Confesso que conheço muito pouco do
cinema da Estônia. Devo ter assistido a alguns e lembro de dois em especial,
muito bons aliás: “Tangerinas” e “Na Ventania”, ambos de 2014 e comentados no meu blog. Embora a
produção cinematográfica do país báltico seja bastante acanhada – de dez a
vinte filmes por ano -, alguns de seus filmes são consagrados pela crítica
especializada e premiados em festivais pelo mundo afora. O drama “TEESKELEJAD” (2016), primeiro longa do
diretor Vallo Toomla, por exemplo, foi selecionado para ser exibido na programação
oficial do Festival Internacional de Cinema de San Sebastián (Espanha), um dos
mais importantes do mundo cinematográfico. O filme é um drama bastante pesado, com
pitadas de suspense, envolvendo o casal Anna (Mirtel Pohla) e Juhan (Príít
Vöigemast). Em crise no casamento, eles combinam passar um final de semana
sozinhos para tentar uma reconciliação. Um amigo do casal empresta uma casa
bastante confortável à beira do mar. A gente logo percebe que a situação só
tende a piorar, principalmente pelo comportamento irascível de Anna. Se a
relação já não está boa, fica pior ainda quando Anna, sem o consentimento de
Juhan, convida Erik (Meelis Rämmeld) e Trin (Mari Abel), um casal de
mochileiros, para usufruir da casa e aproveitar de todas as suas mordomias. Anna
continua insuportável e decide lavar a roupa suja na frente dos dois convidados, humilhando o
marido, o que ajuda o clima a ficar ainda mais pesado, até chegar à fase de
agressões mútuas e até tentativa de assassinato. Aí o suspense rola solto, com uma boa dose de violência. Sem muito
apelo comercial, o filme certamente não chegará por aqui, a não ser, quem sabe,
em DVD. Por isso, não há um título disponível em português (a tradução literal
é “Professores”, que não tem nada a ver com a história – nos países de língua
inglesa, o título ficou “Pretenders”, que também não tem nada a ver). O filme é
mais interessante do que bom. De qualquer forma, vale a pena conferir.
sábado, 23 de junho de 2018
quinta-feira, 21 de junho de 2018
“O
CADERNO DE SARA” (“El Cuaderno de Sara”), produção Netflix (estreou dia 29 de maio de 2018), direção
de Norberto López Amado (“La Decisión de Júlia”), com roteiro de Jorge
Guerricaechevarria. Muita aventura, suspense e ação nesta ótima produção
espanhola de 2018. A história é centrada na advogada Laura Alonso (a ótima
atriz espanhola Belén Rueda), que há dois anos não tem notícia da irmã Sara (Marián
Ávarez), que saiu de Madrid para participar de um projeto humanitário de uma
Ong na República Democrática do Congo, um dos países mais violentos da África
Central. Depois de tanto tempo sem notícia, a família de Sara já estava
acreditando que ela só poderia estar morta. A esperança disso não ter
acontecido veio por intermédio de uma foto publicada num jornal espanhol onde
Sara aparece viva num acampamento de de uma milícia de rebeldes. Foi o
suficiente para Sara arrumar as malas e partir para o Congo a fim de resgatar a
irmã, com a ajuda de uma equipe de jornalistas e com a proteção de soldados das
forças de paz da ONU. Mesmo com toda essa retaguarda, Sara enfrentará muitos
perigos pelo caminho, arriscará sua vida e verá muita violência e assassinatos.
Enfim, conhecerá a realidade de um país pobre e em constante conflito. Descobrirá também que todos brigam, na
verdade, não por uma ideologia política, mas por pura ganância, ou seja, a
conquista das minas de coltan, do qual se extrai minerais valiosos como o
nióbio e o tântalo. O filme teve locações na República de Uganda e na Ilha de
Tenerife. As cenas são bastante realistas, algumas muito fortes, a história tem
muita ação e suspense, fazendo desta produção espanhola um ótimo programa na telinha.
quarta-feira, 20 de junho de 2018
Fantasmas, muitos sustos, humor na dose
certa e uma boa história, por incrível que pareça baseada em fatos reais. Todos
esses ingredientes estão no ótimo “A MALDIÇÃO DA CASA WINCHESTER” (“Winchester”),
2018, EUA/Austrália, uma grata surpresa no gênero terror. Escrito e dirigido
pelos irmãos Peter e Michael Spierig (“Jogos Mortais: Jigsaw”, “O Predestinado”
e “Canibais”), o filme conta a história incrível de Sarah Winchester (Helen
Mirren), que no início do Século XX, com a morte do marido, virou herdeira da lendária fábrica de armas e encarregada de tocar o negócio. Sua capacidade de gestão, porém, é
contestada pelo conselho administrativo da empresa, depois que ela passou a gastar milhões para reformar uma mansão com mais de 700 portas, alegando que era para prender os
fantasmas, a maioria deles vítimas das armas fabricadas pela empresa. O conselho
decide contratar o psiquiatra Eric Price (Jason Clarke) para elaborar um laudo
psicológico de Sarah. A chegada do médico à mansão, juntamente com Marion
Marriott (Sarah Snook), sobrinha da viúva, desencadeia uma série de
acontecimentos sobrenaturais, incluindo a aparição de fantasmas, objetos se
movimentando sozinhos etc., garantindo muitos sustos e proporcionando uma ótima
diversão. Fazia tempo que eu não assistia um filme de terror tão bom. Quem gosta do
gênero vai curtir do começo ao fim. Imperdível!
