sexta-feira, 6 de setembro de 2019


“LÁMEN SHOP” (“RAMEN TEH”), 2018, coprodução Singapura/Japão/França, 1h30m, direção de Eric Khoo, com roteiro escrito por Tan Fong Cheng e Wong Kim Hoh. Para quem gosta de culinária, principalmente a oriental, “Lámen Shop” é um prato cheio. Antes de iniciar o comentário, lembro que Lámen é um prato tradicional da culinária japonesa, constituído de macarrão chinês, uma sopa com caldo à base de ossos de porco, peixe ou frango, além do acréscimo de alguns condimentos. Vamos à história do filme. O jovem Masato (Takumi Saitoh) trabalha com o pai num restaurante do Japão especializado em servir o Lámen. Depois da morte do pai, Masato descobre num baú um caderno de receitas escrito em mandarim (língua oficial da China, Singapura, Taiwan e Hong Kong). Um parêntese: a mãe era chinesa e casou com o pai de Masato, japonês, muito a contragosto da mãe dela. Tudo por causa da invasão japonesa a Singapura em 1942, na época uma colônia britânica. Os japoneses abusaram da crueldade, assassinando muita gente da população local e os próprios ingleses. Voltando à história: Masato resolveu viajar até Singapura para descobrir como o romance de seus pais começou e, ainda, tentar uma aproximação com a avó. No meio do caminho, Masato visitou alguns centros importantes de culinária no Japão, China e Singapura, aprendendo novas receitas para aperfeiçoar o Lámen do seu restaurante, como também outros pratos típicos da China, Japão e Singapura. Um road movie culinário dos mais interessantes. Masato chega à conclusão de que todos os acontecimentos de sua família giraram em torno de uma mesa de comida, e está lá o Lámen como elemento agregador. Um belo filme, sensível e comovente, onde a culinária está presente em todos os momentos. Como escreveu um crítico profissional, no filme “Todas as feridas se resolvem entre carnes e temperos, entre lágrimas e abraços”. Uma definição com a qual concordo plenamente. Não percam!       

quarta-feira, 4 de setembro de 2019


“JOHN WICK 3 – PARABELLUM” (“JOHN WICK: CHAPTER 3 – PARABELLUM”), 2019, EUA, 2h12m, direção de Chad Stahelski (o mesmo dos dois primeiros – “De Volta ao Jogo” e “Um Novo Dia para Matar”). Como nos dois primeiros filmes da série, “Parabellum” capricha nas cenas de ação. A história é fantasiosa e mirabolante demais, mas para quem curte filmes de ação, pouco importa. O que vale mesmo são as pancadarias, sangue jorrando, perseguições, tiros e muita ação. Neste terceiro filme da série, John Wick (Keanu Reeves) é condenado à morte e caçado por criminosos contratados pela Alta Cúpula, depois de ter assassinado – no filme anterior – um chefão da máfia que estava hospedado no Hotel Continental, pertencente à organização. A recompensa é de US$14 milhões, o que atrai um grande contingente de assassinos. Mas John Wick é John Wick, mestre em artes marciais, exímio atirador e praticamente imortal. Keanu Reeves está visivelmente pesado para as lutas corpo a corpo, sendo substituído por um dublê - dá para ver nitidamente que não é ele. O filme é mentiroso, como os de James Bond. Para se ter uma ideia, depois de várias lutas no Marrocos e ser obrigado a atravessar o deserto a pé, ele chega a um oásis com o terno e o nó da gravata impecáveis. Há algumas outras cenas de humor, o que deixa o filme ainda mais agradável de assistir. Dizem que será o último da série, mas não acredito. Afinal, seu lançamento mundial rendeu US$ 319 milhões, o que significa um grande sucesso de bilheteria. Além de Reeves, completam o elenco Halle Berry, Laurence Fishburne, Mark Dacascos, Asia Kate Dillon, Lance Reddic, Ian McShane e Anjelica Huston. Resumo da ópera: “Parabellum” é uma grande bobagem, mas uma bobagem bastante divertida. Informação adicional: “Parabellum” vem de uma frase do latim: “Si Vis Pacem Para Bellum” (“Se Você quer Paz, Prepare-se para a Guerra”). Meu blog também é cultura.    

