sexta-feira, 15 de novembro de 2019


“O MESMO SANGUE” (“LA MISMA SANGRE”), Argentina, 1h53m, produção da Netflix – sua estreia mundial aconteceu dia 28 de fevereiro de 2019 -, roteiro e direção de Miguel Cohan. Mais um bom suspense argentino. Depois de uma reunião familiar, a matriarca Adriana (Paulina Garcia) desce para a cozinha industrial que mantém no porão da casa para concluir uma encomenda. Algum tempo depois, ela é encontrada morta, enforcada pelo colar que prendeu numa máquina. Tudo leva a crer que foi um acidente. Só que o genro Sebastián (Diego Velásquez), ao constatar algumas evidências estranhas, começa a desconfiar de Elías (Oscar Martinez), o viúvo. É bom esclarecer que Elías está atolado em dívidas, principalmente com relação à fazenda que herdou do pai. Como um verdadeiro detetive, Sebastián começa a investigar a fundo a sua desconfiança, o que provocará uma crise em seu casamento com Carla (Dolores Fonzi), que defende a inocência do pai com unhas e dentes. Até o desfecho, o caso terá sido esclarecido, pelo menos para o espectador, que lá pela metade do filme fica sabendo o que realmente aconteceu. É o terceiro longa-metragem escrito e dirigido por Miguel Cohan – os dois primeiros foram “Sin Retorno”, de 2010, e o aclamado “Betibú”, de 2014. Em “O Mesmo Sangue”, Cohan fez mais um bom trabalho, prendendo a atenção do espectador até o desfecho. Destaco o ótimo elenco, comandado pelo excelente Oscar Martínez. Demorei para reconhecer a atriz chilena Paulina Garcia, do espetacular “Glória” (2013), no papel de Adriana. Outros destaques são as presenças de Dolores Fonzi, talvez a mais bela atriz do cinema argentino atual, e ainda o “detetive” Diego Velásquez.   


“HAPPY HOUR – VERDADES E CONSEQUÊNCIAS”, 2019, coprodução Brasil-Argentina, 1h54m, roteiro e direção de Eduardo Albergaria. Trata-se de uma comédia romântica focada no relacionamento tumultuado de Horácio (Pablo Echarri), um professor universitário argentino radicado no Rio de Janeiro, e Vera (Letícia Sabatella), uma deputada estadual que está prestes a lançar sua candidatura ao cargo de prefeita. O casamento não anda às mil maravilhas, mas os dois tentam manter as aparências. Até que um dia, num lance puramente casual, Horácio vira herói depois de ser considerado responsável pela prisão de um marginal conhecido como “ladrão aranha”, pois escala edifícios para roubar os apartamentos.  Com seu “suposto” ato de coragem, Horácio não apenas ganha espaço na mídia, como também passa a atrair ainda mais a atenção de suas alunas mais ousadas. Uma delas, Clara (Aline Jones), fará com que Horácio reveja seus conceitos de fidelidade. Num rompante de pura ingenuidade, Horácio diz a Vera o que está sentindo pela aluna e que, provavelmente, a levará para a cama, o que aumenta ainda mais o estresse entre o casal. Divórcio à vista, fato que pode atrapalhar a campanha de Vera. Aí entra em ação o marqueteiro Arlindo (Chico Diaz, ótimo), que fará de tudo para que a candidatura de Vera siga adiante independente da crise conjugal da deputada. Neste que é seu filme de estreia como diretor, Albergaria (é brasileiro, apesar do sobrenome) acerta principalmente ao privilegiar o humor e, como trunfo, tem a boa atuação dos protagonistas principais, o galã argentino Pablo Echarri e a bela e competente Letícia Sabatella. Soma-se à dupla um bom elenco de coadjuvantes, como Chico Diaz, Aline Jones, Marcos Winter e Luciano Cáceres. Só fiquei em dúvida com a escolha do título, que ainda não descobri que relação tem com a história. Resumo da ópera: tipo do filme para ser curtido como entretenimento fácil, sem exigir muito dos neurônios.       

