“O
QUE TE FAZ MAIS FORTE” (“STRONGER”),
2017, EUA, direção de David Gordon Green. Todo mundo lembra do atentado
ocorrido no dia 15 de abril de 2013 durante a Maratona de Boston, quando a
explosão de duas bombas matou três pessoas e deixou 264 feridas, muitas
gravemente. Um dos feridos com maior gravidade foi o jovem Jeff Bauman, de 28
anos, que perdeu as duas pernas abaixo dos joelhos e se transformou num
verdadeiro herói nacional ao ajudar o FBI a descobrir a identidade de um dos
terroristas. Bauman escreveu uma autobiografia na qual se baseou o roteirista
John Pollono para adaptá-la ao cinema. O filme conta em detalhes o sofrimento
pelo qual Bauman (Jake Gyllenhaal) passou depois do acidente, os primeiros
curativos (a cena é de arrepiar), as sofridas sessões de fisioterapia, as horas
de desespero e angústia, o apoio dos pais e amigos e o tumultuado romance com a
jovem Erin Hurley (Tatiana Maslany). Também ganham destaque no filme as
homenagens que Bauman recebeu da cidade de Boston durante os concorridos jogos
das equipes locais de beisebol e futebol americano. O foco principal, porém, é
o esforço de Bauman para superar a tragédia com muita coragem e perseverança.
Gostei do filme, mas fiquei muito triste ao ver a ótima atriz inglesa Miranda
Richardson (que faz a mãe de Bauman) tão fora de forma, envelhecida e enorme de
gorda, mas mesmo assim ainda muito competente.
sexta-feira, 25 de maio de 2018
quarta-feira, 23 de maio de 2018
“OBEDIÊNCIA
PERFEITA” (“OBEDIENCIA PERFECTA”),
2014, México, roteiro e direção de Luis Urquiza (seu primeiro e único longa-metragem).
A história toca numa ferida das mais purulentas envolvendo a Igreja Católica,
ou seja, o abuso sexual praticado por seus padres. No caso, o padre mexicano Angel
de La Cruz (Juan Manuel Bernal), fundador da Ordem Cruz de Cristo, que durante quase
duas décadas abusou sexualmente de jovens seminaristas – praticamente adolescentes.
Seu jovem “preferido” era Julián (Sebastián Aguirre), que ao entrar no
seminário de Angel ganhou o pseudônimo de Sacramento Santos. Baseado nos
preceitos de Ignácio de Loyola, fundador da Ordem dos Jesuítas, Angel adotava
como ensinamento básico e regra obrigatória a “obediência perfeita”, fazer tudo
o que os padres superiores mandarem, inclusive “aquilo”. Toda a história
contada no filme foi baseada no livro “Los Legionários de Cristo”, escrito por
Ernesto Alcocer, cujo personagem principal é o padre Marcial Maciel Degollado
(1920-2008), processado e depois excomungado pelo Papa Bento XVI. O diretor
Urquiza disse, em entrevista, que resolveu fazer o filme depois que soube que o
Papa João Paulo II, em sua gestão, acobertou o padre Marcial. O filme não precisou escancarar em imagens explícitas os detalhes
escabrosos da rotina do seminário, embora apresente cenas bastante
perturbadoras envolvendo os padres e os jovens seminaristas. O filme é muito
bom, com maior destaque para o desempenho do ator Juan Manuel Bernal como o
padre Angel. Sua atuação é impressionante, fazendo você sentir uma repugnância quase assassina pelo personagem, ironicamente chamado de Angel. Por esse trabalho, Bernal
conquistou o Prêmio Ariel (o Oscar mexicano) de Melhor Ator em 2015.
domingo, 20 de maio de 2018
Quem gosta de História, especialmente daqueles
anos que precederam o início da Segunda Guerra Mundial (década de 30), não deve
perder o drama biográfico “MASARYK”,
2016, República Tcheca, roteiro e direção de Julius Sevcik. A trama toda é
centrada no diplomata e político Jan Garrigue Masaryk (Karel Roden), Ministro das
Relações Exteriores da então Checoslováquia. Jan, filho de Tomás Masaryk, o
primeiro presidente do país, teve participação importante nas reuniões que
envolveram os chanceleres dos países europeus para tratar do assunto Hitler e
sua política de agressão aos países menores como a Checoslováquia. As
principais tratativas de Masaryk envolviam diretamente a Inglaterra e a
França, então os únicos países capazes de enfrentar a poderosa Alemanha. Os
bastidores dessas negociações praticamente tomam conta do filme, além da amizade
de Masaryk com a jornalista e escritora norte-americana Marcia Davenport (Arly
Jover). Outro destaque é a presença da bela atriz e supermodelo Eva Herzigová,
que se mostra muito competente no papel de uma cantora de boate. Apresentado durante a programação da 67ª
Edição do Festival Internacional de Berlim, o filme é excelente e, repito, indicado
especialmente para quem gosta de História.
“O
INSULTO” (L’INSULTE”),
2017, Líbano (o título original, em francês, é por causa da coprodução com a
Bélgica), roteiro e direção de Ziad Doueiri (“O Atentado” e “West Beyrouth”). Ambientada
em Beirute, a história começa a ser desenrolada a partir de um incidente simples
– o mecânico Tony Hanna (Adel Karam) lavava a sacada de seu apartamento quando
a água saiu pelo encanamento quebrado e caiu sobre Yasser Abdallah Salameh (Kamel
El Basha), engenheiro responsável por uma obra naquela rua. Um xinga o outro e
vice-versa. Começa a troca de insultos. O desentendimento toma proporções
maiores quando os insultos tocam nas feridas de ambas as partes, ou seja, Tony
é um cristão libanês e Yasser um refugiado palestino. O conflito acaba na
Justiça e o filme vira um “filme de tribunal”. Mais do que isso: transforma-se
numa pendência jurídica que acaba mobilizando a mídia libanesa, levando o caso
para as primeiras páginas dos jornais e para o noticiário televisivo. Graças a
um primoroso roteiro, o filme aborda as mais importantes questões que envolvem
o Líbano desde a segunda metade do Século 20, como os massacres de cristãos em
Damour (1976) e dos palestinos em Sabra e Chatila (1982). Todos os fatos
políticos da época são recordados durante o julgamento, tanto pela defesa como
pela acusação. Apesar do tema árido e um tanto pesado, o filme conta com
momentos de grande sensibilidade. Os atores são ótimos (Kamel El Basha foi
eleito o melhor ator no Festival de Veneza). O filme é uma verdadeira aula de
cinema, com destaque para o roteiro, que, a partir de um acidente aparentemente
trivial, consegue abordar os principais aspectos políticos e religiosos que fizeram
do Líbano um dos países mais conflituosos do Oriente Médio. O filme é tão bom
que chegou ao Oscar 2018 como um dos cinco finalistas na categoria Melhor Filme
Estrangeiro. Assisti a todos e posso afirmar com toda certeza: “O Insulto”
merecia ganhar a estatueta. Simplesmente imperdível!
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