sábado, 19 de abril de 2014

“Quando chama o Coração” (“When calls the Heart”), EUA, 2013, é o filme piloto que deu origem à série de TV que começou a ser exibida em janeiro de 2014 pelo Hallmark Channel. Pelo aperitivo, já dá para perceber que é uma produção de época (início do Século XX) tipo novela das seis da Globo. Ou seja, um romance “água com açúcar” – com muito mais açúcar do que água. A jovem Elizabeth Thatcher (Poppy Drayton) - nada a ver com a Dama de Ferro -, uma das três filhas de um milionário nova-iorquino, resolve ser professora e começa a procurar emprego. Numa noite, vasculhando a enorme biblioteca da casa, encontra o diário escrito por sua tia Elizabeth (Maggie Grace), irmã do seu pai, que conta sua aventura como professora numa longínqua cidade do Oeste, perto da fronteira com o Canadá, num lugar chamado Vale do Carvão. Em seu relato, a tia ainda conta sobre sua paixão por um oficial da Polícia Montada, Wynn Delaney (Stephen Amell). Em flashback, o filme mostra as cenas da tia conforme os fatos relatados no diário. Entusiasmada com a experiência da tia, Elizabeth se enche de coragem e decide ir para o mesmo lugar. O filme piloto termina com a jovem chegando à cidade, realmente um fim de mundo. A história é baseada no romance “Love Comes Sofity”, de Janette Okke.                                                    

“Filhos do Divórcio” (“A.C.O.D. – Adult Children of Divorce”), EUA, 2013, é uma comédia bem legal.  Carter (Adam Scott) já passou dos trinta anos e ainda carrega consigo o trauma da separação dos pais, fato que aconteceu há muitos anos. A relação de Hugh (Richard Jenkis), o pai, com Melissa (Catherine O’Hara), a mãe, sempre foi turbulenta, com brigas homéricas, nas quais xingamentos e palavrões eram bastante comuns.  Depois da separação, porém, nunca mais se viram. Ele casou mais duas vezes e ela vive um casamento estável com um cara bonachão. As coisas pareciam estar em seus devidos lugares quando, de repente, o irmão mais novo de Carter resolve se casar. Carter vai pedir aos pais que concordem em ir ao casamento do irmão e que aturem a presença um do outro. Pronto, bastou para iniciar uma série de confusões envolvendo toda a família. Um jantar num restaurante japonês – a noiva do irmão de Carter é japonesa – reunindo as duas famílias é um dos pontos altos da comédia, que ainda tem no elenco a gata Jessica Alba, Amy Poehller e Jane Linch. A direção é de Stuart Zicherman. Um bom programa para uma sessão da tarde.                                                   
“Diário Perdido” (“Mères et Filles”), 2009, é um drama francês dirigido por Julie Lopes-Curval. Não que o título em português seja ruim, mas o original em francês, “Mães e Filhas”, é mais condizente com a história. Audrey (Marina Hands) viaja do Canadá, onde trabalha há anos, para a França com o objetivo de visitar os pais, Martine (Catherine Deneuve) e Michel (Michel Duchaussoy), que moram num vilarejo à beira-mar. Percebe-se desde o início que Martine é uma mulher amargurada e que sua relação com a filha não é das melhores. Audrey aproveita para rever a casa onde moravam os avós, fechada após a morte do avô. Escondido atrás de um velho armário, ela acha um diário escrito por Louise, sua avó. Entre receitas culinárias e anúncios de revistas dos anos 1950, Audrey encontra o relato de uma mulher infeliz no casamento e disposta a dar uma guinada em sua vida. Até as revelações do diário, a história “oficial” contada pela mãe Martine era a de que Louise havia fugido de casa, abandonando o marido e os filhos, talvez por causa de um amante. Ao ler e interpretar os fatos narrados no diário, Audrey vai descobrir que a história aconteceu de forma diferente, o que fará com que o desfecho do filme seja bastante surpreendente. Muito bem utilizado pelo diretor o recurso de fazer com que Andrey interaja com os personagens do passado na mesma cena, tornando reais os fatos como ela imagina terem acontecido. O filme é ótimo e merece ser visto.                                             

sexta-feira, 18 de abril de 2014

 

O suspense policial francês “Assassinato em 4 Atos” (“Le Marque des Anges – Miserere), 2013, dirigido por Sylvain White, apresenta uma trama bastante fantasiosa (nazistas fazendo experiências médicas em prisioneiros políticos no Chile, crianças cujo canto estoura os tímpanos das pessoas etc.). A história, baseada no romance de Jean-Christophe Grange, começa com o assassinato de um maestro de um coral de crianças. Ele é encontrado com os tímpanos estourados. A polícia francesa começa a investigar os motivos dessa morte. Paralelamente, de forma não oficial, também passam a investigar o crime o policial Frank Salek (Joey Starr) e o ex-policial Lionel Kasdan (Gérard Depardieu). Frank tem um fato do passado como motivo para tentar a captura do assassino e Kasdan vê nesse trabalho um bom motivo para sair da letargia de sua recente aposentadoria. A dupla vai descobrir uma forte ligação dos assassinos com os ideais nazistas e ainda um plano para assassinar uma importante autoridade. Depardieu está enorme de gordo e com dificuldades de se locomover, o que, convenhamos, não combina com um personagem que precisa perseguir bandidos. O filme até que tem bastante ação e suspense, o que prende a atenção, mas está muito longe dos melhores policiais franceses, talvez prejudicado por uma história tão mirabolante.                                       