quarta-feira, 13 de novembro de 2019


Grande vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes 2019, o filme sul-coreano “PARASITA” (“GISAENGCHUNG”) recebeu voto unânime dos jurados, fato que não acontecia desde 2013, quando o premiado foi o francês “Azul é a Cor Mais Quente”. Além disso, trata-se do primeiro filme sul-coreano a conquistar o prêmio do mais charmoso festival de cinema do mundo. E por falar em premiações, “Parasita” está sendo cotado como um dos grandes favoritos ao Oscar 2020 de Melhor Filme Estrangeiro. Tudo exagero? De forma alguma, “Parasita” é simplesmente sensacional e, melhor, não é daqueles filmes pretensiosos, difíceis de assistir, metidos a cinema de arte. Pelo contrário, trata-se de um ótimo entretenimento para qualquer público. Sua trama mistura drama social, comédia (humor negro) e muito suspense, embora apresente como pano de fundo questões como a desigualdade social e a luta de classes. Mas vamos à história. A família de Ki-Taek (Kang-Ho Song) – ele, a esposa Chung-Sook (Chang Hyae Jin), o filho Ki-Woo (Woo-Sik Choi) e a filha Ki-Jung (Park So-Dam) – mora num porão na periferia de Seul. Estão todos desempregados, vivem no maior miserê. Até que um dia começa a chover na horta. O filho Ki-Woo, indicado por um amigo, começa a dar aulas de inglês para a filha de um casal rico, cuja família vive numa enorme casa de luxo criada por um famoso arquiteto sul-coreano. Ao se deparar com a ostentação e o luxo daquela família, comparado com a pobreza da sua, Ki-Woo passa a arquitetar, junto com o pai, a mãe e a irmã, um plano diabólico, ou seja, substituir todos os empregados da mansão por eles próprios. Dessa forma, utilizando estratagemas criativos e hilários, eles aos poucos vão conseguindo seu objetivo, ajudados pela ingenuidade do casal rico. O primoroso roteiro, escrito pelo diretor Joon-Ho Bong, reserva muitas reviravoltas até o desfecho, situações de suspense de tirar o fôlego, muito humor e sangue jorrando. Não deixa de ser um filme perturbador.  Enfim, são 2h12m de um ótimo entretenimento e um cinema de alta qualidade. Mais um gol de placa do excelente cinema sul-coreano. IMPERDÍVEL!      


Desde que estreou como ator no cinema em 1981 no filme “Best of Times”, ainda com o nome de Nicolas Coppola (ele é sobrinho do famoso diretor), Nicolas Cage, hoje com 55 anos de idade, já atuou em 103 filmes, sendo um dos astros mais famosos de Hollywood. Até ganhou um Oscar de Melhor Ator, em 1996, em “Despedida em Las Vegas”. Em termos de qualidade, porém, a carreira de Cage sempre teve altos e baixos. Nos últimos anos, mais baixos do que altos. Seu mais recente filme, “CORRENDO COM O DIABO” (“RUNNING WITH THE DEVIL”), 2019, ainda sem data para estrear por aqui, também está longe de merecer elogios. Pelo menos da minha parte. Nele, Cage é dos traficantes associados ao “The Boss” (Barry Paper), codinome do chefão que comanda um poderoso cartel de drogas a partir do Canadá. “The Cook” é o codinome de Cage, pois é dono e pizzaiolo de uma pizzaria (lavagem de dinheiro, claro) em Illinois. Outro membro da quadrilha é “The Man” (Lawrence Fishburne), um irresponsável que mistura sua droga para sobrar um tanto para uso próprio. Quando ocorrem várias mortes por overdose causadas justamente pelas mercadorias do cartel, “The Boss” fica desconfiado de que estão roubando sua cocaína e misturando o resto com outras drogas. “The Cook” e “The Man” são encarregados de investigar quem está estragando o negócio. Ao mesmo tempo, agentes do DEA (Departamento Antidrogas dos Estados Unidos) estão atrás desse cartel, principalmente depois que a irmã de uma de suas agentes (Leslie Bibb) morre de overdose. O mais interessante desse filme é a descrição detalhada do caminho que a cocaína percorre desde sua produção na Bolívia, passando pela Colômbia, México e vários estados norte-americanos até chegar ao Canadá. O produtor boliviano da coca recebe 1.600 dólares por quilo. Quando chega ao Canadá, o quilo da droga já está valendo nada mais nada menos do que U$ 40 mil!!! Este é o primeiro filme escrito e dirigido por Jason Cabell. Para escrever o roteiro, Cabell recorreu à sua própria experiência como combatente da força especial Navy Seals, grupo de elite da Marinha dos EUA. Resumo da ópera: ainda não foi dessa vez, Cage...      

