terça-feira, 12 de novembro de 2019


“MUNDOS OPOSTOS” (“ENAS ALLOS KOSMOS”), 2015, Grécia, 1h53m, segundo longa-metragem escrito e dirigido por Christoforos Papakaliatis, que também atua no filme. Trata-se de uma ode a Eros (deus do amor na mitologia grega). São três histórias de amor, todas ambientadas em Atenas, desenvolvidas cada qual em uma conjuntura diferente. Na primeira, um imigrante ilegal sírio salva uma jovem grega de ser estuprada e acabam se apaixonando, sendo que o pai dela é um fascista e xenófobo radical, que comanda uma milícia que sai à noite espancando imigrantes. O segundo capítulo reúne um sujeito casado que conhece uma executiva de RH sueca que viaja para Atenas para promover mudanças drásticas numa empresa, incluindo o enxugamento do seu quadro de funcionários. Eles se apaixonam, mesmo que o destino lhes reserve uma surpresa bastante desagradável. Na terceira história, o amor reúne duas pessoas da terceira idade, um professor de história aposentado e uma dona de casa infeliz no casamento. Em todas as histórias, portanto, uma coincidência fica evidenciada: o amor é capaz de unir pessoas de “mundos opostos”, já que cada casal é formado por um grego – ou grega – e a outra pessoa de fora do país. No desfecho, os personagens dos três capítulos estarão interligados de alguma forma, mais um trunfo do primoroso roteiro. Como pano de fundo, o diretor Papakaliatis explora temas muito mais sérios, como a crise econômica mundial - em especial na Grécia -, a aparente falência do capitalismo, a situação política da Europa e ainda a questão do desemprego e dos refugiados. Com um certo exagero, o filme decreta que Eros (o Amor) pode ser a solução de todos esses problemas. E dá-lhe mitologia grega. Na primeira história estão Farris (Tawfeek Barhom), Daphne (Niki Vakali) e Antonis, o pai fascista (Minas Hatziavvas). Na segunda, Giorgos (o diretor Papakaliatis) e Elise (a bela atriz húngara Andrea Osvárti). E finalmente, no terceiro capítulo, estão Maria (Maria Kavoyianni, em atuação espetacular) e Sebastian (o ator norte-americano J.K. Simmons). Embora tenha sido recebido com desdém pela crítica especializada, eu achei o filme muito bom, sensível, sério e comovente. Cinema grego da melhor qualidade.

Nenhum comentário: