“ASSASSINOS
MÚLTIPLOS” (“ACTS OF VENGEANCE”), 2017, Estados Unidos,
disponível na plataforma Netflix, 1h27m, direção de Isaac Florentine (“Assalto
à Casa Branca”), seguindo roteiro escrito por Matt Venne. A história repete um
dos clichês mais utilizados em dezenas de filmes. Esposa e filha são assassinadas,
a polícia não se esforça e o pai parte para a vingança, fazendo justiça com as
próprias mãos. Ao chegar atrasado para a apresentação teatral da filha na
escola, o advogado criminalista Frank Varela (Antonio Banderas) se desencontra
da esposa Sue (Cristina Serafini) e da filha Olivia (Lilian Blankenship). Ele
vai para casa e fica esperando as duas, mas quem chega é a polícia para avisar
que elas foram assassinadas. Daí para a frente o roteiro viaja na
maionese. Cheio de culpa, Frank ingressa nas lutas de MMA, apanha pra valer e
vê esse sacrifício como forma de punição. Numa briga de rua, ele recebe uma
facada na perna e tenta estancar o sangue com um livro que estava no lixo.
Trata-se de “Meditações”, escritos pessoais e reflexões do imperador romano Marco
Aurélio (121 d.C./180 d.C.), que ele adota como livro de cabeceira enquanto se
recupera. Ao mesmo tempo, lê também “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu. As duas
leituras o convencem a partir para a vingança, incentivando-o a se preparar física
e mentalmente. Ele ingressa numa academia de artes marciais e resolve também
fazer um voto de silêncio para apurar os outros sentidos. Enquanto isso,
Frank continua a investigar por conta própria até chegar aos criminosos.
Exageros à parte, “Assassinos Múltiplos” funciona bem como filme de ação. Tem
pancadaria, suspense e muito sangue jorrando. Também estão no elenco a atriz
espanhola Paz Veja, grande amiga de Banderas na vida pessoal, Karl Urban,
Lilian Blankenship, Robert Forster e Cristina Serafini. O que me surpreendeu
favoravelmente foi a excelente forma física de Banderas aos 56 anos, idade que
tinha quando atuou no filme. Segundo o material de divulgação, o ator espanhol
treinou artes marciais durante meses para o papel. Antes de encerrar o
comentário, faço meu protesto quando ao título em português, que não condiz
muito com a história. Melhor seria a tradução literal: “Atos de Vingança”. Resumo
da ópera: o filme prende a atenção e não economiza nas cenas de ação, garantindo
um ótimo entretenimento.
sábado, 6 de junho de 2020
quinta-feira, 4 de junho de 2020
“MY
HAPPY FAMILY” (“Chemi Bednieri Ojakhi”), 2017, Geórgia (antiga
república soviética), 120 minutos, produção Netflix, direção e roteiro de Nana
Ekvtimishvili e Simon Gross. Trata-se de um drama familiar centrado em Manana
(a ótima Ia Shugliashvili), uma professora de 52 anos que está em crise
existencial por conta da rotina diária com a família conservadora. Ela, o
marido, os dois filhos e os pais dela moram todos juntos num apartamento simples
e apertado. Logo no café da manhã começam as discussões, que continuam durante
o almoço e o jantar. Ou seja, não existe um momento de sossego, que é o que
Manana sempre desejou. O marido é ausente, não tem opinião sobre nada, o filho
mais velho não trabalha, só fica no computador, e tem ainda o crônico mau humor
da matriarca, dona Lamara (Bertha Khapava) que reclama de tudo e pega no pé de
todo mundo, inclusive de Manana. No dia de seu aniversário, Manana logo avisa: “não
quero festa, não quero bolo, não quero nenhum convidado”, como quem diz “Quero
sossego!”. Para o seu desespero, acontece justamente o contrário. A casa enche
de parentes, tem bolo, velinhas e cantorias – o povo georgiano deve gostar de
música, pois a cada reunião, seja familiar ou com amigos, logo aparece alguém
tocando violão e todo mundo canta junto. Manana fica alheia à comemoração, deixando
os convidados aos cuidados do seu marido. Como era de se esperar, logo depois
Manana avisa que vai sair de casa, alugar um apartamento e morar sozinha. A
notícia se espalha pela família e logo em seguida aparecem seu irmão Rezo
(Dimitri Oraguelidze) e outros parentes, todos tentando fazer Manana mudar de
ideia. A pergunta que todos fazem é por que ela que ir embora, abandonar a
família. Ela nunca responde a verdadeira razão, mas quem entende um pouco de
psicologia vai saber o por quê, principalmente as mulheres que estão na mesma
situação com suas famílias. O filme parece um episódio do seriado da TV Globo “A
Grande Família”, mas foge bastante do seu humor. “My Happy Family”, título que representa
uma grande ironia, é muito interessante não apenas pela história em si, mas por
destacar os costumes, os valores e o comportamento do povo georgiano. É um belo
filme, com uma atriz excepcional (Ia Shugliashvili) e um ótimo elenco, embora
seja formado, em sua maioria, por atores amadores. O filme estreou na Seção
Fórum do 67º Festival Internacional de Cinema de Berlim e depois foi exibido em
vários outros festivais mundo afora, conquistando nada menos do que 12 prêmios
e outras tantas indicações. O filme é realmente muito bom.
