“OBEDIÊNCIA
PERFEITA” (“OBEDIENCIA PERFECTA”),
2014, México, roteiro e direção de Luis Urquiza (seu primeiro e único longa-metragem).
A história toca numa ferida das mais purulentas envolvendo a Igreja Católica,
ou seja, o abuso sexual praticado por seus padres. No caso, o padre mexicano Angel
de La Cruz (Juan Manuel Bernal), fundador da Ordem Cruz de Cristo, que durante quase
duas décadas abusou sexualmente de jovens seminaristas – praticamente adolescentes.
Seu jovem “preferido” era Julián (Sebastián Aguirre), que ao entrar no
seminário de Angel ganhou o pseudônimo de Sacramento Santos. Baseado nos
preceitos de Ignácio de Loyola, fundador da Ordem dos Jesuítas, Angel adotava
como ensinamento básico e regra obrigatória a “obediência perfeita”, fazer tudo
o que os padres superiores mandarem, inclusive “aquilo”. Toda a história
contada no filme foi baseada no livro “Los Legionários de Cristo”, escrito por
Ernesto Alcocer, cujo personagem principal é o padre Marcial Maciel Degollado
(1920-2008), processado e depois excomungado pelo Papa Bento XVI. O diretor
Urquiza disse, em entrevista, que resolveu fazer o filme depois que soube que o
Papa João Paulo II, em sua gestão, acobertou o padre Marcial. O filme não precisou escancarar em imagens explícitas os detalhes
escabrosos da rotina do seminário, embora apresente cenas bastante
perturbadoras envolvendo os padres e os jovens seminaristas. O filme é muito
bom, com maior destaque para o desempenho do ator Juan Manuel Bernal como o
padre Angel. Sua atuação é impressionante, fazendo você sentir uma repugnância quase assassina pelo personagem, ironicamente chamado de Angel. Por esse trabalho, Bernal
conquistou o Prêmio Ariel (o Oscar mexicano) de Melhor Ator em 2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário