“BENEFÍCIO ABENÇOADO” (“INSHALLAH
ISTAFADIT”) – a tradução em português é minha, baseada no
título em inglês, “Blessed Benefit”, 2017, coprodução Jordânia/Alemanha/Holanda,
1h23m, primeiro longa-metragem escrito e dirigido por Mahmoud al Massad, que até então era mais
conhecido como ator (ele também atua no filme), diretor de documentários,
curtas e séries de TV. Trata-se de uma comédia dramática centrada no personagem Ahmad
(Ahmad Thaher), um operário que trabalha na construção civil e vive de bicos
reformando casas. Cansado da pobreza em que sempre viveu, ele topa entrar num
negócio com seu primo Abu Wafa (Odai Hijazi): importar notebooks para revender.
Só que antes do negócio se concretizar, Ahmad é preso por ter recebido 1.800
dinares de um vizinho para construir um muro e ele nem começou a obra. É
condenado a três meses de prisão. Ele implora ao primo para vender logo os
notebooks e pagar a fiança. Mas não será fácil, pois as mercadorias estão
presas na alfândega. Na prisão, Ahamad ocupa uma cela com mais de quinze
presos. É onde acontecem as cenas mais engraçadas. O trunfo do filme é
realmente o ator Ahmad Thaher, certamente estreando no cinema – procurei referências
sobre ele, mas não encontrei. Ele é uma figura, não tem metade dos dentes de
cima e quando sorri sempre faz uma cara de ironia. Na verdade, ele parece estar
feliz na prisão, longe da mulher que o azucrina. Aparentemente, todo o elenco
do filme, com exceção do diretor Massad, parece ser constituído de amadores.
Por isso mesmo, atuam de forma espontânea, sem trejeitos ou afetações, o que
torna o filme ainda mais saboroso. Programão!
sexta-feira, 30 de agosto de 2019
quarta-feira, 28 de agosto de 2019
“PÁSSAROS AMARELOS” (“YELLOW
BIRDS”), 2017, Estados Unidos, 1h50m, direção de Alexandre Moors
(seu segundo longa-metragem – o primeiro foi “Blue Caprice”, de 2013). Mais um
filme que mostra os horrores de uma guerra – no caso, a do Iraque – e os
traumas que perseguem os soldados quando voltam para casa. O roteiro de “Pássaros
Amarelos” é de autoria de David Lowery e R.F.I. Porto, que adaptaram os relatos
de Kevin Powers no livro “Yellow Birds”, lançado nos EUA em 2012. Veterano da Guerra
do Iraque, Powers relata uma história recheada com suas memórias do período em
que serviu no país de Sadam Houssein. Vamos à história: Brandon Bartle (Alden
Ehrenreich), de 20 anos, e Daniel Murphy (Tye Sheridan), de 18 anos, alistam-se
no exército e, durante os treinamentos, ficam muito amigos. Dois anos mais
velho, Bartle age como um irmão protetor de Murphy, um garoto tímido e
inexperiente. Às vésperas de embarcarem em missão para o Iraque, a mãe de Daniel,
Maureen Murphy (Jennifer Aniston), pede a Bartle que cuide do seu filho e o
proteja. Após mais de um ano, Bartle volta do Iraque sem o seu amigo,
considerado desaparecido. Pelo menos é o que ele e o sargento Sterling (Jack
Huston), comandante do batalhão, contam aos seus superiores. Para desespero de
sua mãe, Amy Bartle (Toni Collette), Bartle entra em depressão e e se recusa a
sair de casa – da cama, na verdade. Até o dia em que chega o capitão Anderson (Jason
Patric) e o leva preso. O mistério sobre o que de fato aconteceu no Iraque
envolvendo o desaparecimento de Daniel Murphy somente será esclarecido no desfecho. Quem diria que um dia veríamos Jennifer Aniston e Toni Collette interpretando mães de soldados - é, a idade chega para todos. O filme é