terça-feira, 2 de junho de 2020
“A SOMBRA DA LEI” (“LA SOMBRA
DE LA LEY”), 2018, Espanha, produção da Netflix, 2h06m, roteiro
de Patxi Amexcua e direção de Dani de La Torre. A história é ambientada em 1921
numa Barcelona agitada por conflitos entre a polícia e integrantes do movimento
anarco-sindicalista, responsáveis por greves e tumultos nas portas das fábricas.
Em meio a esse ambiente de alta combustão acontece um assalto a um trem
carregado com armamento militar destinado à polícia de Barcelona e ao exército. Claro que as suspeitas recaíram sobre os anarquistas. Para ajudar a polícia local nas
investigações, o Ministério da Justiça Federal desloca de Madrid o detetive Aníbal
Uriarte (Luis Tosar). Ele é integrado à equipe chefiada pelo inspetor Rediú (Vicente
Romero) e logo cai na graça dos novos companheiros por ser bom de briga. Uriarte
logo percebe que os policiais de Rediú, assim como o próprio, são bastante desonestos
e envolvidos com corrupção, assim como protegem o poderoso chefão mafioso El
Barón (Manolo Solo), dono de uma casa de espetáculos de luxo e de outros
negócios ilícitos. A captura dos assaltantes do trem transformou-se em ponto de
honra para a polícia de Barcelona, que vai atrás dos primeiros suspeitos, justamente
os anarquistas/sindicalistas, que, segundo o serviço de inteligência da
polícia, estariam se preparando para uma luta armada. O filme conta toda a
história dessa investigação, que ocorrerá na base de muita violência, torturas e intimidação psicológica. Merecem
destaque como foram reproduzidos os cenários da cidade de Barcelona daquela
época, naturalmente à base de computação gráfica, mas você assiste e não
percebe, de tão perfeita. Apenas fica deslumbrado pela qualidade da cenografia. Além da história
em si, outro fator que torna “A Sombra da Lei” um grande filme é a presença
sempre marcante de Luis Tosar, ator que passei a admirar depois de suas
memoráveis atuações em filmes como “Cela 211”, “Quem com Ferro Fere”, “Enquanto
Você Dorme”, “El Descoñecido” e “Segunda-Feira ao Sol”, entre tantos outros. Completam o elenco Michelle Jenner, Paco Tous, Adriana Torrebejano e o ator argentino Ernesto Alterio. Resumindo:
“A Sombra da Lei” é um filmaço!
segunda-feira, 1 de junho de 2020
“CONTOS DE GUERRA” (“ÁPRÓ
MESÉK”) – “Tall Tales” nos países de língua inglesa –, 2019, Hungria,
1h52m, direção de Attila Szász e roteiro de Norbert Köbli. Um filme bastante
interessante, um misto de drama de guerra e suspense noir, lembrando os
policiais de Hollywood dos anos 40/50. Mas a grande influência parece ter vindo mesmo dos filmes do diretor inglês Alfred Hitchcock, principalmente a utilização da trilha sonora
para acentuar as cenas de maior tensão. A história de “Contos de Guerra” é
ambientada na Hungria logo após o final de Segunda Guerra Mundial. O ex-combatente
Hankó (Tamás Szabó Kimmel), aparentemente um desertor, retorna a Budapeste e,
ao ler um jornal local, vê vários classificados de famílias pedindo informações
sobre o paradeiro de seus entes queridos que foram para o front. Hankó decide
visitar essas pessoas dizendo que foi companheiro de trincheira do tal soldado.
Confesso que não entendi muito bem qual era a sua verdadeira intenção: consolar
as famílias dizendo que o ente querido foi um herói ou se aproveitar da
situação para conseguir alguma vantagem. Quando descobrem sua maracutaia, Hankó
foge e se esconde na zona rural, onde conhece Judit (Vica Kerekes) e seu filho
Virgil (Bercel Tóth). Bérces, marido de Judit, não voltou da guerra e é dado
como desaparecido. Enquanto isso, Hankó e Judit se apaixonam e tudo vai às mil
maravilhas até Bérces (Levente Molnár) surgir inesperadamente. A partir daí é
que o suspense entra em jogo pra valer, pois Bérces, um sujeito violento, não
vai deixar em paz a esposa e o amante, garantindo muita tensão até o desfecho
do filme. “Contos de Guerra”, repito, é um filme bastante interessante e que
merece ser visto.
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