sábado, 17 de agosto de 2019


Se você tem claustrofobia, nem que seja na base do 1%, não assista de jeito nenhum o filme “CUTTERHEAD”, 2018, Dinamarca, primeiro longa-metragem escrito e dirigido por Rasmus Kloster Bro, jovem cineasta de apenas 33 anos mais conhecido como diretor de curtas e documentários.  84 minutos angustiantes, tanto para o espectador como para os personagens da história. Para se ter uma ideia, não se vê a luz do sol em nenhum momento. Durante a construção de uma nova linha do metrô da capital Copenhagen, a jovem Rie (Christine Sønderris), relações-públicas da empresa encarregada das escavações, percorre o canteiro de obras entrevistando e fotografando os trabalhadores, a grande maioria proveniente de outros países. Seu objetivo é mostrar posteriormente como vivem e trabalham os operários no interior daqueles infindáveis túneis. Quando Rie entrevistava o croata Ivo (Krsimir Mikic) e seu assistente Bharan (Samson Semere), imigrante nascido na Eritreia (África), um incêndio tomou conta das instalações, obrigando os três a se abrigarem num pequeno cubículo de aço. E aqui ficarão praticamente o filme inteiro, sem água, comida e, pior, sem ar. Pelo que a história dá a entender, todos os que estavam lá fora morreram em meio às chamas, inclusive os bombeiros que vieram resgatá-los. Quando estreou na Dinamarca e outros países da Europa, “Cutterhead” (não entendi o título em inglês, que traduzido literalmente é algo como “Cortador de Cabeça”), logo foi considerado por críticos e público como o filme mais claustrofóbico já feito. Realmente, é claustrofóbico, sufocante e angustiante, mas muito bom. Repito: quem tem medo de lugar fechado deve evitar.    

quinta-feira, 15 de agosto de 2019


“MUDO” (“Mute”), 2018, co-produção Inglaterra/Alemanha, estreou na Netflix no dia 23 de fevereiro de 2018, duração de 2h6m, direção de Duncan Jones, que também assina o roteiro com a colaboração de Michael Robert. Numa Berlim futurista (o ano é 2056), o bartender Leo Beiler (o ator sueco Alexander Skarsgard, filho do também ator Stellan Skarsgard, apaixona-se por Naadirah (a atriz alemã Seyneb Saleh), garçonete do mesmo night-clube, por sinal bastante luxuoso. Leo é o mudo do título. Quando criança, sofreu um acidente e machucou o pescoço. Seus pais, seguidores do grupo religioso Amish, não permitiram a operação que deveria ter sido feita e Leo ficou sem falar. Ou seja, o ator entra mudo e sai calado, a não ser bem no final, que não revelo para não estragar a surpresa. No auge da paixão do casal, Naadirah some misteriosamente e Leo fica desesperado, procurando a namorada pelos antros do submundo de Berlim. Os cenários futuristas da capital alemã lembram muito “Blade Runner – O Caçador de Androides” e “Os 12 Macados”, além de outros filmes menos cotados. A ambientação é noir, os carros trafegam via aérea – não estacionam, pousam -, muita luz neon, figuras exóticas e andrógenas – homossexuais a dar com pau (ops!) -, além da mais avançada tecnologia visual. Entre os principais suspeitos de terem algo com o desaparecimento de Naadirah estão Cactus Bill (Paul Rudd, de "O Homem Formiga"), um médico que desertou da base norte-americana, seu amigo pervertido sexual Duck (Justin Theroux, ex-marido de Jennifer Aniston), Maksim (Gubert Owuer), empresário ligado à prostituição e o travesti Luba (Robert Sheelan). Leo vai atrás de cada um tentando descobrir o paradeiro da namorada e quem é o culpado de tudo. Aí a violência rola solta. Embora muitos críticos tenham detestado o filme, eu o achei bastante interessante e assistível. O cineasta Duncan Jones, filho do astro David Bowie, já tinha realizado três bons filmes de ficção: “Lunar” (2009), “Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos” (2016) e “Contra o Tempo”, este último o melhor deles. "Mudo" fica no meio termo, entre o razoável e o bom. 

