha do
metrô da capital Copenhagen, a jovem Rie (Christine Sønderris), relações-públicas
da empresa encarregada das escavações, percorre o canteiro de obras entrevistando
e fotografando os trabalhadores, a grande maioria proveniente de outros países.
Seu objetivo é mostrar posteriormente como vivem e trabalham os operários no
interior daqueles infindáveis túneis. Quando Rie entrevistava o croata Ivo (Krsimir
Mikic) e seu assistente Bharan (Samson Semere), imigrante nascido na Eritreia (África),
um incêndio tomou conta das instalações, obrigando os três a se abrigarem num
pequeno cubículo de aço. E aqui ficarão praticamente o filme inteiro, sem água,
comida e, pior, sem ar. Pelo que a história dá a entender, todos os que estavam
lá fora morreram em meio às chamas, inclusive os bombeiros que vieram resgatá-los.
Quando estreou na Dinamarca e outros países da Europa, “Cutterhead” (não
entendi o título em inglês, que traduzido literalmente é algo como “Cortador de
Cabeça”), logo foi considerado por críticos e público como o filme mais
claustrofóbico já feito. Realmente, é claustrofóbico, sufocante e
angustiante, mas muito bom. Repito: quem tem medo de lugar fechado deve evitar.
sábado, 17 de agosto de 2019
quinta-feira, 15 de agosto de 2019
“MUDO” (“Mute”), 2018,
co-produção Inglaterra/Alemanha, estreou na Netflix no dia 23 de fevereiro de
2018, duração de 2h6m, direção de Duncan Jones, que também assina o roteiro com
a colaboração de Michael Robert. Numa Berlim futurista (o ano é 2056), o bartender
Leo Beiler (o ator sueco Alexander Skarsgard, filho do também ator Stellan
Skarsgard, apaixona-se por Naadirah (a atriz alemã Seyneb Saleh), garçonete do mesmo night-clube, por sinal bastante luxuoso. Leo é o mudo do título. Quando criança, sofreu
um acidente e machucou o pescoço. Seus pais, seguidores do grupo religioso Amish, não
permitiram a operação que deveria ter sido feita e Leo ficou sem falar. Ou seja, o
ator entra mudo e sai calado, a não ser bem no final, que não revelo para não estragar
a surpresa. No auge da paixão do casal, Naadirah some misteriosamente e Leo
fica desesperado, procurando a namorada pelos antros do submundo de Berlim. Os
cenários futuristas da capital alemã lembram muito “Blade Runner – O Caçador de
Androides” e “Os 12 Macados”, além de outros filmes menos cotados. A
ambientação é noir, os carros trafegam via aérea – não estacionam,
pousam -, muita luz neon, figuras exóticas e andrógenas – homossexuais a dar
com pau (ops!) -, além da mais avançada tecnologia visual. Entre os principais
suspeitos de terem algo com o desaparecimento de Naadirah estão Cactus Bill
(Paul Rudd, de "O Homem Formiga"), um médico que desertou da base norte-americana, seu amigo pervertido
sexual Duck (Justin Theroux, ex-marido de Jennifer Aniston), Maksim (Gubert
Owuer), empresário ligado à prostituição e o travesti Luba (Robert Sheelan). Leo vai atrás de cada um tentando
descobrir o paradeiro da namorada e quem é o culpado de tudo. Aí a violência rola solta. Embora muitos críticos tenham detestado o filme, eu o achei bastante
interessante e assistível. O cineasta Duncan Jones, filho do astro David Bowie,
já tinha realizado três bons filmes de ficção: “Lunar” (2009), “Warcraft: O
Primeiro Encontro de Dois Mundos” (2016) e “Contra o Tempo”, este último o
melhor deles. "Mudo" fica no meio termo, entre o razoável e o bom.
terça-feira, 13 de agosto de 2019
“A ASSOMBRAÇÃO DE SHARON TATE” (“The
Hauting of Sharon Tate”), 2019, EUA, 1h34m, roteiro e direção de Daniel
Farrands. Para quem não sabe, Sharon Tate foi uma atriz de grande sucesso nos
anos 60. Chegou até a ser indicada para o Globo de Ouro de Melhor Atriz por sua
atuação em “O Vale das Bonecas” (1967). No mesmo ano, trabalhou no filme “A
Dança dos Vampiros”, dirigido por Roman Polanski, com quem se casaria logo
depois. No dia 8 de agosto de 1969, em sua luxuosa mansão em Los Angeles, Sharon Tate, grávida de oito meses, e mais
quatro amigos seriam assassinados com requintes de crueldade por seguidores da
seita satânica comandada pelo maluco Charles Manson – Sharon tinha apenas 26
anos. O diretor Daniel Farrands, conhecido em Hollywood como roteirista de
filmes de terror como “The Amityville Murders” e “Halloween 6 – A “Última
Vingança”, aproveitou a história do trágico acontecimento ocorrido com Sharon
Tate e elaborou um roteiro imaginando como teria sido os três dias que
antecederam o assassinato. Recheou
de suspense, beirando o terror, concluindo por mudar o rumo da história, para depois retornar à trágica
realidade. A ideia até que foi boa, mas sua a concretização ficou devendo,
principalmente pela fraca atuação do elenco, tendo à frente a atriz Hilary Duff
como Sharon (a original era bem mais bonita), que passa o filme inteiro chorando
e tendo chiliques histéricos. Lembro que o diretor Farrands se inspirou numa
entrevista dada pela atriz poucos dias antes da tragédia, na qual ela dizia que
temia ser assassinada. No elenco também estão Jonathan Bennett, Pawel Szajda, Ben
Mellish e Lidia Hearst, bisneta do magnata da imprensa William Randolph Hearst
e filha de Patty Hearst, que ficou famosa depois de ter sido sequestrada, em
1974, por membros do Exército Simbionês de Libertação.
