“A CONTADORA DE FILMES” (“LA
CONTADORA DE PELÍCULAS”), 2023, coprodução
Chile/Espanha/França, direção da cineasta dinamarquesa Lone Scherfig, seguindo
roteiro assinado por Walter Salles (ele mesmo, o diretor de “Ainda Estou Aqui”),
Rafa Russo e Isabel Coixet, adaptado do romance homônimo escrito pelo novelista
e poeta chileno Hernán Rivera Letelier. Trata-se de mais uma bela, sensível e
tocante homenagem ao cinema. A história é centrada numa família que vive numa pequena
cidade no deserto do Atacama (Chile), cuja maioria dos habitantes trabalha em
uma mina de salitre chefiada por Nansen, papel do ator Daniel Brühl. Medardo (o ator espanhol Antonio de La Torre) e Maria
Magnolia (Bérénice Bejo, atriz argentina radicada na França) e seus quatro
filhos vão ao cinema todos os domingos. Maria Margaríta (quando criança, Alontra
Valenzuela, e quando jovem, interpretada por Sara Becker), é a mais nova dos
quatros irmãos e a que mais curte os filmes exibidos pelo pequeno cinema da
cidade, a maioria deles de Hollywood. O programa familiar de domingo, porém, seria prejudicado
depois que Medardo sofre um acidente e fica impossibilitado de trabalhar,
afetando a situação financeira da família. Para economizar, o casal resolve comprar apenas um ingresso para as sessões de cinema no domingo e a escolhida
para assistir é Maria Margaríta, pois ela sempre demonstrou capacidade para
reproduzir as falas dos atores, descrever as situações e interpretar a
história. Sua fama de “contadora de filmes” chegou aos vizinhos, que, em
sessões especiais, acompanhavam com toda atenção o desempenho da menina. E
assim segue a história, acompanhando a família desde o final dos anos 50,
percorrendo a década de 60 e chegando ao final em 1973, quando um golpe militar
depôs o presidente Salvador Allende. “A Contadora de Filmes” é mais um daqueles
filmes para ficar do lado esquerdo do peito de qualquer cinéfilo, como tantos outros
filmes que também homenagearam o cinema, entre os quais considero “Cinema
Paradiso” o melhor de todos.