terça-feira, 13 de agosto de 2019


“A ASSOMBRAÇÃO DE SHARON TATE” (“The Hauting of Sharon Tate”), 2019, EUA, 1h34m, roteiro e direção de Daniel Farrands. Para quem não sabe, Sharon Tate foi uma atriz de grande sucesso nos anos 60. Chegou até a ser indicada para o Globo de Ouro de Melhor Atriz por sua atuação em “O Vale das Bonecas” (1967). No mesmo ano, trabalhou no filme “A Dança dos Vampiros”, dirigido por Roman Polanski, com quem se casaria logo depois. No dia 8 de agosto de 1969, em sua luxuosa mansão em Los Angeles, Sharon Tate, grávida de oito meses, e mais quatro amigos seriam assassinados com requintes de crueldade por seguidores da seita satânica comandada pelo maluco Charles Manson – Sharon tinha apenas 26 anos. O diretor Daniel Farrands, conhecido em Hollywood como roteirista de filmes de terror como “The Amityville Murders” e “Halloween 6 – A “Última Vingança”, aproveitou a história do trágico acontecimento ocorrido com Sharon Tate e elaborou um roteiro imaginando como teria sido os três dias que antecederam o assassinato.  Recheou de suspense, beirando o terror, concluindo por mudar o rumo da história, para depois retornar à trágica realidade. A ideia até que foi boa, mas sua a concretização ficou devendo, principalmente pela fraca atuação do elenco, tendo à frente a atriz Hilary Duff como Sharon (a original era bem mais bonita), que passa o filme inteiro chorando e tendo chiliques histéricos. Lembro que o diretor Farrands se inspirou numa entrevista dada pela atriz poucos dias antes da tragédia, na qual ela dizia que temia ser assassinada. No elenco também estão Jonathan Bennett, Pawel Szajda, Ben Mellish e Lidia Hearst, bisneta do magnata da imprensa William Randolph Hearst e filha de Patty Hearst, que ficou famosa depois de ter sido sequestrada, em 1974, por membros do Exército Simbionês de Libertação.  

domingo, 11 de agosto de 2019


“CONSEQUÊNCIAS” (“The Aftermath”), 2019, Inglaterra, produção da BBC, 108 minutos, roteiro escrito por Joe Shrapnel e Anna Waterhouse, direção de James Kent. A história é baseada no terceiro romance de Thidian Brook, lançado em 2013, com o mesmo título original do filme. O ano é 1946, meses após o final da Segunda Grande Guerra. Hamburgo (Alemanha) foi uma das cidades alemãs mais afetadas pelos bombardeios aéreos das Forças Aliadas. A cidade ficou praticamente destruída. Para administrar sua reconstrução, a Inglaterra designou o coronel Lewis Morgan (Jason Clarke). Depois de alguns meses, Morgan providenciou a vinda de sua esposa Rachael (Keira Knightley), que estava morando em Londres. Para sua nova residência, Morgan tomou posse da casa de Stefan Lubart (o ator sueco Alexander Skarsgard), um rico viúvo alemão que vivia no local com sua filha e empregados. Com a discordância de Rachael, Morgan deixou que eles continuassem morando na casa, só que na parte superior. Rachael ainda se ressentia da morte do filho em 1942, durante um bombardeio a Londres efetuado pela força aérea alemã. Por isso, ela detestava os alemães e não podia suportar conviver na mesma casa com Lubart e a filha. Porém, com a convivência diária e as seguidas viagens de Morgan para missões especiais em outras cidades, Rachael e Lubat acabam se aproximando mais do que o recomendável para uma mulher casada. E por aí vai a história, caminhando para o final onde Rachael terá de se decidir entre o marido e o amante. Vale pela reconstituição histórica, pelos cenários e figurinos, e, principalmente, pela presença da bela e competente atriz inglesa Keira Knightley.   


“O ANJO” (“EL ÁNGEL”), 2018, Argentina, 114 minutos, roteiro e direção de Luis Ortega. Baseado em fatos reais, o filme conta a história de Carlos Robledo Puch, que nos anos 70, ainda adolescente, aterrorizou Buenos Aires. Ele foi responsável por pelo menos 11 assassinatos, uma série de sequestros e mais de 40 roubos. “Carlitos”, como também era conhecido, foi preso e cumpre prisão perpétua – hoje, está com 67 anos. Na época, ele também ficou conhecido pelo apelido de “Anjo da Morte”, pois parecia mesmo um anjo com seu rosto angelical e cabelos loiros compridos e encaracolados. O ator Lorenzo Ferro, em sua primeira atuação no cinema, dá vida ao jovem bandido. Sua atuação é espetacular, além do fato de ser muito parecido com o personagem verdadeiro quando jovem. Ele contracena com Chino Darín (filho do astro Ricardo Darín), que interpreta Ramón, seu colega de escola e cúmplice em vários delitos. O diretor Ortega fez questão de sugerir uma espécie de atração homoafetiva entre os dois, não concretizada - pelo menos no filme. Mas deixa claro que havia uma ligação mais forte. Além da dupla principal, fazem parte do elenco ótimos atores como Cecilia Roth, Malena Villa, Mercedes Morán, Daniel Fanego e Luís Gnecoo. Além desse excelente elenco, outros destaques são a primorosa recriação de época, tanto nos cenários quanto nos figurinos, a trilha sonora e, sem dúvida, a história do jovem bandido que, mesmo fazendo o que fez, virou celebridade na terra de Maradona. Como curiosidade, o roteirista e diretor Luis Ortega é filho de Palito Ortega, um cantor popular que fez grande sucesso na Argentina nos anos 60/70. “O Anjo” estreou no Festival de Cannes em maio de 2018 com muitos elogios, além de ter sido indicado para disputar o Oscar 2019 de Melhor Filme Estrangeiro. Também foi a melhor bilheteria no circuito comercial da Argentina em 2018, faturando mais de U$ 5 milhões. Informação adicional: o cineasta espanhol Pedro Almodóvar é um dos produtores. O filme realmente é muito bom, mais um argentino de grande qualidade, de causar inveja a nosotros.