terça-feira, 19 de junho de 2018
“ISTO
SÓ A MIM!” (“Retour Chez Ma Mère”), 2016,
França, 1h37m, roteiro e direção de Eric Lavaine (“Sobre Amigos, Amor e Vinho”).
Trata-se de uma comédia despretensiosa e muito agradável de assistir, com
ótimos diálogos bem-humorados e situações muito engraçadas. Enfim, tudo o que uma
boa comédia deve proporcionar. A arquiteta Stéphanie (Alexandra Lami) perde o
emprego e fica sem grana para pagar o aluguel. Diante da situação, é obrigada a
voltar a morar com a mãe, Jacqueline Mazerin (Josiane Balasko). Só que não sabe
que Jacqueline está tendo um caso com o vizinho Jean (Didier Flamand). Com a
filha morando com ela, Jacqueline terá que inventar tudo que é truque para
encontrar com o namorado. Stéphanie acaba notando que o comportamento da mãe
está muito esquisito e começa a desconfiar que ela está com Alzheimer. Aí a
confusão está armada e fica pior ainda quando Jacqueline reúne Stéphanie e seus
dois outros filhos, Nicolas (Philippe Lefebvre) e Carole (Mathilde Seigner),
para um jantar em família, durante o qual pretende contar sobre seu romance com Jean. O relacionamento entre os irmãos nunca foi muito bom, e a roupa suja vai ser lavada justamente durante o jantar, para desespero de Jacqueline. Na sua segunda metade, o filme perde um pouco o tom de comédia, mas sem prejudicar o resultado final. Trata-se, portanto, de um ótimo entretenimento. O que
destoou, na verdade, foi a tradução que escolheram para o título em português, que
não quer dizer nada, pois o título original, em tradução literal, é “De Volta a
Casa da Minha Mãe”.
segunda-feira, 18 de junho de 2018
“A
BOA ESPOSA” (“DOBRA ZENA”), 2016,
coprodução Sérvia/Bósnia/Croácia, é um excelente drama cujo maior destaque é a magistral
atuação da veterana atriz sérvia Mirjana Karanovic, que também é a roteirista e
diretora do filme – é o seu primeiro longa-metragem nessa dupla função. Mirjana está na pele de Milena, uma dona de casa dedicada totalmente à família.
Sua rotina não muda há anos: preparar e servir o café da manhã, fazer faxina,
cozinhar, lavar, passar e ainda, à noite, atender aos desejos sexuais de Vlada
(Boris Isakovic), o marido, um ex-oficial do exército sérvio com papel marcante
na guerra civil que atingiu a Iugoslávia na metade da década de 90. Numa
consulta de rotina, Milena descobre que está com um tumor no seio. Para piorar,
numa faxina que fez no porão da casa, ela acha uma antiga fita VHS escondida entre
vários objetos. Ao projetá-la, Milena dá de cara com terríveis cenas de tortura
e assassinato nas quais o marido aparece com destaque. E agora, o que “a boa
esposa” fará a respeito? Deixo a resposta em aberto para quem quiser descobrir este
grande filme. Só para ilustrar meu comentário, por esse filme Mirjana foi
eleita a melhor atriz do Festival Internacional de Cinema de São Paulo. Imperdível!!
domingo, 17 de junho de 2018
Representante oficial da Noruega na disputa
do Oscar 2018 de Melhor Filme Estrangeiro, “THELMA”
é um misto de drama, suspense, terror psicológico e romance. A história é
centrada na jovem Thelma (Eili Harboe), que sai de sua cidadezinha no interior
para estudar Biologia na capital Oslo. Morando sozinha pela primeira vez, longe
da opressão da família religiosa e conservadora, Thelma terá que conviver com os fenômenos
sobrenaturais que a acompanham desde criança e que ocasionaram uma tragédia na
família. Quando está chateada, Thelma sofre ataques de epilepsia que nem os
médicos conseguem descobrir a causa. De vez em quando, uma energia incontrolável toma conta dela, o que a faz atrair pássaros e cobras. Em Oslo, a jovem conhecerá o sexo pela
primeira vez com Anja (Kaya Wilkins), sua colega de classe, pela qual se
apaixona. O filme, escrito e dirigido por Joachim Trier, o mesmo de “Mais Forte
que Bombas” e “Oslo, 31 de Agosto”, é bastante interessante, chegando a ser
comparado pelos críticos ao clássico do terror “Carrie, A Estranha”, de 1976. Recomendo.
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