sexta-feira, 22 de janeiro de 2016
“O QUARTO
DE JACK” (“Room”), Canadá, 2015, direção de Leonard Abrahamson (“What Jack Did”).
Drama pesado e triste sobre uma jovem mulher (Brie Larson) que, aos 17 anos, foi
sequestrada e trancada num pequeno quarto. No cativeiro, ela foi estuprada pelo
sequestrador e teve um filho. A primeira parte do filme apresenta a rotina de mãe
e filho num quarto de 10 m², os problemas de relacionamento entre os dois e
ainda as visitas nada agradáveis do sequestrador, que incluíam ir para a cama com
Ma, enquanto Jack ficava dentro de um armário. A segunda parte é dedicada às
dificuldades de readaptação dos dois ao mundo real. Jack (Jacob Tremblay), por
exemplo, acreditava que as imagens da TV eram de um mundo que não existia. Tudo
ficção. O roteiro não abre concessão ao humor nem a momentos sensíveis ou
comoventes. Tudo é muito duro e dramático, frio e melancólico. A história foi inspirada num caso
real abordado no livro “Room”, de Emma Donoghue. O filme recebeu 4 indicações
ao Oscar, inclusive para Melhor Atriz (Brie Larson). William H. Macy e Joan
Allen também fazem parte do elenco. Nada contra, mas não merecemos mais tanta
tristeza, pois já convivemos com um mundo real muito triste e cruel.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
“O REGRESSO” (“The Revenant”), 2015, EUA, é apontado como o grande favorito ao Oscar 2016. Recebeu 12
indicações – e já venceu o Globo de Ouro em três categorias, Melhor Filme, Melhor
Ator e Melhor Filme Dramático. Trata-se de um bom filme de aventura, sem
dúvida, com ótimas cenas de ação, atuação brilhante de Leonardo DiCaprio, cenários
maravilhosos e uma fotografia belíssima. Apesar de tudo isso, não é “aquele” filme
para receber tantas indicações. Talvez tenha pesado o fato de ter à frente do
projeto o badalado diretor mexicano Alejandro González Iñárritu, que levou o
irregular “Birdman” a conquistar vários Oscars em 2015, inclusive Melhor
Diretor e Melhor Filme. E, claro, a presença do astro DiCaprio. Ele interpreta
o explorador e caçador de peles Hugh Glass, personagem que realmente existiu no
início do Século XIX (a história é baseada no livro “The Revenant: A Novel of
Revenge”, escrito por Michael Punke). Numa caçada ao longo do Rio Missouri, depois
de um combate sangrento contra os índios, Glass e sua turma conseguem fugir. Na
floresta, Glass é atacado por um urso (a cena é espetacular) e fica à beira da
morte, sendo abandonado pelos companheiros. Um deles, em especial, John
Fitzgerald (Tom Hardy, irreconhecível), será o alvo da vingança de Glass. O filme é muito bom e DiCaprio dificilmente deixará de ganhar a estatueta de Melhor Ator. Sua atuação realmente é espetacular.
terça-feira, 19 de janeiro de 2016
“A LAGOSTA” (“THE LOBSTER”), 2014, Grécia/Inglaterra. Dos filmes esquisitos ou meio malucos que vi
nos últimos anos, este talvez seja o mais interessante. Produção de primeira,
elenco de astros (veja abaixo), fotografia primorosa e uma história, embora
fantasiosa, bastante digerível. Os diálogos foram construídos na base do nonsense, acentuando o humor negro que
atravessa o filme na maioria das cenas. A ficção não é datada, apenas presumida
como se fosse um ano qualquer do futuro. As pessoas não podem viver sozinhas,
não podem ser solteiras. Aquelas que estão nessa condição são detidas e levadas
para um hotel no meio da floresta. Se não encontrarem um (a) parceiro (a) em 45
dias, serão transformadas num animal de sua própria escolha. No caso do
arquiteto David (Colin Farrel, gordo como nunca se viu), numa lagosta (daí o título). A história toda
gira em torno de David, “hospedado” no tal hotel. Ali, ele será obrigado a
conviver com os tipos mais esquisitos e obedecer a normas das mais estranhas e estapafúrdias.
O diretor grego Yorgos Lanthimos (de “Dente Canino”), co-autor do roteiro, deve ter bastante
prestígio, pois neste seu primeiro filme em língua inglesa conseguiu um elenco
de primeira linha. Além de Farrel, trabalham Rachel Weisz (esposa de Daniel
Craig, o atual James Bond), Léa Seydoux, Jessica Barden, Olivia Colman, John C.
Reilly, Ariane Labed, Ashlei Jensen e Ben Whishaw. O filme teve sua exibição de
estreia no Festival de Cannes 2015, com ótimas críticas. Para sair da mesmice
das fitas comerciais, indico esta como opção das mais interessantes.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2016
“ADULTOS INEXPERIENTES” (“Adult Beginners”), 2014, EUA, direção de Ross Katz, é uma
comédia independente simpática, leve, mas bem fraquinha. Começa o filme com uma
festa superbadalada promovida pelo empresário Jake (o comediante Nick Kroll) para
lançar seu novo produto. Até o final dos créditos iniciais, Jake perderá tudo:
empresa, todo o dinheiro dos investidores (2,5 milhões de dólares), a namorada,
os amigos e a própria autoestima. Sem eira nem beira, pede para morar com a
irmã Justine (Rose Byrne), o cunhado Danny (Bobby Cannavale) e o sobrinho de 3
anos de idade. Por incrível que pareça,
e ao contrário de tantos outros filmes, os cunhados se dão bem, os irmãos se
dão bem e Jake é bem recebido na casa deles, sem prazo para ir embora. Para
compensar, porém, recebe uma árdua missão: ser babá do terrível sobrinho. Nada
acontece de especial no desenrolar da história. O filme se arrasta sem ter
muito a dizer, sem provocar risadas, apenas um leve sorriso de vez em quando. O filme não reserva nenhum atrativo especial, a não ser a presença da bela e competente atriz australiana Rose Byrne. É pouco para justificar uma recomendação. Descartável pode ser a definição mais correta.
“A ONDA” (“BØLGEN”), 2015, direção de Roar Uthaug, é mais um disaster movie do cinema. Com uma novidade: este é norueguês. Para
introduzir a história: ao longo dos anos, o país nórdico vem sendo atingido por
vários tsunamis, causando a morte de muita gente. Sua geologia favorece a ocorrência
desses fenômenos. Baseado em fatos reais, portanto, esta produção mostra o que
poderá acontecer se o desastre ocorrer no Fiorde de Geiranger, um dos lugares
turísticos mais badalados da Noruega. Aliás, os cenários do filme são
deslumbrantes. O filme reúne uma dupla de atores dos mais prestigiados na
Noruega: Kristoffer Joner e Ane Dahl Torp. Kristoffer é o geólogo Kristian, que
trabalha numa central que controla e prevê mudanças geológicas que podem
provocar esses tipos de desastre. É ele quem dá o alerta de que algo está para acontecer. De início, acham que ele está errado, mas quando a coisa acontece
não dá mais tempo de fugir. Desce da montanha, com fúria total, uma onda de 80
metros de altura, de dar medo a qualquer surfista, imagine gente normal. Daí para frente, todo mundo na cidade terá que se desdobrar
para conseguir sair vivo. Dá pra ver numa boa, mas esse tipo de filme Hollywood faz melhor.
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