quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020


“QUEM COM FERRO FERE” (“QUIEN A HIERRO MATA”), 2019, Espanha, produção Netflix, 1h42m, direção de Paco Plaza, com roteiro de Juan Galiñanes e Jorge Guerricaechevarría. Fiquei na dúvida se assistia ou não este suspense espanhol, principalmente por causa desse título horroroso em português. Pensei: lá vem mais uma bomba! O que me motivou a assisti-lo ir foi a presença de Luis Tosar, um ator espanhol que admiro há anos, com atuações em bons filmes como “Cela 211”, “Enquanto Você Dorme” e “Segunda-Feira ao Sol”, entre tantos outros. Pois “Quem Com Ferro Fere” é ótimo, com mais uma excelente atuação de Tosar. Ele faz o personagem principal, Mario, enfermeiro-chefe de uma clínica residencial médica para idosos. Certo dia, chega para ser internado Antonio Padín (Xan Cejudo), um veterano e poderoso traficante de drogas que cumpria pena em regime fechado. Porém, com sua saúde bastante debilitada, a justiça resolveu liberá-lo para ser internado na tal clínica. A chegada de Padín traz uma recordação dolorosa para Mario. Há muitos anos, Mario perdeu seu irmão mais moço em consequência de uma overdose, justamente com a droga fornecida pelo cartel de Padín. Enquanto planeja uma vingança sem deixar rastros, Mario tem de conviver com as ameaças dos dois filhos malucos do velho, Kike (Enric Auquer) e Toño (Ismael Martínez), que poderão atingir sua esposa Ana (María Luisa Mayol, mulher de Tosar na vida real), que está prestes a ter nenê. O suspense vai aumentando cada vez mais, culminando com um desfecho trágico e surpreendente. O filme é muito bom e merece ser conferido. Por suas atuações neste filme, o Festival Goya 2020 (o Oscar espanhol) premiou Luis Tosar como Melhor Ator e Enric Auquer como Melhor Ator Revelação.          


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020


“DOIS PAPAS” (“The Two Popes”), 2019, produção Netflix, 2h06m, direção do brasileiro Fernando Meirelles e roteiro de Anthony McCarten. O filme é ficcional e centrado na relação entre o então cardeal argentino Jorge Bergoglio (Jonathan Pryce) e o Papa Bento XVI (Anthony Hopkins), cujas divergências dão margem a primorosos diálogos, misturando seriedade, erudição e um fino bom humor. Bergoglio era favorável às reformas na Igreja, enquanto o Papa Bento XIV, desde quando era o cardeal alemão Joseph Ratzinger, era contra qualquer mudança. Durante a gestão de Bento XVI, Bergoglio, por não concordar com a forma com que o papa alemão conduzia a Igreja, resolveu pedir aposentadoria. Foi o que levou o cardeal argentino para Roma conversar com Bento XVI. Daí as conversas que dão um toque especial ao filme. Um verdadeiro e saboroso duelo verbal. Ao mesmo tempo, em flashbacks, o filme relembra a trajetória de Bergoglio desde sua juventude até a decisão de se tornar padre, atuando nos bairros pobres da periferia de Buenos Aires, que nunca abandonou mesmo depois de se tornar cardeal. O roteiro escrito pelo neozelandês Anthony McCarten, é um primor. Para escrevê-lo, ele se baseou em reportagens, entrevistas e depoimentos de gente ligada ao Vaticano. Como roteirista, McCarten já era respeitado pelos filmes “O destino de Uma Nação”, “A Teoria de Tudo” e “Bohemian Rhapsody”. “Dois Papas” voltou a reunir Fernando Meirelles e o ator Anthony Hopkins. Meirelles dirigiu Hopkins em “360”, de 2011. Depois de se consagrar com o nacional “Cidade de Deus”, de 2002, Meirelles dirigiu, em 2005, o elogiado “O Jardineiro Fiel”, seu primeiro filme em língua inglesa. Ou seja, com a dupla Meirelles/McCarten, “Dois Papas” só poderia dar certo. Como realmente deu. “Dois Papas” foi indicado ao Oscar 2020 em três categorias: Melhor Ator (Jonathan Pryce), Melhor Ator Coadjuvante (Anthony Hopkins) e Melhor Roteiro Adaptado. Saiu de mãos abanando, mas é um ótimo filme. Imperdível!   

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Indicado para disputar o Oscar 2020 em três categorias (Melhor Filme, Melhor Edição de Som e Mixagem de Som), “FORD VS. FERRARI” corre por fora para Melhor Filme, ou seja, um azarão para concorrer com filmaços como “O Irlandês”, “Coringa”, “1917” e “Era Uma Vez... em Hollywood”. Em todo caso, vamos aguardar o veredito da Academia – estou escrevendo este comentário poucas horas antes da cerimônia do Oscar. “Ford vs. Ferrari”, 2019, Estados Unidos, 2h33m, foi dirigido por James Mangold, com roteiro de Jez Butterworth, John-Henry e Jason Keller. A história é real e relembra os acontecimentos da década de 60 envolvendo a Ford Motor Company e a italiana Ferrari. Em 1963, numa reunião dos mais altos executivos da Ford com o chefão Henry Ford II (Tracy Letts), chegou-se à conclusão de que a empresa deveria se modernizar, ganhar visibilidade, por exemplo, disputando as corridas de automobilismo. Foi citado o caso da Ferrari, marca que ficou famosa a partir das vitórias nas pistas. Para entrar no jogo, Henry Ford II tentou até comprar a Ferrari, enviando para a Itália o seu diretor Lee Iacocca (Jon Bernthal) para negociar com o próprio comendador Enzo Ferrari. Não deu certo, e Ford acabou liberando a contratação de uma equipe para projetar um carro de corrida próprio. A equipe era comandada pelo ex-piloto e projetista Carroll Shelby), que escolheu como piloto oficial Ken Miles (Christian Bale), também um conhecedor profundo da mecânica dos carros de corrida. O principal objetivo de Henry Ford II seria desbancar a supremacia da Ferrari na famosa “24 Horas de Le Mans”, na França, competição vencida pela marca italiana há vários anos. Depois de vencer o Grande Prêmio de Daytona (EUA) e provar que poderia enfrentar a Ferrari, o pessoal da Ford decidiu disputar Le Mans em 1966. Shelby também ficou famoso por ter projetado para a Ford os modelos Shelby Cobra, Shelby Daytona e Mustang Shelby, que fizeram grande sucesso nas pistas. O filme tem cenas de corrida bastante empolgantes, que garantem muita emoção até o final. Para os fãs do automobilismo, “Ford vs. Ferrari” é um programão. Mesmo quem não curte também vai gostar.