sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Fazer papel de sujeito bonzinho não combina muito com Robert De Niro. Ainda mais num filme bonitinho, como é “UM SENHOR ESTAGIÁRIO” (“The Intern”), 2015. Prefiro o grande ator interpretando homens maus, como os mafiosos de tantos filmes, inclusive na comédia “A Máfia no Divã”. Nessa comedinha sem muita graça, De Niro é Ben Whittaker, um aposentado de 70 anos entediado com a rotina dos dias sem fazer nada, a não ser ir a velórios de amigos, programa cada vez mais frequente. Ao se deparar um cartaz de uma empresa anunciando a contratação de estagiários sêniors (mais de 65 anos), ele resolve se inscrever. Passa nos testes e começa a trabalhar. A empresa é um site de vendas de roupas fundado e administrado por Jules Ostin (Anne Hathaway). Ben é o único a trabalhar de terno e gravata. Com seu jeito de papaizão e bonachão, ele conquista a simpatia de todos e até de Jules, sem contar a massagista da empresa, Fiona (Rene Russo, ainda bonita e em grande forma). Não é aquele filme que faz gargalhar, mas tem seus momentos engraçados. O filme foi escrito e dirigido por Nancy Meyers, especialista em comédias, algumas muito boas, como  “Simplesmente Complicado”, “Alguém tem que ceder” e “O Amor não tira Férias”. Não espera muita coisa a mais do que apenas um bom programa para uma sessão da tarde com pipoca e guaraná.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Primeiro filme de ficção lançado pela Netflix, “BEASTS OF NO NATION”, 2015, EUA, direção de Cary Fukunaga (da série “True Detective”) ganhou enorme repercussão não apenas pela ótima história – baseada no livro do escritor nigeriano Uzodinma Iweala - e pela excelente produção, mas também porque foi boicotado pelas distribuidoras e produtoras nos EUA – a Netflix exibe filmes pela Internet, prática comparada à pirataria.  A ideia era lançar o filme também nos cinemas e ganhar uma vaga na disputa do Oscar 2016. Deixando de lado a polêmica, o filme é muito bom, realista, de grande impacto. Pode incomodar os espectadores mais sensíveis, pois contém muita violência, cenários de extrema pobreza e crianças servindo como soldados, matando e sendo mortos. A história é ambientada num país da África em meio a uma violenta guerra civil, envolvendo o exército e grupos rebeldes. Todo mundo lutando contra todo mundo, uma matança geral. O garoto Agu (Abraham Attah) consegue fugir da sua vila dizimada e é recrutado como soldado pelo grupo rebelde chefiado pelo “Comandante” (o ótimo ator inglês Idris Alba), um líder carismático e sanguinário, especialista em fazer lavagem cerebral em meninos, transformando-os em verdadeiros assassinos. Resumindo: um filmaço!     

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

“NIGHTINGALE – Peter e sua Mãe”, 2014, é um filme produzido e exibido pela HBO – ainda não chegou aos cinemas. A direção é de Elliott Lester (“Blitz”). Os produtores são os mesmos de “Selma” e “12 Anos de Escravidão”, entre eles o astro Brad Pitt. Desconsidere a grande maioria dos sites e blogs de cinema que comentaram o filme sem tê-lo assistido, divulgando uma história que não tem nada a ver. Faço esse esclarecimento com toda segurança, pois assisti ao filme. Trata-se de um monólogo ao estilo teatral, o que deve desagradar a muitos espectadores. Só há um personagem, Peter (David Oyelowo), falando o tempo inteiro sobre a mãe repressora que finalmente o deixou em paz, sobre a liberdade de fazer o que quiser dentro de casa e sobre um antigo colega de exército que espera rever (parece que houve um caso entre os dois). Nem todo filme de um personagem só é chato. Já vimos alguns muito bons, tais como “Náufrago”, com Tom Hanks, “Até o Fim”, com Robert Redford, e podemos considerar ainda “Gravidade”, durante o qual Sandra Bullock passa a maior parte do tempo sozinha, perdida no espaço. O inglês David Oyelowo, de “Selma, Uma Luta pela Igualdade”, é um excelente ator e segura o monólogo com muita competência. O clima de tensão que acompanha o personagem faz com que a gente queira chegar ao final para ver o que vai acontecer.                                                             

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

“SELF/LESS” (ainda sem tradução por aqui), 2015, é um suspense norte-americano dirigido pelo indiano Tarsem Singh (de “Espelho, Espelho Meu” e “Imortais”). O tema remete a filmes de ficção científica, embora seja ambientado no tempo atual. O bilionário Damian (Ben Kingsley) tem câncer e poucos meses de vida. Sem nada a perder, ingressa num programa arrojado de troca de corpos, comandado pelo excêntrico Albright (Matthew Goode). O experimento dá certo e Damian assume a carcaça de Mark (Ryan Reynolds, de “Lanterna Verde”), um soldado do exército morto em combate no Afganistão. Devido aos remédios que é obrigado a tomar, Damian começa a ter alucinações e, numa delas, consegue visualizar Madeline (Natalie Martinez), a viúva de Mark, e a filha. O passo seguinte é tentar encontrá-las. O susto da mulher é grande, mas com muito tato ele consegue convencê-la de que é Mark. Mas não por muito tempo. Para piorar toda essa confusão, Damian descobre que os efeitos dos remédios não são permanentes e que Albright não passa de um farsante. A partir daí, Damian vai tentar desmascará-lo. O clima de suspense até que prende a atenção, mas a história é inverossímel demais, mesmo sendo uma ficção. De qualquer forma, é um filme movimentado e com ritmo alucinante até o seu final.  
“CRIMES OCULTOS” (“Child 44”), EUA, 2015, é um misto de drama, suspense e policial. Na década de 30, o ditador Joseph Stalin resolveu reprimir os ucranianos, que lutavam por sua independência. Stalin provocou a morte de 14 milhões de ucranianos (mais do que os judeus que Hitler assassinou no Holocausto), a grande maioria de fome. A matança deixou milhões de crianças órfãs. Aí vem a ficção. O filme conta a história de uma dessas crianças, Leo Demidov (interpretado em adulto por Tom Hardy). O enredo pula para 1953. Leo é um oficial do Exército russo, casado com Raisa (Noomi Rapace). Uma série de assassinatos de crianças começa a chamar a atenção das autoridades. Só que naquela época, a ordem de Stalin é que esses crimes sejam atribuídos a acidentes, como atropelamento de trem, quedas etc. “Não há assassinatos no paraíso”, conforme ditava a cartilha do governo russo. “Esse tipo de crime é coisa do Ocidente, do regime capitalista”. Os oficiais rezavam por essa cartilha. Até que o afilhado de Leo, filho de outro oficial, é assassinado. Aí ele resolve investigar por conta própria, contrariando seus superiores. O filme tem ainda no elenco Gary Oldman, Vincente Kassel e Joel Kinnaman. A direção é do sueco Daniel Espinosa. O filme é falado em inglês, mas os atores interpretam com sotaque russo, o que soa meio falso e ridículo. Embora seja o ator do momento (“Mad Max”), Tom Hardy é fraco, inexpressivo, atua no piloto automático. Muito pouco para fazer o personagem principal de um filme. Filme, aliás, que acrescenta pouco à cinematografia.