“MUNDOS OPOSTOS” (“ENAS ALLOS
KOSMOS”), 2015, Grécia, 1h53m, segundo longa-metragem escrito e dirigido por Christoforos
Papakaliatis, que também atua no filme. Trata-se de uma ode a Eros (deus do
amor na mitologia grega). São três histórias de amor, todas ambientadas em
Atenas, desenvolvidas cada qual em uma conjuntura diferente. Na primeira, um
imigrante ilegal sírio salva uma jovem grega de ser estuprada e acabam se
apaixonando, sendo que o pai dela é um fascista e xenófobo radical, que comanda
uma milícia que sai à noite espancando imigrantes. O segundo capítulo reúne um
sujeito casado que conhece uma executiva de RH sueca que viaja para Atenas para
promover mudanças drásticas numa empresa, incluindo o enxugamento do seu quadro
de funcionários. Eles se apaixonam, mesmo que o destino lhes reserve uma
surpresa bastante desagradável. Na terceira história, o amor reúne duas pessoas
da terceira idade, um professor de história aposentado e uma dona de casa
infeliz no casamento. Em todas as histórias, portanto, uma coincidência fica
evidenciada: o amor é capaz de unir pessoas de “mundos opostos”, já que cada
casal é formado por um grego – ou grega – e a outra pessoa de fora do país. No
desfecho, os personagens dos três capítulos estarão interligados de alguma
forma, mais um trunfo do primoroso roteiro. Como pano de fundo, o diretor Papakaliatis
explora temas muito mais sérios, como a crise econômica mundial - em especial
na Grécia -, a aparente falência do capitalismo, a situação política da Europa e
ainda a questão do desemprego e dos refugiados. Com um certo exagero, o filme
decreta que Eros (o Amor) pode ser a solução de todos esses problemas. E dá-lhe
mitologia grega. Na primeira história estão Farris (Tawfeek Barhom), Daphne (Niki
Vakali) e Antonis, o pai fascista (Minas Hatziavvas). Na segunda, Giorgos (o
diretor Papakaliatis) e Elise (a bela atriz húngara Andrea Osvárti). E
finalmente, no terceiro capítulo, estão Maria (Maria Kavoyianni, em atuação
espetacular) e Sebastian (o ator norte-americano J.K. Simmons). Embora tenha
sido recebido com desdém pela crítica especializada, eu achei o filme muito
bom, sensível, sério e comovente. Cinema grego da melhor qualidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário