quinta-feira, 22 de julho de 2021

 

Do pouco conhecido cinema de Gana, encontrei na Netflix o suspense “O NOVO PROFESSOR” (“DERANGED”), uma produção de 2017, com 1h38m de duração e roteiro e direção de Jameel Buari. Assim como o cinema da Índia é chamado de Bollywood e o da Nigéria de Nollywood, o cinema de Gana é Gollywood. Trata-se de mais um filme com o tema “atração fatal”, desta vez envolvendo uma aluna problemática e um professor de filosofia substituto. Benny Essiam (Ramsey Novah), o professor, está feliz da vida e muito motivado. Arrumou emprego em uma escola conceituada na capital Acra e sua mulher Kamila (Zinnell Zuh) está grávida depois de seis anos de tentativas. Em suas aulas, uma aluna com aparência nerd se destaca: Kaylyn Koleman (Nadia Buari, irmã do diretor).  Ela se mostra inteligente, em um nível bem acima dos colegas, e muito "interessada" nas aulas de Essiam. De repente seu comportamento começa a mudar, revelando uma admiração quase sexual por seu professor, a ponto de assediá-lo dentro e fora da escola. Essiam a rejeita sempre, mas sabe como é, mulher rejeitada, pode ser jovem ou mais velha, sempre vira uma fera. Então Kaylyn parte para o ataque e tenta de todas as maneiras convencer o professor a levá-la para a cama. A coisa engrossa, pois a moça é daquelas obcecadas e carentes ao extremo, chegando à beira da psicopatia. Você logo imagina o que vai acontecer. É bom não seguir diante com a história para não entregar as surpresas reservadas pelo roteiro e, principalmente, não revelar a grande reviravolta no desfecho. O filme é todo falado em inglês, a língua oficial de Gana, assim como acontece na Nigéria e em outros países africanos. Até o começo do século passado, Gana era uma colônia britânica conhecida também como Gold Coast. “O Novo Professor” é um bom suspense, mantendo um alto nível de tensão do começo ao fim. Recomendo.               

quarta-feira, 21 de julho de 2021

 

“UN PLUS UNE”, 2015, França, 1h55m, disponível na plataforma Netflix, direção de Claude Lelouche, que também assina o roteiro com a colaboração de Valérie Perrin. Os cinéfilos mais antigos certamente se lembrarão do consagrado cineasta francês, responsável, entre outros, pelo clássico “Um Homem e Uma mulher” (“Un Homme et Une Femme”), de 1966. Em “Un Plus Une”, ele repete a fórmula do seu grande sucesso, ou seja, o romance entre um homem e uma mulher. No caso, Antoine Abeilard (Jean Dujardin, de “O Artista”), um conceituado compositor de trilhas sonoras, e Anna Hamon (Elsa Zylberstein), esposa de Samuel Hamon (Christopher Lambert), embaixador da França na Índia. Contratado para compor a trilha do filme indiano “Julieta e Romeu”, Antoine viaja para Mumbai (antiga Bombaim) e é recepcionado com um jantar na embaixada francesa. É aí que ele conhece Anna, uma mulher que se inspira na espiritualidade reinante no país de Gandhi. Há anos que ela tenta engravidar, mas não consegue. Então ela resolve viajar para o sul da Índia com o objetivo de visitar uma líder espiritual conhecida por Amma, a “santa que abraça”, e se banhar no Rio Gânges. No meio do caminho ela volta a se encontrar com Antoine, que a acompanha na viagem com a justificativa de querer curar sua crônica dor de cabeça. Enquanto isso, seu marido, o embaixador, hospeda a namorada de Antoine, Alice Hanel (Alice Pol), uma pianista que acaba de chegar da França. Quando os dois casais se reencontram, algumas verdades vêm à tona, complicando os relacionamentos. O desfecho, quando o filme avança quatro anos, reserva uma grande reviravolta. “Un Plus Une” é repleto de diálogos inteligentes, durante os quais se discute temas como arte, filosofia de vida, amor e espiritualidade. Os cenários também são destaque, com a câmera no meio do povo em várias cidades indianas, principalmente aquelas banhadas pelo Rio Gânges. A trilha sonora, composta por Francis Lai, o mesmo de “Um Homem e uma Mulher”, é outra atração do filme. Mas o grande trunfo, além da história, é, sem dúvida, o desempenho primoroso da atriz Elsa Zylberstein. Lançado com muitos elogios no Festival Internacional de Cinema de Toronto (Canadá), o filme consagra o diretor Claude Lelouche como um dos maiores cineastas da atualidade. Cinema da mais alta qualidade. Imperdível!               

