quarta-feira, 23 de maio de 2018


“OBEDIÊNCIA PERFEITA” (“OBEDIENCIA PERFECTA”), 2014, México, roteiro e direção de Luis Urquiza (seu primeiro e único longa-metragem). A história toca numa ferida das mais purulentas envolvendo a Igreja Católica, ou seja, o abuso sexual praticado por seus padres. No caso, o padre mexicano Angel de La Cruz (Juan Manuel Bernal), fundador da Ordem Cruz de Cristo, que durante quase duas décadas abusou sexualmente de jovens seminaristas – praticamente adolescentes. Seu jovem “preferido” era Julián (Sebastián Aguirre), que ao entrar no seminário de Angel ganhou o pseudônimo de Sacramento Santos. Baseado nos preceitos de Ignácio de Loyola, fundador da Ordem dos Jesuítas, Angel adotava como ensinamento básico e regra obrigatória a “obediência perfeita”, fazer tudo o que os padres superiores mandarem, inclusive “aquilo”. Toda a história contada no filme foi baseada no livro “Los Legionários de Cristo”, escrito por Ernesto Alcocer, cujo personagem principal é o padre Marcial Maciel Degollado (1920-2008), processado e depois excomungado pelo Papa Bento XVI. O diretor Urquiza disse, em entrevista, que resolveu fazer o filme depois que soube que o Papa João Paulo II, em sua gestão, acobertou o padre Marcial.  O filme não precisou escancarar em imagens explícitas os detalhes escabrosos da rotina do seminário, embora apresente cenas bastante perturbadoras envolvendo os padres e os jovens seminaristas. O filme é muito bom, com maior destaque para o desempenho do ator Juan Manuel Bernal como o padre Angel. Sua atuação é impressionante, fazendo você sentir uma  repugnância quase assassina pelo personagem, ironicamente chamado de Angel. Por esse trabalho, Bernal conquistou o Prêmio Ariel (o Oscar mexicano) de Melhor Ator em 2015.    

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