“DOIS
PAPAS” (“The Two Popes”), 2019, produção Netflix, 2h06m, direção do
brasileiro Fernando Meirelles e roteiro de Anthony McCarten. O filme é ficcional e centrado
na relação entre o então cardeal argentino Jorge Bergoglio (Jonathan Pryce) e o
Papa Bento XVI (Anthony Hopkins), cujas divergências dão margem a primorosos
diálogos, misturando seriedade, erudição e um fino bom humor. Bergoglio era favorável
às reformas na Igreja, enquanto o Papa Bento XIV, desde quando era o cardeal
alemão Joseph Ratzinger, era contra qualquer mudança. Durante a gestão de Bento
XVI, Bergoglio, por não concordar com a forma com que o papa alemão conduzia a
Igreja, resolveu pedir aposentadoria. Foi o que levou o cardeal argentino para
Roma conversar com Bento XVI. Daí as conversas que dão um toque especial ao
filme. Um verdadeiro e saboroso duelo verbal. Ao mesmo tempo, em flashbacks, o filme
relembra a trajetória de Bergoglio desde sua juventude até a decisão de se
tornar padre, atuando nos bairros pobres da periferia de Buenos Aires, que nunca
abandonou mesmo depois de se tornar cardeal. O roteiro escrito pelo neozelandês
Anthony McCarten, é um primor. Para escrevê-lo, ele se baseou em reportagens,
entrevistas e depoimentos de gente ligada ao Vaticano. Como roteirista,
McCarten já era respeitado pelos filmes “O destino de Uma Nação”, “A Teoria de
Tudo” e “Bohemian Rhapsody”. “Dois Papas” voltou a reunir Fernando Meirelles e
o ator Anthony Hopkins. Meirelles dirigiu Hopkins em “360”, de 2011. Depois de
se consagrar com o nacional “Cidade de Deus”, de 2002, Meirelles dirigiu, em 2005,
o elogiado “O Jardineiro Fiel”, seu primeiro filme em língua inglesa. Ou seja, com
a dupla Meirelles/McCarten, “Dois Papas” só poderia dar certo. Como realmente
deu. “Dois Papas” foi indicado ao Oscar 2020 em três categorias: Melhor Ator
(Jonathan Pryce), Melhor Ator Coadjuvante (Anthony Hopkins) e Melhor Roteiro
Adaptado. Saiu de mãos abanando, mas é um ótimo filme. Imperdível!
Nenhum comentário:
Postar um comentário