domingo, 11 de agosto de 2019
“CONSEQUÊNCIAS” (“The
Aftermath”), 2019, Inglaterra, produção da BBC, 108 minutos, roteiro escrito
por Joe Shrapnel e Anna Waterhouse, direção de James Kent. A história é baseada
no terceiro romance de Thidian Brook, lançado em 2013, com o mesmo título original
do filme. O ano é 1946, meses após o final da Segunda Grande Guerra. Hamburgo (Alemanha) foi uma das cidades alemãs mais afetadas
pelos bombardeios aéreos das Forças Aliadas. A cidade ficou praticamente
destruída. Para administrar sua reconstrução, a Inglaterra designou o coronel Lewis
Morgan (Jason Clarke). Depois de alguns meses, Morgan providenciou a vinda de
sua esposa Rachael (Keira Knightley), que estava morando em Londres. Para sua
nova residência, Morgan tomou posse da casa de Stefan Lubart (o ator sueco
Alexander Skarsgard), um rico viúvo alemão que vivia no local com sua filha e
empregados. Com a discordância de Rachael, Morgan deixou que eles continuassem
morando na casa, só que na parte superior. Rachael ainda se ressentia da morte
do filho em 1942, durante um bombardeio a Londres efetuado pela força aérea
alemã. Por isso, ela detestava os alemães e não podia suportar conviver na
mesma casa com Lubart e a filha. Porém, com a convivência diária e as seguidas viagens
de Morgan para missões especiais em outras cidades, Rachael e Lubat acabam se
aproximando mais do que o recomendável para uma mulher casada. E por aí vai a
história, caminhando para o final onde Rachael terá de se decidir entre o
marido e o amante. Vale pela reconstituição histórica, pelos cenários e
figurinos, e, principalmente, pela presença da bela e competente atriz inglesa Keira
Knightley.
“O ANJO” (“EL ÁNGEL”), 2018,
Argentina, 114 minutos, roteiro e direção de Luis Ortega. Baseado em fatos
reais, o filme conta a história de Carlos Robledo Puch, que nos anos 70, ainda
adolescente, aterrorizou Buenos Aires. Ele foi responsável por pelo menos 11
assassinatos, uma série de sequestros e mais de 40 roubos. “Carlitos”, como
também era conhecido, foi preso e cumpre prisão perpétua – hoje, está com 67 anos.
Na época, ele também ficou conhecido pelo apelido de “Anjo da Morte”, pois parecia
mesmo um anjo com seu rosto angelical e cabelos loiros compridos e
encaracolados. O ator Lorenzo Ferro, em sua primeira atuação no cinema, dá vida
ao jovem bandido. Sua atuação é espetacular, além do fato de ser muito parecido com o personagem verdadeiro quando jovem. Ele contracena com Chino Darín
(filho do astro Ricardo Darín), que interpreta Ramón, seu colega de escola e
cúmplice em vários delitos. O diretor Ortega fez questão de sugerir uma espécie
de atração homoafetiva entre os dois, não concretizada - pelo menos no filme. Mas
deixa claro que havia uma ligação mais forte. Além da dupla principal, fazem
parte do elenco ótimos atores como Cecilia Roth, Malena Villa, Mercedes Morán,
Daniel Fanego e Luís Gnecoo. Além desse excelente elenco, outros destaques são a primorosa
recriação de época, tanto nos cenários quanto nos figurinos, a trilha sonora e,
sem dúvida, a história do jovem bandido que, mesmo fazendo o que fez, virou
celebridade na terra de Maradona. Como curiosidade, o roteirista e diretor Luis
Ortega é filho de Palito Ortega, um cantor popular que fez grande sucesso na
Argentina nos anos 60/70. “O Anjo” estreou no Festival de Cannes em maio de
2018 com muitos elogios, além de ter sido indicado para disputar o Oscar 2019
de Melhor Filme Estrangeiro. Também foi a melhor bilheteria no circuito
comercial da Argentina em 2018, faturando mais de U$ 5 milhões. Informação
adicional: o cineasta espanhol Pedro Almodóvar é um dos produtores. O filme
realmente é muito bom, mais um argentino de grande qualidade, de causar
inveja a nosotros.
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