quarta-feira, 15 de maio de 2019


“AMOR ATÉ AS CINZAS” (“JIANG HU ER NÜ”), 2018, China, 2h15m, roteiro e direção de Jia Zhangke. Excelente drama centrado no romance entre a bela e jovem dançarina Qiao (Zhao Tao) e o mafioso Bin (Fan Liao), que domina Datong, cidade da província de Shanxi, nas proximidades da Grande Muralha. Qiao, além de namorada, é o braço direito de Bin nos negócios, a maioria deles ligados a clubes de jogos clandestinos. Numa emboscada que sofre de uma gangue rival, Bin só não foi assassinado graças a Qiao, que utiliza uma pistola para afugentar os agressores. Como a utilização de arma de fogo é crime grave na China, Qiao assume que é dona da pistola e livra o namorado da cadeia. Qiao é julgada e condenada a cinco anos de prisão, período em que Bin fica sumido do mapa, sem nunca tê-la visitado. O filme salta para o dia em que Qiao é libertada e inicia uma longa e atribulada jornada para reencontrar o ex-namorado. Aqui vale ressaltar o enorme talento da atriz Zhao Tao, musa do diretor, para representar a angústia de uma mulher que nunca deixou de ser apaixonada e deseja reatar o romance, numa incontestável prova de amor. O diretor Jia Zhangke, um dos cineastas mais conceituados do atual cinema chinês, de filmes como “As Montanhas se Separam” e “Um Toque de Pecado”, mantém seu estilo impecável de contador de histórias romanceadas, utilizando uma primorosa fotografia e cenários que mostram alguns dos lugares mais interessantes e pitorescos do interior da China. O filme estreou na programação oficial do 71º Festival de Cannes, em maio de 2018, recebendo elogios tanto da crítica como do público. Cinema de qualidade.          

terça-feira, 14 de maio de 2019


“A MELODIA” (“La Mélodie”), 2017, França, 1h42m, direção de Rachid Hami, que também assina o roteiro em conjunto com Guy Laurent e Valerie Zenatti. É o segundo longa-metragem dirigido por Hami (o primeiro foi “Choisir D’Aimer, de 2008). Vamos à história de “A Melodia”. O violinista profissional Simon Daoud (Kad Merad), integrante de um conceituado quarteto clássico de câmara, aceita o desafio de ensinar crianças de uma escola municipal a tocar violino. Os alunos são todos filhos de imigrantes, a maioria pobres – o diretor Rachid Hami é argelino. Aos poucos, Daoud consegue “domar” os mais revoltados, e até descobrir, entre eles, um talento nato. Trata-se de Arnold (Alfred Renely), que cai nas graças do professor por sua dedicação nos estudos de violino – para não incomodar os vizinhos, ele treina no telhado do prédio onde mora. O objetivo ousado do treinamento de Daoud é levar os seus alunos para tocar no concerto de final de ano com a Filarmônica de Paris. O filme foi inspirado no Projeto Démos, iniciativa patrocinada pela Filarmônica de Paris. Todos os alunos do filme, na faixa entre 12 e 13 anos, são atores amadores e foram selecionados em escolas municipais parisienses. O filme nos reserva momentos de grande sensibilidade e comoventes. Já me emocionei numa das cenas iniciais, quando o professor Daoud toca para seus alunos o Concerto para Violino de Tchaikovsky, uma das peças mais bonitas da música clássica e trilha sonora do maravilhoso filme “Le Concert”, de 2009. “A Melodia” é um filme indicado para quem gosta de música clássica e se emociona com a participação de crianças. E também para o público em geral, pois é bastante emocionante.   

domingo, 12 de maio de 2019


“BOY ERASED: UMA VERDADE ANULADA” (“Boy Erased”), 2018, EUA, 1h55m, segundo longa-metragem escrito e dirigido pelo ator, roteirista e diretor australiano Joel Edgerton. Trata-se de um drama espinhoso e polêmico: a cura gay. A história é baseada no livro autobiográfico de Garrard Conley, que na juventude foi encaminhado pelo pai, um pastor da Igreja Batista, para uma organização intitulada “Amor em Ação”, cujo principal objetivo era converter jovens que tivessem tendências homossexuais. No filme, o jovem chama-se Jared Eamons (Lucas Hedges), seu pai é o pastor Marshal Eamons (Russell Crown, enorme de gordo) e a mãe é Nancy Eamons (a ainda bela e excelente atriz Nicole Kidman). O líder da organização “Amor em Ação” é Victor Sykes (Edgerton). Juntamente com outros jovens, Jared é submetido a uma espécie de lavagem cerebral, com intimidação psicológica e religiosa. Poucos aguentam a pressão. Claro que o tema é bastante polêmico e seu lançamento nos cinemas dos Estados Unidos, no final de 2018, após estrear no Festival de Toronto, em setembro de 2018, foi um verdadeiro fracasso de bilheteria. Talvez por isso o filme teve seu lançamento cancelado nos cinemas daqui (estava previsto para o dia 31 de janeiro de 2019). Segundo a Universal Pictures, por “motivos comerciais”. Chegou apenas em abril, mas em DVD. Deixando de lado toda essa polêmica, é um filme interessante de assistir. Recomendo.       


“O 12º HOMEM” (“DEN 12, MANN”), 2017, Noruega, 135 minutos, direção de Harald Zwart, com roteiro escrito por Petter Skavlan, baseado no livro “Defiant Courage: A Wwii Epic of Escape and Endurance”, de Astrit K. Scott e Tore Haug. Os fatos são verídicos e contam a história incrível de Jan Baalsrud (1917-1988), considerado o maior herói norueguês da Segunda Guerra Mundial. Com a ocupação da Noruega pelas tropas nazistas de Hitler, Jan Baalsrud (Thomas Gullestad) entrou para a resistência e, em companhia de outros noruegueses, foi treinado militarmente na Inglaterra. Em 1943, ele e mais onze homens saíram de Shetland (Escócia) num barco de pesca carregado com mais de 7 toneladas de explosivos, e atravessaram o Mar do Norte até chegar ao litoral da Noruega. A missão do grupo era destruir instalações militares alemãs no país ocupado. Os alemães, porém, interceptaram a embarcação e abriram fogo. Jan e seus homens explodiram o barco e nadaram até a praia. Onze homens do grupo foram presos. Só escapou Jan, “O 12º Homem”. O filme prioriza a fuga de Jan e os esforços dos nazistas para capturá-lo. A prisão de Jan era uma questão de honra para o oficial nazista Kurt Stage (o ator escocês Jonathan Rhys), mesmo porque o norueguês tinha informações importantes para fornecer aos ingleses.   Em meio à neve e ao rigoroso inverno norueguês, Jan enfrentou, durante dois meses, muita fome, sede e frio, arrancou ele mesmo nove dedos do pé gangrenados e ainda sofreu de cegueira. Só sobreviveu porque recebeu ajuda de alguns moradores locais. Uma história de grande coragem, sacrifício e heroísmo. Só por isso o filme já vale a pena. Mas tem mais. Ótimo elenco, paisagens deslumbrantes e suspense do começo ao fim. Imperdível!