segunda-feira, 19 de julho de 2021

 

“BELEZA AVASSALADORA” (“HASEEN DILLRUBA”), 2021, Índia, 2h16m, disponível na plataforma Netflix desde 5 de julho de 2021, direção de Vinil Mathew, seguindo roteiro de Kanika Dhillon e Ankana Joshi. Mais uma ótima produção de Bollywood, entretenimento dos melhores. O filme começa com Rani Kashyap (Taapsee Pannu) andando pela rua e logo atrás uma grande explosão na sua casa. Rishabh (Vikrant Massey), seu marido, foi dado como morto. No início das investigações, o inspetor Kishore (Aditya Srivastava) começa a desconfiar que Rani é a responsável. A história volta no tempo e relembra como tudo começou, ou seja, o casamento arranjado de Rishabh com a bela e sensual Rany. Tímido ao extremo, ele não conseguia consumar o casamento na cama. Claro, Rany entrou naquela fase da carência afetiva e, não demorou muito, já estava debaixo dos lençóis com Neel (Harshvardhan Rane). O marido descobre a traição e parte para a vingança contra a esposa infiel, incluindo até mesmo tentativas de homicídio. Até o desfecho, muita coisa vai rolar e algumas reviravoltas acontecerão. Por isso, é melhor parar por aqui para não estragar as surpresas do roteiro. Trocando em miúdos, difícil definir o gênero ao qual o filme se encaixa. Tem suspense, investigação policial, comédia, drama e romance, resultando em um melodrama perturbador da melhor qualidade. O que incomoda nos filmes indianos, pelo menos para nós ocidentais, são as manias deles de balançar a cabeça a cada diálogo, comer com a mão, tomar chá com leite e incluir aquelas irritantes cantorias e coreografias. Apesar disso, existem muitos filmes indianos excelentes, e “Beleza Avassaladora” é um deles. Mais um acerto de Bollywood. Não perca!                 

domingo, 18 de julho de 2021

 

FIREBRAND (conservo o título original, assim como está na plataforma Netflix – fui atrás da tradução e cheguei a “Tição”, que, segundo os dicionários, quer dizer “Pedaço de lenha acesa ou meio queimada”), 2019, Índia, 1h56m, roteiro e direção da veterana cineasta Aruna Raje. Como em inúmeros outros filmes realizados por Bollywood, o pano de fundo é mais uma vez a condição das mulheres na Índia. A história é centrada em Sunanda Raut (Usha Jadhav), uma advogada especializada em divórcios. Nas cenas iniciais, ela aparece no tribunal defendendo mulheres que sofrem abusos físicos ou sexuais por parte de seus maridos e querem a separação. Sunanda vence todos os casos, ganhando grande repercussão na mídia. Sua fama levou a socialite Divya Patel Pradhan (Rajeswari Sachdev) a procurá-la. Divya quer o divórcio do empresário Anand Pradhan (Sachin Khedeka), exigindo uma grande parte do patrimônio do marido e ainda a guarda da filha. Esse caso terá muito importância para a vida pessoal de Sunanda, principalmente no que se refere ao próprio casamento com o arquiteto Madhav (Girish Kulkarni). Estuprada na juventude, Sunanda arrasta um trauma que a impede de se relacionar sexualmente com o marido. Por causa disso, o casal participa de sessões de terapia que ganham destaque na história por causa dos diálogos com o terapeuta e o tratamento ministrado por ele. A cineasta Aruna Raje, uma das primeiras mulheres diretoras de Bollywood, sempre explora em seus filmes todas essas questões envolvendo a posição inferior das mulheres numa sociedade de tradição machista como a indiana. Nos créditos finais, ela faz questão de dedicar o filme a todas as mulheres que sofreram violência física ou sexual, como é o caso de nada menos do que 35% da população feminina em um país com uma população de 1,3 bilhão de pessoas. Raje ainda lembra que um estupro é cometido a cada 20 minutos na Índia. “Firebrand” é mais um filme impactante e esclarecedor. E com uma enorme vantagem: não tem aquelas irritantes e insuportáveis cantorias e coreografias comuns na maioria das produções de Bollywood. Não perca!