terça-feira, 12 de novembro de 2019


“MUNDOS OPOSTOS” (“ENAS ALLOS KOSMOS”), 2015, Grécia, 1h53m, segundo longa-metragem escrito e dirigido por Christoforos Papakaliatis, que também atua no filme. Trata-se de uma ode a Eros (deus do amor na mitologia grega). São três histórias de amor, todas ambientadas em Atenas, desenvolvidas cada qual em uma conjuntura diferente. Na primeira, um imigrante ilegal sírio salva uma jovem grega de ser estuprada e acabam se apaixonando, sendo que o pai dela é um fascista e xenófobo radical, que comanda uma milícia que sai à noite espancando imigrantes. O segundo capítulo reúne um sujeito casado que conhece uma executiva de RH sueca que viaja para Atenas para promover mudanças drásticas numa empresa, incluindo o enxugamento do seu quadro de funcionários. Eles se apaixonam, mesmo que o destino lhes reserve uma surpresa bastante desagradável. Na terceira história, o amor reúne duas pessoas da terceira idade, um professor de história aposentado e uma dona de casa infeliz no casamento. Em todas as histórias, portanto, uma coincidência fica evidenciada: o amor é capaz de unir pessoas de “mundos opostos”, já que cada casal é formado por um grego – ou grega – e a outra pessoa de fora do país. No desfecho, os personagens dos três capítulos estarão interligados de alguma forma, mais um trunfo do primoroso roteiro. Como pano de fundo, o diretor Papakaliatis explora temas muito mais sérios, como a crise econômica mundial - em especial na Grécia -, a aparente falência do capitalismo, a situação política da Europa e ainda a questão do desemprego e dos refugiados. Com um certo exagero, o filme decreta que Eros (o Amor) pode ser a solução de todos esses problemas. E dá-lhe mitologia grega. Na primeira história estão Farris (Tawfeek Barhom), Daphne (Niki Vakali) e Antonis, o pai fascista (Minas Hatziavvas). Na segunda, Giorgos (o diretor Papakaliatis) e Elise (a bela atriz húngara Andrea Osvárti). E finalmente, no terceiro capítulo, estão Maria (Maria Kavoyianni, em atuação espetacular) e Sebastian (o ator norte-americano J.K. Simmons). Embora tenha sido recebido com desdém pela crítica especializada, eu achei o filme muito bom, sensível, sério e comovente. Cinema grego da melhor qualidade.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019


“PERSEGUIDO PELO DESTINO” (“LE FIDÈLE”), 2017, Bélgica, 2h10m, roteiro e direção de Michaël R. Roskam (indicado ao Oscar 2012 de Melhor Filme Estrangeiro por “Rundskop”). Estreou no Festival de Veneza em setembro de 2017. Ação e romance são os dois principais ingredientes deste excelente policial belga, estrelado por Matthias Schoenaerts (“Ferrugem e Osso”) e Adèle Exarchopoulos (“Azul é a Cor mais Quente”). O belga Shoenaerts faz o papel de Gigi Vanoirbeek, um marginal metido a playboy que vive de assaltos com sua gangue, formada por amigos que, juntamente com ele, passaram a juventude em reformatórios destinados a jovens delinquentes. Com seu charme e alguns amigos importantes, Gigi frequentava a alta sociedade de Bruxelas. No camarote de um autódromo, ele conheceu a pilota de corridas Bibi Delhany (Adèle), filha de um rico empresário. Como era previsível, Gigi e Bibi se apaixonam e iniciam um ardente romance. Como fachada, Gigi dizia que tinha negócios com importação e exportação de veículos. Enquanto Bibi seguia com seus treinos e competições, Gigi continuava assaltando, agora bancos e carros-forte. O romance sofreria um forte abalo quando Gigi e sua gangue caem nas mãos da polícia belga. Um escândalo e tanto, afetando de forma trágica a vida de Bibi. Será que o seu amor por Gigi sobreviverá depois de tudo isso? Você encontrará a resposta no final, aliás, um surpreendente e triste final. O filme é muito bom, vale cada minuto de sua longa duração. Por sua atuação, o ator belga Schoenaerts firma-se como o novo astro bonitão do cinema europeu. E a jovem francesa Adèle também comprova que é uma ótima atriz, garantindo um lugar de destaque entre as melhores do cinema francês. Enfim, “Perseguido pelo Destino” é excelente. Não perca!  

domingo, 10 de novembro de 2019


Confesso que fiquei em dúvida se assistia ou não à comédia mexicana “ESCOLA DE SOLTEIRAS” (“SOLTERAS”). A princípio, estava descartando-a já pelo título e, ao mesmo tempo, pela sinopse: mulheres desesperadas à procura de um marido procuram a a tal escola. Para minha surpresa, a comédia é ótima. Dei muitas e boas risadas, me diverti muito. Trata-se de uma produção da Netflix que estreou mundialmente no dia 7 de junho de 2019. A história é toda centrada em Ana (Cassandra Ciangherotti), que, já passando dos 30, via quase todas as suas amigas se casarem – inclusive sua irmã gordinha - e ela continuava encalhada, pois Gabriel (Pablo Cruz), seu namorado há sete anos, não se decidia. Quando ela colocou Gabriel na parede, ele pulou fora. Uma de suas amigas, Tamara, feia de doer, conseguiu casar com um cara bonitão. Ana resolveu perguntar a ela como conseguiu fisgar o marido. Tamara deu a dica: uma Escola de Solteiras. Ana se inscreveu e começou a frequentar o curso. Daí para a frente, muitas confusões acontecem na vida da desesperada Ana, até que um dia chove na sua horta: aparece o simpático e bonitão Diego (Juan Pablo Medina). Pronto, agora é convencê-lo a levá-la ao altar, tarefa que não será nada fácil. A atriz Cassandra Ciangherotti, que eu não conhecia, é uma excelente comediante. Ela leva o filme nas costas. Graças a ela e ao trabalho do roteirista e diretor Luis Javier Henaine, o filme faz rir o tempo todo, numa sucessão de cenas hilariantes. Diversão garantida!