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Os países escandinavos estão se especializando em filmes policiais, de ação e de suspense. Bons exemplos não faltam: a trilogia sueca Millenium (um dos filmes teve até versão hollywoodiana recente com Danel Craig e Rooney Mara), o ótimo norueguês “Headhunters” e vários dinamarqueses, entre os quais “ID: Identidade Anônima” (“ID: Identitet Anonym”), de 2012. O filme começa com uma mulher (a ótima atriz sueca Tuva Novotny) toda machucada caída à beira de um rio na França e com uma pesada mochila nas costas. E pior: sem memória. Ela se hospeda numa pensão com o nome de Aliena e, ao abrir a mochila no quarto, acha um grande volume de dinheiro e um revólver. Sem saber o que fazer, ela sai andando pela aldeia em busca de alguma pista sobre o que aconteceu. Ao passar por uma banca de revistas, pega um folheto turístico escrito em dinamarquês e percebe que conhece a língua. Quando sai de um restaurante, depois de jantar, é perseguida por homens armados e consegue fugir. Resolve pegar um ônibus para a Dinamarca. Durante a viagem, no fone de ouvido de um passageiro, ela ouve uma voz masculina cantando uma ária de ópera. Ela identifica a voz e pergunta de quem é. Trata-se de uma gravação de Just Ore, um famoso barítono dinamarquês. Ela vai seguir essa pista e tentar descobrir o que aconteceu. De sua metade em diante, o filme volta em flashback até o momento em que tudo começou e, a partir daí, Ida (seu verdadeiro nome) vai entender e relembrar tudo o que aconteceu, com direito a muitas cenas de ação e suspense. Quem gostou do estilo dos filmes da trilogia Millenium vai gostar deste também.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

O ótimo drama alemão “À Espera de Turistas” (“Am Ende kommen Touristen”), dirigido por Robert Thalheim, estreou no Festival de Cannes em 2007, mas, por alguma razão que não sei, só chegou aos cinemas do Brasil em 2013. O jovem alemão Sven (Alexander Fehling), ao invés de ingressar no Serviço Militar, faz a opção de integrar um trabalho comunitário na cidade polonesa de Oswiecim (ex-Auschwitz). Aqui, ele vai trabalhar no museu dedicado às vítimas do holocausto durante a 2ª Guerra Mundial. Uma de suas tarefas é servir de cuidador do velho Krzeminski (Ryszard Ronczewski), um sobrevivente do campo de concentração que costuma dar palestras aos turistas que visitam o museu. Numa delas, um jovem turista pede para ver o número de prisioneiro tatuado no braço de Krzeminski. O jovem olha e diz que o número está meio apagado. “É que eu não quis retocar”, responde o velho, talvez no único momento de humor do filme. Krzeminski também é responsável pela manutenção e conserto das malas abandonadas pelos judeus antes de serem mortos nas câmaras de gás. Por razões óbvias, Krzeminski não recebe bem o jovem alemão e o trata de maneira bem rude, assim como os poloneses da cidade. Sven, porém, acaba se afeiçoando ao velho, entendendo a revolta dele pelo que seus antepassados fizeram. “À Espera de Turistas” é um filme forte, um tanto melancólico, mas bastante impactante e esclarecedor. E sua mensagem é clara: as feridas do holocausto jamais serão cicatrizadas.                                       

domingo, 13 de abril de 2014

O elenco é de primeira: Clive Owen, Billy Crudup, Mila Kunis, Marion Cotillard, James Caan, Zoe Saldana e Matthias Schoenaerts. O filme é americano, de 2013, e o diretor é francês (Guillaume Canet). “Laços de Sangue” (“Blood Ties”) é um drama ambientado em Nova Iorque – o ano é 1974 – e conta a história de Chris (Owen), que sai da cadeia depois de 9 anos preso por assassinato. Seu irmão mais novo, Frank (Crudup), que é policial, tenta ajudá-lo a se reintegrar à sociedade e a se reaproximar da mulher Monica (Marion) e dos dois filhos. Até arruma um emprego para ele numa oficina mecânica. Mas o gênio rebelde e violento de Chris vai levá-lo de volta ao crime. Enquanto isso, Frank está completamente obcecado pela ex-namorada Vanessa (Zoe Saldana), que está casada e tem uma filha com Anthony Scarfo (Schoenaerts), um ex-marginal que afirma estar limpo há tempos. A obsessão por Monica vai fazer com que Frank prenda Scarfo – o filme dá a entender que as provas foram forjadas pelo policial. Todas essas histórias paralelas servem de pano de fundo para o que realmente interessa, que é o relacionamento conflituoso entre os irmãos. O filme fez parte da seleção oficial do Festival de Cannes 2013 e teve boa recepção por parte de público e crítica. É um bom filme, valorizado por um desfecho surpreendente e, principalmente, pelo ótimo elenco.