sexta-feira, 16 de outubro de 2015

A bela atriz norte-americana Katherine Heigl, protagonista de tantas boas comédias (”Vestida para Casar”, “Ligeiramente Grávidos”), desta vez encara um drama. Trata-se de “O CASAMENTO DE JENNY” (“Jenny’s Wedding”), 2014, direção de Mary Agnes Donoghue. Ela é Jenny, uma trintona que nunca acertou um namoro e agora, beirando os quarenta, é pressionada pela família a arrumar alguém para casar. Ela finalmente se decide, mas o “marido” não será bem a pessoa que a família esperava. Ao revelar sua paixão por Kitty (Alexis Bledel), com a qual divide o mesmo teto há cinco anos, seus pais, Eddie (Tom Wilkinson) e Rose (Linda Emond), extremamente conservadores, entram em polvorosa, assim como a irmã Anne (Grace Gummer). O filme inteiro coloca em destaque esse conflito familiar, a aceitação da escolha de Jenny e, finalmente, o seu casamento. No elenco, merece destaque a atuação do ator inglês Tom Wilkinson e da norte-americana Linda Emond. Também demonstra muita competência Grace Gummer, filha de Meryl Streep. Ao explorar um tema tão em evidência, como a aceitação ou não da opção sexual dos filhos, o filme nos motiva a refletir mais profundamente sobre a questão. Só por isso, vale a pena.     

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Produzido em 2014 e exibido no ano seguinte pela BBC, “O MENSAGEIRO” (“The Go-Between”, título original do filme e do romance escrito por L.P.Hartley) teve uma primeira versão para o cinema em 1971, com direção de Joseph Losey e com Julie Christie e Alan Bates nos papeis principais. Este “O Mensageiro”, portanto, é uma refilmagem. Mas uma refilmagem de grande categoria, com ótimos atores e uma recriação primorosa de época, além de uma fotografia deslumbrante. Como qualidade cinematográfica, portanto, não fica atrás do original. A história é ambientada em 1900 no interior da Inglaterra. A bela jovem Marian Maudsley (Joanna Vanderham) é cortejada pelo Lord Trimingham (Stephen Campbell Moore). É desejo de Mrs. Maudsley (Lesley Manville), a autoritária mãe de Marian, que os dois se casem. Só que Marian tem um amante, o fazendeiro Ted Burgess (Ben Batt). Leo, de 12 anos, sobrinho de Mrs. Maudsley, serve como garoto de recados entre os dois amantes, daí o título “O Mensageiro”. O caldo entorna quando a mãe descobre o caso da filha, numa cena em que a ótima atriz Lesley Manville dá um show de interpretação. Muitos anos depois, Leo (agora Jim Broadbent) reencontra Marian (agora Vanessa Redgrave) para decretar o desfecho da história. Aliás, um reencontro sem muita emoção, talvez o único defeito dessa caprichada produção inglesa.                                       

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

O drama inglês “O DANÇARINO DO DESERTO” (“DESERT DANCER”), 2013, conta uma incrível história de coragem e amor à arte. No caso, a dança. Baseado em fatos reais recentes ocorridos no Irã, o filme marca a estreia em longas do diretor inglês Richard Raymond. A história: desde criança, o garoto iraniano Afshin Ghaffarian (Reece Ritchie) adorava dançar. No colégio, era comum ele imitar a coreografia de Patrick Swayze em “Dirty Dancing”. Acontece que dançar em público, no país de Ahmadinejad, era e ainda é proibido. Afshin esqueceu a dança até ingressar na faculdade em Teerã, capital do País. Aqui, formou um grupo clandestino de dança, associando-se a Elaheh (a atriz indiana Freida Pinto), uma jovem iraniana filha de uma ex-dançarina. Inspirados em vídeos de Pina Bausch e Michael Jackson, que assistiam escondidos pela Internet, os dois criavam coreografias especiais. Só que não podiam mostrá-las em público. A solução foi organizar uma apresentação em pleno deserto. Tudo parecia ir bem até os fundamentalistas islâmicos entrarem em ação, em nome da moral e dos bons costumes. O fim da história todo mundo já sabe: Afshin foge para Paris, onde monta uma escola de dança bastante conceituada. Todo o enredo tem como pano de fundo a situação política do Irã sob Ahmadinejad, um regime de opressão no qual qualquer manifestação artística é pecado mortal.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

“O HOMEM QUE ELAS AMAVAM DEMAIS” (“L’HOMME QU’ON AIMAIT TROP”), 2014, direção de André Téchiné. A história é baseada em fatos reais. Em 1976, a empresária Renée Le Roux (Catherine Deneuve), proprietária do Palais de La Méditerranée, um luxuoso cassino na cidade de Nice, na Riviera Francesa, vive às voltas com uma grave crise financeira em seu negócio. Seu principal assessor é Maurice Agnelet (Guillaume Canet), um advogado ardiloso, ambicioso e manipulador. Na época, suspeitava-se que, por trás das manobras para arruinar o cassino de Renée, estava o empresário do cassino concorrente, Fratoni (Jean Corso), considerado um poderoso mafioso local. Em meio a toda essa situação, Renée recebe a visita de sua filha Agnes (Adèle Haenel), recém-separada e que chega disposta a arrancar dinheiro da mãe. Ela acabará se envolvendo com Maurice, contra todos os argumentos da mãe. O repentino desaparecimento de Agnes faz a história virar um rumoroso caso policial, com Maurice sendo acusado de assassiná-la e esconder o corpo. O mistério perdurou durante anos. Maurice foi réu em vários julgamentos, o último deles em 2014, trinta e sete anos depois do sumiço de Agnes. Não é dos melhores filmes do veterano diretor francês, mas vale pela história e, principalmente, pelo ótimo elenco e pelo cenário maravilhoso da Riviera Francesa. Guilhaume Canet, o ator francês do momento, já havia feito recentemente outro vilão num filme também baseado em fatos reais (“Na Próxima, Acerto no Coração”), no qual interpreta um policial psicopata.     
Se tiver, deixe de lado seu preconceito contra o cinema asiático e assista “FLORES DO AMANHÔ (Xiang Ri Kui”), 2005, um belo, sensível e comovente drama chinês escrito e dirigido por Zhang Yang (do cultuado e premiadíssimo “Banhos”, de 1999). Duas horas e nove minutos de puro prazer cinematográfico, tendo como pano de fundo o cenário político da China durante 30 anos. A história passa pela Revolução Cultural Proletária, a morte do grande líder Mao Tsé Tung, o Bando dos Quatro, até a época de Deng Xiao Ping. O filme começa em 1967, com o nascimento de Xiangyang (interpretado por três atores, da infância, juventude até a fase adulta). Seu pai, Gengnian (Haiyng Sun), preso pouco antes pelo regime de Mao, só irá conhecer o filho dez anos depois. Mimado pela mãe, Xiuqing (Joan Chen), o garoto só quer saber de brincar, enquanto o pai, recém-chegado, insiste para que ele se torne pintor, sua profissão até ser preso. A maior parte da história é dedicada à conflituosa relação entre pai e filho, o que rende cenas de grande força dramática. O filme retrata a evolução da sociedade chinesa diante dos novos tempos, incluindo uma mudança comportamental com relação à tradição secular de respeito aos pais e aos mais velhos em geral. Os atores são ótimos, principalmente Joan Chen e Haiyung Sun. Um filme delicado, uma pequena obra-prima do cinema chinês. Simplesmente imperdível!