quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

 

“AGRADECIMENTO E DESCULPAS” ("TACK OCH FÖRLĂT”), 2023, Suécia, 1h30m, direção de Lisa Aschan, seguindo roteiro assinado por Marie Østerbye, em cartaz na Netflix. Trata-se de um drama leve, com algumas pitadas de humor, muito simpático e agradável de assistir. Enquanto escovava os dentes antes de dormir, Sara (Sanna Sundqvist), grávida de oito meses, ouve seu marido Daniél (Mattias Ramos) bater na porta do banheiro e anunciar que vai viajar para dar um tempo na relação. Um “boa noite” dos mais desagradáveis, mesmo porque ela não dorme mais na mesma cama que dividiam. Na manhã seguinte, quando Sara entra no quarto para acordar o marido, este não acorda. Sara chama o resgate, que constata: Daniel está morto. Sara reage com frieza, mesmo durante o velório e enterro. Dá para perceber que ela está bastante deprimida e nem o filho fofinho é capaz de colocar alguma alegria na sua vida. Sara começa a encrencar com a sogra (Ia Langhammer), que só quer ajudar. E tem mais: Sara não se dá com a irmã mais velha, Linda (Charlotta Vjorck) e nem com o pai, Timo (Villo Virtanen), que vive em uma casa de repouso. Sozinha e carente, Sara começa a entender que as pessoas à sua volta, mesmo a sogra antipática, só querem ajudar. Aos poucos, ela concorda em esquecer fatos do passado, perdoar quem lhe fez mal e se reaproximar das pessoas, inclusive de sua irmã e de seu pai. Embora intimista e um tanto lento, o filme é bastante sensível, principalmente por instigar uma reflexão sobre relações familiares. Mais um bom lançamento da Netflix. Recomendo.   

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

 

“DRUK – MAIS UMA RODADA" (“DRUK”), 2020, Dinamarca, 1h57m, em cartaz na Netflix, direção de Thomas Vinterberg, que também assina o roteiro com Tobias Lindholm. Este é o filme mais interessante e criativo de Vinterberg (leia no final do comentário a lista de alguns filmes realizados pelo diretor dinamarquês). A história é baseada em uma peça teatral escrita por Vinterberg alguns anos antes. Ida Maria, sua filha adolescente, o incentivou a fazer uma adaptação para o cinema, o que o motivou a concretizar o projeto. A nota triste é que Ida faleceu em um acidente de carro nos primeiros dias da filmagem de “Druk”, mas o cineasta não se deixou abater e concluiu o projeto, com o apoio dos produtores, equipe técnica e elenco. O resultado final não poderia ter sido melhor, pois o filme foi um grande sucesso, recebendo inúmeras premiações, inclusive o Oscar 2021 de Melhor Filme Internacional. “Druk” conta a história de quatro professores de uma mesma escola que se tornaram amigos íntimos. Com problemas familiares e desmotivados nas salas de aula, eles resolvem partir para a bebida, aplicando na prática uma teoria que consagrava as bebidas alcoólicas como remédios para provocar relaxamento e bem-estar, além de afastar qualquer tipo de depressão. O consumo passou a ser diário, antes, durante e depois das aulas, mas nunca após às 20 horas. Eram litros e litros de conhaque, vodca, vinho e até absinto. Eles acabam exagerando nas doses e chegam até a linha tênue que existe entre diversão e vício. É aqui que o drama fala mais alto, resultando em uma tragédia anunciada. Intercalando drama com algumas situações cômicas, o filme transmite uma mensagem clara de como é difícil conviver com o cotidiano de cara limpa. Trata-se, evidentemente, de uma postura negativa em relação à vida, exigindo uma reflexão filosófica e psicológica por parte dos espectadores. Ou seja, mais um filme polêmico de Vinterberg, que tem no currículo excelentes filmes como “A Caça”, “Submarino”, “Longe deste Insensato Mundo” e o mais polêmico deles, “Festa de Família” (1998), marco inicial do controverso e malfadado movimento Dogma 95, que Vinterberg criou com o cineasta Lars Von Trier. Tudo isso para concluir que “Druk” é mais um filme obrigatório do cinema dinamarquês. No elenco, Mads Mikkelsen (o ator preferido do diretor), Thomas Bo Larsen, Magnus Millang, Lars Ranthe, Maria Bonnevie, Albert Rudbeck Lindhardt, Susse Wold e Frederik Winther Rasmussen. Resumo da ópera: “Druk” é simplesmente imperdível!

 

domingo, 31 de dezembro de 2023

 

“A BAILARINA” (“BALLERINA”), 2023, Coreia do Sul, 1h33m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção de Lee Chung-Hyeon (“A Ligação”). Não é de hoje que o cinema sul-coreano tem produzido excelentes filmes, muitos deles premiados (vide “Parasita”). Os filmes de ação também são destaque, como este recente lançamento da Netflix. A história começa com o assassinato da bailarina clássica Min-Hee (Park Yu-Rim). O assassino é revelado no começo.  Trata-se de Choi (Kim Ji-Hun), um psicopata integrante de uma poderosa máfia que explora a prostituição e o tráfico de drogas. A bailarina era obrigada a se prostituir, mas quando quis abandonar o negócio virou alvo e vítima de Choi. É a partir daí que entra na história a melhor amiga da bailarina, Ok-Ju (Jeon Jong-Seo, esposa do diretor e que havia atuado sob sua direção em “A Ligação”), uma especialista em artes marciais e que trabalhava como guarda-costas. Embora franzina, ela briga como gente grande, batendo com vontade em qualquer marmanjo metido a valente. Disposta a vingar a morte da amiga, ela vai atrás de Choi e, então, muita pancadaria vai rolar até o final, sangue jorrando aos borbotões (que palavra mais antiga...). As cenas de ação são muito bem feitas, com destaque para as coreografias das lutas. Trata-se, portanto, de um filme de ação feito para quem gosta de pancadaria, mas tem lá seus momentos de reflexão e alguma sensibilidade. Vale para uma sessão da tarde com pipoca.