terça-feira, 3 de setembro de 2019


“DONNYBROOK” – LUTA PELA REDENÇÃO” (“DONNYBROOK”), 2018, EUA, 1h41m, direção de Tim Sutton, que também é o autor do roteiro, baseado no livro “DonnyBrook”, de 2013, escrito por Frank Bill. A história é centrada no veterano de guerra Jarhead Earl (o ator inglês Jamie Bell, de “Billy Elliot”), que vive de trambiques e assaltos para sustentar a família e pagar os remédios da esposa Sarah (Valerie Jane Parker), que está com câncer. Com o objetivo de conseguir mais dinheiro para um tratamento mais intensivo e eficiente de Sarah, Jarhead resolve treinar para disputar um torneio de lutas chamado “DonnyBrook”, cujo vencedor leva 100 mil dólares. Paralelamente ao drama vivido por Jarhead, o filme acompanha a trajetória de Chainsaw Angus (o brucutu Frank Grillo), traficante de metanfetamina, um cara violento que vive espancando a irmã Delia (Margaret Qualley), viciada e também sua parceira no tráfico. Enfim, gente da "melhor" qualidade. Quando chega a hora das lutas no DonnyBrook – cerca de 20 lutadores são colocados numa jaula e o último que ficar de pé ganha o prêmio), Jarhead e Angus ficam frente a frente para resolver uma antiga rixa - Angus era o fornecedor de drogas de Sarah. O roteirista e diretor Tim Sutton, da trilogia “Memphis”, “Dark Night” e “Pavillion”, acerta a mão também em “DonnyBrook”, um filme independente muito elogiado pela crítica especializada. Eu também gostei, mesmo que seja violento demais. Para encerrar, destaco a cena em que a bela atriz Margaret Qualley sai nua de um lago, lembrando Ursula Andrews em “007 Contra o Satânico Dr. No” (1962), o primeiro da série James Bond. Outro destaque do filme fica por conta das ótimas atuações de Jamie Bell, Frank Grillo e da própria Margaret Qualley. Enfim, “DonnyBrook é um filme que merece ser conferido.     

segunda-feira, 2 de setembro de 2019


Representante oficial da Dinamarca na disputa do Oscar 2019 de Melhor Filme Estrangeiro, o suspense “CULPA” (“DEN SKYLDIGE”) tem um grande mérito: manter a plateia na maior tensão durante sua hora e meia de duração com apenas um personagem, seu telefone e computador dentro de uma saleta. Além dele, só as vozes das pessoas que ligam para a emergência. O responsável por essa façanha é o jovem roteirista e diretor sueco Gustav Möller, de 31 anos, em seu longa-metragem de estreia. Vamos à história: o policial Asger Holm (Jakob Cedergren) atuava nas ruas de Copenhagen, mas, por causa de um incidente de trabalho, acabou designado para trabalhar na central telefônica de emergências da polícia. Em meio a trotes e ocorrências banais, Asger recebe a ligação de uma tal de Iben, desesperada pedindo ajuda, dizendo que havia sido sequestrada pelo ex-marido, Michael. Ela dizia estar trancada no porta-malas do carro de Michael, enquanto Asger tentava, ao mesmo tempo, rastrear o veículo. A situação fica ainda mais tensa quando Asger descobre que Michael tem passagens pela polícia. Várias viaturas são mobilizadas para ir até a casa de Iben, onde estariam seus dois filhos, o bebê Oliver e a filha mais velha Mathilde. Ali, descobrem uma tragédia. E Asger ingressa numa angustiante corrida contra o relógio para resolver a situação. É melhor não falar mais nada para não estragar a reviravolta do desfecho. Eu já conhecia o ator Jakob Cedergren de outros filmes, como os excelentes “Tristeza e Alegria”, de 2013, e “Submarino”, de 2010. Aos 46 anos, Jacob, nascido na Suécia e radicado na Dinamarca, talvez seja hoje o melhor ator dinamarquês em atividade. Em “Culpa”, ele realmente tem uma atuação espetacular. O filme, exibido por aqui durante a programação da 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, também foi destaque nos festivais de Sundance e Rotterdam. Imperdível!