sexta-feira, 30 de agosto de 2019


“BENEFÍCIO ABENÇOADO” (“INSHALLAH ISTAFADIT”) – a tradução em português é minha, baseada no título em inglês, “Blessed Benefit”, 2017, coprodução Jordânia/Alemanha/Holanda, 1h23m, primeiro longa-metragem escrito e dirigido por  Mahmoud al Massad, que até então era mais conhecido como ator (ele também atua no filme), diretor de documentários, curtas e séries de TV. Trata-se de uma comédia dramática centrada no personagem Ahmad (Ahmad Thaher), um operário que trabalha na construção civil e vive de bicos reformando casas. Cansado da pobreza em que sempre viveu, ele topa entrar num negócio com seu primo Abu Wafa (Odai Hijazi): importar notebooks para revender. Só que antes do negócio se concretizar, Ahmad é preso por ter recebido 1.800 dinares de um vizinho para construir um muro e ele nem começou a obra. É condenado a três meses de prisão. Ele implora ao primo para vender logo os notebooks e pagar a fiança. Mas não será fácil, pois as mercadorias estão presas na alfândega. Na prisão, Ahamad ocupa uma cela com mais de quinze presos. É onde acontecem as cenas mais engraçadas. O trunfo do filme é realmente o ator Ahmad Thaher, certamente estreando no cinema – procurei referências sobre ele, mas não encontrei. Ele é uma figura, não tem metade dos dentes de cima e quando sorri sempre faz uma cara de ironia. Na verdade, ele parece estar feliz na prisão, longe da mulher que o azucrina. Aparentemente, todo o elenco do filme, com exceção do diretor Massad, parece ser constituído de amadores. Por isso mesmo, atuam de forma espontânea, sem trejeitos ou afetações, o que torna o filme ainda mais saboroso. Programão!   

quarta-feira, 28 de agosto de 2019


“PÁSSAROS AMARELOS” (“YELLOW BIRDS”), 2017, Estados Unidos, 1h50m, direção de Alexandre Moors (seu segundo longa-metragem – o primeiro foi “Blue Caprice”, de 2013). Mais um filme que mostra os horrores de uma guerra – no caso, a do Iraque – e os traumas que perseguem os soldados quando voltam para casa. O roteiro de “Pássaros Amarelos” é de autoria de David Lowery e R.F.I. Porto, que adaptaram os relatos de Kevin Powers no livro “Yellow Birds”, lançado nos EUA em 2012. Veterano da Guerra do Iraque, Powers relata uma história recheada com suas memórias do período em que serviu no país de Sadam Houssein. Vamos à história: Brandon Bartle (Alden Ehrenreich), de 20 anos, e Daniel Murphy (Tye Sheridan), de 18 anos, alistam-se no exército e, durante os treinamentos, ficam muito amigos. Dois anos mais velho, Bartle age como um irmão protetor de Murphy, um garoto tímido e inexperiente. Às vésperas de embarcarem em missão para o Iraque, a mãe de Daniel, Maureen Murphy (Jennifer Aniston), pede a Bartle que cuide do seu filho e o proteja. Após mais de um ano, Bartle volta do Iraque sem o seu amigo, considerado desaparecido. Pelo menos é o que ele e o sargento Sterling (Jack Huston), comandante do batalhão, contam aos seus superiores. Para desespero de sua mãe, Amy Bartle (Toni Collette), Bartle entra em depressão e e se recusa a sair de casa – da cama, na verdade. Até o dia em que chega o capitão Anderson (Jason Patric) e o leva preso. O mistério sobre o que de fato aconteceu no Iraque envolvendo o desaparecimento de Daniel Murphy somente será esclarecido no desfecho. Quem diria que um dia veríamos Jennifer Aniston  e Toni Collette interpretando mães de soldados - é, a idade chega para todos. O filme é excelente, poderoso e tocante, um dos melhores que já assisti sobre os efeitos de uma guerra. A estreia nos cinemas brasileiros deve acontecer em agosto de 2019. Não perca!