excelente, poderoso e tocante, um dos melhores que já assisti sobre os efeitos
de uma guerra. A estreia nos cinemas brasileiros deve acontecer em agosto de
2019. Não perca!
domingo, 25 de agosto de 2019
“TED BUNDY: A IRRESISTÍVEL
FACE DO MAL” (“EXTREMELY WICKED SHOCKINGLY EVIL AND VILE”), 2019, Estados
Unidos, 1h50m, direção de Joe Berlinger
e roteiro assinado por Michael Werwie. Filme produzido pela Netflix, estreou
nos EUA no dia 3 de maio de 2019 e aqui no Brasil, em circuito comercial, no
dia 25 de julho de 2019. O filme é uma cinebiografia de um dos serial killers
mais famosos dos Estados Unidos: Theodore Robert Cowell, mais conhecido como
Ted Bundy. Nos anos 70 do século passado, ele matou mais de 35 mulheres, em
geral jovens e bonitas, em sete estados norte-americanos. Ted Bundy usava seu
charme, lábia e beleza para seduzir suas vítimas e depois matá-las com
requintes de crueldade. O filme não mostra ele praticando os assassinatos. A
gente fica sabendo dos detalhes dos crimes durante os julgamentos aos quais Ted
foi submetido. Apesar das evidências e provas concretas, ele sempre declarou
inocência. O filme destaca o relacionamento que Ted (Zac Efron) teve com Lilly
Kendall (Lili Collins, filha do Phil), mãe solteira que ele conheceu em 1969. Os
julgamentos em vários estados acabaram decretando a prisão de Ted. Na Flórida,
foi condenado à morte por cadeira elétrica, o que aconteceu no dia 24 de
janeiro de 1989. Ed tinha 42 anos. Além de Zac Efron, excelente como o serial
killer, e Lili Collins, estão no elenco Kaya Scodelario como Carole Ann
Boone, amante de Ted, e John Malkovich como o juiz Edward Cowart, responsável
pela sentença final. “Ted Bundy” foi o segundo longa-metragem do cineasta Joe
Berlinger – o primeiro foi “A Bruxa de Blair 2: O Livro das Sombras", de 2000.
Ele é mais conhecido no mundo do cinema como diretor de curtas, documentários e
séries de TV. Eu gostei do filme, embora concorde com grande parte dos críticos
profissionais de que houve um certo exagero em glamorizar o assassino, o que
deve ter revoltado as famílias das vítimas. Apesar da polêmica, o filme é
excelente e dá a oportunidade para assistir à melhor performance do jovem ator Zac Efron, de apenas 31 anos.
“O FILHO PROTEGIDO” (“El Hijo”), 2019,
Argentina, 1h32m, produção e distribuição Netflix, direção de Sebastián Schindel,
com roteiro de Leonel D’Agostino. Trata-se de um suspense psicológico cuja
história foi adaptada do livro “Una Madre Protetora”, escrito por Guillermo
Martínez. O consagrado pintor modernista Lorenzo Roy (Joaquín Furriel) é casado
com Sigrid (Heidi Toini), que espera um filho. Este é o segundo casamento de
Lorenzo. Do primeiro, ele teve duas filhas, com as quais não tem nenhum
contato. A gravidez de Sigrid caminha bem até que ela contrata Gudrunn (Regina
Lamm) para ser babá do filho que vai nascer. Com Sigrid, Gudrun só fala em
norueguês, fato que causa desconfiança por parte de Lorenzo. Quando a criança
nasce, o comportamento de Sigrid e Gudran fica ainda mais misterioso, deixando Lorenzo
cada vez mais com a pulga atrás da orelha. O relacionamento entre o casal vira
um inferno, prenunciando um desfecho trágico. Essa expectativa sobre o que vai
acontecer é o que conduz o suspense até o final. Um bom trabalho do diretor Sebastián
Schindel em seu segundo longa-metragem – o primeiro foi “O Patrão: Radiografia
de um Crime”, de 2014. Schindel era mais conhecido como diretor de
documentários. Um destaque do elenco é a atriz argentina Martina Gusman como
Julieta, amiga e advogada de Lorenzo. Casada com o cineasta Pablo Trapero, ela
atuou em outros excelentes filmes argentinos, como “Elefante Branco”, “Leonera”
e “Abutres”. Enfim, "O Filho Protegido" é mais um ótimo filme argentino.
Assinar:
Postagens (Atom)