domingo, 25 de agosto de 2019


“TED BUNDY: A IRRESISTÍVEL FACE DO MAL” (“EXTREMELY WICKED  SHOCKINGLY EVIL AND VILE”), 2019, Estados Unidos, 1h50m,  direção de Joe Berlinger e roteiro assinado por Michael Werwie. Filme produzido pela Netflix, estreou nos EUA no dia 3 de maio de 2019 e aqui no Brasil, em circuito comercial, no dia 25 de julho de 2019. O filme é uma cinebiografia de um dos serial killers mais famosos dos Estados Unidos: Theodore Robert Cowell, mais conhecido como Ted Bundy. Nos anos 70 do século passado, ele matou mais de 35 mulheres, em geral jovens e bonitas, em sete estados norte-americanos. Ted Bundy usava seu charme, lábia e beleza para seduzir suas vítimas e depois matá-las com requintes de crueldade. O filme não mostra ele praticando os assassinatos. A gente fica sabendo dos detalhes dos crimes durante os julgamentos aos quais Ted foi submetido. Apesar das evidências e provas concretas, ele sempre declarou inocência. O filme destaca o relacionamento que Ted (Zac Efron) teve com Lilly Kendall (Lili Collins, filha do Phil), mãe solteira que ele conheceu em 1969. Os julgamentos em vários estados acabaram decretando a prisão de Ted. Na Flórida, foi condenado à morte por cadeira elétrica, o que aconteceu no dia 24 de janeiro de 1989. Ed tinha 42 anos. Além de Zac Efron, excelente como o serial killer, e Lili Collins, estão no elenco Kaya Scodelario como Carole Ann Boone, amante de Ted, e John Malkovich como o juiz Edward Cowart, responsável pela sentença final. “Ted Bundy” foi o segundo longa-metragem do cineasta Joe Berlinger – o primeiro foi “A Bruxa de Blair 2: O Livro das Sombras", de 2000. Ele é mais conhecido no mundo do cinema como diretor de curtas, documentários e séries de TV. Eu gostei do filme, embora concorde com grande parte dos críticos profissionais de que houve um certo exagero em glamorizar o assassino, o que deve ter revoltado as famílias das vítimas. Apesar da polêmica, o filme é excelente e dá a oportunidade para assistir à melhor performance do jovem ator Zac Efron, de apenas 31 anos.   


“O FILHO PROTEGIDO” (“El Hijo”), 2019, Argentina, 1h32m, produção e distribuição Netflix, direção de Sebastián Schindel, com roteiro de Leonel D’Agostino. Trata-se de um suspense psicológico cuja história foi adaptada do livro “Una Madre Protetora”, escrito por Guillermo Martínez. O consagrado pintor modernista Lorenzo Roy (Joaquín Furriel) é casado com Sigrid (Heidi Toini), que espera um filho. Este é o segundo casamento de Lorenzo. Do primeiro, ele teve duas filhas, com as quais não tem nenhum contato. A gravidez de Sigrid caminha bem até que ela contrata Gudrunn (Regina Lamm) para ser babá do filho que vai nascer. Com Sigrid, Gudrun só fala em norueguês, fato que causa desconfiança por parte de Lorenzo. Quando a criança nasce, o comportamento de Sigrid e Gudran fica ainda mais misterioso, deixando Lorenzo cada vez mais com a pulga atrás da orelha. O relacionamento entre o casal vira um inferno, prenunciando um desfecho trágico. Essa expectativa sobre o que vai acontecer é o que conduz o suspense até o final. Um bom trabalho do diretor Sebastián Schindel em seu segundo longa-metragem – o primeiro foi “O Patrão: Radiografia de um Crime”, de 2014. Schindel era mais conhecido como diretor de documentários. Um destaque do elenco é a atriz argentina Martina Gusman como Julieta, amiga e advogada de Lorenzo. Casada com o cineasta Pablo Trapero, ela atuou em outros excelentes filmes argentinos, como “Elefante Branco”, “Leonera” e “Abutres”. Enfim, "O Filho Protegido" é mais um ótimo filme argentino.